Leitura do trecho anterior
IS-MA-EL
Is-ma-el é um espírito criado que, devido ao seu amor e fidelidade, foi
soerguido para servir na Criação primordial, para que ele, recebendo o
conhecimento de cima, o retransmita, em sabendo, para baixo e com isso se torne
o preparador do caminho através da Criação para a Luz.
E outra vez foi aberta ao espírito Is-ma-el a visão do reconhecimento,
para que ele vivencie a virtude divina da Pureza.
Num contemplar cheio de adoração seu espírito subiu para a claridade
prateada das Ilhas luminosas e curvou-se ante o poder da Pureza. Então ele
ficou ciente que ela era inseparável do Amor e da Justiça, e que ele também
poderia cultivá-la, para, assim compreendendo,
poder servir ao Filho de Deus.
Ele reconheceu quão firmemente a Pureza estava ancorada, e o tecer e
atuar da Rainha primordial, que a envolveu com amor em sua beleza, escolhendo
para ela um receptáculo de primorosa Graça: Irmingard, o Lírio puro, no Supremo
Templo do Graal!
Ele sabia que o seu nome vibrava na lei do Pai como a sagrada fonte da
pureza. Ele viu Irmingard na Ilha dos Lírios. Mas ele também a viu servindo no
Supremo Templo do Graal, diante do Rei Parsival e reconheceu sua Fidelidade.
Quando surgiu o poderoso dia na Criação, em que surgiu do Senhor a
vontade de enviar o candeeiro Lúcifer para a materialidade, aí Is-ma-el avistou
o início da colossal obra de salvação junto ao espírito humano, o qual havia se
tornado muito afastado e fraco para conseguir restabelecer de modo espontâneo a
ligação com o seu ponto de partida.
Era preocupação, cismadora preocupação do espírito, que fez o ser criado
olhar para baixo. E então havia acontecido! O Senhor havia enviado Lúcifer e o
colocou acima da materialidade como auxílio para os espíritos humanos.
Com isso iniciou-se outra vez uma nova etapa para a preparação de Is-ma-el:
o olhar iniciado para baixo e para fora, o reconhecer das trajetórias do
destino dos germes espirituais.
Como numa correnteza de fios ele olhou para baixo e viu as muitas, quase
intermináveis redes e teias passando pelas esferas e espalhando-se pela Criação
material. De uma parte do Universo para outra parte do Universo, de estrela
para estrela, onde vivessem germes do espírito humano, avistou-as com olhar
iniciado. E Saber eterno surgiu diante de Is-ma-el.
“Assim tu tens que conhecer, amar e compreender a minha Criação, para
que tu possas me compreender plenamente!” soou sobre ele a voz do Senhor, a
qual ele reconheceu como a vontade de Deus.
Agora ele incandescia na flamejante luz do reconhecimento. Ele estava
plenamente nela. Sua essência estava consciente e vivia no Senhor; e Is-ma-el
permaneceu eterno, como se desenvolvia, ele não podia descer, pois ele estava
totalmente no Senhor. Rodeavam-no os criados puros de igual espécie e ele foi
soerguido de tudo devido ao seu vivo e fiel amor.
Patmos incandescia na bem-aventurada vibração da Luz.
Despertou no Filho de Deus, Parsival, toda a alegria, toda a compreensão
que, no sentido de Deus, é saber de tudo o que foi criado. Também o que se
formou da irradiação primordial teve todo o seu amor. Toda a sua compreensão,
porém, partindo da perspectiva da sabedoria divina não ficou compreensível aos
criados, com exceção de para ele, Is-ma-el.
Por isso também somente ele pôde ser o guia para o Filho de Deus, que
infantilmente assimilava e colhia experiência. Ele vivenciou com aquele que
estava se desenvolvendo a alegria para com a sua Criação, o sentido para a
beleza e a perfeição de tudo o que é natural.
Ele criou um Estado de sabedoria e de um eterno construir em torno da
Palavra Sagrada. Ele escolheu os seus emissários, todos os mais elevados, que
através dele aprenderam e esforçavam-se atuando, que esticaram seus fios para
os espíritos, que necessitavam de sua condução. Através da Palavra eles
receberam seus nomes, e foram enviados através da Palavra. Todos tinham o saber
e o reconhecimento da Palavra e da sua origem, e todos serviam à Palavra de
Deus.
Então chegou o tempo em que o Senhor enviou as multidões de cavaleiros
luminosos, para precedê-lo através de seu reino, com o que se deu enorme
movimento nas esferas mais baixas, quando eles desceram e anunciaram a
proximidade do Senhor, e todos os espíritos se prepararam para receber o
Senhor.
As correntes de irradiação prepararam em todos os planos do Paraíso as
chamas dos espíritos para atuar em missão especial.
As partes puras do Universo material, porém, as bem luminosas e leves,
incandesceram nas irradiações da preparação e acolheram os especialmente
encarnados.
E o Senhor peregrinou através das incalculáveis distâncias do Paraíso.
Ele o transpassou com o olhar conhecedor de Deus e acumulou as experiências que
a respectiva esfera ofereceu aos espíritos criados e aos posteriormente
criados. Ele mergulhou no invólucro da natureza destes e nisso reconheceu o espírito
humano em seu plano.
O que então aconteceu num dia da Criação desdobrou-se como um colossal
fenômeno de desenvolvimento, de plano para plano, em direção descendente. Eram
fenômenos de irradiação, para os quais o ser humano jamais conseguirá formar conceitos
sólidos. Gigantesco proceder na vontade de Deus através de Parsival, para
preparação do Filho do Homem. Is-ma-el, incluído no curso do desenvolvimento,
seguiu à frente, passo a passo, intermediando para Parsival. Em constante e
estreita ligação com o movimento e o atuar de sua sagrada vontade, adaptado de
modo firme e fiel ao degrau, sobre o qual o Filho de Deus, aprendendo, colocaria
os pés.
Ele soube lá de tudo aquilo
que surgiu da Criação e havia se desenvolvido, e ele viu todas as leis de seu
Pai seguirem seus círculos na maravilhosa harmonia da Pureza. Ele vivenciou a
beleza de toda a perfeição, traspassando de cima até embaixo, e o primor de
todas as virtudes nos efeitos das leis. Nenhuma espécie havia que ele não teria
conhecido em sua plenitude, amado e compreendido, apesar da distância que estas
se encontravam em relação à origem divina.
Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):