Lembranças das minhas vivências do Graal
por Elisabeth Gecks
(continuação)
Depois de
atingir a maioridade, saí da Igreja Católica, pois minhas concepções e a
vivência religiosa não lhe eram correspondentes. Como eu havia levado comigo a
fé em Jesus e não queria ficar sem a Ceia e queria me aprofundar na doutrina de
Jesus, ingressei na Igreja Evangélica Unida. – A estreiteza da igreja de Lutero
com a salvação por meio da morte na cruz de Jesus como algo desejado por Deus,
conheci através da aula de religião dos meus filhos na Bavária, horrorizada. Eu
mesma não tinha há muito tempo mais nenhuma ligação com uma igreja. Eu estava
decepcionada e havia vivenciado a rigidez e a sobriedade intelectual em muitas
pessoas. Na Mensagem do Graal encontrei então o esclarecimento resplandecente
para tudo. Eu gostaria, por exemplo, de citar o anjo da guarda, idêntico ao
guia do ser humano no âmbito interior e aos auxiliares enteais no âmbito
terreno, material. Também os conceitos purgatório e inferno, apesar das
concepções torcidas e primitivas, surgiram do saber de outrora a respeito dos
planos luminosos, mais elevados e dos sombrios, através do querer e atuar
errôneos do ser humano, assim como a Mensagem descreve isso tudo de forma bem
clara. – Um pressentimento a respeito disso me fez sempre continuar a procurar,
até que aos 40 anos de idade eu finalmente, depois do reconhecimento de tantos
grãozinhos de Verdade, pude encontrar a Mensagem para o reconhecimento completo
da Verdade oriunda do Graal.
Isso foi
no ano de 1926, quando Abdrushin havia escrito a Mensagem e já existia uma
base, a partir da qual eu tive a graça de crescer dentro dela através da
condução do Senhor, podendo ouvir
por meio dele cada nova dissertação que surgia e, então, eu mesma podendo me
aprofundar nela ao lê-la.
Minha
procura havia me levado anteriormente às religiões orientais, as quais sabiam a
respeito das várias vidas terrenas; mas a falta de lógica, a falta de
uniformidade na lei, que eu intuía aí, por se acreditar que uma pessoa poderia
se tornar, de acordo com seu proceder, um animal ou planta na vida, num
desenvolvimento superior também uma estrela, não me havia satisfeito. Assim eu
cheguei à Teosofia e à Antroposofia, mas depois da primeira alegria pela
uniformidade da lei na libertação por meio das repetidas vidas terrenas e da
alegria por pessoas realmente religiosas, nobres e que aspiravam mais alto, seu
pensamento de poder se tornar divino me repelia como algo atrevido e arrogante,
fazendo-me continuar a procurar. Assim, em oração, eu implorava a Deus,
diariamente por longos anos, que Ele me permitisse encontrar a Verdade oriunda
da Luz: a Verdade completa oriunda Dele, a que realmente Jesus havia trazido e
que deveríamos ter reconhecido. Minha oração também era sempre: “Deus
onipotente, deixa-me reconhecer tudo que me é necessário, para que eu realmente
viva de acordo com Tua vontade e possa reconhecer corretamente tudo o que Jesus
quis e presenteou.”
Mais uma
coisa não deve deixar de ser mencionada, um pressentimento, que eu trouxera
junto nessa vida terrena e que me fazia procurar por reconhecimento. Era uma
lembrança, que o meu “eu” espiritual viera para uma missão nesta vida terrena;
este “eu” eu havia separado de forma totalmente natural em duas formas dos
respectivos invólucros terrenos, os quais trazia de forma consciente em mim
sobre as duas vidas terrenas e o que, inconscientemente, eu achava bem natural.
Assim, já quando criança havia uma procura dentro de mim por algo não palpável,
que me deixava meio melancólica, me dava um desejo de ficar sozinha, o que
também era possibilitado pelo grande jardim e pela diferença de idade em
relação às minhas irmãs e que, de fato, fora determinado para meu
desenvolvimento. O fato de eu ter sido realmente tão diferente do que as outras
crianças e isso ter se refletido então na vida adulta, trouxe-me muita
incompreensão e sofrimento. Assim tanto mais felicidade trazia-me o amor a
pessoas bem simples e aos animais – e também, por eu ter podido aconselhar e
auxiliar, quando alguém necessitava de mim. Pois as capacidades que me foram
presenteadas e meu anseio por harmonia e paz, meu sentido por justiça,
outorgavam-me confiança junto a crianças e adultos. Assim, muitas vezes, eu
podia auxiliar e levar equilíbrio, pois eu não me isolava deles, mesmo me
sentindo sempre realmente sozinha. No início, quando criança, eu dizia que
agora viria a época do Juízo e que Jesus havia falado há aproximadamente dois
mil anos sobre essa época em que nós estaríamos agora. Eu só encontrava espanto
e surpresa, mas ninguém que pudesse me confirmar isso, explicando. Então eu
nunca mais disse algo sobre o que eu aguardava e que se encontrava dentro de
mim como um pressentimento, sem possuir uma ideia real. Contudo, quando eu ouvi
pela primeira vez o nome “Graal”, então eu sabia haver uma conexão a respeito e
que a isso estava ligada uma missão, a qual eu queria procurar. Quando me veio
a primeira vez o pressentimento a respeito da época do Juízo, perpassou-me
rapidamente um estremecimento sobre a ideia de algo horrível, que teríamos de
passar, mas medo apenas por um instante. Então tive a certeza que era
exatamente por isso que eu vivia, para ser-me permitido ter uma missão nessa
época, de acordo com a vontade de Deus. “Como podes te amedrontar aí” briguei
comigo, nunca mais virá algo assim para mim; agora com a clareza por meio da
Mensagem e com o saber sobre a minha permissão de poder servir, isso não seria
mais possível.
Até aí eu havia procurado por tudo o que estava
em ligação com o nome “Graal”, todas as espécies e concepções a respeito das
lendas do Graal. Mas eu sempre ficava decepcionada com a concepção terrena e
com tudo que estava relacionado a isso e sentia nitidamente que aí não existia
mais nenhuma conexão com o que era legítimo. Contudo, eu sabia que um dia
encontraria a conexão entre Jesus, o Graal e o Juízo e poderia reconhecer aí
qual seria minha missão, o meu “servir”, tudo aquilo que pairava diante de mim
como uma meta alcançável. Essa forte procura com a experiência que nós, seres
humanos, não sabemos tudo o que deveríamos, para poder viver corretamente de
acordo com isso e que nenhuma igreja, seita ou religião havia alcançado esse
último ponto, foi o grande auxílio em minha vida.
(continua)
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