domingo, 30 de julho de 2017

Não Julgueis Para Que Não Sejais Julgados






Não Julgueis para Que Não Sejais Julgados


por August Manz


Quando observamos frases que o Filho de Deus disse, advertindo, para seus discípulos ou para todo o povo, temos que levar sempre em consideração o que o Filho do Homem nos anunciou sobre tal assunto.
Cada frase” – assim anuncia a Mensagem – “que o Filho de Deus outorgou à humanidade encerra valores tais que conduzem às alturas e que só não foram encontrados porque nunca foram procurados corretamente”,
Com palavras simples, Jesus sempre deu em suas sentenças singelos valores do mais amplo significado se não soterrarmos, de antemão, a sabedoria de seus provérbios e os procurarmos realmente de forma profunda.
“Os seres humanos, porém, não procuraram nelas de modo sincero. Pois mesmo os que se dizem perscrutadores aceitaram e continuam aceitando tudo com demasiada leviandade em sua habitual ilusão de que com a leitura, realmente, também devam ter compreendido o sentido, porque assim o fazem crer a si próprios, bem de acordo com seu respectivo parecer. Isso não é nenhum procurar sincero. Por isso não conseguem encontrar o verdadeiro tesouro. Por isso também não pôde haver qualquer progresso. O Verbo permaneceu morto para aqueles que deviam torná-lo vivo dentro de si, a fim de auferir daí valores que conduzam às alturas.” ( Dissertação: “Vês o Argueiro no Olho de Teu Irmão e Não Atentas ...” , Mensagem Original ,1931)

Se nós, portanto, quisermos encontrar o profundo valor de uma frase Divina, quer seja nos provérbios de Jesus que foram retransmitidos ou na Mensagem do Graal, temos que procurar sinceramente. Expresso de outra forma isso quer dizer: nós temos que nos libertar interiormente do pensar preconcebido, libertar-nos do querer saber melhor, o qual, quando procura, já tem uma meta e um resultado diante dos olhos, que corresponde aos desejos próprios da comodidade, do egoísmo e da vaidade. Nós temos que observar muito mais a frase correspondente em suas conexões naturais com todo o fenômeno da Criação e em seu enquadrar-se nas leis Divinas e nas atuações delas.
Então também alcançaremos a compreensão verdadeira e, assim, estaremos em condições de descobrir de forma viva a Palavra. Ela tornar-se-á, então, uma indicadora do caminho e um apoio para a nossa ascensão ao encontro da Luz. Cada uma das palavras Divinas deve beneficiar e também nos promoverá em nosso desenvolvimento espiritual. Pois em sua Verdade Divina reside a Luz e a Vida! Só temos que avançar até lá! –




“Não julgueis para que não sejais julgados!” Esta é uma frase do Sermão da Montanha, as quais observarão hoje, mas de tal forma como o Filho do Homem nos ensina. Esta frase de Jesus indica para a objetividade férrea, imutável e indesviável da lei da Reciprocidade, objetividade que nos leva a um reconhecimento abalador. E, com isso, também se nos torna claro a conexão com os fenômenos uniformes na Criação.


Assim como tu julgas, serás e deverás ser julgado. Nisso se mostra o desenvolvimento obrigatório do acontecimento que têm de atingir os seres humanos de acordo com seu comportamento. “A lei da Reciprocidade” – assim anuncia a Mensagem – (Dissertação: “Erros” , Mensagem Original, 1931atua de tal maneira que o ser humano tem de colher o que outrora semeou, infalivelmente.”
“Não poderá colher trigo se semeia centeio, nem trevos se dissemina cardos. O mesmo se dá no mundo da matéria fina. Não poderá por fim colher bondade se intuiu ódio, tampouco alegria onde alimentou inveja dentro de si!”

E onde o ser humano mede com uma medida, julgando ou condenando, ele também será e têm de ser medido.
“De acordo com a medida que medirdes, vós sereis medidos” – essa frase com a qual Jesus finaliza seu pensamento, deixa reconhecer de forma clara a inalterabilidade, mas também a justiça do acontecimento, que foi desencadeado pelo pensar e agir do ser humano. Pois é a Justiça Divina que se desencadeia nessa Lei, sem ser influenciada por concepções humanas e trilhando seu caminho de forma férrea.

“Não julgueis!” O que, sobretudo, intenciona-se com isso se nos torna especialmente claro da interpretação do Oitavo Mandamento que o Filho do Homem nos deu(Dissertação: “Os Dez Mandamentos de Deus”, Mensagem Original, 1931). Trata-se em primeiro lugar do falatório malévolo.

“Por faltar completamente a toda a humanidade o objetivo elevado e uniforme de alcançar o Reino de Deus, carecem as pessoas de assunto quando se encontram em grupos de dois ou três, cultivando então o hábito tão de seu agrado de falar sobre os outros, prática esta cuja baixeza não são mais capazes de reconhecer porque, com a constante execução, perderam inteiramente a noção disso.”

O falar a respeito de outras pessoas, não é nada mais do que um julgamento. Com uma objetividade que seria digna a uma coisa mais séria, critica-se, nos encontros entre amigos, sobre o “próximo querido” da maneira mais infame e desprezível, colocando a pessoa ausente exposta sob um ângulo ruim. Eles têm algo a explanar de toda sua forma de agir. Atrás de cada palavra e de cada ação eles procuram por algo ruim e incutem à outrem motivos que buscam da baixeza de seu próprio eu. Alternam palavras hábeis e malévolas com gestos expressivos, os quais deixam supor mais do que poderia ser expresso com palavras. Assim surge como resultado, um ataque à alma do próximo, o qual experimenta o mal e prejuízo através desse falatório, fato esse que, em geral, não pode ser reparado. Pois nos é anunciado de forma expressa que um ataque grosso-material é bem mais fácil de se reparar do que um ataque à alma, a qual sofre por meio do soterramento de sua reputação.

E por isso tais fofoqueiros também são julgados por sua própria medida.

Exortando o Filho do Homem nos anuncia por isso:

“Evitai, por isso, todos os assaltantes da reputação, da mesma maneira como os assassinos terrenos! Pois são identicamente culpados e muitas vezes piores ainda! Assim como não têm piedade para com as almas que perseguem, também nenhuma mão lhes deverá ser estendida no Além, para auxílio, quando o implorarem! Frio e impiedoso é o nefasto impulso em seu íntimo de difamar outras pessoas, muitas vezes até estranhas a eles, e por isso hão de encontrar frio e inclemência centuplicados no local que os aguarda, assim que tiverem que abandonar o seu corpo terreno!
Continuarão a ser no Além os proscritos e os mais desprezados, mesmo diante dos assaltantes e dos ladrões, pois um traço em comum, ignóbil e desprezível caracteriza toda essa espécie, desde o simples tagarela aos indivíduos corruptos, que não se envergonham de levantar falso testemunho, sob juramento voluntariamente prestado, contra seu próximo, em relação ao qual, em muitas coisas, teriam tido motivo suficiente para agradecer!

Tratai-os como vermes venenosos, pois não merecem outra coisa.”


“Que continuem em suas “rodinhas” no Além e se dediquem aos seus assuntos prediletos, até que o tempo concedido para a última possibilidade de ascensão, que talvez lhes pudesse trazer salvação, tenha passado e elas sejam arrastadas à decomposição eterna, onde todas as espécies de matéria grosseira e fina chegam para a purificação de todo o veneno introduzido por espíritos humanos, indignos de conservarem um nome!”

Exatamente sobre esse atuar falatório malévolo com o ataque ao mundo fino-material nos é dado uma imagem clara na dissertação “Conceito Humano e Vontade de Deus na Lei da Reciprocidade”, lá está escrito:

“Culpado é aquele que premeditada e intencionalmente prejudica um outro. Esse querer contém vida para a geração de fios da reciprocidade, que um dia têm de atingir o autor nos efeitos retroativos.
Na difamação e falatórios maldosos, o prejuízo desejado torna-se imediatamente visível; pois esses não se deixam separar da atuação.
Mas mesmo que também não surja nenhum prejuízo para o outro, a reciprocidade, ainda assim, atinge o fofoqueiro naquilo que pensou e julgou, porque se tornou vivo nele e gerou um fio, cujo efeito retroativo encontra nele um solo de igual espécie.
Uma engrenagem encaixa na outra. Se o solo não existisse, a espécie do que foi desejado não teria surgido.
Os fios de carma encontram então na retroatividade novamente um solo de igual espécie e seus efeitos retroativos têm, por causa disso, de trazer frutos, isto é, eles se efetivam fortalecidos de modo perceptível.” – Ele será julgado de acordo com a sua medida.
Os fios vivos que um fofoqueiro ata pelo falatório malévolo sobrecarregam-no como pesadas correntes e ficam a pender nele. Através disso ele tem de colher multiplicadamente tudo o que se esforça por semear.

Ninguém o invejará aí, mas também ninguém pode libertá-lo, já que os fios não pendem apenas naquele a quem foi direcionado o falatório. Eles se ancoraram de diversas formas na matéria fina. Eles se entrelaçaram em âmbitos maiores ou menores; sobre todas as pessoas o fofoqueiro disseminou veneno, direcionando-lhes suas palavras depreciativas, julgadoras e condenatórias. De todas essas pessoas não retornam apenas fios aos fofoqueiros, mas como essas pessoas, em geral, também retransmitem para todas as partes o que receberam – muitas vezes também aumentado – assim fluem, dos círculos que aumentam cada vez mais, a força dos incontáveis e distantes fios, através daqueles que continuam a propagá-los, retornando, por fim, ao primeiro gerador! O perdão daquele que ele “julgou”, só pode libertar o fofoqueiro em uma parte bem pequena.
Por isso ele tem que esperar e sofrer até que também o menor e mais distante fio do tecido em que ele se emaranhou, pois não conhece absolutamente todos, seja resgatado. O resgate não pode ser efetuado unicamente por ele, já que nisso ele ainda depende de todos os outros que se deixaram desviar por sua sementeira ruim e a quem ele tem que auxiliar também no resgate, sob o turbilhão de suas inimizades e acusações perigosas. –
“Para muitos um pensamento bem funesto de inexorável justiça” – com essas profundas palavras finalizam as explanações da Mensagem nesse trecho. –
“Não julgueis para que não sejais julgados!” – essas palavras de Jesus contêm, portanto, um valor de significado bem amplo para o desenvolvimento de cada ser humano. E só quem observa e segue essas palavras – nas coisas grandes e pequenas – pode trilhar o caminho da ascensão sem restrição e impedimentos por parte dos fios cármicos e só ele pode desenvolver corretamente suas capacidades nobres e boas.

De forma horrenda a Mensagem nos desvenda as consequências não esperadas do falatório maldoso surgido apenas do vício de se fofocar julgando e condenando. Surgem geralmente da superficialidade e vacuidade interior, mas também do ódio e da inveja e, por último, as raízes deste costume malévolo residem na vaidade e na falta de reconhecimento próprio do ser humano individual. Da imaginação da própria superioridade, primazia e da auto-justiça, as pessoas olham para o agir do próximo num farisaísmo desprezível. “O´Senhor, como eu Te agradeço, por não ser como esses” – esse pensamento é o ponto de partida mais profundo da maioria dos falatórios, que sempre dá início em tudo à crítica condenatória do agir e comportar do outro.


Quem, portanto, não quiser transgredir esse Mandamento do Senhor com suas consequências funestas e inevitáveis de acordo com a Lei, tem que principiar primeiramente com o auto-reconhecimento. Disso resulta, então, por si próprio o comportamento correto que deve ter.
Por isso a Mensagem diz com séria exortação:

“Por conseguinte, que cada pesquisador sincero bata no peito examinando, sem poupar a si mesmo! Quem se achará, então, superior aos demais e se confessa como puro? Num reconhecimento correto virá a humildade que, por si só, sufoca severamente tudo que é arrogante. Onde ingressa a humildade como apreciação de seu próprio valor, lá a difamação não encontrará lugar e, por causa disso, um tal ser humano será preservado, simultaneamente, de pesada culpa.
O Filho de Deus já esclareceu outrora à multidão indignada: “Quem entre vós estiver sem culpa que atire a primeira pedra!”

A humanidade nunca aceitou essas palavras de coração!

Quem, porém, reconhece acertadamente essa Palavra de Deus, também não jogará uma pedra sobre seus semelhantes. Mas retrocederá dos erros, que ele acredita observar nos outros, apenas tirando conclusões para seu próprio auto-reconhecimento. Assim como a Mensagem nos ensina na interpretação das palavras subsequentes do Sermão da Montanha:
“Vês o argueiro no olho de teu irmão e não atentas para a trave em teu olho?
Ou como deves dizer ao teu irmão: espere, eu quero tirar o argueiro de teu olho. E veja, uma trave está em teu olho!

“Tu hipócrita, tire primeiramente as traves do teu olho e depois veja como tiras o argueiro do olho de teu irmão.” –

“O ser humano, porém, pode e deve aplicar esse ditame do Filho de Deus” – assim nos é revelado – “apenas como medida de seus próprios erros. Se olhar à sua volta com olhos abertos e se simultaneamente observar aí a si próprio, reconhecerá logo que exatamente aqueles erros que mais o incomodam no próximo, são os que se acham pronunciados nele próprio, em escala grandemente acentuada e incômodos para outrem.”

Uma pessoa que se irrita com esses ou aqueles erros de outrem, certamente traz em si mesmo esses mesmos erros em escala bem maior. Isso é um fato que sempre se mostra, sem exceção.
Através disso o aprendizado e o reconhecimento de si mesmo torna-se bem mais fácil.

E com isso, finalmente, ser-vos-ão abertos os olhos para vós próprios. Isso equivale a um grande passo, talvez até o maior para o vosso desenvolvimento! Cortais com isso um nó que hoje mantém a humanidade inteira oprimida!”