terça-feira, 7 de novembro de 2017

IS-MA-EL VI









Leitura do trecho anterior

IS-MA-EL


Is-ma-el é um espírito criado que, devido ao seu amor e fidelidade, foi soerguido para servir na Criação primordial, para que ele, recebendo o conhecimento de cima, o retransmita, em sabendo, para baixo e com isso se torne o preparador do caminho através da Criação para a Luz.
E outra vez foi aberta ao espírito Is-ma-el a visão do reconhecimento, para que ele vivencie a virtude divina da Pureza.
Num contemplar cheio de adoração seu espírito subiu para a claridade prateada das Ilhas luminosas e curvou-se ante o poder da Pureza. Então ele ficou ciente que ela era inseparável do Amor e da Justiça, e que ele também poderia cultivá-la, para,  assim compreendendo, poder servir ao Filho de Deus.
Ele reconheceu quão firmemente a Pureza estava ancorada, e o tecer e atuar da Rainha primordial, que a envolveu com amor em sua beleza, escolhendo para ela um receptáculo de primorosa Graça: Irmingard, o Lírio puro, no Supremo Templo do Graal!
Ele sabia que o seu nome vibrava na lei do Pai como a sagrada fonte da pureza. Ele viu Irmingard na Ilha dos Lírios. Mas ele também a viu servindo no Supremo Templo do Graal, diante do Rei Parsival e reconheceu sua Fidelidade.
Quando surgiu o poderoso dia na Criação, em que surgiu do Senhor a vontade de enviar o candeeiro Lúcifer para a materialidade, aí Is-ma-el avistou o início da colossal obra de salvação junto ao espírito humano, o qual havia se tornado muito afastado e fraco para conseguir restabelecer de modo espontâneo a ligação com o seu ponto de partida.
Era preocupação, cismadora preocupação do espírito, que fez o ser criado olhar para baixo. E então havia acontecido! O Senhor havia enviado Lúcifer e o colocou acima da materialidade como auxílio para os espíritos humanos.
Com isso iniciou-se outra vez uma nova etapa para a preparação de Is-ma-el: o olhar iniciado para baixo e para fora, o reconhecer das trajetórias do destino dos germes espirituais.
Como numa correnteza de fios ele olhou para baixo e viu as muitas, quase intermináveis redes e teias passando pelas esferas e espalhando-se pela Criação material. De uma parte do Universo para outra parte do Universo, de estrela para estrela, onde vivessem germes do espírito humano, avistou-as com olhar iniciado. E Saber eterno surgiu diante de Is-ma-el.
“Assim tu tens que conhecer, amar e compreender a minha Criação, para que tu possas me compreender plenamente!” soou sobre ele a voz do Senhor, a qual ele reconheceu como a vontade de Deus.
Agora ele incandescia na flamejante luz do reconhecimento. Ele estava plenamente nela. Sua essência estava consciente e vivia no Senhor; e Is-ma-el permaneceu eterno, como se desenvolvia, ele não podia descer, pois ele estava totalmente no Senhor. Rodeavam-no os criados puros de igual espécie e ele foi soerguido de tudo devido ao seu vivo e fiel amor.

Patmos incandescia na bem-aventurada vibração da Luz.

Despertou no Filho de Deus, Parsival, toda a alegria, toda a compreensão que, no sentido de Deus, é saber de tudo o que foi criado. Também o que se formou da irradiação primordial teve todo o seu amor. Toda a sua compreensão, porém, partindo da perspectiva da sabedoria divina não ficou compreensível aos criados, com exceção de para ele, Is-ma-el.
Por isso também somente ele pôde ser o guia para o Filho de Deus, que infantilmente assimilava e colhia experiência. Ele vivenciou com aquele que estava se desenvolvendo a alegria para com a sua Criação, o sentido para a beleza e a perfeição de tudo o que é natural.
Ele criou um Estado de sabedoria e de um eterno construir em torno da Palavra Sagrada. Ele escolheu os seus emissários, todos os mais elevados, que através dele aprenderam e esforçavam-se atuando, que esticaram seus fios para os espíritos, que necessitavam de sua condução. Através da Palavra eles receberam seus nomes, e foram enviados através da Palavra. Todos tinham o saber e o reconhecimento da Palavra e da sua origem, e todos serviam à Palavra de Deus.
Então chegou o tempo em que o Senhor enviou as multidões de cavaleiros luminosos, para precedê-lo através de seu reino, com o que se deu enorme movimento nas esferas mais baixas, quando eles desceram e anunciaram a proximidade do Senhor, e todos os espíritos se prepararam para receber o Senhor.
As correntes de irradiação prepararam em todos os planos do Paraíso as chamas dos espíritos para atuar em missão especial.
As partes puras do Universo material, porém, as bem luminosas e leves, incandesceram nas irradiações da preparação e acolheram os especialmente encarnados.
E o Senhor peregrinou através das incalculáveis distâncias do Paraíso. Ele o transpassou com o olhar conhecedor de Deus e acumulou as experiências que a respectiva esfera ofereceu aos espíritos criados e aos posteriormente criados. Ele mergulhou no invólucro da natureza destes e nisso reconheceu o espírito humano em seu plano.

O que então aconteceu num dia da Criação desdobrou-se como um colossal fenômeno de desenvolvimento, de plano para plano, em direção descendente. Eram fenômenos de irradiação, para os quais o ser humano jamais conseguirá formar conceitos sólidos. Gigantesco proceder na vontade de Deus através de Parsival, para preparação do Filho do Homem. Is-ma-el, incluído no curso do desenvolvimento, seguiu à frente, passo a passo, intermediando para Parsival. Em constante e estreita ligação com o movimento e o atuar de sua sagrada vontade, adaptado de modo firme e fiel ao degrau, sobre o qual o Filho de Deus, aprendendo, colocaria os pés.
Ele soube lá de tudo aquilo que surgiu da Criação e havia se desenvolvido, e ele viu todas as leis de seu Pai seguirem seus círculos na maravilhosa harmonia da Pureza. Ele vivenciou a beleza de toda a perfeição, traspassando de cima até embaixo, e o primor de todas as virtudes nos efeitos das leis. Nenhuma espécie havia que ele não teria conhecido em sua plenitude, amado e compreendido, apesar da distância que estas se encontravam em relação à origem divina.


Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):