quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Pelo Poder da Coragem










Pelo Poder da Coragem  

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Desde a infância em busca do Altíssimo estava decidido o jovem Miang, tendo após ensino inicial, estudos com Fong, o qual na condição de príncipe retornara ao comando de seu reino, mantendo-o, contudo, objetivamente direcionado, que pela situação de mensageiro, sempre realizava aventuras, em cuja uma delas, conheceu seu terceiro mestre (Huang), com quem aprendeu a virtude e o domínio do Silêncio. Em nova fase de efeito culminante herdara o reino do povo amarelo pelo legado de Fong. Como sua missão era a de servo do Altíssimo, já pela denominação Miang-Fong, deixara toda a gloria da Corte para elevar seu estudo de ordem universal, se tornando um respeitável discípulo de Zoroaster, que ao término dessa iniciação partiu, com a missão de libertar o povo das montanhas...

As pessoas entreolharam-se acanhadas. Uma criança choramingava. As mulheres olharam assustadas.
“Se não fizermos o que querem então eles enfeitiçam o nosso gado para que fique doente e morra, ou eles atraem fortes tempestades, ou maldizem as mulheres para que não possam ter filhos.”
“Como um ser humano pode ter tanto poder?” admirou-se Miang-Fong, “e que “deuses” são esses que os ajudam a praticar tanto mal?”
“Forasteiro, tu não os conheces, mas nós os conhecemos e temos medo deles,” disse o velho cauteloso, e Miang-Fong leu concordância em todos os rostos. Então ele se levantou: “Eu, porém, vos digo que não são deuses que ajudam esses sacerdotes! Um Deus não prejudica os seres humanos, ele só os ajuda!
“Tu tens o tal Deus?” queriam eles saber e então Miang-Fong confirmou.
“Vós mesmos vistes quão forte Ele é! O sacerdote perdeu seu poder sobre vós e teve que largar sua vítima!” Isto todos eles tinham vivenciado, e ainda agora se admiravam da coragem do forasteiro.
“O teu Deus pode ajudar a nós também?” queriam saber e Ming-Fong afirmava-o novamente.
“Meu Deus é um Deus bom, e Ele me mandou para junto de vós para que vos auxilie e vos salve do poder dos sacerdotes, que vos corrompem. Se vós acreditais Nele e pedis proteção a Ele, Ele vos protegerá, como vos ajudou nesta noite. Então não mais precisais temer nenhum sacerdote, eles não vos podem fazer mal.”

Os rostos preocupados iluminaram-se. A força e a confiança de Miang-Fong impulsionaram-lhes a coragem. Eles mesmos o haviam vivenciado como o sacerdote tinha fugido, contra o qual eles todos juntos tinham sido impotentes.
“Mas ele ainda voltará e exigirá novas vítimas,” disse alguém desanimado.
“Eu permanecerei convosco até aprenderdes a colocar-vos na proteção do bom Deus,” prometeu Miang-Fong.
Irrompeu então tão grande celeuma de alegria, que Miang-Fong teve que tapar seus ouvidos. Um medo que durou anos, um pesadelo, que estava sufocando estes seres humanos, deles foi afastado. Sozinhos, haviam sido muito fracos e ignorantes, agora, porém, com a promessa de Miang-Fong, tornaram-se corajosos.
Passaram-se meses, nos quais Miang-Fong conseguiu tornar novamente alegres estas pessoas intimidadas e amedrontadas. Mais francos eram seus olhares e escutavam-se risos alegres, quando se reuniram para serem instruídos.
“É de se admirar,” disse certo dia Mu-hai, o ancião, para Miang-Fong, “o que de nós fizeste. Nosso coração tornou-se leve desde que estás conosco. Antes havia um grande peso nele, que quase nos sufocara.”
E assim era. A dominação dos sacerdotes não permitiu um desenvolvimento nas almas das pessoas, somente medo e miséria. Agora podiam tratar de seu trabalho sem preocupação, pois os sacerdotes não mais apareceram. Assim parecia. Na verdade, porém, olhos atentos observavam tudo o que acontecia no pequeno vilarejo das montanhas, pois havia um entre os moradores, que secretamente estava ao lado dos sacerdotes e que de noite levava mensagens a eles. Ódio vivia na alma desse homem, ódio contra a luz, que irradiava de Miang-Fong e que ele não podia suportar. Fu era pobre porque era preguiçoso e esperava receber uma recompensa dos sacerdotes, se prestasse serviços de espionagem a eles.
Miang-Fong, no entanto, despreocupado com as atividades trevosas, continuou a ajudar e a acender a luz nas almas dessas pessoas simples.

Quando foi informado, aos sacerdotes, de que a influência de Miang-Fong aumentava diariamente e que ele não tomava nenhuma providência para deixar o vilarejo, conspiraram sobre como podiam liquidá-lo. Era muito difícil aproximar-se dele, pois sempre estava rodeado por pessoas, mas talvez surgisse uma oportunidade de encontrá-lo sozinho.
“Ele não vai acreditar nisso,” opinou Fu. “Além disso, não acredito que tesouros possam atraí-lo.”
Assim tiveram que inventar algo diferente e, no final, chegaram a uma manha diabólica. Amarraram um animal do pasto à meia altura de uma rocha saliente e deixaram-no gemendo dolorosamente. Porém, aos homens do povoado Fu teve que dizer que era um espírito irado com o povo, por terem abandonado os sacerdotes.
Medo supersticioso queria novamente apoderar-se das pessoas, pois lúgubres entoavam os gemidos do animal faminto e torturado. Tinham-no amarrado num local íngreme, onde estava em constante perigo de enforcar-se.
Miang-Fong, no entanto, resolveu averiguar corajosamente o motivo. Ele escalou o caminho estreito que o levaria próximo ao local de onde vinham os gemidos. De repente, seu pé deu um passo em falso numa pedra escorregadia e quase despencou. Pareceu, porém, como se uma mão invisível o amparasse, até que seus pés conseguissem pisar em solo firme. Nitidamente reconheceu agora, acima de si, o animal amarrado e grande compaixão e ira sobre tanta maldade tomou conta dele. Com grande esforço escalou o último trecho e no pequeno ressalto de rocha lisa, respirando se encontrava aliviado. Inquieto, o animal sentia a ajuda, ele queria encostar-se nele, mas era impossível soltá-lo. Ambos iriam despencar no abismo, pois não podiam movimentar-se simultaneamente.  
Enquanto Miang-Fong ainda refletia o que deveria fazer, um bloco de granito despencou repentinamente lá do alto e passou próximo dele, ao mesmo tempo ouviu-se um grito, e Miang-Fong viu o corpo de um homem passando por ele e caindo no abismo. Ele não conseguiu ver de quem se tratava, no entanto, sabia que o acidentado alcançou o fim a ele destinado. Dirigiu-se ao animal que tremia em todo o corpo, encorajando-o.
“Eu vou buscar ajuda para ti, disse ele, e o animal deve tê-lo entendido, pois se aquietou.

Miang-Fong, porém, apressou-se, tão rapidamente quanto o caminho inclinado o permitia, até o povoado e relatou o que havia vivenciado. Alguns homens colocaram-se à disposição para voltar com ele e libertar o animal. Levaram cordas para a segurança mútua e, incutindo ânimo, foi possível soltar o animal e trazê-lo para baixo.
A partir desse dia, Fu nunca mais foi visto.
Com a morte de Fu, desapareceu o único espírito mau do povoado e Miang-Fong pôde continuar a atuar desimpedido. Aos poucos desapareceu o medo e crescia a confiança e a força nas almas das pessoas e quando, após algum tempo, Miang-Fong deles se despediu, ele sabia que eles permaneceriam fiéis à sua nova fé. Havia, no entanto, ainda muitos seres humanos desanimados e amedrontados nesse grande país. Pessoas embrutecidas e cruéis subjugavam os fracos, em toda parte faziam-se sacrifícios humanos, sob a alegação de que os deuses assim o exigiam. Relativamente fácil havia sido a vida de Miang-Fong naquele pequeno povoado nas montanhas distantes. Agora, porém, quando avançava para a parte central do país, reconheceu o sinistro poder que os sacerdotes e os príncipes de tribos mantinham em suas mãos.
Parecia que aqui existiam dois tipos de pessoas: os com as feições grosseiras, narizes largos, olhos bem inclinados e membros nodosos, grosseiros. Elas também eram mais fortes fisicamente que as outras, cuja cor da pele era mais clara e as feições dos rostos mais delicadas.
Miang-Fong investigou a origem disso e foi informado que os homens Tau, como se chamava a classe dominante, haviam invadido esta terra em época remota, vindos do norte e desalojada a população local dos Ming, forçando-os sob seu domínio. Agora não eram mais capazes de se defender, pois os homens Tau também tinham trazido sua crença de magia, seus sacrifícios humanos e seus sacerdotes magos, que conseguiram, com muita astúcia e mistificações, mas também com ajuda de auxiliares trevosos, manter o povo Ming sob medo e em dependência.

Miang-Fong ainda não havia caminhado longe, quando deparou-se novamente com vestígios desse culto horrível. Blocos de pedra toscos, cobertos de sangue, testemunhavam os horrores, que haviam acontecido. O local parecia deserto, onde somente há pouco tempo devia ter ocorrido uma cena de horror. O coração de Miang-Fong inflamou-se de ira. Procurando, olhou ao seu redor. No começo não pôde descobrir um povoado. Algo, porém, atraiu o seu olhar: uma mulher velha, que estava caída no chão a alguma distância. Ele foi até ela, tocou nela para ver se ainda estava viva. Ela não deu nenhum sinal de que sentia o que lhe acontecia. Então virou o seu corpo, para melhor poder enxergar. Mas, horrorizado, recuou alguns passos. Era um rosto mutilado, com as órbitas dos olhos vazias. Nunca havia visto algo tão horrível. Debruçou-se sobre o corpo. A mulher devia estar morta, o último sopro parecia ter escapado do corpo. Mas não podia deixar a morta abandonada assim! Animais selvagens viriam e atacariam o cadáver. Procurando, olhou ao seu redor. Nas proximidades havia somente pedras, nenhum arbusto, do qual poderia ter quebrado alguns galhos, e o chão era duro. Assim empilhou pedras ao redor do corpo e cobriu-o igualmente com pedras. A seguir, fez uma silenciosa oração pela pobre alma.
No entanto, ainda não havia terminado, quando, de diversos lados, aproximaram-se figuras sinistras com facas apontadas ameaçadoramente, que o cercaram e investiram contra ele com sons selvagens. Miang-Fong ficou parado calma e tranquilamente e olhou fixamente nos olhos deles. Isso era descomunal para eles, que sempre viam as pessoas fugir em pavor mortal.
“Leve ele convosco!” ordenou o chefe, um gigante com olhos oblíquos, nariz chato e expressão cruel no rosto.

(continua)

Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.

NARRATIVAS DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA) 

No próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:

O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus aos Gigantes – 23/09/16
O Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... – 07/10/16
Servir o Altíssimo Como Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas – 20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho – 26/10/16
No Momento certo se esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir – 17/11/16
Quem Procura Encontra – 24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo – 01/12/16
Servir Com Sensação de Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia – 15/12/16
Outro Caminho a Seguir – 22/12/16
Por Confiança no Senhor – 28/12/16
Do Tirano ao Paciente – 04/01/17
Superar Desafios de Salvamento – 11/01/17
Um Auxílio Redentor – 18/01/17
O Alcance das Elevações – 25/01/17
Transição Inevitável – 01/02/17
Nome Promulgado de Realeza – 08/02/17
Grãos Dourados de Semeadura – 15/02/17