terça-feira, 21 de novembro de 2017

IS-MA-EL VIII






Leitura do trecho anterior

IS-MA-EL

E principiou o tempo em que o choro dos espíritos humanos soou do distante círculo da Criação, que os próprios planos espirituais mais baixos foram preenchidos da lamentação dos que ficaram emaranhados.
Em especial as queixas de todo o enteal soaram lamentando através de todas as esferas para cima, e era como se a incandescente luz flamejante da vida novamente subisse borbulhando de volta, pelo menos em parte. De cima era visto como se ocorresse uma interrupção do fluxo vivo, e os mensageiros espirituais segredaram-se sérias e severas advertências.
Em Patmos, os eternos servos da Palavra, os sagrados guardiões, fecharam os portais dourados dos divinos mistérios, que até agora também tinham enviado suas irradiações para fora, até as profundezas da Criação posterior.
Is-ma-el guardava a chave e confiava a mesma apenas a alguns de seus mais fiéis servos da Verdade.
Assim, com o falhar de Lúcifer, aconteceu o início da queda do espírito humano. A fonte da sabedoria divina ficou fechada para eles, e não podia distribuir nenhum novo suprimento de forças. Borbulhantes e bramando desciam as eternas correntes do sagrado Graal até Patmos e do círculo dos guardiões novamente para cima, através da Criação primordial, até sua origem.
O poder mais elevado era inatingível para o espírito humano, e aconteceu que Is-ma-el ouviu a voz do Senhor: “Vá até lá, tu fiel, e prepare para mim o caminho através das partes da Criação material, para que eu possa dispor de espíritos que ainda permanecessem fiéis à Palavra, também no perigo!”
E Is-ma-el inclinou sua cabeça e falou:
Ouça, Senhor, o choro dos espíritos humanos e a dor dos enteais devido ao querer próprio de Lúcifer! Com isso ele se coloca de lado, mas a sua força ainda é enorme. Assim que o espírito humano se abre à tentação do intelecto, ele estará submisso às seduções de Lúcifer, pois este coloca armadilhas. De falso brilho é o seu poder enganador e, vede que já se estende ao seu redor a força de atração! Quando Michael, com a espada, separou-o do divino-enteal, ele arrastou consigo, para baixo, parte do grupo de espíritos. A maior parte se origina de esfera mais baixa e atraem a matéria fina. Assim ele cria para si um reino que alcança até as proximidades da matéria.


O agitar cheio de horror, o qual Lúcifer suscitou, foi visto por Is-ma-el. Pois ele deveria saber do atuar no pólo oposto a Deus, e devido a isso foi ordenada a ele uma peregrinação através do campo de ação de Lúcifer.
E seu espírito mergulhou num sono profundo.
Is-ma-el foi envolto com um manto o qual não permitia que ele se diferenciasse da tristeza das esferas, através das quais passavam véus cinzentos qual correntes flutuantes. Como num funil, assim a corrente puxava e arrastava o espírito envolto, em caminho errado, ao encontro do lugar do desterro do anjo.
Aí seus olhos divisaram amplitudes singulares, distancias de infinita beleza melancólica. Solidões o aguardavam; que eram de um pesadume tão horrendo, como ele imediatamente intuiu-o em sendo um abismo da Luz. O movimento atuava como um redemoinho e turbilhão.
E Is-ma-el, a quem foi dado conhecer os pontos mais elevados do espiritual, como, até poder olhar para cima os reinos luminosos de Deus e de Sua Criação primordial, ainda pôde, como único espírito, compreender também essas profundezas, que foram abertas pelo pólo oposto.
Todas as recordações da Luz estavam apagadas e sozinho ele deveria perscrutar as profundezas, para advertir o espírito humano, em testar a si próprio. O mais difícil que o espírito teria que cumprir, agora havia tido o seu começo.


Lúcifer ainda estava em queda, a sua espécie divino-enteal estava a extinguir-se, trazendo em si a força de sua origem, a qual ele utilizava em seu ofuscado querer como sentimento de poder. Poderosa era a força de irradiação, a qual ele enviou para a Criação material.
Com isso ele amparou o poder do intelecto. Tudo o que se desenvolvia em seu atuar e querer era formado espiritualmente assim como no reino espiritual, mas não era incandescido com a força proveniente das alturas, não, apenas continuamente alimentado com a força do falso querer. Era rígido, duro, sombrio e solitário, estarrecido como o gelo, de modo frio e horrível formou-se o trono do poder de Lúcifer. A irradiação de seu querer, porém, aumentou em proporção igual em força e atravessou a matéria fina que, por sua vez corrompeu a matéria. Parecia como se uma epidemia de veneno se arrastasse através da matéria fina da Criação posterior.



Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):