quarta-feira, 19 de abril de 2017

Tecendo em Rumo da Imensidão






Tecendo em Rumo da Imensidão   

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Desde criança na decisão de servir o Altíssimo, o jovem Miang, após instrução inicial, teve estudos com Fong, que na condição de príncipe voltou a comandar seu reino, contudo, sem deixar de direcioná-lo, o qual como mensageiro, sempre encontrava aventuras, em cuja uma delas, conheceu seu terceiro mestre (Huang), com quem aprendeu a virtude e o domínio do Silêncio. Em nova fase na vida herdou o reino do povo amarelo como legado de Fong. Convicto de ser um servo do Altíssimo, já denominado Miang-Fong, se afastara da Corte para se tornar um discípulo de Zoroaster, que após concluir sua iniciação espiritual partiu, na missão providencial de libertar o Tibete das Trevas, tendo após muito esforço erguido o primeiro mosteiro nessa região, onde mantinha seus discípulos, no momento em plena prosperidade, quando tudo já se mostrava efetivamente triunfante...
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Novamente realizou-se uma solenidade na sala de devoção e Pao recebeu, com a ordenação como lama, o novo nome: Pao-san-tse, que quer dizer “combatente pela Luz.” Miang-Fong esclareceu-lhe o significado do novo nome. Ele deveria ser um lutador, para enfrentar os inimigos com a coragem da convicção. Necessitaria de muita força. Nessa luta, a verdade deveria ser a sua espada invencível. Por essa razão, o Altíssimo determinara para ele a resplandecente cor azul da verdade.
“Vá, Pao-san-tse,” exclamou Miang-Fong. “Luta e vence em nome do Altíssimo. Ele te chamou, Ele te envia para a luta contra o senhor das trevas. Luta com Sua força.”
Assim, o número de irmãos do mosteiro reduziu-se pelo grupo que partiu, mas com isso não surgiram lacunas. Sempre chegavam novos alunos, atraídos pela fama do mosteiro. Miang-Fong teve que limitar o número de alunos. Nem todos que o solicitavam, podiam ser aceitos. Mas Dao-tse no Kombodscha estava disposto a aceitar os que aqui tiveram que ser dispensados, caso se mostrassem aptos para as grandes tarefas que lhes deveriam ser delegadas.

O trabalho de Pao-san-tse não foi fácil, mas também ele conseguiu como outrora Miang-Fong, quebrar o poder dos sacerdotes magos e dos homens Tau ligados a eles, e o povo em Ladak sentiu-se aliviado. Solícitos uniram-se, sob a condução de Pao-san-tse, numa comunidade, para lutar contra o poder do senhor das trevas e, contra essa força de defesa, fora em vão todo tipo de ataques, ameaças e perseguições dos servos das trevas. Tempos mais felizes irromperam para Ladak. Eles haviam cooperado na luta pela libertação do poder das trevas e, ainda lá, vivia um espírito mais livre do que no restante do Tibete que, após um tempo da mais bela florescência, caiu novamente nas mãos das trevas. Entretanto, não é sobre isso que queremos relatar aqui, mas sobre a difusão da verdade, do saber do Altíssimo. Em toda parte onde a verdade se alojou, a vida floresceu, as pessoas respiravam mais aliviadas, sua existência havia atingido um sentido.
Novamente passaram-se anos cheios de paz, nos quais Miang-Fong instruía e ensinava, e ele mesmo penetrava sempre mais fundo no saber sobre Deus e Suas leis. Era isso que agora se esforçava passar aos seus alunos: um reconhecimento da profunda sabedoria de Deus, de Suas elevadas leis que mantinham e regiam o universo. A ele próprio era frequentemente permitido elevar-se de noite para alturas luminosas, onde lhe afluía saber e reconhecimento de todos os lados. Lá no alto, tudo lhe parecia conhecido, como se apenas acordasse do que presenciava na Terra quando estava coberto por um véu do esquecimento. Então Miang-Fong reconheceu pela primeira vez o que significava “matéria”, como uma condensação, que impedia a visão de enxergar os mundos superiores. Entretanto, não havia nisso também sabedoria do Altíssimo? Gostariam os seres humanos viver ainda na Terra, se constantemente tivessem diante de seus olhos a magnificência dos jardins celestes? Não, era melhor assim como estava e aqueles, aos quais seria aberta a visão para contemplar os mundos superiores, tinham a missão de informar outros sobre isso, mantendo viva a saudade, para que não ficassem presos na matéria, mas se esforçassem para ascender.

A Miang-Fong foi mostrado o circular dos espíritos humanos, o eterno ir e vir entre o aquém e o além. Causava-lhe, porém, tristeza ter que observar como, em cada nova vida terrena, a maioria dos seres humanos sobrecarregava-se com novas culpas e como uma nova vida não levava para cima, mas sempre mais para baixo. Acordava nele uma ardente ânsia, que dia e noite não o deixava sossegar, de advertir os seres humanos e de, mais uma vez, empenhar uma caminhada para falar-lhes, acordá-los com palavras flamejantes... No mosteiro tudo estava bem encaminhado. Certamente os alunos mais velhos necessitavam dele, pois somente ele poderia conduzi-los mais para o alto, pois nenhum outro se encontrava tão adiantado em seu desenvolvimento espiritual como ele, porém, não poderiam ficar sem ele por algum tempo? Tanto mais eles deveriam cuidar dos demais alunos, sem constantemente poder pedir-lhe conselhos, e essa autonomia lhes faria bem.
E o Altíssimo atendeu a sua prece. Certa noite viu novamente quadros desfilando diante de seus olhos. Eram diferentes daqueles de antigamente, quando o sofrimento no Tibete o conduziu ao país, devido à opressão dos sacerdotes magos. Dessa vez viu muitas pessoas ao lado de um imenso tear. Era um tecido comprido, artisticamente confeccionado, o qual era tecido por um grande número de pessoas. Não era possível ver sua borda superior, estava muito alta. Na borda inferior teciam as pessoas, porém, enquanto que na parte superior distinguiam-se claramente lindas trepadeiras e flores, embaraçavam-se ali os fios e, impacientes, muitos os rebentavam e depois queriam novamente atá-los. Disso resultava cada vez um nó, no qual era contida a luz clara, que de cima penetrava no tecido. E como eram feias as cores na borda inferior! Escuras, sujas, cinzentas ou berrantes. Raras vezes via Miang-Fong um tecelão sentado ali que, pacientemente e sem ser molestado, conseguisse tecer e ligar fios puros. Ao redor dessas pessoas havia um brilho mais claro e pareciam alegres e felizes, enquanto que as outras pareciam rabugentas e aborrecidas, incomodando-se mutuamente e até enfrentando-se verbal e fisicamente.

“Porque não agis como aqueles!” exclamou Miang-Fong e indicava para os tecelões quietos, cujo trabalho era tão bem sucedido.
Mas ninguém o escutava e então teve que desistir.
“Veja aqui a humanidade, que devia ter participado na grande tecedura da criação!” ouvia Miang-Fong uma voz falar.
“Experimenta mostrar-lhes, como vem intervindo perturbadoramente, como prejudicam a beleza do todo, com seu agir obstinado!”
Miang-Fong acordou com tristeza no coração. Constantemente via esse quadro diante de seus olhos, no entanto, mais ardentemente ainda brotava nele o desejo de ajudar e advertir. Ele entregou o mosteiro ao mais velho de seus alunos e, partiu totalmente solitário, sozinho, como havia saído nos anos de sua juventude, para o mundo desconhecido. Naquela época ele mesmo ainda era um aluno, um aprendiz. Agora ele podia dar, podia atuar conduzindo. E a bênção e a proteção do Altíssimo o acompanhavam em todos os seus caminhos.
Por muito tempo ainda circulavam, entre os seres humanos, milagrosas histórias sobre o grande mestre, que tinha percorrido o país, que a muitos havia chamado e advertido e acordado para um atuar melhor. Era como se fogo tivesse atingido as almas, quando falava, assim se ouvia falar dele e os que o haviam escutado nunca mais o esqueciam. Diante dele as trevas recuavam, ele as varria da sua frente como que com uma espada em brasa e empurrava-as fugidias aos seus esconderijos mais ocultos. Havia agora mais claridade no Tibete, desimpedido podia descer o fluxo de luz do Altíssimo, e mais aliviado tornou-se o coração das pessoas. Mesmo que nem todos tivessem abandonado sua inércia interior, outros incandesciam tanto mais. Parecia que um amplo acordar perpassava todo o país. Agora se cumprira em Miang-Fong, o que ele havia admirado na Pérsia: de como uma única pessoa houvera mudado um país inteiro.

(continua)

Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.

NARRATIVAS DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA) 

No próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:

O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus aos Gigantes – 23/09/16
O Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... – 07/10/16
Servir o Altíssimo Como Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas – 20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho – 26/10/16
No Momento certo se esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir – 17/11/16
Quem Procura Encontra – 24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo – 01/12/16
Servir Com Sensação de Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia – 15/12/16
Outro Caminho a Seguir – 22/12/16
Por Confiança no Senhor – 28/12/16
Do Tirano ao Paciente – 04/01/17
Superar Desafios de Salvamento – 11/01/17
Um Auxílio Redentor – 18/01/17
O Alcance das Elevações – 25/01/17
Transição Inevitável – 01/02/17
Nome Promulgado de Realeza – 08/02/17
Grãos Dourados de Semeadura – 15/02/17
Pelo Poder da Coragem – 22/02/17
Enviado Pelo Altíssimo – 01/03/17
Entre Rivais e Desafios – 08/03/17
Pelo Domínio do Fogo – 15/03/17
Em Tempo de Edificação – 22/03/17
No Topo das Efetivações – 29/03/17
O Elevado Grau de um Lama – 05/04/17
Consagrações Resultantes – 12/04/17