domingo, 5 de novembro de 2017

Doutrina da Reencarnação







Doutrina da Reencarnação

por August Manz

A dissertação de hoje está determinada a esclarecer – a todos os buscadores da Verdade, que começaram a se ocupar com a Mensagem do Graal de Abdrushin e também a todas aquelas pessoas que só ouviram a respeito de Abdrushin e de sua doutrina e que ainda não conhecem a Mensagem, mas que possuem o sincero anseio de saber mais a respeito –, introduzindo mais profundamente esses buscadores em um dos ensinamentos fundamentais da Mensagem: na doutrina da reencarnação, ou seja, no renascimento terreno do ser humano individual.
Eu escolhi exatamente esse tema, pois a compreensão correta da doutrina da reencarnação é essencial e decisiva para o cumprimento da principal exigência que Abdrushin faz – a exigência de seviver realmente de acordo com a palavra da Mensagem.
E também porque a doutrina da reencarnação abre o portal da compreensão irrestrita sobre o sentido da existência humana, por ela auxiliar a resolver a pergunta sobre o “porquê” de vossa existência terrena, feita por cada pessoa que reflete de forma séria.
Àqueles ouvintes que sabem apenas pouco da Mensagem, eu gostaria antes de fazer alguns pré-esclarecimentos, para que possam acompanhar melhor as explanações a seguir.
O ser humano é, em sua essência, espiritual. Seu verdadeiro “eu” origina-se do reino espiritual, do Paraíso, da Criação primordial de Deus-Pai. Contudo, esse Paraíso não deve ser confundido com o paraíso terreno, que os seres humanos imaginam segundo as narrativas bíblicas. Eles se aproximam bastante da compreensão deste conceito quando imaginam aí a planície dos bem-aventurados, um reino de luz, onde impera pureza e plena harmonia.
O espírito do ser humano origina-se deste reino espiritual, primeiramente ainda sem ter consciência de sua personalidade, tendo que, na peregrinação pelas diversas esferas e por meio de movimento, luta e trabalho que se desenvolver de um germe espiritual inconsciente a um espírito humano plenamente consciente, puro e perfeito.
A obrigação de movimentar-se, lutar e trabalhar, só é encontrada pelo ser humano no reino da materialidade. E é por isso que o germe espiritual também tem de mergulhar na materialidade, pois do contrário não poderia se desenvolver. A esse reino da materialidade pertencem a matéria fina, a esfera do Além, e a matéria grosseira, o Aquém e, portanto, também nossa Terra.
O germe espiritual envolve-se nas esferas individuais correspondentes com um invólucro, com um manto que corresponde à referida espécie desse ambiente, o qual o protege e só assim lhe possibilita a existência nessa esfera. Os invólucros do enteal e da matéria fina juntos chamamos de alma; na matéria grosseira chamamos o invólucro de corpo terreno. O ser humano adquire esse corpo terreno com a encarnação, ou seja, através da unificação dos invólucros adquiridos até então com um corpo terreno. Essa unificação se realiza no meio da gestação, com o corpo infantil em formação.


O núcleo do ser humano com todos esses invólucros permanece inalterado, puramente espiritual. E esse núcleo, no qual o impulso para a conscientização e também todas as capacidades boas e nobres se encontram adormecidas, impele o ser humano sempre adiante em sua peregrinação, para um maior desenvolvimento e amadurecimento.
A partir dessas explanações pode-se reconhecer que a Mensagem do Graal nega como falsa a concepção monística como, por exemplo, Haecksel ensina. Pois o ser humano terreno consiste de um núcleo espiritual e de diferentes invólucros que o envolvem, onde o mais externo deles é o corpo de matéria grosseira.
Mas também o dualismo não esclarece a essência do ser humano de forma totalmente correta, já que só conhece o corpo e a alma.
Portanto, para reforçar mais uma vez a explanação: o núcleo do ser humano é espiritual. Nas diferentes esferas esse núcleo espiritual, preenchido com força espiritual, cobre-se com diferentes invólucros, sendo no enteal e na matéria fina a alma e na matéria grosseira o corpo terreno.
O ser humano individual tem, portanto, de acordo com a vontade de Deus, a missão de se desenvolver cada vez mais alto. Amadurecido para a consciência e para a responsabilidade, cada espírito humano deve, depois de sua peregrinação pela Terra, elevar-se a esferas cada vez mais altas e puras, até que ele, plenamente amadurecido, puro e luminoso, como “eu” consciente, possa retornar ao reino espiritual, do qual partira.
Nesse retorno ele tem de deixar os invólucros adquiridos em suas respectivas esferas, desfazendo-se plenamente de todos eles em sua peregrinação, até que, por fim, encontre-se só como espírito.
A missão do ser humano individual em sua peregrinação era, portanto, originariamente, desenvolver as capacidades nobres nele latentes, resistir vitoriosamente à luta na matéria grosseira e então, após a morte terrena, depois da separação com o corpo terreno, trilhar de volta o caminho para o reino espiritual, de onde viera.
Todos nós sabemos que os seres humanos, em geral, não atingiram esse elevado desenvolvimento, mas sim se sobrecarregaram de culpa. A Bíblia apresenta esse pecado original simbolicamente como o provar do fruto proibido – Abdrushin nos ensinou que esse pecado original consistiu, na realidade, no cultivo excessivo do raciocínio, com todas as consequências funestas de um atamento terreno.
Tendo assim os seres humanos se sobrecarregado de culpa, tornaram-se incapazes de retornarem ao reino espiritual. Eles permaneceram atados à materialidade. O espírito humano não consegue ascender às esferas mais puras e elevadas enquanto ele trouxer o lastro de culpas – seu carma. Ele tem de permanecer na materialidade com todas as suas espécies e esferas.
Portanto, cada espírito humano traz agora um carma, cujo lastro é às vezes maior ou menor, do qual, contudo, ele não consegue se libertar enquanto não tiver reencontrado o reconhecimento correto da Verdade e viver de acordo com ela. Pois unicamente através de uma vida segundo as leis divinas, que nos permitem reconhecer a Verdade, é possível libertar-se novamente do lastro do carma.
Essa peregrinação pela materialidade forma uma existência una. Pois o ser humano individual, depois de sua peregrinação pela Terra, na qual ele se sobrecarregou de carma, não permanece apenas no Além da matéria fina, mas ele ainda retorna várias vezes à Terra, por meio de novas encarnações. Essas diversas vidas terrenas e o espaço de tempo entre elas no mundo de matéria fina formam a existência una, de que falei há pouco. E a finalidade dessa existência é que seja dada oportunidade ao ser humano de se modificar para o bem, através do reconhecimento e do abandono de seus erros, resgatando com isso seu carma.


A respeito da questão do carma e de seu resgate, que se dá de acordo com a lei da reciprocidade, nós nos ocuparemos mais pormenorizadamente em uma dissertação posterior.
Hoje, para a compreensão de nosso tema sobre a doutrina da reencarnação, basta que seja constatado que os fios da reciprocidade, que o ser humano semeou, têm de ser colhidos, quer seja no Aquém, no Além ou em uma nova encarnação aqui no Aquém, já que esses fios, sem se quebrar, são bem distendidos pela existência una na materialidade e formam uma rede coerente do destino – o carma. Mas um destino que cada ser humano atribui a si mesmo, em todas as particularidades. Cada qual traz obrigatoriamente a responsabilidade pelas resoluções de seu livre-arbítrio e das conseqüências que dele resultam. Diariamente e hora após hora o ser humano toma novas resoluções. Estas repousam em suas mãos e resultam no “livre-arbítrio”, contudo, as consequências de seu pensar, falar e agir, portanto, essas resoluções retornam a ele de forma severa. Apenas através da modificação de sua sintonização, através do enquadrar-se nas leis de Deus é que as consequências ruins de resoluções erradas podem ser atenuadas e, por fim, totalmente desviadas.
A peregrinação pela materialidade oferece ao ser humano individual a possibilidade para se libertar de seu carma, atado nela, e também para um maior desenvolvimento, por meio de experiências que ele só pode reunir nela.
Essa possibilidade é especialmente favorável na matéria grosseira, portanto, durante a vida terrena. Isso se deve ao fato da pesada e densa espécie da matéria grosseira oferecer possibilidades de desenvolvimento totalmente diferentes e bem mais fáceis e simples do que a matéria fina. Pois a densidade do corpo grosso material impede que as intuições do ser humano se tornem imediatamente vivência e, assim, realidade.
O ser humano terreno que intuiu algo impuro, ruim e mal e, em conexão com isso, pensa e quer, dirige a força de Deus, que o transfunde, para a direção errada, ata-lhe assim fios de carma que o sobrecarregam. Mas ele não cai imediatamente para um ambiente de igual espécie, como se dá no mundo de matéria fina, bem mais móvel, por ocasião do surgimento de uma intuição semelhante.
Na matéria fina essa intuição se efetivaria de forma imediata, levando as pessoas para um ambiente baixo, correspondente à sua igual espécie, de onde só conseguem sair com enormes dificuldades. Na matéria grosseira é oferecido, àquele que se desviou do caminho certo, possibilidades totalmente diferentes e bem mais fáceis de se realizar, a fim de cortar os fios de destino de espécie ruim que ele atou a si e é também bem mais fácil de chegar ao caminho que o liberta do carma e o conduz ao alto, ao encontro da Luz.
Essas possibilidades se dão, sobretudo, com o desenvolvimento da força sexual e – se o ser humano deixar passar essa oportunidade – com o amor. A Mensagem nos anuncia mais pormenorizadamente sobre isso. Hoje nos contentaremos com o fato de que essas duas possibilidades, tão incisivas e cheias de efeito para a ascensão espiritual do ser humano, só são oferecidas pela encarnação na matéria grosseira. E que se trata de uma infinita bondade do Pai divino o fato do ser humano ter não apenas uma vez, mas várias vezes a possibilidade através da reencarnação terrena.


Portanto, as várias encarnações são infinitamente importantes para o ser humano individual. Pois elas lhe trazem novas possibilidades de ascensão, mesmo que em uma existência terrena tenha caído profundamente e se sobrecarregado com pesada culpa. Possibilidades de ascensão que ele pode utilizar de forma mais fácil do que é o caso no Além.
O reconhecimento dessa verdade que é revelada aos seres humanos na doutrina da reencarnação, tem, portanto, como conseqüência, que conduzir o ser humano individual, tem de deixá-lo amadurecer em uma introspecção interior, de modo que ele também utilize realmente as possibilidades de ascensão que lhe são oferecidas como um presente durante o período de sua peregrinação terrena.
Se o ser humano refletir sobre a doutrina da reencarnação até suas últimas consequências e viver de acordo com o que foi reconhecido, então ele tem de amadurecer e se tornar, na utilização das possibilidades de desenvolvimento que lhe são oferecidas, um ser humano bom e nobre já na existência terrena. E na indicação pela necessidade de ter que aspirar essa elevada meta durante a vida terrena de agora, reside o mais importante significado da Mensagem do Graal de Abdrushin a respeito das repetidas peregrinações do ser humano pela grossa matéria da Terra, a respeito da peregrinação do germe espiritual pela materialidade, a respeito da peregrinação da alma abrangida nesse sentido. — —
Vamos agora nos aprofundar na observação do efeito desta doutrina. Um grande papel é desempenhado, como é conhecido na pesquisa científica, principalmente nas últimas décadas, pela noção da hereditariedade. Sob hereditariedade se entende o retorno de características paternas em plantas, animais e seres humanos. A teoria científica da hereditariedade se baseia na regularidade da lei descoberta em plantas pelo monge augustiniano Gregor Mendel, por ocasião da divisão de características paternas sobre os descendentes. As características, sobre as quais a observação se refere, eram sobremaneira de espécie exterior; como tais foram constatadas especialmente a hereditariedade da cor como sinal exterior. A pesquisa científica se expandiu então mais nos seres humanos e tentou também aqui, primeiramente, constatar a hereditariedade de características exteriores e de propriedades corpóreas. Então se acreditou poder avançar um passo, sem chegar aí a um resultado claro e indiscutível. Um significado especial tem as exigências que possuem como alvo o aprimoramento corpóreo e espiritual da raça com base em ponderações de teorias hereditárias, a assim chamada higiene racial. Em seguida vieram as constatações sobre a sobrecarga hereditária, sobre qual papel significativo que elas desempenham na vida jurídica por ocasião do julgamento de criminosos, bem como a questão da responsabilidade de um criminoso.
Tão logo as teorias se ocuparem com a observação da hereditariedade exterior, isto é, com as características grosso-materiais, o resultado da pesquisa é correto e oferece muitas coisas interessantes e também vantajosamente utilizáveis no cultivo de plantas e na criação de animais. Contudo, quando a pesquisa procura ir além desse âmbito e quer constatar a hereditariedade de características anímicas, procurando um suposto reconhecimento de lastro hereditário e atenuação da responsabilidade, ela entra num caminho errôneo, já que, por intermédio do raciocínio preso a Terra, ela simplesmente não pode alcançar aqui. A Mensagem do Graal também fecha aqui a lacuna que ainda existe sobre essas questões para o reconhecimento humano; ela lança a ponte para a compreensão das conexões, pois ela nos trouxe notícia do caminho inteiro de desenvolvimento do ser humano, nos revelando em especial, e que está relacionado a isso, que o ser humano se reencarna diversas vezes até o seu amadurecimento ou sua condenação definitiva. E nos revelou também, de acordo com quais leis que a encarnação se realiza.


A dissertação “O mistério do nascimento” revela tudo o que o ser humano necessita saber aqui sobre isso, a fim de poder utilizá-lo para sua ascensão.
O ser humano que retorna para a reencarnação não herda suas aptidões, vantagens e defeitos anímicos, ou melhor, de espécie espiritual do casal a quem o corpo de matéria grosseira deve o seu surgimento e no qual a alma se encarna como invólucro. Esse corpo só pode receber propriedades e características exteriores, as quais, na verdade, podem ser herdadas pelos descendentes dos corpos dos pais.
O ser humano, porém, traz consigo as características espirituais para a Terra, de forma correspondente ao grau de amadurecimento que ele adquiriu até então em seu caminho de desenvolvimento e de forma correspondente a espécie singular a que ele, de acordo com seu desejo e querer, se desenvolveu até esse momento. Assim nos é anunciado:
“Freqüentemente jazem bem distantes as causas que atuam de modo determinante para as conjunturas em que uma alma nascerá, bem como para a época sob cujas influências a criança virá ao mundo terrestre, para que estas então influam sem cessar durante sua peregrinação na Terra, conseguindo exatamente o que se faz mister para a remição, polimento, eliminação e desenvolvimento dessa alma.
Também isso, porém, não acontece unilateralmente apenas à criança, mas os fios se tecem automaticamente, de maneira a se estabelecer também uma ação recíproca no terrenal. Os pais dão ao filho exatamente aquilo que este precisa para seu desenvolvimento e, de modo inverso, o filho em relação aos pais, seja algo bom ou mau, pois ao desenvolvimento e à elevação pertence também, naturalmente, a libertação do mal pelo seu exaurir, com o que ele será reconhecido como tal e repelido.(...)
São aos milhares os fios que co-participam na determinação de uma encarnação. Há sempre, contudo, também nesses fenômenos da Criação uma justiça sintonizada até às minúcias, que se efetua impelindo para o progresso de todos os implicados nisso.”
Das palavras da Mensagem podemos reconhecer duas coisas. Uma é que o ser humano, de forma correspondente à Lei da Reciprocidade, chega por ocasião de sua reencarnação ao local em que o efeito desta lei o leva, e onde ele tem oportunidade para resgatar seu carma e para trilhar novamente o caminho para cima, à Luz, de onde ele se extraviou. Disso se conclui que por ocasião dos nascimentos não há injustiças, mesmo quando as condições em que um ser humano nasce pareçam desfavoráveis e difíceis. Por isso, cada ser humano tem de se enquadrar contente em seu destino. Reconhecendo que ele próprio criou para si as circunstâncias de vida de sua existência atual, em uma passada. E ciente que exatamente essa aparente injustiça, desigualdade e desfavorecimento das condições lhe possibilitam resgatar seu carma. Agradecido ele tem de erguer o olhar para seu Criador, que proporciona apenas novas graças com cada novo nascimento.
O outro reconhecimento especialmente importante é que por ocasião da encarnação a força de atração da igual espécie espiritual desempenha um importante papel. O ser humano procura ingressar novamente na vida de matéria grosseira, onde ele encontra a igual espécie que corresponda a sua própria espécie. Na dissertação de Abdrushin “A força sexual em sua significação para a ascensão espiritual” é apresentado exatamente esse lado do acontecimento, de forma mais minuciosa. Entre outras coisas, está escrito lá:


“Essa força de atração de todas as espécies iguais, tão importante no nascimento, pode partir do pai, bem como da mãe, assim como de cada um que esteja na proximidade da futura mãe.”
Esse reconhecimento acaba completamente com toda a teoria da hereditariedade, em si já insuficiente, tão logo ela englobe a hereditariedade de características espirituais. Na mesma dissertação é expressamente anunciado sobre isso:
“Devido a esse fenômeno supõe-se, pois, erroneamente, transmissão hereditária de propriedades ou de faculdades espirituais! Isso é errado! Externamente, contudo, pode aparentar assim. Na realidade, porém, uma criatura humana não pode transmitir aos filhos nada de seu espírito vivo.
Não existe nenhuma hereditariedade espiritual!
Pessoa alguma se encontra em condições de ceder sequer uma reduzidíssima partícula de seu espírito vivo!
Nesse ponto criou-se um erro que lança suas sombras estorvantes e perturbadoras sobre muita coisa. Nenhum filho pode ser grato aos pais por qualquer faculdade espiritual, tampouco censurá-los por defeitos! Seria errôneo e uma injustiça condenável!
Jamais esta maravilhosa obra da Criação seria tão falha e imperfeita, a ponto de permitir atos arbitrários ou casuais de hereditariedade espiritual!”
Dessa forma as pesquisas e esforços da higiene racial são nesse sentido sem finalidade; os resultados têm de ser errôneos. Só enquanto entrar em questão a hereditariedade de características corpóreas e em especial também de doenças herdadas, é que medidas públicas de prevenção e precaução, bem como resoluções próprias do ser humano individual, podem ser acompanhadas de sucesso.
Por outro lado, porém, o ser humano tem de tirar conclusões muito importantes do reconhecimento desses fenômenos. De forma clara e nítida Abdrushin mesmo denomina como uma injustiça, se os filhos fizerem acusações aos pais sobre defeitos supostamente herdados espiritualmente. Com isso se esclarece também simultaneamente a importante questão da responsabilidade atenuada. Cada ser humano permanece totalmente responsável por todo o seu comportamento perante o próximo, perante a comunidade e, sobretudo, perante seu Deus.
E da mesma forma os pais não têm motivo de ter um orgulho especial pelas capacidades e vantagens de seus filhos. Eles trazem essas características consigo, como propriedade espiritual adquirida em sua peregrinação de até agora. E para muitas pessoas não resta nem mesmo o consolo que tenham atraído tal alma humana por sua igual espécie. Pois essa atração também pode ocorrer por uma pessoa do ambiente dos pais. 
Essa atração da igual espécie impõe então aos pais, e em especial a futura mãe, deveres bem elevados – uma outra importante conclusão do reconhecimento adquirido. Os pais devem se esforçar em formar sua própria existência de tal forma, que só atraiam espíritos humanos bons e bem desenvolvidos para a encarnação. Isto será então uma higiene racial, que tem finalidade e sucesso. Todo o gênero humano poderia ser assim elevado, já que então espíritos inferiores do Além nem poderiam mais chegar à reencarnação. Através da compreensão correta da doutrina da encarnação a humanidade já pode agora colocar a base para a obtenção desta meta, e só depende dela utilizar corretamente o reconhecimento adquirido.


Contudo, os pais não devem só trabalhar em si. Eles também têm de deixar imperar uma cautela especial, sobre quem eles permitem que se aproxime da futura mãe. Pois nisso reside um grande perigo, já que a alma que se aproxima para a encarnação também pode ser atraída pelas características das pessoas que se encontram na proximidade da mãe por meio de irradiações que a atraem e oferecem um ponto de ancoragem. — —
A doutrina da reencarnação, assim como a Mensagem do Graal a anuncia, por si só já é revolucionária para o reconhecimento humano inteiro. O ser humano, em geral, não conhece atualmente suas encarnações anteriores. Pois com a correspondente encarnação é colocada uma venda no ser humano, a qual o impede de visualizar sua existência anterior. Isso é desejado por Deus para que o ser humano, como observador tranquilo, não deixe sua nova vida terrena passar por si. Pois dessa forma ele não progrediria. Ao contrário, haveria muito mais o perigo de deslizar para baixo devido a essa inatividade. Apenas quem vivencia realmente a vida terrena, quem se move ativamente de maneira correta dentro dela, pode alcançar o alvo, resgatar o carma e ascender. Se o ser humano soubesse de antemão a direção exata e de forma sempre clara, qual lhe seria útil para o resgate da culpa – e este seria o caso, se as experiências de sua vida anterior e que lhe levaram à culpa, residissem diante dele – então não haveria mais para ele nenhum ponderar e nenhum decidir e, dessa forma, lhe seria também excluído o ganho e o resultado de um desenvolvimento de força, que, em outro caso, se torna necessário para reger a vida. A incerteza e o desconhecimento de seu carma, contudo, obriga o ser humano a se esforçar zelosamente, em todos os casos, e a levar realmente a sério cada situação de sua vida terrena. E aquilo que for realmente vivenciado permanece então também como ganho, pois cunha profundamente a intuição e permite que o ser humano amadureça.
O ser humano, porém, também tem naturalmente de chegar a um grande esclarecimento sobre a incerteza de suas vidas terrenas anteriores. Pois nem o elevado e nem o inferior, nem o rico e nem o pobre, nem o senhor e nem o servo, nem o rei e nem o mendigo sabem se numa vida terrena anterior não se encontraram em uma posição e situação exatamente contrária. Quem não libertar esse pensamento da vaidade, da arrogância e da autopresunção, também do descontentamento, a este não pode ser auxiliado. Quem, porém, compreende e reconhece corretamente essas conexões, também se enquadrará corretamente em seu ambiente, cumprindo aquilo que o ambiente atual exige dele.
E se cada vez mais pessoas chegarem a essa concepção, então por toda a parte irá e terá por fim que ocorrer, o que Abdrushin anunciou uma vez sobre o saber de encarnações passadas, pois os seres humanos terão então amadurecido para isso:
“Seria, porém, uma grande bênção para toda a humanidade, e muito facilitaria a compreensão, se justamente sobre a reencarnação pudesse obter uma visão clara. No primeiro momento parece bastante prosaico, como acontece sempre com a Verdade, porém ao mesmo tempo atua de modo refrescante. Todos os conceitos, e com isso também a vida terrena de muitos seres humanos, se transformariam imediata e completamente em uma ascensão sadia. Não poderia ficar sem impressionar, quando um ser humano de repente pudesse olhar em torno, de maneira certa, e visse que todos aqueles, dos quais pela história do passado ficou sabendo muita coisa grande, bela e também feia, em sua maioria se encontram novamente com ele na Terra, em carne e sangue como ele, somente agora numa configuração diferente. Sim, que ele mesmo talvez seja um daqueles que de alguma maneira venerou ou... teve de desprezar.(...)



Até onde deverá chegar um ser humano pensador em sua consideração? Especialmente se pouco a pouco essa pessoa reconhece as causas e os efeitos dessas reencarnações. Com isso se desfazem em nada muitas imagens de até agora e abre-se a perspectiva do alegre despertar duma nova e grande época do espírito humano em ascensão, que rompe tantas algemas velhas e inúteis, encontrando-se firme com o olhar livre na Criação de seu Deus, servindo-O finalmente de maneira consciente e assim também em primeiro lugar... a si mesmo!”—
Contudo, ainda nos encontramos no desenvolvimento, no preparativo para o que vem, esse grau de amadurecimento ainda não foi alcançado no geral. E, por isso, Abdrushin adverte na dissertação: “Como és tu, ser humano!” de forma especialmente insistente a todos os seres humanos, para não se preocuparem com o que foram anteriormente. “Tal saber ainda não pode auxiliar em nada.”
E quem já possuir esse saber, por reconhecimento próprio ou por revelações de outros, se ele estiver tão amadurecido, a este só trará então benefício; que o utilizará corretamente para o desenvolvimento de sua existência atual.
Pois o decisivo para o desenvolvimento progressivo de cada ser humano individual é e permanece a forma como ele molda sua vida terrena atual. Apenas se viver agora, de acordo com a vontade de Deus em todo o seu pensar, falar e agir, ele poderá ascender à Luz.
– – –
Isto foi o olhar em apenas um ponto da Mensagem do Graal de Abdrushin que tudo abrange, na qual nada fica intocado, sem esclarecimento, daquilo que movimenta o ser humano em sua existência e sobre o que ele ainda traz questões receosas em si. Aos olhares buscadores de até agora é dada uma direção firme e compreensível com um alvo elevado e sublime.


O título original desta dissertação dado pelo autor é Dissertação para não-portadores da Cruz e ouvintes. Mas para dar uma ideia melhor do que se trata este tema, o título postado está como: Doutrina da Reencarnação.