quarta-feira, 15 de março de 2017

Pelo Domínio do Fogo








Pelo Domínio do Fogo   

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Desde criança na decisão de servir o Altíssimo, o jovem Miang, após instrução inicial, teve estudos com Fong, que na condição de príncipe voltou a comandar seu reino, contudo, sem deixar de direcioná-lo, o qual como mensageiro, sempre encontrava aventuras, em cuja uma delas, conheceu seu terceiro mestre (Huang), com quem aprendeu a virtude e o domínio do Silêncio. Em nova fase na vida herdou o reino do povo amarelo como legado de Fong. Convicto de ser um servo do Altíssimo, já denominado Miang-Fong, se afastara da Corte para se tornar um discípulo de Zoroaster, que após concluir sua iniciação espiritual partiu, na missão providencial de libertar o Tibete das Trevas...

...deu abrigo a Miang-Fong e seu companheiro e, às escondidas, Göpek os abastecia com alimento e bebida.
A Miang-Fong não agradava esperar no esconderijo, parecia-lhe muito melhor enfrentar Mao-dsung abertamente. Mas o seu guia luminoso ordenou-lhe: “Espere, até que sejas chamado.” Contentou-se com isso e passou a  ensinar às escondidas.
Mao-dsung, porém, esbravejava de raiva e jurou que iria incendiar tudo, se o intruso não lhe fosse entregue. Deus, porém, ajudou Miang-Fong, para que não fosse encontrado. Mao-dsung mandou vasculhar todas as casas, mas Miang-Fong não foi encontrado. Quando seus soldados o informaram que não tinham achado o procurado, Mao-dsung berrou: “Então eles vão me pagar!” E deu ordem para acender uma grande fogueira, na qual os soldados deveriam jogar todos os pertences dos moradores. Entraram nas casas, saquearam e levaram tudo, o que viam pelo caminho, para fora e jogaram-no ao fogo. Os magos, no entanto, dançavam ao redor do fogo, gritavam e cantavam suas selvagens invocações. Os moradores assistiam clamorosos e não sabiam como ajudar-se. Havia muitos que agora teriam denunciado o esconderijo de Miang-Fong, se o soubessem. Mas este havia ficado em segredo para todos.
O fogo, bem alimentado, aumentava, e sempre mais selvagens tornaram-se as contorções dos membros dos sacerdotes, que dançavam ao redor. De repente, apareceu Miang-Fong diante do fogo, como se surgido do solo. Imperativamente, levantou as mãos e exclamou tão alto, que todos puderam ouvir:
“Em nome do Altíssimo Deus eu te ordeno, fogo, pára de queimar!”
Como que por encanto, as chamas baixaram, a crepitação diminuiu e, pouco tempo depois, o fogo somente ardia sem chamas. Somente Miang-Fong viu os pequenos entes do fogo, que rapidamente se afastavam. Todos os demais caíram de joelhos diante desse grande”feitiço” e ficaram com muito medo.

Agora Miang-Fong dirigiu-se a Mao-dsung, que ainda não conseguia compreender o que tinha acontecido, e disse: “E tu, servo das trevas, retira-te deste local e não volta nunca mais! O teu tempo terminou: nada mais tens a fazer aqui.”
Com essas palavras aproximou-se mais do chefe, mas este retrocedeu. Não podia suportar o olhar flamejante de Miang-Fong. Seus soldados seguiram-no.
Quando o povo viu que Mao-dsung e seus soldados foram embora, encheram-se de coragem, como nunca a tiveram. Com pedaços de madeira em brasa, que retiravam do resto do fogo, investiram contra os sacerdotes magos e os afugentaram, sim, perseguiram-nos até longe, voltando então triunfantemente.
Estas pessoas haviam assistido, pela primeira vez, ao atuar de um poder mais elevado. Não paravam de admirar-se e elas, antes tão caladas, não se cansavam de expressar sua admiração.
Miang-Fong, no entanto, não lhes deixou muito tempo para isso, mas exigiu: “Agradeçam agora ao Altíssimo, que ajudou a livrar-vos desse jugo!”
E em voz alta e com as mão levantadas, enalteceu a bondade de Deus e acrescentou:
“Perdoa-lhes, ó Altíssimo, se ainda não sabem como agradecer-Te. Eles estão dispostos a aprendê-lo.”
Miang-Fong não mais deixou recair os moradores de Kum-bum em seu antigo afrouxamento e medo.
“Vós tendes que ajudar-vos a vós próprios,” disse ele. “Vós deveis eleger um dentre vós, que vos guie, ao invés de Mao-dsung. A ele quero dar assistência, para que aprenda a atuar de acordo com a vontade do Altíssimo. Se assim o fizerdes, então Ele também vos protegerá. Nunca mais poderá atingir-vos tamanho sofrimento como tens suportado até agora.”
Isso todos entenderam, e a escolha recaiu unanimemente sobre Göpek, um homem de mais idade e ponderado, que já tinha perdido diversos filhos devido aos sacerdotes magos. Ele nunca mais se dobraria diante deles.

Miang-Fong auxiliou-o a organizar tudo e a estabelecer leis, de acordo com as quais as pessoas deveriam viver daqui por diante. Eram as seguintes:

1. Existe somente um Deus, o Altíssimo, que criou a todos nós.

2. A Ele devemos gratidão e obediência, pois Ele nos presenteou a nossa vida.

3. Também os animais e as plantas foram por Ele criados. O homem deve respeitá-los como suas criaturas companheiras.

4. Sirvam todos ao Altíssimo, então vós todos sereis irmãos e nenhum de vós fará mal algum ao outro.

5. Mantenham a paz entre vós, então sereis fortes.

6. Auxiliem um ao outro, então tudo prosperará.

Com essas leis, a tribo dos Mihao organizou, a partir de então, a sua vida. Miang-Fong instruiu-os até que podia deixá-los cuidarem de si próprios. Göpek provou ser um líder de confiança.
Quando Miang-Fong partiu, juntou-se a ele mais um grupo de jovens que, igual a Min-fu, tinham o desejo de se tornarem seus Tschilas. Deles faziam parte Pao, Lung, Dak e Su.
Miang-Fong viu agora ter chegada a hora para que ele e seus alunos preparassem um local fixo, onde ele poderia ensiná-los, instruí-los e prepará-los diariamente, para tornarem-se futuros auxiliares. Um grande plano, amplamente elaborado, começou a formar-se no seu íntimo. Qual uma grande edificação, totalmente perpassada pela luz, com muitos ambientes, surgiu nele um quadro do futuro Tibete. Uma luz radiante deveria partir dessa edificação, deveria ser o sol, que aqueceria e iluminaria todo o país. Até o último canto escuro do país deveriam chegar esses raios, para que não pudesse, em lugar algum, manter-se ou até aninhar-se algo, que não pudesse persistir diante dos olhos do Altíssimo.

Miang-Fong viu muitos fios de pensamentos luminosos partindo do ponto central visualizado e eles eram como cordas fortes, nas quais os seres humanos poderiam segurar-se. Através das mesmas, ele puxava as almas dos seres humanos para o alto, pois simultaneamente com os raios de luz expedidos, deveriam esforçar-se para elevar ininterruptamente fios do bom querer, da adoração e do servir, e estes deveriam então elevar consigo as almas dos seres humanos a eles ligados. Cada vez mais nítido formou-se o quadro diante de seus olhos, ele mal podia esperar a hora de iniciá-lo. Mas ainda não fora encontrado o local no qual poderia estabelecer-se. Ele deveria esperar a hora do Altíssimo e isto Miang-Fong já aprendera há muito tempo. Somente então, tudo seria bem sucedido com a perfeição, que era inseparável de tudo que o Altíssimo mandava executar de acordo com Sua vontade. Se mãos humanas interviessem impaciente e intempestivamente nessa fina tecedura, romper-se-iam os fios de apoio, e isso não deveria acontecer.
Assim, Miang-Fong percorreu o vasto país com os seus Tschilas, ensinando-os. Sem medo, enfrentava em todo lugar a superstição tenebrosa e as intrigas dos sacerdotes. A fama do poder mágico do grande mestre precedia-o e preparava as pessoas para o seu atuar. Mesmo que muitas vezes misturavam-se relatos inventados, mal compreendidos e mal interpretados, estes, no entanto, sempre coincidiam com a verdade no que se referia ao seu poder sobre os falsos sacerdotes e encorajavam as pessoas para que se livrassem de seu domínio.

Kum-bum já há muito ficara para trás. Dirigia agora seus passos para o leste, caminhando através de vastos planaltos, regiões inabitadas. Cordilheiras íngremes foram atravessadas. O guia, então, chamou-os novamente para o sul. Dessa forma percorreu longas distâncias pelo país, até que, certo dia, alcançou-o o chamado para estabelecer-se. Encontrava-se no sopé de uma montanha moderadamente alta, que ascendia em forma de terraços. Do seu pico deveria haver uma ampla vista dos arredores. Quem lá em cima morasse, poderia reinar como um soberano. Tinha o país aos seus pés.
“Esta montanha deve tornar-se um centro para o Altíssimo,” explicou-lhe o seu guia luminoso. “Veja, como se eleva em degraus até o cume, um símbolo do desenvolvimento do espírito humano para o alto. De degrau para degrau ele deve elevar-se, cada degrau deve prepará-lo para o próximo mais elevado. Nenhum pode ser omitido. Assim deves ensiná-lo aos seres humanos e assim deves classificá-los: no degrau inferior estão aqueles que iniciam a aprender a assimilar em si a verdade. Feito isso, eles podem levantar o pé até o próximo degrau. Assim continuará, do auxiliar para o servir, para um novo procurar e encontrar. Edifica isso no teu íntimo e, depois, comece a conduzir os teus alunos nesse caminho.”
Agora a questão ainda era: quando e como Miang-Fong pretendia dar início à construção do local de ensinamento para os seus alunos. Aí, um acontecimento veio em seu auxílio, que lhe mostrou o caminho e que também lhe proporcionou os ajudantes necessários para esse fim. Na proximidade da montanha de terraços, em cujo cume deveria erguer-se a construção material, com a imagem do templo espiritual e que seria construída para todo o Tibete, havia na planície um povoado, com cuja população Miang-Fong já havia entrado em contato. Eles o receberam de modo amável e prestativo, pois também até eles chegara a notícia do grande milagreiro e suscitara a sua curiosidade ao máximo.

(continua)



Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.

NARRATIVAS DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA) 

No próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:

O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus aos Gigantes – 23/09/16
O Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... – 07/10/16
Servir o Altíssimo Como Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas – 20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho – 26/10/16
No Momento certo se esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir – 17/11/16
Quem Procura Encontra – 24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo – 01/12/16
Servir Com Sensação de Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia – 15/12/16
Outro Caminho a Seguir – 22/12/16
Por Confiança no Senhor – 28/12/16
Do Tirano ao Paciente – 04/01/17
Superar Desafios de Salvamento – 11/01/17
Um Auxílio Redentor – 18/01/17
O Alcance das Elevações – 25/01/17
Transição Inevitável – 01/02/17
Nome Promulgado de Realeza – 08/02/17
Grãos Dourados de Semeadura – 15/02/17
Pelo Poder da Coragem – 22/02/17
Enviado Pelo Altíssimo – 01/03/17
Entre Rivais e Desafios – 08/03/17