quarta-feira, 8 de março de 2017

Entre Rivais e Desafios







Entre Rivais e Desafios  

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Desde criança na decisão de servir o Altíssimo, o jovem Miang, após instrução inicial, teve estudos com Fong, que na condição de príncipe voltou a comandar seu reino, contudo, sem deixar de direcioná-lo, o qual como mensageiro, sempre encontrava aventuras, em cuja uma delas, conheceu seu terceiro mestre (Huang), com quem aprendeu a virtude e o domínio do Silêncio. Em nova fase na vida herdou o reino do povo amarelo como legado de Fong. Convicto de ser um servo do Altíssimo, já denominado Miang-Fong, se afastara da Corte para se tornar um discípulo de Zoroaster, que após concluir sua iniciação espiritual partiu, na missão providencial de libertar o Tibete das Trevas...

Miang-Fong continuou percorrendo o país, de localidade em localidade e, em todo lugar, deparou-se com o mesmo domínio de horror de superstição tenebrosa. Certo dia alcançou-o o chamado de uma tribo especialmente ameaçada. Ele havia se dirigido para o norte, rumo aos altos contrafortes da cordilheira. Lá encontrou um povoado maior, chamado Kum-bum, no qual se instalara um grupo de sacerdotes magos, que dali dominava toda a região.
O chefe da tribo, um homen Tau, dominava as pessoas junto com os sacerdotes magos e arrecadava dos circunvizinhos grande quantidade de gado, leite e grãos. Uma tropa, armada com flechas e lanças, garantia-lhe o poder de extorquir tudo o que desejava. Impotentes, os moradores tiveram que presenciar como eram roubados continuamente.
A notícia do sábio forasteiro já havia chegado até aqui, e um homem corajoso colocou-se à disposição para sondar Miang-Fong e para pedir sua ajuda. Pois, sobre ele espalhavam-se fatos milagrosos: que era invulnerável, porque tinha um Deus poderoso, que era mais forte do que todos os demais deuses, mais forte também que os sacerdotes, que perante ele caíam mortos quando ele apenas os olhava. Novamente, as pessoas já haviam adaptado os fatos à sua maneira de pensar.
O mensageiro, Mao-tsu, encontrou efetivamente o rastro de Miang-Fong e seu companheiro, pois boatos singulares precederam-no sobre o seu poder e sua influência.
Mao-tsu inclinou-se profundamente diante do grande mestre sábio, como Miang-Fong geralmente era chamado, juntou as palmas das mãos levantadas e pediu:
“Ó tu, grande mestre, os moradores de Kum-bum pedem a tua ajuda! Estão sendo duramente ameaçados por Mao-dsung, o chefe selvagem, as suas vidas estão sempre em perigo. Veio até nós a notícia de que tu te encontras na proteção de um Deus, cuja magia é mais forte do que a dos deuses dos quais nos falam os sacerdotes. Viemos pedir-te a proteção Dele!”
Admirado, Miang-Fong escutava as palavras. O que os homens haviam feito da notícia sobre o Altíssimo? Quão rapidamente a tinham torcido de acordo com o seu pensamento! Devia prestar muita atenção e reconstituir novamente a verdade.
“Conduze-me até Kum-bum,” ordenou a Ma-tsu, e de muito bom grado, este obedeceu. O caminho era árduo. Selvagens torrentes das montanhas tinham que ser transpostas, superados caminhos cheios de rochas e gelados sopravam os ventos vindos do norte para o planalto aberto, no qual, ao sopé de uma pequena elevação, estava situada Kum-bum. Aqui tudo revelava uma riqueza maior. Este planalto parecia ser fértil, as moradias das pessoas mais sólidas.

Miang-Fong chegou a tempo para assistir a uma espécie de festa. Grande número de pessoas percorria as ruas, porém, não pareciam felizes. Mesmo que elas conversassem e trocassem cumprimentos, o som abafado de tambores e de apitos estridentes proporcionava a tudo uma nota sinistra. Aproximava-se agora um cortejo, diante do qual recuaram todos, na dianteira um sacerdote ornamentado, envolto em diversos panos coloridos, o rosto pintado em cores, agitando uma grande faca na mão direita. Atrás dele seguiam mais algumas figuras semelhantes, sacudindo nas mãos tambores ruidosos que, ao sacudir, reproduziam seus sons dissonantes. Era um ruído infernal, ao qual o silêncio mortal dos moradores oferecia um estranho contraste.
Miang-Fong observava o cortejo que estava se aproximando. Eram rostos animalescos, cujas expressões cruéis ainda eram intensificadas pela pintura berrante. Ele fixou seu olhar neles, enviando ao seu encontro pensamentos defensivos. Estes também pareciam sentir alguma coisa, pois seus passos vieram a estancar, no entanto, logo a seguir os pequenos tambores redondos rugiram ainda mais altos e os apitos soaram mais estridentes e dissonantes. O cortejo movimentava-se justamente na direção em que Miang-Fong e seu companheiro se encontravam. Aproximava-se já dos espectadores aglomerados. Um tremor perpassou a multidão, Miang-Fong sentia o seu medo. Então ele se adiantou, levantou imperativamente a mão e mandou o cortejo barulhento parar. Com um movimento contrariado, o primeiro dos sacerdotes magos quis empurrá-lo para o lado, Miang Fong, porém, estava como que enraizado, de modo que obrigou o outro a parar também.
“Saia do meu caminho!” berrou o mago. “Tu nada tens a fazer aqui.”
“Estás enganado,” foi a resposta de Miang-Fong. “Eu procuro algo, que tu não possuis e não conheces, entretanto, tens que me dar.”
“Tu falas em enigmas, homem,” respondeu o mago ironicamente. “O que não se tem não se pode dar. Ceda lugar, senão terás que sentir a minha faca.” E, ameaçadoramente, a agitava diante do rosto de Miang-Fong.

“Tu perdeste algo!” disse Miang-Fong inesperadamente, e o mago abaixou-se, como se quisesse apanhar alguma coisa do chão. Imediatamente Miang-Fong tirou-lhe a faca, quebrou a lâmina ao meio e jogou-a aos pés do mago. Uivando de raiva, este quis avançar sobre ele, porém, o olhar claro de Miang-Fong o deteve.
“Vês, que nada podes fazer contra mim?” questionou Miang-Fong. “Agora me dá aquilo que tu não possuis e não conheces: a liberdade para estas pessoas! Pare de torturá-las e de amedrontá-las!”
Esbravejando de raiva, o mago dirigiu-se aos seus companheiros.
“Peguem-no e amarrem-no!” ordenou.
Mas ele falou ao vento. De Miang-Fong partia algo que deteve até essas pessoas depravadas. Elas não estavam armadas, traziam somente seus instrumentos barulhentos. Quem poderia saber que tipo de magia ele possuía? Nunca antes havia acontecido que alguém tivesse a coragem de enfrentar Hi-lao. Cheia de curiosidade, a multidão observava. O que faria o sacerdote mago agora? Se realmente possuísse poder, então devia mostrá-lo agora! Mas nada aconteceu. Ele tentou desviar e passar por Miang-Fong. Este, porém, enfrentou-o novamente e disse: “Mais uma vez eu exijo de ti: deixa estas pessoas em paz! Tu não tens poder sobre elas.”
O que faria Hi-lao? Ele sempre havia afirmado que os deuses iriam esmagar aquele que se opusesse a ele? E agora não acontecia nada? Pela primeira vez, fizeram-se ouvir vozes: “Agora, Hi-lao, onde estão teus deuses? Chama-os para ajudar-te!”
Então Miang-Fong levantou sua voz, e ela soou longe: “Amigos, os deuses, com os quais ele vos ameaçava, não existem! Existe somente um Deus, a quem tudo tem que servir e Seus servos não são inimigos dos seres humanos, mas seus amigos!”
“Vejam, vejam!” exclamou uma voz agitada e indicou para uma figura horrível, que se formava atrás de Hi-lao. “O deus dele!”
Aos gritos, as pessoas queriam fugir. Hi-lao voltou-se e caiu ao chão gritando por ajuda. Também para ele isso era novo.
“Foi ele quem o mandou!” gritou indicando para Miang-Fong. “Ajudem-me, gente boa!”

Então elas pararam e observaram com certa satisfação maliciosa o medo daqueles, diante dos quais por tanto tempo tremeram. Miang-Fong, no entanto, levantou seus braços para o céu e exclamou: “Ó Altíssimo, a quem me é permitido servir, proteja-nos desse demônio, que esse homem gerou!”
Então desceu uma neblina luminosa e, diante dela, desfez-se a figura.
“Vistes vós, como o Altíssimo enviou para nós um raio de Sua pureza?” exclamou Miang-Fong. “Não tenham medo desse homem, ele é impotente e não pode vos fazer mal. Retirem-no daqui,” ordenou aos acompanhantes do sacerdote mago e eles obedeceram.
E Miang-Fong voltou-se para os espectadores e disse: “Quem procura o bem, encontrará o bem. Quem procura o mal, até ele virá o mal e o destrói. Vós o vistes. Procurem sempre o bem, então sempre vos virá auxílio.”
Espalhou-se rapidamente a notícia do que havia acontecido e chegou também até Mao-dsung, o chefe da tribo. Este se encolerizou e partiu com seus soldados para prender o intruso. Os moradores, porém, advertiram Miang-Fong e o esconderam em seu povoado. Um corredor escuro, na casa de Göpek, que conduzia do porão da casa para dentro da montanha, deu abrigo a Miang-Fong e seu companheiro e, às escondidas, Göpek os abastecia com alimento e bebida.

(continua)


Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.

NARRATIVAS DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA) 

No próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:

O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus aos Gigantes – 23/09/16
O Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... – 07/10/16
Servir o Altíssimo Como Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas – 20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho – 26/10/16
No Momento certo se esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir – 17/11/16
Quem Procura Encontra – 24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo – 01/12/16
Servir Com Sensação de Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia – 15/12/16
Outro Caminho a Seguir – 22/12/16
Por Confiança no Senhor – 28/12/16
Do Tirano ao Paciente – 04/01/17
Superar Desafios de Salvamento – 11/01/17
Um Auxílio Redentor – 18/01/17
O Alcance das Elevações – 25/01/17
Transição Inevitável – 01/02/17
Nome Promulgado de Realeza – 08/02/17
Grãos Dourados de Semeadura – 15/02/17
Pelo Poder da Coragem – 22/02/17
Enviado Pelo Altíssimo – 01/03/17