terça-feira, 31 de outubro de 2017

IS-MA-EL V






Leitura do trecho anterior

IS-MA-EL


Is-ma-el viu Parsival em sua forma jovem perfeita, ele trazia uma vestimenta curta, branca, presa por cinto, e sapatos prateados altos, que brilhavam como metal. Ele ainda não trazia nenhum elmo, mas as asas da Pomba irradiando envolviam a sua cabeça. Seu semblante tinha uma expressão comovente de pureza e decisão infantil. Assim a vontade tornada forma de Parsival desceu do Graal por uma ponte branca até Patmos, ante os olhos do servo escolhido Is-ma-el e falou:
“Is-m-ael, olhe para mim, Eu Sou! Parsival, o portal puro, através do qual a vontade do Pai atua libertando. Através de ti eu tenho que vivenciar os planos em sua espécie, que o querer de minha vontade outrora criou. Por isso somente tu consegues ser a ponte, pois no servir tu compreendes a minha inentealidade no atuar, no servir no puro-espiritual. Vede, foi por isso que tu me foste dado como acompanhante.”
Foi uma poderosíssima hora de realização para Patmos, quando o Espírito de Deus assim falou para Is-ma-el, pois deu início ao colossal círculo do querer libertador do Filho do Homem.
“O que por primeiro eu reconheci no puro-espiritual foi o amor” assim soou a voz de Parsival. “Foi o já formado, o em formação pela Luz da Mãe primordial, da qual é minha origem. Sua pura beleza real foi a primeira irradiação do meu despertar, as ondas de sua infinita pureza e fidelidade flutuavam ao redor do Espírito provindo do Pai. Nas irradiações de seu doar cheio de amor eu me tornei em receptáculo do amor universal e da justiça do Pai. Meu nome se formou através de suas sagradas leis e através dele eu atuo como a “Palavra de Deus”. O que eu sou é do Pai! O que eu recebo e formo é sua força na semente espírito-primordial de Elisabeth.
Para que o espírito dos criados me reconheça direito eu dei a ele a chave para a Palavra, que ele guarde na montanha do reconhecimento! Para que o meu convocado me prepare o caminho eu conduzo as correntes da minha água eterna através dele para a preparação. “Veja, aqui está a sabedoria que contém em si toda a lei do Pai”.
Os fluxos de Luz do Espírito da Verdade fluíram sobre Patmos, e Is-ma-el prostrou-se diante do sagrado lugar da Verdade e acolheu a Palavra do Senhor.
Irradiando ele intuiu e viu o despertar de Parsival, da criança, no puro-espiritual. Ele vivenciou como a Luz de Deus atuou nele enquanto o jovem receptáculo acumulava experiências no estado de uma imaturidade, que nunca é própria do divinal. Nessa esfera o amor ligava a criança a um tipo de igual espécie, a qual não existia em círculos mais elevados da origem de Parsival. Lá tudo era maturidade perfeita. Aqui rodeavam a criança as delicadas, móveis e luminosas figuras de uma juventude.

Quando no luminoso recinto do Templo a luz de cristal ardia igual a uma taça, e os véus de luz rosados da Mãe primordial desciam das alturas do Graal, para conduzir o filho até as fiéis mãos do convocado, então soou em torno de Is-ma-el um vibrar maravilhoso. Is-ma-el, porém, estava totalmente absorto na profundidade de sua missão, no sagrado reconhecimento de seu Senhor. Ele estava em local elevado e isolado, acima de todos os sublimes e todo o seu ser era fidelidade e oração.
Muitas vezes, quando as correntes de Luz vinda do amor da Mãe primordial soerguiam a criança Parsival para além de Patmos, então também era permitido ao seu espírito transpor o limite dos criados, e ele ficava ciente da correnteza, que ali soergue os luminosos para as eternas ilhas. Ele olhou para estas ilhas em sua resplandecente beleza e avistou o Rei e Maria, sua rainha, nos sagrados recintos de suas correntes de Luz. Assim lhe foi mostrado a eterna onipresença da vontade de Deus na Criação primordial e seu atuar, em especial para sua futura ação de salvação.
Is-ma-el ainda não sabia nada dela.
As correntes de irradiações de Titurel e Is-ma-el traspassavam-no e capacitavam seu espírito para assimilar o que ele então, apenas em sua espécie, pode compreender. Então ele avistou toda a beleza da Luz, toda a pureza, toda a força e amor do Pai para Parsival.
Ele vivia em sua espécie a singularidade dos espíritos primordiais, e assimilou, na mais elevada, a espécie totalmente diferente. As distâncias de universos entre o seu eu e o ser Parsival se lhe tornaram conscientes, e com esse reconhecimento de sua enorme distância cresceu sua vontade para servi-lo, sua adoração, sua fidelidade, e a firme ligação do amor em indescritível força.
O eterno transformar-se e apesar disso eterno ser igual, a mulher tornada forma espírito-primordial, a Rainha Elisabeth, a Mãe primordial!
Is-ma-el intuiu seu ser, seu atuar e tecer, o servir efervescente, devocional de sua força receptiva, que gerou a Luz de Deus para a esfera espírito-primordial, que dele se originou.
Quando ele vivenciou isso, ele soube avaliar o que ninguém mais sabe: a impressionante altura, a infinidade e a eternidade da divindade! Esse saber, que vivia nele e que não era nenhum eco vazio, deu-lhe a capacidade para amar, não segundo a natureza humana, porém segundo a vontade de Deus.

Assim Parsival mostrou a ele a sua outra parte provinda do Pai no receptáculo Maria. Só então Is-ma-el soube como ele pôde levar o amor ao encontro de Parsival, ao vivenciá-lo através de Maria. “Eu sou o amor, ele, porém, é a justiça, e no querer nós somos um!”
Toda a esfera intuiu como corrente de bênçãos quando Maria se mostrou ao criado.
“Tu, porém, Is-ma-el, deverás ser a escolta para a justiça quando ela, solitária, peregrinar através da Criação, pois isso está iminente no tempo!”
Com essas palavras abriu-se em Is-ma-el um novo portal. Até agora ele havia assimilado. Ele havia absorvido em si um conceito da inentealidade, que lhe ensinou a compreender a adoração e a distância em direção ascendente. Agora ele intuiu que lhe deveria ser confiado esta jóia, Parsival, por Deus.
E como o seu espírito primeiramente se abriu para participar de toda essa graça, agora o seu querer se estirou e se estendeu para a ação, como consolidação em si e no seu solo.
Com o saber da existência da centelha de Deus na criança Parsival ele tornou-se consciente também do amor do Pai, e com isso de sua responsabilidade perante Deus. “Tu sabes agora, o que Is-ma-el é, espírito humano?” Quando a voz do Senhor algum dia vier a dizê-lo a ti, então reconheça nisso o seu amor pela sua criatura!


Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):