Nas
Florestas da África
Episódio
XXIII
Sob Incêndio Devastador
por
Charlotte
von Troeltsch
Sinopse de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca”, sob a situação da tribo
rendida, a mercê de estranhos invasores, decidiu negociar com o chefe do bando:
todas as preciosidades tidas como o maior tesouro de seu povo...
(continuação)
“Nós também precisamos
buscar as coisas que determinamos para o Filho de Anu?”
Com o rosto voltado
para trás Bu-anan confirmou. Era-lhe muito difícil e, contudo, tinha que ser
assim. Ela sentia isso muito bem.
Aí irrompeu de um dos
homens:
“É indiferente que
percamos tudo, se pudermos ficar para que o Filho de Anu nos encontre, quando
Ele vier.”
Essa frase ajudou a
todos, a realizar o mais difícil. Sem se cansar arrastavam para lá tudo o que
possuíam de preciosidades.
Quando a última peça se
encontrava à frente do estranho, que examinava com um olhar admirado os
produtos, de uma habilidade que ultrapassava em muito a capacidade de seu povo,
ecoou de repente gritos de pavor:
“Está queimando! Fogo,
fogo!”
Era verdade.
Despercebidamente uma das cabanas devia ter se incendiado. O vento levava as
chamas dançantes de uma cabana à outra. Antes que se pudesse pensar em
salvação, mais da metade das cabanas estava pegando fogo.
Aí não restava outra
coisa senão, mais do que depressa, sair pela passagem e se refugiar na
floresta.
Daí o homem com pele de
tigre havia chamado seus guerreiros e mandou-lhes que levassem cuidadosamente
os tesouros que se encontravam no chão para a floresta.
Bu-anan, porém, saiu
correndo com gritos de pavor:
“Os U-au!” em direção as
grandes cabanas, onde os animais estavam presos e uivavam e vociferavam.
Logo, mais homens
estavam ao seu lado e rolavam a grande pedra para o lado. Impetuosamente os
animais saíram pela abertura e se precipitaram sobre os estranhos.
Foi necessário o maior
esforço dos homens para chamá-los de volta. Os estranhos já haviam pego as
armas para se defenderem contra os animais, que pensavam ser selvagens.
Admirados, porém,
olhavam como as feras obedeciam aos homens. Alguns dos homens levaram-nos para
a floresta e se colocaram junto deles até que se acalmaram.
Todos os Tuimahs
puderam se salvar, nenhum morreu nas chamas. Contudo a aldeia foi totalmente
consumida pelo fogo. Como surgira o fogo?
“Qual de vós ateou fogo
nessas cabanas?” perguntou o estranho com os olhos ardentes.
Os guerreiros encararam
seu olhar e ficaram calados.
“Falem, eu quero saber
a verdade! Não somo assassinos e incendiários!” bramia o chefe.
Aí Bu-anan foi até ele,
tendo a mão de uma mulher que chorava.
“Não te zangues com tua
tropa, homem-tigre”, disse ela. “Eles são inocentes. Esta aqui e algumas
outras, num medo cego, jogaram fogo nas cabanas. Elas preferiam serem
queimadas, a caírem em vossas mãos. A fé delas em Anu foi muito pequena”,
acrescentou ela amargamente.
Cada vez maior se tornava
a admiração do estranho. Que mulher era essa! E quem era Anu, de quem ela
falava incessantemente. Sobre isso ele deveria interrogá-la mais tarde. Agora
tinha que agir.
“Escute”, falou ele a
ela, “eu não queria vos levar junto. Agora, porém, vossas cabanas estão
queimadas e não tendes mais um lar. Venham comigo! Devereis poder viver, como
estais acostumados, apenas tereis que trabalhar pelo vosso sustento e fazer
adornos e tecidos para as nossas mulheres. Quereis fazer isso?”
Ur-an saltou à frente.
“Melhor não ter um lar,
mas ser livre!” exclamou ele, e pôde-se perceber que os homens eram de sua
opinião. Também os estranhos guerreiros compreenderam seu intuir.
Bu-anan, porém, ergueu
a mão.
“Esquecestes o que Anu
nos mandara dizer?” indagara ela. “Quando vier aquele com pele de tigre,
segui-o! Anu mesmo determinou que sigamos com ele. Por isso deixou que nossas
cabanas se consumissem pelo fogo, pois até eu havia esquecido sua ordem e
queria negociar nossa liberdade com o estranho. Mais tarde suplicaremos pelo
perdão de Anu.
Agora, porém, eu digo:
Anu, Deus, estamos
preparados para realizar Tua Vontade como Teus servos! Outorga-nos a força para
isso, nós próprios não a temos!”
Como de costume, ao
orar Bu-anan havia estendido os braços horizontalmente, parecia
indescritivelmente belo. Os estranhos guerreiros, sobretudo seu chefe, olhavam
impressionados para esses seres humanos, que lhes pareciam como seres de um
outro mundo.
Respeitosamente o
homem-tigre aproximou-se de Bu-anan e lhe perguntou:
“Estais prontos? Então
partiremos.”
Ela já queria
concordar, então um pensamento sacudiu-lhe: os negros!
Se todos eles
partissem, os negros não teriam mais nenhum alimento, pois não estavam
acostumados a manter-se a si próprios, e algumas de suas vinte mulheres também
haviam falecido a pouco. Além disso, eram exatamente esses homens que
realizavam os trabalhos forjados mais bem feitos. Eles não deveriam ficar para
trás!
Tudo isso Bu-anan falou
ao chefe, que ouvia admirado. Novamente ele teve que pensar:
“Que mulher! No meio da
própria necessidade ainda pensa nos outros. O povo tinha razão em chamá-la de
Mãe.”
(continua)
Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz).
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
África. (Nas Florestas da África)
Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +:
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