terça-feira, 8 de agosto de 2017

As Revelações de João VI





As Revelações de João

E veja, quando os anciãos oravam assim, o supremo Templo sagrado lá no alto do Universo abriu amplamente os seus portais, luzes e raios caíam para baixo, até o ponto onde o Eterno tinha firmado sua Nova Aliança com os seres humanos, para que estivessem seguros assim como na arca no tempo de Noé. E os raios formavam a ligação para o alto e anjos subiam e desciam voando!
Sobre a Criação posterior, porém, caíam granizos, relâmpagos e trovões retumbavam, a Terra estremecia como se fosse sacudida por poderes eternos e os pensamentos da Vontade de Deus bramiam como fortes vozes por sobre toda a Terra.
E foi-me mostrada uma imagem:
No céu surgiu a figura maravilhosamente bela de uma mulher. Raios de luz partiam dela como se o Sol fosse a sua veste. Ela se encontrava na meia-lua, cuja luz fosca envolvia os seus pés. Sobre a cabeça, ela portava uma coroa com sete exuberantes pedras preciosas, que brilhavam como as estrelas. Do centro dessas pedras preciosas, estendiam-se raios que teciam um envoltório dourado em torno da criancinha, que, sorrindo alegremente, subia no seu colo. Essa criancinha, porém, era o Senhor de todos os mundos, do qual os profetas profetizaram.
Agora também houve agitação nas profundezas. Bufando e rosnando, chegou uma besta que tinha sete cabeças, pois queria tornar-se senhor das sete partes do Universo. Em cada uma das cabeças, portava uma coroa, pois estava certo de atingir seu objetivo e tornar-se o rei desta parte da Criação posterior, contanto que a criancinha recém-nascida desaparecesse. Por isso, o antagonista lançou-se com força, trazendo a perdição para tudo o que encontrava. Ele queria destruir a criancinha. *(A figura feminina é a Rainha primordial Elisabeth. Que Parsival foi mostrado como criança é a reprodução figurada de seu ingresso na missão da grande purificação universal. A infância mostra o início da missão especial de Parsival; pois somente nesta ele é criança, que, através de experiências por meio da vivência, precisa amadurecer tornando-se homem para tudo o que terá que subjugar para cumprir a promessa. Também é somente a obra que Lúcifer, a besta, procura destruir já no início junto a criança para, com isso, impedir o cumprimento, no qual ele mesmo, assim como todo o seu falso atuar, é atado por Parsival.)
Mas o jovem havia sido retraído a Deus, seu Pai eterno, para que ficasse junto Dele até que a besta fosse dominada. A Rainha do Céu, porém, foi para os seus jardins.
E novamente houve um bramir que chegava, mas era um soar puro e um ressoar cheio de júbilo. O arcanjo Miguel aprontou-se com os seus fiéis, as multidões de anjos, para a luta que lhe fora ordenada por Deus. Ele atacou a besta que, por sua vez, chamou a si os seus exércitos das trevas. E a Luz e as trevas lutaram entre si; mas a Luz que vinha de Deus foi vitoriosa.

E Lúcifer, que tinha assumido a figura da besta, tombou de todos os céus junto com todos os seus exércitos. Ele caiu para a Criação posterior e uma voz clamou:
“Ai de vós, filhos da humanidade! Lúcifer desce para vós cheio de ira e ódio. A ele foi dado apenas curto tempo para realizar suas cobiças. Ai de vós, se não permanecerdes firmes!”
Mas o júbilo atravessou os céus por causa da queda do infiel.
Quando a besta reconheceu que nada mais podia segurá-la em cima, procurou perseguir a nobre figura de mulher. Mas ela pairava, como que carregada por asas, subindo para alturas que a besta não mais podia alcançar. A besta então lançou espuma venenosa e água imunda contra ela, difamação e mentiras horríveis, mas a Terra bebeu tudo antes que essas coisas pudessem aproximar-se da sublime graciosa.
E então a besta decidiu, em sua ira, combater tudo o que de alguma forma tivesse ligação com a Rainha do Céu. *(Gradativamente, ele apagou completamente todo o saber sobre ela entre a humanidade. Escrava voluntária tornou-se lhe a mulher humana, estrangulando todas as suas verdadeiras virtudes.)
Pisei na areia clara na beira do mar para ver o que ali acontecia. Então um animal ergueu-se das ondas e tinha sete cabeças e dez chifres e sobre os chifres portava coroas.
Do mesmo modo que os servos de Deus têm escritos os nomes eternos na testa, oriundos do Livro da Vida, assim o animal tinha escrito sobre cada cabeça o nome da maldição. Era horrível de se ver.

Mas o animal era o anticristo, saído da semente de Lúcifer. Possuía manchas como uma pantera, devido ao fato de portar a mentira como traje. Seus pés tinham a força das patas do urso, com força tanto para carregá-lo como para destruir tudo o que se opunha a ele. Sua bocarra era como a de um leão, para engolir o que podia alcançar.
Quando era ferido na luta, a ferida sarava imediatamente. E a humanidade, admirada, olhava o animal e inclinava-se diante de Lúcifer, que havia dado ao animal grande poder. Eles se admiravam muito e falavam:
“Quem se compara ao anticristo? Quem quer ousar ir contra ele? Coisas maravilhosas ele nos anuncia, coisas que os ouvidos humanos nunca ouviram. Seu raciocínio é maior do que todo o resto!”
E os seres humanos acreditavam em tudo o que o animal lhes anunciava. Ele então começou a blasfemar contra Deus e divulgar mentiras sobre os Eternos e não havia ninguém entre os seres humanos que se opunha a isso, a não ser o pequeno grupo daqueles, cujos nomes estavam escritos no Livro da Vida, que são servos do Todo-Poderoso.
Os outros, porém, riam-se da blasfêmia e acreditavam no animal e tinham se esquecido das leis eternas de Deus. Não sabiam mais que aquele que puxa da espada, será morto pela espada e quem ata as almas, este também será atado por toda a eternidade.
Férreas encontram-se as leis de Deus: o que o ser humano semeia, ele colherá!

E, vede, enquanto eu ainda olhava cheio de horror para o animal, saiu da terra um outro animal que tinha apenas dois chifres, de modo que se podia pensar que fosse um carneiro.
Mas quando começou a falar, percebi que este também era um monstro, ou seja, o pecado, que tinha tomado posse de toda a Terra e a perpassava. Inflava-se e fazia-se de grande, desviava os homens e os tornavam servos do anticristo.
Ele ordenou que os seres humanos devessem construir imagens do anticristo e às imagens deviam ser dados poderes de falar aos homens e auxiliá-los.
Mas ai dos seres humanos que confiavam nisso!
Este segundo monstro mostrava aos seres humanos que, mediante seus pensamentos e suas ações, poderiam obter um sinal em sua mão direita. Este sinal, no qual poderiam reconhecer-se mutuamente, ligava aqueles que pendiam no anticristo. E ninguém era hábil o suficiente para que pudesse fazer negócios terrenos para tirar proveito e vantagem a não ser aquele que tinha o sinal da besta na mão.
Mas quem estava completamente submisso ao segundo animal, ao pecado, na testa deste surgia uma segunda marca escura, de modo que ela ficava facilmente reconhecível aos olhos espirituais. Nesta marca, vibrava o número do animal, ou seja, seiscentos e sessenta e seis.

       Mas quem tiver olhos para ver, e o espírito de Deus, este também reconhecerá neste número a infinita sabedoria divina, pois também é o número do homem que clamou por arrependimento, contra o pecado. Portanto, que também este número, como qualquer outro, porta em si claramente o seu lado claro e o seu lado escuro. —



Extraído do livro: Chamados da Criação Primordial (Rufe aus der Urschopfung - 1935):