segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Lembranças do Graal III







Lembranças das minhas vivências do Graal

por Elisabeth Gecks

(continuação)

O pressentimento a respeito dos seres invisíveis ao meu redor foi a maior alegria da minha vida. Eu não posso me lembrar de tê-los realmente visto, apesar de acreditar, quando criança, brincar com eles. Eu falava com eles e não me sentia sozinha no grande jardim. Além do mais, eu ficava preferencialmente lá sem outras crianças, pois com suas brincadeiras barulhentas as “outras” iam embora; eu chamava em vão por elas. Apenas no silêncio, por volta do entardecer, esperando sozinha, eu podia jubilar: “Aí estão vocês novamente!” Agora eu consigo entender tudo isso, também porque outros pequenos seres sempre me ajudavam, quando eu pedia fervorosamente ao “Santo Antônio”, de quem eu esperava auxílio.
A mesma confiança fervorosa e humilde ao pedir dá aos servos de Deus a possibilidade para auxiliar. Isto também vale para o restabelecimento de doentes, como por exemplo em Lourdes, só que lá se trata de outra espécie de auxiliadora enteal, jamais Maria de Nazaré, a qual muitos chamam de “Mãe de Deus”; ela, na verdade, foi um espírito humano agraciado, uma vez que lhe fora permitido ser a mãe de Jesus. Mas a tarefa dos curadores encontra-se no enteal.
Assim muita coisa ainda poderia ser escrita de tudo o que eu pude aprender e vivenciar, para poder reconhecer nessa época, no momento certo, o Enviado de Deus. Eu também encontrei com isso o reconhecimento da Trindade.
Eu escrevo “lembranças”. Lembranças do SenhorMas essas lembranças não são apenas passado, elas englobam presente e futuro em si.
Observação: Eu cito as palavras do Senhor, como elas ressoam dentro de mim e não afirmo com isso que estas foram realmente as dele, mas com certeza sempre o sentido de suas palavras, assim como vive em mim.

Foi em março de 1926. Eu me encontrava de forma miserável e tinha dores, aflições interiores e exteriores, e eu tinha que me sujeitar a tudo, e todos os medicamentos não auxiliavam. Uma alergia me atormentava há mais de vinte anos, de modo que em todo verão eu sofria seis semanas de febre do feno com asma e febre alta. Sol, flores e os campos me causavam um verdadeiro tormento. Aí a Frau Luft, que veio de Wiesbaden e que também morava na rua Möhlstraße em Munique, contou sobre uma maravilhosa senhora, que certamente poderia me ajudar e me curar. O Sr. e a Sra. Bernhardt tinham um sanatório em Heilbrunn. O Sr. Bernhardt dava às pessoas conselhos interiores e a Sra. Bernhardt ajudava as pessoas exteriormente; ela própria, a Frau Luft, também havia se curado. Assim fui com ela e a Sra. Bernhardt me recebeu. Eu me sentia atraída por ela de forma especialmente feliz e intuí um amor de espécie especial, que ela irradiava.
A meu pedido, porém, ela disse que dentro de duas semanas eles estariam se mudando para a Áustria e que lá ela não poderia mais fazer tratamentos. Para poder me auxiliar, ela iria necessitar de seis semanas, pois todo o doentio deveria antes ser retirado do meu corpo, para que ela pudesse prover meu corpo com irradiações terapêuticas e forças estimulantes, levando tudo o que havia se tornado passivo novamente a um trabalho saudável e positivo. Primeiro a remoção do que era doentio e então a reestruturação através da força terapêutica e estimulante, que ela poderia dar para que o corpo pudesse reagir novamente de forma correta. Durante duas semanas ela só iria remover, ficar no centro do desmoronamento do que era doentio, sem ter a possibilidade de já poder auxiliar com a reconstrução. – Frau Maria tinha lágrimas nos olhos, as quais rolavam sobre sua face; essa imagem eu jamais esqueço – tal elevado amor – e disse: “Com que prazer eu teria auxiliado, mas agora não é mais possível.” Eu certamente devo ter feito uma expressão muito triste, mesmo sendo perpassada no coração por tão elevado amor e me sentindo feliz. Então, de repente, aflorou um sorriso em sua boca – quero denominá-lo de quase brincalhão –, um sorriso que mais tarde tantas vezes me felicitou, e ela disse que não iria ainda querer desistir de auxiliar pessoas e que ainda encontraria meios e caminhos, para também lá poder curar. Será que eu iria então até ela? Eu naturalmente confirmei isso extremamente feliz.

Por várias semanas eu não ouvi nada. A família Bernhardt havia se mudado para Igls, no Tirol, onde haviam alugado uma pequena casa ao lado da floresta. Em maio eu recebi repentinamente uma carta do Sr. Oskar Ernst Bernhardt, o qual, para mim, ainda não tinha nenhum significado mais profundo. Ele escreveu que se eu ainda quisesse solicitar o tratamento junto a sua esposa, eu teria agora oportunidade, mas eu teria que me resolver rapidamente. Havia um júbilo em mim, e depois de entrar em acordo com meu marido eu telegrafei minha chegada para dali a oito dias e, assim, para deixar ainda tudo preparado em casa. Nesse meio tempo eu recebi notícia, que a Sra. Bernhardt havia entrado em acordo com o proprietário de um sanatório em Igls, o qual era pouco frequentado, para colocar seus pacientes lá, sem que fosse falado a respeito disso. Pois de outra forma o médico não teria aceitado isso, o qual não queria se privar das receitas. Assim essa questão ficou solucionada. Com o médico regional de um hospital de Innsbruck havia um acordo. Frau Maria havia convencido este de sua capacidade de reconhecer doenças, quando ela, conduzida por ele por todos os quartos de doentes, dizia-lhe a enfermidade ou deficiência de cada um individualmente. Assim ele havia esclarecido que ela poderia auxiliar doentes onde a ciência médica falhasse, e ele trabalharia oficialmente com ela em experimentos. Assim consta na minha lembrança. Seus pacientes deveriam se anunciar a ele, mas então ele deixaria o tratamento por conta da própria Sra. Bernhardt. O médico do sanatório, porém, só pôde ocultar sua fúria com dificuldade, contudo, não queria privar-se de suas entradas.
Naquela época também haviam vindo a esposa do Prof. Schmidt com sua filha Brigitte, mais tarde também os Illigs. No verão os Schmidts, que também eram visitados por um período mais prolongado pelo Sr. Professor, moravam então de forma privada; a Irmã Rosa Markus havia assumido cuidar da senhorita Brigitte, para não sobrecarregar Frau Schmidt. A Irmã Rosa, gravemente enferma, havia ela própria encontrado cura em Heilbrunn e havia permanecido completamente lá como enfermeira na casa.

No íntimo eu sentia pena de tais pacientes deste médico, aos quais não podíamos dizer nada a respeito da atuação de Frau Maria e a qual eles consideravam como uma espécie de massagista, já que ela vinha quase todos os dias até nós. Quando Frau Maria colocava suas mãos, um raio quente penetrava em mim, o qual por um lado me vivificava de forma maravilhosa, mas então me fazia dormir um sono fortalecedor por algumas horas. Depois de seis semanas eu estava forte e bem disposta como nunca em minha vida; até hoje eu permaneci assim ativa. Quando eu, em todos os anos posteriores, me sintonizava no auxílio irradiante de Frau Maria, suplicando, então sempre me advinha auxílio à distância, meu coração era fortalecido; também um envenenamento eu superei dessa forma. Naquela ocasião eu senti logo uma reação e após poucos dias meu intestino reagiu de forma bem nítida e, dessa forma, já se iniciou a cura, que durou por todos esses anos. Também um tratamento para outra enfermidade poupou-me mais tarde de uma operação. Minha grave febre do feno não surgiu por muitos anos e também permaneceu depois dentro dos limites suportáveis.
Naquela época eu apresentei ao médico do sanatório a minha cura da doença do feno em junho. Eu nunca me esqueço da expressão asquerosa e maldosa em sua face e como ele, quase gritando de raiva, dizendo que aquilo que ele não conseguia compreender, ele também não queria ver nem ouvir, recusando isso. Ele mantinha assim fechados os olhos e ouvidos de sua face desfigurada. Eu me horrorizava diante de tanta intolerância e maldade, e me veio um pressentimento diante de ataques futuros de tal espécie. Mais tarde ele se dirigiu irado junto a colegas contra a Montanha e Frau Maria, contudo, não pôde prejudicar, mas, talvez, impediu certas pessoas de chegarem a um reconhecimento. A recusa e o comportamento desconfiado do meu cunhado também se atribui à influência dele.

(continua)


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