terça-feira, 28 de novembro de 2017

IS-MA-EL IX








Leitura do trecho anterior

IS-MA-EL


Is-ma-el viu com dor a tristeza da entealidade, o seu espírito clamou. Uma dor sem igual apoderou-se dele, quando ele sofreu junto aquilo entristece a entealidade. Primeiramente ele foi conduzido até as profundezas da Criação posterior, vendo ainda épocas desaparecidas, nas quais já poderiam ter vivido seres humanos. Ele olhou cheio de alegria para os quadros luminosos de tempos passados, que ainda teciam ao redor da Terra, aquela pequena estrela nas profundezas da parte do Universo Éfeso.
“Tu és tão pequena como um grão de areia na interminável distância dos mares do Universo e, apesar disso, tão grande na graça do Senhor e, contudo, eu mal consigo ver as claras pegadas de um criado luminoso reluzir dos mundos primordiais de teu desenvolvimento! O que fizeste tu com os frutos de teus auxiliares luminosos, tens tirado proveito do auxilio de um herói luminoso, iluminado, como foi Hjalfdar?”
Por que Is-ma-el foi atraído poderosamente até a pequena Terra, ele não sabia. O saber sobre o desenvolvimento e o envio no futuro lhe estava oculto. Desde que ele estava envolvido no cumprimento de seu tempo de experiência, muito lhe foi tomado do amplo saber de sua espécie. Ele deveria saber apenas o que lhe era necessário no momento. Por isso ele sentiu-se preso como que com pesadas correntes, pois ele estava consciente de sua atual estreiteza de livre movimentação. Ele estava como numa peregrinação através do deserto. A sensação de sofrimento apoderou-se de Is-ma-el. Nostalgia de sua igual espécie estava nele e seu espírito sofreu com saudade de Parsival, que parecia crescer continuamente. Nenhuma notícia vinha de cima. Is-ma-el estava só.

Ele percorreu a Criação na vontade do Senhor. Primeiro em sua profundeza. Para onde seu destino queria, para lá sua vontade o dirigia. Ele viu a beleza, a riqueza e o perigo da Terra, e vivenciou junto o sofrimento de todo o enteal, que tece em estreita ligação com a matéria.
A irradiação de Lúcifer aumentou, pois os espíritos humanos, em sua maior parte, sucumbiram ao seu querer. A natureza começou a sofrer. O animal, que os seres humanos haviam domesticado, foi o primeiro a adoecer. Tornou-se obstinado, e o ser humano respondeu a ele com o poderio de sua prepotência na força do intelecto, ao invés de como outrora, através do auxílio equilibrador e do amor.
Is-ma-el viu que os enteais começaram a anular o saber sobre essas capacidades do equilíbrio que surge do tecer da ligação entre animal e ser humano, ao não mais nutri-lo.
Então surgiu uma ruptura nesses fios entre ser humano e animal, a qual o ser humano, em seu domínio, procurou transpor com violência.
Lúcifer nutriu os fios do poder cada vez mais. O ser humano parecia invencível.
Para suas grandes e gigantescas construções os seres humanos necessitavam das forças enteálicas. Ainda restavam resquícios do manejo dessa força, ancorada no saber dos seres humanos, ainda lhes era possível ver e utilizar os gigantes. Porém ele não mais o fazia com amor, pois por toda a parte ele sentia e topava com dificuldades, as quais, do contrário, os gigantes teriam eliminado.
Mas desde que o ser humano começou a maltratar os animais, ele perdeu a simpatia dos gigantes. Ódio contra os poderosos e vigorosos auxiliares surgiu no ser humano, e seu intelecto travesso tramou como ele poderia fazer para dominar os gigantes. Os gigantes, porém, deram as costas aos seres humanos, desaparecendo e nunca mais foram vistos por eles.
Is-ma-el mergulhou na imensidão do desconhecido e como espírito vivenciou com plena compreensão, a qual vai muito além de espaço e tempo, os acontecimentos imensuráveis grandezas da Criação.
De vez em quando era obrigado a travar forte luta com as correntes provindas de Lúcifer, as quais ele combatia de bom grado para evitá-las contra o espírito humano. Às vezes ele ficava observando e vivenciando diante do apóstata e enfrentava o terrível sofrimento, o qual Lúcifer preparou para si. Frio gélido soprava até ele, rígido como gelo, igual aos olhos do belo decaído, era tudo, o que ele criou para si.

Calor intenso e gélidos calafrios eram os extremos que teciam em volta de Lúcifer, suscitando turbilhões de êxtase e forçando a fria morte de todos os sentimentos. A irradiação de Lúcifer girava em torno de si próprio e, na pressão sufocante, gerou a mentira.
Na cintilante branco-esverdeada fumaça espessa e venenosa ela brotou para cima, preenchendo em sua expansão tudo o que se estendia a sua frente. Então Lúcifer deixou-a subir.
Com o ofuscado poder do intelecto, ele a dotou. Para onde o hálito de sua boca acertava, o qual uma vez podia igualar-se à boca feia de um sapo mucoso e repugnante, e outra a uma bonita boca de mulher, vermelho-cereja, gerou desgraça. Para onde sua força esguichasse, a qual seguia como baba pela língua bipartida, ali cresciam suas formas reluzentes e, qual pelaria narcótica, envolviam as suas vítimas.
Vítimas, as quais procuravam acusar-se mutuamente.
Quando Is-ma-el viu o atuar da mentira, ele foi acometido pela dor do desespero, e do fundo de seu poderoso espírito manifestou-se com pedido após pedido, um pedido pela força para a salvação!
Lúcifer caía cada vez mais fundo.
“Por que eu tenho que ver isso? Por que padecer no conhecimento da gravidade do pecado contra Deus?”
Ele estava solitário, e deveria ver o horror da morte eterna.
Em seu espanto ele ainda não havia notado que o pecado e a mentira eram femininos, que em esplendor reluzente, em beleza, se soergueu para ser companheira de Lúcifer. Como tentadora ela apoiou o falso princípio, “Lilith”.



Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):
















domingo, 26 de novembro de 2017

Mulher e Homem






Mulher e Homem


por Abdrushin

Com as minhas dissertações sobre “O enteal”, “Os pequenos enteais”, “Na oficina de matéria grosseira dos enteais”, “Peregrina uma alma”, dei uma fração do saber da contínua atuação na Criação. Uma pequena parte expliquei do vosso ambiente mais próximo, e também somente daquela, que se acha bem intimamente ligada convosco. No entanto, não vos dei tais esclarecimentos apenas para que ficásseis conscientes deles, mas, sim, com a finalidade de poderdes tirar proveito disso para a vossa vida na Terra, agora, no corpo de matéria grosseira. Como também simultaneamente para a bênção daqueles, que estão convosco e ao redor de vós.
saber a tal respeito não vos traz vantagem nenhuma; pois cada espírito humano tem o dever sagrado de utilizar todo o saber favorecendo na Criação, para o progresso e a alegria de todos, que estão ligados com ele ou que apenas entram em contato com ele. Então o seu espírito tem grande lucro, do contrário, nunca.
Este ficará livre de todos os empecilhos e será infalivelmente soerguido na lei da reciprocidade até uma altitude, em que constantemente poderá haurir forças, as quais são traspassadas de Luz e têm que proporcionar bênçãos lá, onde encontram solo adequado aqui na Terra. Dessa forma, a pessoa que sabe torna-se forte mediadora de elevada força de Deus.
Por isso, quero mostrar-vos uma vez o que podíeis deduzir das últimas dissertações para o caminho terreno, e o que também tendes que deduzir; pois a Palavra não deve ficar sem aplicação.
Chamei vossa atenção, em traços gerais, para uma pequena parte do tecer e do atuar de bem determinadas espécies de enteais na Criação, mostrei-vos também que o espírito humano até agora se movimentou nisso em total ignorância.
O enteal atua e tece com fidelidade no lar da grande Criação, enquanto o espiritual deve ser considerado como hóspede peregrinando nela, que tem a obrigação de adaptar-se harmoniosamente à ordem do grande lar e, com o melhor do que é capaz, apoiar favorecendo o atuar do enteal. Deve, pois, colaborar na conservação da grande obra, que lhe oferece morada, possibilidade de existência e pátria.
Considerando corretamente, deveis imaginar assim: o elevado enteal soltou de si o espírito, ou o fez nascer, e oferece-lhe no seu grande lar da Criação a possibilidade de uma existência cheia de alegria!
Pressuposto, naturalmente, que tal espírito não perturbe a harmonia da casa; pois senão torna-se um hóspede malquisto e será tratado também correspondentemente. Nunca poderá receber e usufruir então uma verdadeira existência cheia de alegria.
O hóspede tem, logicamente, também o dever de não estorvar o lar, mas, sim, de adaptar-se à ordem nele vigente, até mesmo de apoiá-la e de protegê-la como retribuição pela hospitalidade.
Pode-se, finalmente, para melhor compreensão, expressar isso de maneira diversa, sem alterar o sentido real: O grande divino-enteal, que tudo abrange, apartou-se em dois, em uma parte ativa e uma parte passiva, ou em uma parte positiva e uma parte negativa.
A parte passiva ou negativa é a parte mais fina, a mais sensível, mais dócil, a parte ativa ou positiva é a parte mais grosseira, não tão sensível!
A parte mais sensível, isto é, a parte passiva, é, porém, a parte mais forte e predominante sobre tudo, que na realidade atua dirigindo. Ela é, em sua sensibilidade, mais apta a receber e mais impressionável e, por conseguinte, capaz de se manter e de atuar mais seguramente na força da sagrada vontade de Deus, isto é, na pressão suprema. Sob pressão entende-se aqui a legítima impressão da espécie mais elevada sobre a espécie mais baixa, não acaso um ato de força arbitrário, não uma pressão de violento e mutável despotismo. —

Assim vedes diante de vós o grande quadro, vindo de cima, e já não é mais difícil compreender que as consequências subsequentes na Criação sempre se repetem naturalmente da mesma maneira e finalmente também têm que ser transferidas para as apartações dos espíritos humanos da Criação posterior, como efeito de uma lei uniforme que atravessa a Criação inteira. Só que nos diversos planos e graus de esfriamento isso é denominado de maneira diferente.
Assim, a mulher humana da Criação posterior corporifica na gradação o enteal mais sensível como parte negativa, passiva, e o homem, o espiritual mais grosseiro como parte positiva, ativa; pois a apartação, uma vez iniciada, vai se repetindo sempre de novo nas partes já apartadas e consecutivamente, a ponto de se poder dizer que a Criação inteira consiste, na verdade, somente de apartações! A parte efetivamente mais forte, portanto, realmente dominante, porém, é nisso sempre a parte mais sensível, portanto, entre os seres humanos, a feminilidade! É-lhe, de acordo com sua espécie, muito mais fácil obedecer intuitivamente à pressão da vontade de Deus. Com isso ela tem e também proporciona a melhor ligação com a única força realmente viva!
Essa lei da Criação também precisa ser observada pelos pesquisadores e levada em consideração pelos inventores. A parte realmente mais poderosa e mais forte é sempre a mais sensível, isto é, a parte negativa ou passiva. A parte mais sensível é a verdadeira parte determinante, a parte ativa é apenas a executante!
Por isso, também em cada desenvolvimento normal, todo o feminino exerce, nos inícios inconscientes sempre vibrando de modo puro, uma influência forte, somente elevadora sobre a masculinidade, tão logo esta atinja a maturidade física. Com a maturidade física desperta ao mesmo tempo o grande intuir sexual, que forma a ligação ou a ponte para a atividade do núcleo espiritual do ser humano no plano da matéria grosseira, isto é, aqui na Terra.
Já sabeis disso através da minha Mensagem. Tudo isso decorre simultaneamente. Uma coisa traz consigo imediatamente a outra. Nisso reconheceis os imensos auxílios que um espírito humano na Terra recebe através das leis da Criação! Vedes a proteção quase indescritível e os apoios cheios de graça para a ascensão, que mal podem passar despercebidos. Também os caminhos seguros, neles indicados detalhadamente, nos quais, sem querer, ninguém pode extraviar-se. Torna-se necessária, de fato, muita má vontade e até esforço contrário, para que um ser humano procure empurrar todas essas coisas levianamente para o lado e deixe de atentar a elas. Sim, o ser humano até tem que lutar violentamente contra todos esses auxílios naturais para não utilizá-los!
E, apesar disso, ele o faz. Por isso, eu disse de propósito que nos inícios “inconscientes” do amadurecimento a influência feminina sempre irá despertar na masculinidade uma vibração pura em direção às alturas, porque aí esta, sem ser influenciada pelo intelecto corrompido, age apenas conforme as leis de Deus na Criação! Só quando o intelecto com todos os seus artifícios também nisso é despertado e começa a atuar, esse puro e com ele todos os auxílios será arrastado pelo mau pensar para a sujeira e desvalorizado.
O mau pensar é gerado por impureza da feminilidade, seduções, persuasões de falsos amigos, maus exemplos e não por último também por falsa orientação na arte e literatura.
Se com isso, no entanto, forem uma vez destruídas e demolidas as muitas pontes para as alturas luminosas, puras, então é muito difícil encontrar um caminho para a volta! E mesmo também nisso o Criador onisciente, em Sua bondade, dá nas leis da grande Criação ainda milhares de possibilidades e, por sua vez, também auxílios naturais, quando um espírito humano desencaminhado procura finalmente fazer surgir em si a vontade realmente sincera para o que é puro.

A Mensagem já dá, em todas essas coisas, esclarecimento suficiente, de maneira que para vós não há mais necessidade de novas indicações a tal respeito.
Criaturas humanas, vós nem sabeis que graças sempre de novo e quase que diariamente calcais com os pés, por isso também ignorais como é grande e quanto aumenta a cada hora o peso de vosso fardo de culpas, que tendes que pagar de qualquer maneira; pois todas as leis de Deus, que repousam na Criação e vos auxiliam, também estão contra vós, se não as quiserdes observar!
Não podeis esquivar-vos do ter que reconhecer. Nenhuma entre todas as criaturas. E as leis são o amor de Deus, que vos permaneceu incompreensível, porque procurastes fazer dele algo inteiramente diverso do que ele realmente é.
Aprendei e reconhecei! Mulher, se não acordares para teu real valor na Criação e agires então de acordo, o efeito retroativo da grande culpa esmagar-te-á, antes que o pressintas! E tu, homem, vê finalmente na mulher aquele grande auxílio, de que precisas e do qual jamais podes prescindir, se quiseres vibrar nas leis de Deus. E honra na mulher aquilo, para o que Deus a destinou! A espécie de teu sentimento em relação à mulher tornar-se-á para ti o portal que leva à Luz. Nunca esqueças disso. —
Aprofundai-vos agora uma vez em todas essas descrições. Encontrá-las-eis confirmadas em vosso vivenciar por toda parte. Tomai essas palavras sempre como base para as vossas observações. Desta maneira ireis ver muita coisa totalmente diferente, também reconhecer melhor do que até agora. Mesmo nas coisas mais pequenas isso se manifesta bem nitidamente. Não somente na Terra, mas em toda a Criação.
Talvez vos pergunteis então por que a mulher humana é a parte mais sensível. Por isso, quero dar-vos logo resposta também a esse respeito:
A mulher constitui nas separações ou apartações a ponte entre o enteal e o espiritual! Por isso, também a Mãe primordial teve que surgir primeiro, antes que outras apartações pudessem acontecer ou processar-se.
E a ponte entre o enteal superior mais próximo e o espiritual, emanado deste, é sempre a mulher do respectivo plano que se apartou. Por esse motivo ela ainda reteve em si uma parte especial do enteal superior mais próximo do seu próprio plano, o que falta ao homem.
A voz do povo também nisso fala novamente certo ao constatar que a mulher está mais ligada à natureza do que o homem! A mulher está de fato mais ligada à natureza em todos os sentidos. Vós, conhecedores da Mensagem, porém, sabeis que a expressão ligada à natureza outra coisa não significa senão a ligação mais estreita ao enteal!
Assim é no grande lar da Criação! Disso deveis tirar ensinamentos para vós próprios e transferi-los sabiamente para a vida terrena. Como podeis fazê-lo, vos direi hoje. Se deixardes de fazê-lo, então não vos adaptais à vibrante harmonia do lar, no qual sois hóspedes. E se vós quiserdes agir diferentemente e seguir outros caminhos do que aqueles, que a própria Criação vos mostra nitidamente, então jamais vos poderá advir o êxito, jamais tereis a legítima alegria, nem a paz que tanto ansiais.
Tudo terá que falhar e desabar, o que não vibrar no sentido e nas leis desta Criação; pois então não somente perde todo o apoio, como também cria para si correntes contrárias, que são mais fortes do que qualquer espírito humano e acabam sempre por derrubá-lo, bem como sua obra.
Sintonizai-vos, pois, finalmente na perfeição da harmonia da Criação, então encontrareis a paz e êxito.
Antes de tudo, a mulher falhou primeiro nisso; culpado disso, porém, é principalmente também o homem. Mas, evidentemente por isso nem por um milímetro menos a mulher, que absolutamente não precisava ter se deixado guiar por ele. Nisso, cada um é responsável por si só. O mal principal de tudo foi, também aqui, outra vez a subordinação voluntária ao intelecto.

A mulher da Criação posterior devia formar a ponte do enteal para o espiritual. A ponte daquele enteal, do qual o espiritual da Criação posterior desprendeu-se primeiro! Não daquele enteal, que, após a separação do último resto do espiritual, desceu ainda mais, para formar a ponte para a materialidade, e dar origem a todas as almas de animais.
No valor da Criação vem, portanto, na gradação descendente, em primeira linha a mulher e depois o homem. A mulher da Criação posterior, porém, falhou nisso por completo. Não se encontra naquele lugar, o qual a Criação lhe conferiu e determinou.
A grande parte do enteal, não do inferior, mas do superior, a mulher conservou em si como ponte e podia, devia assim permanecer acessível à vontade de Deus, como o próprio enteal, que sempre vibra somente na vontade de Deus. Condição evidentemente era que ela conservasse pura a parte enteal, pura para intuir a vontade divina, as leis na Criação!
Ao invés disso, ela abriu esse intuir de modo demasiadamente rápido e fácil a todos os artifícios sedutores de Lúcifer. E como a mulher, por sua peculiaridade de ligação com o enteal, é mais forte na Criação do que a espécie espiritual mais grosseira do homem, e com isso determinante, ou, digamos, dando o tom no sentido mais literal da palavra, arrastou assim, brincando, o homem consigo para a profundeza.
Por essa razão também já clamei em minha Mensagem para toda a feminilidade, que ela tem que preceder o homem na ascensão; pois esse é seu dever, porque jaz em sua capacidade! Não somente porque com isso resgata a culpa, com que se sobrecarregou desde o início. Isso é um ato de graça por si, que reciprocamente é provocado naturalmente pela vontade de ascensão.
A mulher da Criação posterior pôde, apesar de seu suplemento enteal, cair tanto, porque ela como última da sua espécie encontra-se mais distante da proximidade de Deus! Em compensação ela tinha, na parte do enteal superior em si, uma forte âncora, onde podia se segurar e de fato ter-se-ia segurado, se isto apenas tivesse sido a vontade sincera da mulher para tanto. Mas o espiritual mais grosseiro nela existente quis de outra forma. E a distância da proximidade de Deus deixou-o triunfar.
A mulher podia cair, mas não precisava ter caído! Pois dispunha de auxílios suficientes ao seu lado. Mas ela nem aceitou os auxílios, ao não utilizá-los.
Contudo, no Reino do Milênio tem que ser diferente. A mulher agora irá modificar-se e viver apenas de acordo com a vontade de Deus! Será purificada, ou sucumbirá no Juízo; pois recebe a proximidade de Deus agora diretamente aqui na Terra! Com isso é anulada qualquer desculpa para todo o feminino! E toda mulher, que ainda não tiver obstruído completamente sua parte enteal, pecaminosa e criminosamente, tem que intuir agora a proximidade de Deus e nela revigorar-se para um maior fortalecimento e extraordinário poder! Segundo as leis vivas da Criação! Mas somente aquelas terão esse auxílio natural, que ainda são capazes de reconhecer gratamente a pressão da pura força de Deus como tal.

Quem, no entanto, não mais puder nem quiser intuí-la, esta secará e não mais terá por muito tempo a possibilidade de ainda denominar-se mulher.
Agora vos perguntareis, naturalmente, como pode ocorrer então que alguma alma humana possa encarnar-se na Terra, alternadamente, uma vez como mulher e outra vez como homem. A solução não é tão difícil como pensais; pois uma verdadeira mulher em todos os sentidos nunca se verá na circunstância de ter que ser encarnada como homem na matéria grosseira.
O tal acontecimento é novamente apenas uma das consequências maléficas do domínio do intelecto, por mais estranho que possa parecer.
A mulher terrena, que se sujeita ao intelecto, reprime com isso exatamente a sua verdadeira feminilidade. Esta fica subjugada, uma vez que ela constitui a sensibilidade, que é enclausurada pelo intelecto calculista, e com isso fios do destino se atam de tal maneira, que uma tal mulher tem que ser encarnada na próxima vez como homem, porque depois de tal recalcamento e enclausuramento predomina apenas o espiritual mais grosseiro, e os fios, de acordo com a lei da Criação, nem podem ser atados de outra maneira. Tais mudanças de encarnações tornam-se então necessárias, porque tem que se desenvolver tudo, o que é tocado no núcleo do espírito humano. Principalmente a atual imitação antinatural do homem, portanto, contrária às leis da Criação, por parte do mundo feminino, bem como os acentuados trabalhos de intelecto, têm que acarretar consequências graves para a feminilidade, uma vez que nisso reside uma perturbação da harmonia da Criação!
Todas elas calcam sua verdadeira feminilidade e teriam, por isso, que chegar na próxima vez à encarnação em corpos masculinos. Isso em si nem seria tão ruim. Mas a isso se acrescenta a circunstância de que a alma feminina nessa torção de sua missão em um corpo de homem certamente pode atuar de maneira inteligente, porém apenas fisicamente, espiritual e animicamente nunca será um verdadeiro homem! É e permanece uma aberração.
Tais procedimentos na torção da Criação aconteceram até agora, no Reino do Milênio, porém, não mais será possível; pois então todas essas almas femininas, que enclausuraram sua feminilidade, nem mais poderão chegar à encarnação na Terra, e sim cairão no Juízo como inúteis entre as massas, que serão arrastadas para a decomposição. Todas elas estão perdidas, caso não se lembrem ainda a tempo de sua missão de feminilidade e atuem de acordo.
O mesmo ocorre de maneira inversa. A alma de um homem, que por efeminação inclinou-se sobremaneira para a espécie feminina em seu pensar e seu agir, obrigou-se com isso a si mesma, através dos fios formados, a uma encarnação posterior em um corpo feminino. Mas em tal caso tampouco era possível que tais almas então pudessem se tornar verdadeiras mulheres, por lhes faltar a parte enteal mais elevada, pertencente à feminilidade.
Por tal motivo, encontram-se muitas vezes na Terra homens com atributos femininos predominantes, e mulheres com atributos masculinos predominantes! A espécie de suas almas, porém, ambas não são legítimas, mas, sim, torcidas e inúteis na própria Criação, salvo para possibilidades de reprodução na matéria grosseira.
Decisiva e fundamental para toda a sua existência é também neste caso a primeira resolução do gérmen espiritual, a qual, aliás, não ocorre conscientemente, mas somente reside em um impulso interior que desperta! Caso o impulso conduza à atividade mais delicada, então está decidida a essência do gérmen espiritual para o feminino; pois ele retém ou conserva uma parte do enteal superior, do qual se desliga ou aparta. Caso se incline para a atuação mais grosseira, ativa ou positiva, então se separa pouco a pouco totalmente a parte delicada, mais fina do enteal superior e fica para trás; sim, é repelida naturalmente, de forma que para tal gérmen espiritual o masculino fica basicamente decidido.
Cumpre-se também nisso para o espiritual, logo de início, a garantia da única decisão livre, que é chamada de livre-arbítrio.
Mulher! O que já diz a palavra em si como conceito concentrado do qual emana pureza, graça, saudade das alturas luminosas!
No que de extraordinário, elevado, nobre devias também te tornar tu, mulher terrena, e o que tu mesma tens feito de ti!
Já nem podes mais intuir que esse a ti tão querido jogo social de querer sobressair e parecer desejável, que cada palavra, sim, cada olhar nisso, vindo do lado masculino, é, na realidade, um insulto à tua dignidade feminina! Conspurcação de tua pureza desejada por Deus.
Se não houvesse ainda algumas entre vós na Terra, em cujas almas ainda é possível a ancoragem da vontade de Deus, realmente seria melhor que um gesto da mão de Deus jogasse essas caricaturas da feminilidade para fora do chão límpido da maravilhosa Criação.
Contudo, por causa das poucas fiéis, deve a mulher terrena, pela proximidade de Deus, poder ascender para aquela altura, que lhe foi destinada desde o começo!

Ditosa és tu, humanidade terrena, tu que não mereces esta graça e mesmo assim te é permitido recebê-la!
Futuramente, porém, orienta-te rigorosamente pelas leis de Deus!
pureza da mulher terrena jaz em sua fidelidade! Pois a fidelidade é a pureza! Uma mulher sem fidelidade é indigna de ser chamada de mulher! E infiel é toda mulher que futilmente graceja com homens, quer com palavras ou com pensamentos! Infiel a si própria e a sua elevada missão nesta Criação, por conseguinte também na Terra!
Unicamente a fidelidade deixa surgir todas as virtudes na mulher. Não faltará uma só!
Assim como as pessoas formaram a respeito da castidade um conceito unilateral e inerte e, com isso, inteiramente errôneo, pequeno, da mesma forma arranjaram para si, em seu pensar baixo, também algo desajeitado e ridículo a respeito do elevado conceito da pureza! Formaram disso uma caricatura, uma algema antinatural, que se encontra em contradição com as leis da Criação, que é totalmente errônea e que apenas dá testemunho da estreiteza do mesquinho pensar do intelecto.
A pureza da mulher humana reside apenas em sua fidelidade! Sim, ela é para o ser humano a fidelidade!
Dito bem claramente: a pureza está corporificada nos seres humanos na fidelidade! Quem compreender isso corretamente irá encontrar nisso também sempre o caminho certo e poderá segui-lo, e não empurrar a lei da Criação para o lado com contorções anímicas. Deveis, por conseguinte, tentar aprender a compreendê-la corretamente.
Pureza é unicamente divina! Por isso o ser humano, como tal, nem pode ter a pureza em sua forma original; pois ele é apenas uma partícula na Criação e como tal está sujeito a leis bem determinadas. A pureza, porém, só pode residir na perfeição divina; ela pertence a essa perfeição!
Logo, o ser humano nem pode possuir a pureza em seu legítimo sentido, apenas consegue corporificá-la simbolicamente de acordo com sua espécie, portanto, reproduzi-la em forma modificada na fidelidade! A fidelidade é, portanto, a gradação da pureza para os seres humanos. O ser humano coloca no lugar da pureza divina a fidelidade. E, em primeira linha e no sentido mais nobre, a mulher! Tudo quanto ela fizer será puro, tão logo ela o faça em fidelidade! Não é diferente com o homem. A fidelidade é para cada ser humano a pureza!
A fidelidade naturalmente tem que ser autêntica; não pode estar enraizada apenas em imaginações. A fidelidade autêntica só pode viver no amor verdadeiro, nunca em paixões ou fantasia. Nisso reside por sua vez uma proteção e também uma medida que serve para exames de consciência.
O ser humano não consegue ser divino e tem que se orientar segundo as leis de sua espécie. Tudo o mais se torna uma distorção, antinatural, doentia, e é apenas conseqüência de falsas concepções, de mania presunçosa, que o impele a sobressair a todo custo ou a ficar afastado de seu próximo, a ser admirado ou, talvez, a realizar algo extraordinário também perante Deus. Nunca, porém, há algo de legítimo e natural nisso, mas, sim, é absurdo, é violenta deformação da alma, que acarreta também prejuízos corporais. Não reside nada de grandioso ou de sublime nisso, apenas mostra uma contorção grotesca, que é ridícula na Criação.
O ser humano apenas pode chegar a prestígio proveitoso na Criação, se permanecer aquilo que deve ser, e procurar aperfeiçoar sua espécie mediante enobrecimento. Isso, porém, ele só pode alcançar ao vibrar dentro das leis, e não ao colocar-se fora delas.
A fidelidade é, por isso, a virtude mais elevada de cada mulher; permite-lhe, outrossim, cumprir integralmente a elevada missão nesta Criação!
Agora atentai nisto, seres humanos:
O elevado, fino enteal, portanto o mais sensível e delicado, dirige o lar na grande Criação! Com isso também é indicado à mulher o seu cargo, para cujo desempenho ela está inteiramente habilitada: dirigir o lar na existência terrena, oferecer pátria no verdadeiro sentido! Tornar esta Terra um solo pátrio e harmonioso é, no futuro, a missão da mulher, a qual ela pode desenvolver até o mais alto nível artístico! Nisso reside tudo, e tudo tem que receber a sua base nisso, se deva prosperar e florescer!

lar deve tornar-se um santuário através da mulher! Um templo para a vontade de Deus! Nisso repousa veneração a Deus, se escutardes Sua sagrada vontade na Criação e orientardes vossa vida, vosso atuar na Terra de acordo com ela.
E também o homem, cuja profissão até agora dava exclusivamente apenas provas de escravidão do intelecto, modificar-se-á pelo modo de ser da mulher, se ele for obrigado a reconhecer na mulher a indicação para algo mais nobre.
Olhai sempre para o lar desta Criação, e sabereis como deveis organizar a vossa vida na Terra!
O homem, porém, não deve quebrar sem consideração a ordem de uma casa, seja pelo desrespeito negligente ou por despotismo; pois a atividade da mulher no lar é tão importante quanto a dele em sua profissão. Ela é apenas de espécie diferente, porém, não pode ser dispensada. A missão da mulher no lar vibra na lei de Deus, para a qual o corpo terreno adverte insistentemente, que procura no lar recuperação, sossego, alimento e não por último... harmonia da alma, que refresca e dá novo estímulo, novas forças para toda a atividade do homem!
O equilíbrio nisso tem que ser totalmente harmonioso. Por isso também a mulher deve respeitar o trabalho do homem e não pensar que somente a sua atividade deva ser a decisiva. A atividade das duas partes deve ser incorporada uma à outra em vibração harmônica. Uma não deve perturbar a outra.
O homem, por conseguinte, não deve destruir ou prejudicar por egoísmo a ordem doméstica, mas tem que ser ainda prestativo, através de pontualidade e compreensão crescente, para que tudo possa conservar o ritmo harmonioso.
É isso que podeis e tendes que aprender da Criação. No Reino do Milênio ainda sereis obrigados a isso; senão jamais podereis subsistir nele. E quem então não puder subsistir nele, será extinto na lei da Criação, porque não mais continuará merecedor das bênçãos da Criação.
Vós sabeis, o Reino dos Mil Anos é deserdação para cada ser humano desta Criação posterior! Deserdação de seu livre-arbítrio, até agora nela determinante. Ele falhou em seu atuar e pensar pueril excêntrico e deve, por isso, aprender agora a obedecer ou afundar. A partir daquele momento, em que a Vontade de Deus pisou na Terra, a vontade do ser humano, que até agora pôde reinar nela, lhe é submissa, de acordo com a lei da Criação! Nada pode ser mudado nisso. Já por essa única razão a vontade do ser humano não é mais determinante. Isso se mostra agora rapidamente na natureza, entre os e nos próprios seres humanos, como em cada criatura.
O ser humano tem apenas para si próprio ainda o seu livre-arbítrio para decisão, como o tinha também até agora. No respectivo poder decidir-se ele mesmo, residia e ainda reside o exercício do livre-arbítrio humano. Tão somente no poder decidir! As consequências de todas essas decisões tomadas por ele próprio recaem sempre sobre ele, quer ele queira ou não; e nisso ele nunca poderá mudar algo. Agora apenas o atingirá mais rapidamente do que até então.
Para ele, a verdadeira diferença entre o antigamente e o agora, pela deserdação, reside no fato de que antigamente o seu atuar e seu querer também tinham influência sobre os acontecimentos na Criação posterior, em primeiro lugar sobre os desenvolvimentos desta Terra. Isso terminou! A vontade do ser humano atinge agora sempre apenas a ele próprio, com duplo, triplo rigor do que até agora, e também com uma rapidez inesperada, até agora desconhecida.
Além de contra si próprio e seus semelhantes, ele agora não pode mais gerar nenhum dano; pois tudo o mais, que não é de sua mesma espécie, fica disso incólume e encontra-se somente ainda sob a própria vontade de Deus, que é mais forte do que toda vontade da humanidade na Criação!
E todos os seres humanos, que agora não quiserem se submeter às leis desta Criação, são revoltosos contra sua pátria, contra seu Criador, seu Deus! Serão expulsos e destruídos sem piedade pelas próprias leis que, fortalecidas pela força de Deus, voltam-se agora, de modo rápido e invencível, contra tudo, que destrói a harmonia desejada por Deus.
Por isso, observai vossa pátria, seres humanos, aprendei a compreender esta Criação posterior! Vós tendes que aprender a conhecê-la e finalmente vos orientar conforme a ordem também aqui na Terra, senão vós estareis perdidos e devereis sucumbir.

Dissertação nº 44 da obra: Ressonâncias I – por Abdrushin



terça-feira, 21 de novembro de 2017

IS-MA-EL VIII






Leitura do trecho anterior

IS-MA-EL

E principiou o tempo em que o choro dos espíritos humanos soou do distante círculo da Criação, que os próprios planos espirituais mais baixos foram preenchidos da lamentação dos que ficaram emaranhados.
Em especial as queixas de todo o enteal soaram lamentando através de todas as esferas para cima, e era como se a incandescente luz flamejante da vida novamente subisse borbulhando de volta, pelo menos em parte. De cima era visto como se ocorresse uma interrupção do fluxo vivo, e os mensageiros espirituais segredaram-se sérias e severas advertências.
Em Patmos, os eternos servos da Palavra, os sagrados guardiões, fecharam os portais dourados dos divinos mistérios, que até agora também tinham enviado suas irradiações para fora, até as profundezas da Criação posterior.
Is-ma-el guardava a chave e confiava a mesma apenas a alguns de seus mais fiéis servos da Verdade.
Assim, com o falhar de Lúcifer, aconteceu o início da queda do espírito humano. A fonte da sabedoria divina ficou fechada para eles, e não podia distribuir nenhum novo suprimento de forças. Borbulhantes e bramando desciam as eternas correntes do sagrado Graal até Patmos e do círculo dos guardiões novamente para cima, através da Criação primordial, até sua origem.
O poder mais elevado era inatingível para o espírito humano, e aconteceu que Is-ma-el ouviu a voz do Senhor: “Vá até lá, tu fiel, e prepare para mim o caminho através das partes da Criação material, para que eu possa dispor de espíritos que ainda permanecessem fiéis à Palavra, também no perigo!”
E Is-ma-el inclinou sua cabeça e falou:
Ouça, Senhor, o choro dos espíritos humanos e a dor dos enteais devido ao querer próprio de Lúcifer! Com isso ele se coloca de lado, mas a sua força ainda é enorme. Assim que o espírito humano se abre à tentação do intelecto, ele estará submisso às seduções de Lúcifer, pois este coloca armadilhas. De falso brilho é o seu poder enganador e, vede que já se estende ao seu redor a força de atração! Quando Michael, com a espada, separou-o do divino-enteal, ele arrastou consigo, para baixo, parte do grupo de espíritos. A maior parte se origina de esfera mais baixa e atraem a matéria fina. Assim ele cria para si um reino que alcança até as proximidades da matéria.


O agitar cheio de horror, o qual Lúcifer suscitou, foi visto por Is-ma-el. Pois ele deveria saber do atuar no pólo oposto a Deus, e devido a isso foi ordenada a ele uma peregrinação através do campo de ação de Lúcifer.
E seu espírito mergulhou num sono profundo.
Is-ma-el foi envolto com um manto o qual não permitia que ele se diferenciasse da tristeza das esferas, através das quais passavam véus cinzentos qual correntes flutuantes. Como num funil, assim a corrente puxava e arrastava o espírito envolto, em caminho errado, ao encontro do lugar do desterro do anjo.
Aí seus olhos divisaram amplitudes singulares, distancias de infinita beleza melancólica. Solidões o aguardavam; que eram de um pesadume tão horrendo, como ele imediatamente intuiu-o em sendo um abismo da Luz. O movimento atuava como um redemoinho e turbilhão.
E Is-ma-el, a quem foi dado conhecer os pontos mais elevados do espiritual, como, até poder olhar para cima os reinos luminosos de Deus e de Sua Criação primordial, ainda pôde, como único espírito, compreender também essas profundezas, que foram abertas pelo pólo oposto.
Todas as recordações da Luz estavam apagadas e sozinho ele deveria perscrutar as profundezas, para advertir o espírito humano, em testar a si próprio. O mais difícil que o espírito teria que cumprir, agora havia tido o seu começo.


Lúcifer ainda estava em queda, a sua espécie divino-enteal estava a extinguir-se, trazendo em si a força de sua origem, a qual ele utilizava em seu ofuscado querer como sentimento de poder. Poderosa era a força de irradiação, a qual ele enviou para a Criação material.
Com isso ele amparou o poder do intelecto. Tudo o que se desenvolvia em seu atuar e querer era formado espiritualmente assim como no reino espiritual, mas não era incandescido com a força proveniente das alturas, não, apenas continuamente alimentado com a força do falso querer. Era rígido, duro, sombrio e solitário, estarrecido como o gelo, de modo frio e horrível formou-se o trono do poder de Lúcifer. A irradiação de seu querer, porém, aumentou em proporção igual em força e atravessou a matéria fina que, por sua vez corrompeu a matéria. Parecia como se uma epidemia de veneno se arrastasse através da matéria fina da Criação posterior.



Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):

















domingo, 19 de novembro de 2017

No País da Penumbra







No País da Penumbra



por Abdrushin


Deixa-te guiar, alma humana, um passo para dentro do reino da matéria fina! O país das sombras vamos percorrer sem demora; pois dele já falei. É aquele país, onde têm que permanecer aqueles, que ainda são demasiadamente broncos para se utilizar corretamente de seu corpo de matéria fina. Exatamente todos aqueles, que aqui na Terra consideravam-se excepcionalmente sagazes. No reino da matéria fina são mudos, cegos e surdos, porque o intelecto terreno, como produto de seu corpo de matéria grosseira, não pôde vir junto até aqui, mas sim permaneceu nos limites restritos, que ele, por estar preso à Terra, jamais pode transpor.
A primeira consequência de seu grande engano tornar-se-á evidente a uma alma humana logo depois da morte terrena, por se encontrar inepto no reino da matéria fina, desamparada e fraca, muito pior do que uma criança recém-nascida na Terra de matéria grosseira. Por isso, são chamadas de sombras. Almas, que ainda intuem sua existência, mas não conseguem ficar conscientes disso.
Deixemos agora para trás esses tolos, que nesta Terra, querendo saber tudo melhor, tagarelavam o bastante sobre coisas insignificantes e agora têm que ficar calados. Entramos na planície da penumbra! Um sussurro chega ao nosso ouvido, bem consentâneo com a pálida luz da penumbra, que nos rodeia e deixa reconhecer, de modo impreciso, contornos de colinas, prados e arbustos. Tudo aqui está coerentemente sintonizado à penumbra, o que pode acarretar um despertar. Mas somente pode, não acaso deve!
Aqui não é possível nenhum som livre e alegre, nenhuma visão clara. Apenas um semi-despertar ou um permanecer reprimido, consentâneo com o estado das almas, que aqui se encontram. Todas elas têm um movimento lânguido, deslizando cansadas, apáticas, exceto um indefinido impelir para aquela uma direção, onde, ao longe, parece emergir um tênue róseo, que, anunciando luz, atua como doce encantamento sobre as almas aparentemente tão cansadas. Almas apenas aparentemente cansadas; pois são preguiçosas no espírito, por isso, seus corpos de matéria fina são fracos. —
O vislumbre róseo na distância longínqua acena de modo prometedor! Despertando esperanças, incentiva à movimentação mais ativa. Com o desejo de atingir esse vislumbre, os corpos de matéria fina aprumam-se mais e mais, em seus olhos surge a expressão de uma conscientização mais forte e, cada vez mais firmes, seguem naquela uma direção. —

Nós caminhamos junto. O número de almas ao nosso redor aumenta, tudo se torna mais móvel e mais nítido, o falar torna-se um pouco mais alto, transforma-se em um forte murmúrio, de cujas palavras depreendemos que os que avançam proferem orações, incessantemente, de modo apressado, como que em estado febril. As massas tornam-se cada vez mais densas, o avançar transforma-se em um empurrar, grupos estancam diante de nós, são compelidos para trás pelos precedentes, para novamente pressionar para frente. Assim, passa um ondular sobre as massas aglomeradas, das orações elevam-se gritos de desespero, palavras de medo suplicante, de tímida exigência, e, aqui e acolá, também sufocado lamento da maior desesperança! —


Passamos rapidamente por cima da luta de milhões de almas e vemos que diante delas se encontra, de modo rígido e frio, um obstáculo ao prosseguimento, contra o qual investem em vão, que banham inutilmente com as lágrimas.
Barras grandes e fortes, mui próximas umas das outras, impõem de modo inexorável parada ao seu avanço! —
E mais forte incandesce ao longe o róseo vislumbre, mais ansiosos arregalam-se os olhos daqueles, que o escolheram como alvo. Suplicantes são estendidas as mãos, que convulsivamente ainda se agarram aos rosários, deixando correr as contas por entre os dedos, uma após outra, balbuciando! As barras, porém, permanecem inabaláveis, rígidas, separando do belo alvo!
Passamos ao longo das densas filas. É como se não tivessem fim. Não centenas de milhares, não, milhões! São todos aqueles, que na Terra julgavam-se “fiéis” sérios. Quão diferente haviam imaginado tudo! Acreditavam que seriam alegremente aguardados, seriam dadas respeitosamente as boas-vindas.
Bradai-lhes: “O que vos adianta, ó fiéis, a vossa prece, se não deixastes a Palavra do Senhor tornar-se ação, evidência em vós próprios!
O vislumbre róseo ao longe é a saudade pelo Reino de Deus, que arde dentro de vós! Tendes dentro de vós a saudade dele, mas obstruístes o caminho para lá com formas rígidas de concepções erradas, as quais vedes agora diante de vós como barras que impedem, igual a uma grade! Deixai cair aquilo que assimilastes de concepções erradas durante a existência terrena, aquilo que construístes para vós próprios nesse sentido! Lançai fora tudo e ousai levantar o pé livremente em prol da Verdade, como ela é em sua grande e simples naturalidade! Então estareis livres para o alvo de vossa saudade!
Mas vede, não o ousais, no constante medo de que poderia talvez estar errado aquilo, que assim fazeis, porque até agora pensastes diferentemente! Com isso, vós próprios vos tolheis e tendes que permanecer onde estais, até ser demasiado tarde para o prosseguimento e terdes que sucumbir junto na destruição! Não vos poderá ser auxiliado nisso, se vós próprios não começardes a deixar o errado para trás de vós!”
Bradai, pois! Bradai a essas almas o caminho para a salvação! Vereis que é totalmente em vão; pois somente mais forte recrudesce o ruído das infindáveis orações, e impede que esses rogadores escutem qualquer palavra que lhes poderia permitir caminhar para diante, ao encontro do vislumbre róseo e da luz. Assim, têm que ficar perdidas agora, não obstante alguma boa vontade, como vítimas de sua indolência, que não as deixou reconhecer mais, nem deixou assimilar mais do que as exterioridades de suas igrejas, templos e mesquitas. —
Entristecidos, vamos prosseguir. – Mas ali, diante de nós, está uma alma de mulher, em cujo rosto espraia-se subitamente uma serenidade cheia de paz, um novo brilho surge em seus olhos, que até agora olhavam cismando e em temerosa reflexão, tornando-se mais consciente, ela se apruma, torna-se mais clara... forte vontade da mais pura esperança faz com que erga o pé... e, respirando aliviada, encontra-se além das barras! Para essa alma de mulher as barras não constituíam mais qualquer impedimento, pois na profunda reflexão, intuindo com sensibilidade, chegou à convicção de que tudo aquilo que até então imaginava tinha que ser errado, e, sem receio, na alegre fé no amor de Deus, lançou de si esse errado.


Surpresa vê agora quão fácil isso foi. Agradecendo, ergue seus braços, e uma inenarrável sensação de felicidade quer se manifestar em júbilo, no entanto, isso lhe sobreveio demasiadamente forte, demasiadamente poderoso, os lábios permanecem mudos, sua cabeça se inclina com leve estremecer, os olhos se fecham e pesadas lágrimas correm vagarosamente pelas suas faces, enquanto suas mãos se juntam para uma oração. Para uma oração diferente do que até então! Para um agradecimento! Para uma grande intercessão em favor de todos aqueles, que ainda se encontram atrás dessas rígidas barras! Por causa da própria concepção, que não querem abandonar como errada!
Um suspiro de profunda comiseração enche-lhe o peito, e, com isso, desprende-se dela como que uma última algema. Está agora livre, livre para o caminho rumo ao alvo por ela interiormente almejado!
Erguendo o olhar, vê diante de si um guia, e alegremente lhe segue os passos para o novo e desconhecido país, ao encontro do vislumbre róseo, que cada vez se torna mais intenso! —
Assim, outras almas se desprendem ainda daquelas massas que, atrás das barras das concepções errôneas, têm de esperar por sua própria decisão, por sua própria resolução, que pode conduzi-las adiante, ou retê-las até a hora da destruição de tudo aquilo, que não pode cobrar ânimo para abandonar o errado antigo. Somente poucas ainda se salvarão dos liames das concepções errôneas! Estão demasiadamente emaranhadas nelas. Tão rígidas como o seu agarrar a isso são também essas barras, que lhes impedem um prosseguimento para a ascensão. Estender-lhes as mãos para vencer esse impedimento é impossível, porque para isso incondicionalmente se faz necessária a decisão própria das almas. O próprio vivenciar dentro de si, que proporciona movimento a seus membros. Desse modo, pesada maldição recai sobre todos aqueles, que ensinam idéias errôneas às criaturas humanas a respeito da vontade de Deus na Criação, a qual outrora podia ser encontrada na Palavra do Salvador, mas que não permaneceu pura no texto da Bíblia, menos ainda nos esclarecimentos terrenos.
Deixai-as em sua obstinação continuar a recitar monotonamente orações, na ilusão de que a quantidade destas possa e deva lhes ajudar, porque a Igreja assim o ensinou, como se a vontade de Deus se deixasse mercadejar.
Prosseguimos pelo país da penumbra. Interminável parece o baluarte dessas barras, atrás do qual, a se perder de vista, empurram-se os retidos por ele . —


São, porém, outros. Grupos que, ao invés de rosários, seguram Bíblias nas mãos e nelas procuram desesperadamente. Aglomeram-se em redor de algumas almas que, doutrinando, querem dar informações, ao ler, sempre de novo, trechos da Bíblia. Exigindo, várias almas exibem aqui e acolá suas Bíblias, de joelhos, elas são erguidas muitas vezes como em oração... as barras, todavia, persistem, impedindo-as de prosseguir.
Muitas almas insistem em seu conhecimento da Bíblia, algumas, no seu direito de entrar no reino do céu! Mas as barras não oscilam!
Eis que uma alma de homem, sorrindo, abre passagem entre as filas. Vitorioso, acena com a mão.
“Tolos”, brada, “por que não quisestes ouvir? Já gastei a metade de minha existência terrena estudando o Além, portanto, para nós agora o Aquém. As barras, que vedes diante de vós, desaparecerão depressa por um ato de vontade, elas são criadas pela ilusão. Segui-me apenas, eu vos guio! Tudo isso já é familiar para mim!”
As almas em seu redor deram-lhe passagem. Ele avança para as barras, como se não existissem. Com um grito de dor, contudo, cambaleando recua subitamente. O choque foi duro demais e convenceu-o mui rapidamente da existência das barras. Com ambas as mãos ele aperta sua testa. As barras diante dele continuam inabaláveis. Com um acesso de cólera, ele as agarra e sacode-as impetuosamente. E grita com raiva:
“Então fui enganado pelo médium! E gastei ano após ano nisso!”
Não reflete que foi ele quem gerou os erros e propalou-os pela palavra e pela escrita, após ter interpretado as imagens, dadas pelo médium, segundo suas acepções, sem primeiro estudar as leis de Deus na Criação.
Não procureis ajudar esse homem ou outrem; pois todos se acham tão convencidos de si, que nem querem ouvir algo diferente do que o próprio intuir. Primeiro terão que se cansar disso, conhecer ou reconhecer a inutilidade, onde unicamente está ancorada a possibilidade de ainda escapar desse emaranhado de convicções errôneas, após longo vagar pelo país da penumbra.
Elas não são más pessoas, mas sim tais, que pura e simplesmente se aferraram apenas a concepções errôneas no seu procurar, ou que foram demasiado preguiçosas para meditar profundamente a respeito de tudo, ao invés de examinar com a mais cuidadosa intuição, se aquilo, que foi recebido, pode ser considerado como certo ou se contém lacunas, que em uma sadia reflexão intuitiva não são mais capazes de se manter como naturais. Deixai, portanto, cair as vazias exterioridades!
Tudo quanto é místico, o espírito humano afaste de si, uma vez que jamais lhe pode trazer um proveito. Somente o que ele mesmo intui de modo nítido, levando assim ao próprio vivenciar dentro de si, ser-lhe-á de proveito no amadurecimento de seu espírito.
A palavra “Desperta!”, que Cristo empregou com frequência, quer dizer: “Vivencia!”. Não passes dormindo ou sonhando pela existência terrena. “Ora e trabalha” significa: “Faze do teu trabalho uma oração!” Espiritualiza aquilo que crias com tuas mãos! Cada trabalho, em sua execução, deve tornar-se uma adoração cheia de respeito a Deus, como agradecimento pelo que te é dado por Deus, de realizar algo de extraordinário entre todas as criaturas desta Criação posterior, bastando que apenas queiras!
Principia em tempo com o despertar, com o próprio vivenciar interior de tudo, o que equivale ao consciente intuir, também do que lês e ouves, para que não tenhas que permanecer no país da penumbra, do qual hoje esclareci apenas uma bem pequena parte.


Dissertação nº 2 da obra: Ressonâncias I