domingo, 5 de fevereiro de 2017

Auto-Reconhecimento




Auto-Reconhecimento

por August Manz

Como um “Eu” consciente de sua própria espécie encontra-se o ser humano atual na matéria grosseira da Criação Posterior, aonde ele chegou por sua peregrinação pelas esferas e ainda se encontra para continuar a se desenvolver.
De acordo com a Vontade de Deus, cada ser humano deve sentir como um ser que, apesar da mesma origem espiritual dos outros germes espirituais encarnados, é diferente – diferente devido à desigualdade de seu desenvolvimento e amadurecimento espiritual.
Ele é um ser com livre vontade, livre e independente em si na escolha de suas resoluções.
O caminho de seu desenvolvimento ele mesmo escolheu até agora – e também pode e tem de continuar fazendo isso.
Observado de forma espiritual cada pessoa encarnada é, portanto, uma personalidade individual por si só, um peregrino solitário pelos diversos reinos da Criação, – solitário espiritualmente ele é também sobre a Terra.
Em tudo ele, unicamente, tem toda a responsabilidade pelo seu pensar e agir. Ele pode, na verdade, fazer ou deixar de fazer tudo o que quer, possui uma destacada autonomia e plena liberdade para pensar e agir.
Mas por esse motivo ele tem também, como consequência natural de seu livre-arbítrio e da responsabilidade que resulta daí, que se responsabilizar totalmente sozinho diante do trono do Juiz, sem poder lançar a menor partícula de culpa sobre qualquer outra pessoa.
A Vontade de Deus estabeleceu como meta mais elevada do germe espiritual desenvolver-se, a um “Eu” consciente e como personalidade plenamente consciente, totalmente amadurecida e que se tornou leve e luminosa para reingressar ao Reino Espiritual.

Os seres humanos da atualidade ainda não alcançaram essa meta.

Por causa de culpa própria eles permanecem ainda presos à materialidade.

Pois, com seu desenvolvimento na direção errada eles se sobrecarregaram de carma, que eles têm primeiramente que resgatar na materialidade, antes que possam ascender às esferas mais elevadas.
Os seres humanos não trouxeram as puras, nobres e boas capacidades que repousam no germe espiritual na mais plena florescência para desenvolvimento – ao contrário, sucumbiram às tentações de Lúcifer: através da má vontade eles próprios deixaram surgir trevas, eles mesmos desenvolveram o que é inferior e tudo o que é ruim e, com isso, envolveram-se com invólucros espessos e sombrios, os quais, da maneira natural impedem a ascensão espiritual.
Assim, o ser humano encontra-se preso a Terra, na matéria grosseira, como consequência natural do pecado original.
E, por isso, a primeira e mais elevada obrigação de cada ser humano é de libertar-se totalmente desse atamento à Terra, para poder alcançar a Luz.
Ele tem de libertar-se também do carma que teceu no decorrer de seu desenvolvimento de até então, que pende nele como um peso de chumbo, que o puxa para baixo.


Para esclarecer, em resumo o autor explica:




O ser humano encontra-se preso a Terra, na matéria grosseira, como consequência natural do pecado original.








Já sabemos pela Mensagem que, o ser humano através de todo o seu pensar e agir, cria em torno de si uma teia de fios do destino que lhe trazem os efeitos retroativos de seu comportamento, de modo que ele tem de colher o que semeou.
Contudo, nós também sabemos que o ser humano não está exposto incondicionalmente aos efeitos do carma criado por ele mesmo, sem possibilidades de escapar deles e libertar-se novamente da culpa e de suas consequências.
Cada ser humano tem a ampla possibilidade de, por meio de sua vontade, de seu novo esforço pelo que é bom, puro, e nobre, para poder atuar de forma contrária aos efeitos retroativos ruins, enfraquecendo-os ou deixando-os totalmente sem ação, aos quais do contrário ele estaria exposto.
Na dissertação “O Resgate do Carma” nós já nos ocupamos com isso de forma mais pormenorizada e nos tornou claro os fenômenos de matéria fina ligados ao resgate. Vimos aí que nas vibrações boas, mais delicadas, leves e luminosas que uma pessoa envia no seu esforço pelas alturas, o efeito recíproco é enfraquecido cada vez mais, até que finalmente cessa por completo, e o carma é assim resgatado.
O destino forma-se através da lei da Reciprocidade, contudo novamente ele também é resgatado por meio de um fenômeno natural.
Mas essa vontade para o bem tem de partir dele próprio como ser humano.
Assim como ele próprio criou o carma, assim também ele mesmo deve resgatá-lo – e ninguém mais.
Outras pessoas podem auxiliá-lo nisso com comportamento correspondente – mas decisivo e determinante é apenas o seu próprio pensar e agir.
Assim a questão do resgate do carma, da libertação da culpa, torna-se a questão principal para a existência de cada ser humano sobre a Terra, a qual só pode ele próprio resolver.
Com isso, a questão de como uma pessoa pode alcançar nessa meta de resgate do carma, o que deve fazer para libertar-se, ganha um significado decisivo para toda sua existência.
Os seres humanos individualmente desenvolveram-se de maneira bem diferente, e por isso, cada um precisa se modificar da sua maneira, transformar-se – na necessária direção dele própria.
E para poder escolher a direção correta que o conduz novamente para cima ele tem primeiramente de reconhecer o que nele estava errado. E essa direção errônea só é encontrada por ele através do auto-reconhecimento.
Isso soa bem simples e é aparentemente fácil, mas só aparentemente.
Pois o auto-reconhecimento correto é exatamente o mais difícil para o ser humano, que durante milênios trilha o caminho errôneo. E também para aquele que soterrou a medida certa de seu comportamento, correto para sua intuição, nas falsas concepções em todo seu desenvolvimento de até então preso à Terra.
A necessidade do auto-reconhecimento na pressuposição para todo desenvolvimento elevado, como base da ascensão moral, já foi muitas vezes aceito e exigido por espíritos humanos que se esforçam na elevação pelo que é puro e nobre; mas só com a Mensagem do Graal, através de suas revelações aos seres humanos, é que houve a possibilidade de se alcançar realmente essa meta, ao indicar-lhes também o caminho certo.
Deixa-me reconhecer o mal, também pelo preço do sofrimento”, assim nos clamou o Filho do Homem como exigindo-nos. E assim também deve ser o suplicar de cada pessoa.
Pois somente quando ela reconhece direito o mal que reside dentro dela, ela então pode trilhar ao lado disso com sucesso e resgatar seu carma. Ela tem de reconhecer por si mesmo com qual pendor terreno está mais sobrecarregada e quais as características baixas, ruins e pouco nobres encontram-se especialmente inseridas nela. Somente então assim poderá agir contra elas, combatê-las e libertar-se delas.






O mal, errôneo, incorreto, transviado que nele reside, o ser humano é que deve reconhecer – para analisar a si mesmo com todos os seus erros. Então descobrirá o fio que poderá conduzi-lo para fora do labirinto de um interior confuso, chegando à clareza sobre si mesmo.
Pela Mensagem nos constam inúmeros indicadores de caminho e pontos de apoio para que cheguemos a um correto auto-reconhecimento.
Sobretudo, o Filho do Homem nos indica para o fato que as pessoas devem aprender uma com as outras.
Contudo, ninguém deve bater no peito, pela arrogância de dizer: “Oh Senhor, como Te agradeço por eu não ser como aqueles”, na crença de que ele não possui erros, que nos outros observa. Ao contrário, exatamente com esses erros é que ele deve aprender a encontrar os seus próprios.
Séria é a exortação que nos foi dada a tal respeito:

Se o ser humano olhar à sua volta com olhos abertos e se simultaneamente observar ai a si próprio, reconhecerá logo que exatamente aqueles erros no próximo que mais o incomodam, são os que se acham de modo pronunciados nele próprio, em escala grandemente acentuada e incômoda para outrem.”

E a fim de aprenderdes a observar acertadamente, melhor será primeiro prestardes cuidadosa atenção aos vossos semelhantes. Dificilmente haverá entre esses tais um que não tenha a reclamar isso ou aquilo de outrem, pronunciando-se também aberta ou veladamente a respeito.
Não tardará muito até descobrirdes, para vosso espanto, que exatamente aqueles defeitos que a referida pessoa censurar tão acerbamente dos outros, encontram-se em grau muito maior nela mesma!
Isso é um fato que no começo vos deixará perplexos, mas que se apresenta sempre, sem exceção.
Ao julgar as pessoas, no futuro podereis, serenamente, considerar isso como certo, sem precisardes temer que, estais errando.
Permanece o fato de que, uma pessoa que se irrita com estes ou aqueles defeitos de outrem, com certeza, possui exatamente os mesmos defeitos em escala muito maior.
Procedei em um dia com calma a tais exames. Conseguireis e reconhecereis logo a verdade porque vós próprios aí não estais implicados, portanto, não procurais em ambas as partes atenuar coisa alguma.
Tomai, pois, uma pessoa que cultivou em si o mau costume de ser predominantemente mal-humorada e descortês, a quem, portanto, raras vezes mostrando uma fisionomia afável, prefere-se evitar.
Exatamente essas pessoas são as que se outorgam no direito de quererem ser tratadas de modo especialmente afável e se exasperam, quando alguma vez enfrentam, moças e senhoras até mesmo a ponto de chorar, justificadamente, apenas por um olhar repreensivo delas. A um observador sereno isso atua de modo tão indizivelmente ridículo e triste, que este até deixa de se indignar com isso.
E assim isso se dá de mil e uma maneiras diferentes. Fácil também se tornará para vós aprender a reconhecer isso. Mas quando então chegardes a tanto, deveis também ter a coragem de admitir que vós próprios não formais nenhuma exceção, uma vez que encontrastes a prova toda junto aos demais. E com isso, finalmente, ser-vos-ão abertos os olhos para vós próprios. Isso equivale a um grande passo, talvez até o maior para o vosso desenvolvimento!
Cortais com isso um nó que hoje mantém a humanidade inteira oprimida!
Libertai-vos e auxiliai então alegremente aos outros também de igual maneira.






Tendo o ser humano encontrado primeiramente seus principais erros, então, ele também criou uma base, sobre a qual ele pode combatê-los. Pois, agora ele conhece o inimigo que tem de superar, que tem de vencer. Contudo, ele tem que enfrentar esse reconhecimento com a mais séria vontade e não deve, numa costumeira vaidade e presunção, procurar encobrir seus erros para desculpá-los.
Senão, jamais poderá livrar-se deles e de suas consequências destruidoras, pelo contrário, emaranhar-se-á sempre de novo nas concepções e sintonizações erradas.
Por causa disso é tão grande a dificuldade do auto-reconhecimento, pois se trata de vencer o fundamental do mal no ser humano, sua vaidade terrena, que como em arrogante consciência vista de cima não quer aceitar, exigindo exceções para si, as quais não se permitem a outrem, e procura remexer para explicar os próprios erros e insuficiências até que, por fim, se tornem desculpadas vantagens, ou igual a viciadas fraquezas.
Quem não faz isso, nos conformes da Palavra do Senhor pelo significado sobre o argueiro no olho do próximo (de explicação anterior), jamais chegará realmente a um verdadeiro auto-reconhecimento, mas ficará sempre preso na plena ilusão que o conduz erroneamente.
Quem, porém, investigar seu íntimo com energia irrestrita, com zelo e severidade sem reter de vergonha covarde por comodidade ao temer as consequências na descoberta do reconhecimento, também poderá continuar a se desenvolver e a amadurecer de forma correta, já que também eliminara seus erros, munido de uma vontade séria, mesmo que lhe possa ser difícil. 
E se, apesar disso, ele recair em coisas habituais, ele se animará novamente e se recuperará. Pois, ele sabe agora como seu carma foi adquirido, e também como resgatá-lo.
Um importante auxílio para o correto auto-reconhecimento nasce também do amor individual para com o ser humano, quer seja de um homem por uma mulher, dos pais pelos filhos, ou no inverso dos casos.
A Mensagem do Filho do Homem nos indica isso expressamente na dissertação sobre a força sexual:

Paira sobre todos os seres humanos terrenos, de modo imenso e forte, um desejo: de poder ser, realmente, por si mesmos, aquilo que valem diante daqueles pelos quais são amados.”

Quem, portanto, quer realmente reconhecer a si mesmo com uma vontade séria, só precisa perguntar, quanto ele vale perante uma pessoa que o ama. E então, ele deve comparar essa figura ideal com aquela que ele realmente é! Essa comparação deve ser instrutivamente rica para cada pessoa, se a executar sem embelezamento da ilusão. Então, ele saberá como tem de se tornar para corresponder a esse ideal.
“E esse desejar é o caminho certo! Conduz imediatamente às alturas.”
Reconhecer corretamente o mal que está enraizado no próprio ser humano e em suas características, é sem dúvida bem difícil, já que para o necessário auto-reconhecimento faz-se necessário primeiro vencer a vaidade, o verdadeiro mal fundamental do ser humano. 
Contudo, não resta nenhum outro caminho para resgatar seu carma. Ele tem de trilhá-lo! Só assim ele pode ascender à Luz.

O Filho do Homem nos revelou:

No reconhecimento do mal reside também a salvação para aqueles que possuem boa vontade.”