terça-feira, 27 de novembro de 2018

Encontro com o Senhor IV






Encontro com o Senhor:

Meu Empenho na Libertação do Senhor IV

Por Hellmuth Müller − Schlauroth


(continuação)

Minha casa-sede em Schlauroth era uma construção antiga, do tempo de Augusto, o forte, rei da Saxônia e Polônia, o qual, nas suas viagens entre Dresden e Varsóvia, parava ali. O prédio, uma construção semelhante a um castelo, tinha, portanto, mais ou menos 250 anos. Ele possuía dois andares com 13 cômodos, uma cozinha grande e muitas dependências secundárias. Ambos os aposentos de hóspedes foram destinados ao Senhor, Sra. Maria e Srta. Irmingard. O Sr. Alexander foi acomodado num prédio anexo. As dependências de estar e as de recepções sociais, tais como sala de jantar, sala de música e salas íntimas, foram, naturalmente, sempre colocadas à disposição do Senhor e de sua família. Também coloquei meu escritório à disposição do Senhor, para que fosse utilizado como sala de trabalho.

Para a recepção foi preparada uma refeição festiva, da qual participou também o Dr. Hütter. Com algumas palavras fiz a saudação de boas-vindas ao Senhor e às senhoras. O Senhor respondeu, manifestando novamente o seu agradecimento, e, finalizando, disse textualmente: “Estou tão inteiramente farto dos seres humanos, que não quero mais ter contato com nenhum deles. Eu quero tratar com eles somente por seu intermédio, e peço ao senhor que os mantenham todos longe de mim.” Esta declaração representava para mim uma ordem. Considerei-a como manifestação da profunda decepção do Senhor com relação as baixezas, calúnias e acusações, que surgindo principalmente das fileiras de antigos adeptos de sua Mensagem, foram usadas contra ele, e que, certamente, ao lado da hostilidade da igreja católica, constituíram diretamente o motivo de sua detenção. Também dessas fileiras surgiu a afirmação de que o Senhor seria judeu.

A Gestapo de Görlitz comunicou-me que mensalmente, um de seus funcionários iria até Schlauroth, a fim de se certificar da presença do Sr. Bernhardt. Isso aconteceu uma ou duas vezes. Depois não mais o fizeram, pois devido à minha posição social − os funcionários conheciam-me − eu gozava da inteira confiança deles.
Fazíamos as refeições diárias junto com o Senhor e sua família. De início na sala de jantar que se encontrava no 1º andar da casa. Possuíamos, porém, também uma dependência para refeições no andar térreo, logo ao lado da cozinha, dependência essa que também servia para abrigar-nos no dia-a-dia. Ao acostumar-se à nossa vida doméstica, o Senhor logo percebeu isso. Daí em diante ele insistiu para que as refeições fossem feitas nessa sala, a fim de que tudo se desenrolasse do modo mais simples, e para que não mudássemos nossos hábitos devido à sua presença.

Não somente durante as refeições eu ficava junto do Senhor, oportunidade em que ele se sentava ao meu lado direito, mas frequentemente ele me acompanhava nas caminhadas pelos meus campos de cultivo. Esses passeios com o Senhor, em contato com a natureza, eram para mim uma fonte de reconhecimento e de compreensão da sua Palavra, como talvez a nenhum outro fosse dado. Tive uma vivência especialmente bonita no Pentecostes de 1939. O Senhor e eu fizemos um passeio por minhas terras na manhã de domingo de Pentecostes. As espigas de centeio acabavam de se formar. O Senhor acercou-se da beira do campo de centeio, abraçou com os dois braços uma grande quantidade de talos de centeio, e, através de suas mãos, abençoadamente posicionadas, deixou lentamente deslizar as espigas, dizendo: “Nenhum Pentecostes se realiza, sem que o centeio lhe estenda a mão!” Quando andávamos pelos campos e prados, ou quando ocasionalmente passeávamos de carro, o Senhor tornava-me possível aprender sobre a atuação dos pequenos e grandes enteais. Esses ensinamentos foram inesquecíveis; são marcos na minha vida que nunca mudarão sua posição.



(continua)
  
Trecho do texto: Encontro Com O Senhor - (nas Recordações e pensamentos do discípulo: Hellmuth Müller – Schlauroth)





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