quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Um Auxílio Redentor








Um Auxílio Redentor   

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Com a decisão formada desde a infância em servir o Altíssimo, ainda buscava o jovem Miang, a partir de seus passos iniciais concluídos, tendo em diante se tornado aluno de Fong, que depois por ser também um príncipe encontrara a difícil tarefa de dirigir seu reino para não mais poder ensiná-lo, continuando ainda a ditar-lhe ordens; pelas quais na missão de mensageiro, permanecia sempre entre aventuras através de viagens, em cuja uma delas, encontrou para se instruir durante algum tempo o seu terceiro mestre (Huang), estando vivendo da situação atual na missão de auxiliar pessoas comuns dos ambientes públicos...

Para continuar narrando o acontecido com sua mulher o homem prosseguiu contando em detalhes o caso:

Quando, porém, cheguei mais perto dela, ouvi um leve choro que saia da trouxa em seus braços, e eu me assustei muito. Tive que parar um momento para respirar fundo e esse momento foi suficiente para mais distante torná-la novamente inalcançável. Como que se não sentisse cansaço, nem tontura, subia ela sem parar até a borda saliente de um alto rochedo e, de lá, jogou a trouxa para baixo. Depois se debruçou para olhar sua queda.
Deu-me arrepios. Juntei minhas últimas forças e consegui agarrá-la ainda na manga, quando ela estava prestes a jogar-se também para baixo. Parecia como se agora todas as forças a tivessem abandonado, ela caiu em meus braços e eu a puxei para longe da borda perigosa.

“Hu-na, o que fizeste?” exclamei sacudindo-a.
Então ela despertou como de um sonho.
“A criança!” gritou ela. “Eu tinha que sacrificar uma criança, para que os deuses me dessem outra!”
“De onde tiraste a criança?” perguntei horrorizado.
E, olhando-me, ela respondeu:
“Ninguém me viu, entrei bem silenciosamente e tirei a criança de Fu-sa. Ela ainda tem muitos filhos, não lhe fará falta.”
Sacudi-a novamente com força e gritei horrorizado:
“E tu jogaste a pobre criança no abismo? Não escutaste o seu choro?”
“Escuta!” disse Hu-na e, no silêncio ao redor, ouvimos claramente um choro lamentoso vindo lá de baixo. Soava miseravelmente abandonado e Hu-na tremia no corpo todo, quando ouviu. “Os deuses não aceitaram o sacrifício!” murmurou ela e depois caiu desmaiada aos meus pés.
Eu a levantei e a levei para casa. Não podia cuidar da criança, senão Hu-na teria morrido, e não havia caminho do alto para o abismo, no qual a trouxa havia caído. Com grande esforço consegui levá-la para casa, mas desde então ela está deitada aqui como vês, ó sábio. Eu te rogo, agora que sabes da verdade, ajuda-a, a pobre Hu-na!”

Profundamente abalado, Miang escutava o relato sobre o extravio dessa alma humana. Como uma maldição paralisante pesava sobre ela a grave culpa e não a deixava restabelecer-se. O que podia ser feito aqui? Ele sentiu que a mulher ficava mais calma quando a tocava com a mão, quando a colocou na sua testa quente. Por longo tempo a deixou aí e refletia sobre o relatado. Assim os seres humanos se enredam em culpa e não conseguem livrar-se dessa rede sozinhos. Novamente gemeu a enferma. Ela abriu os olhos e, pela primeira vez, havia neles algo como um reconhecimento.
Miang curvou-se sobre ela.
“Hu-na,” disse ele, e sua voz soante parecia encher todo o ambiente; “Hu-na, arrependes-te daquilo que fizeste?”
Assustada, a mulher levantou o braço em defesa. Miang, porém, não cedeu e obrigou o olhar dela se dirigir para o seu.
“Tu roubaste um filho de uma mãe, no delírio de que seu sacrifício pudesse te ajudar! Não sabes que com isso te sobrecarregaste com uma grave culpa? Veja a mãe que chora pelo seu filho perdido e isso deveria ajudar-te a obter uma criança? Com isso barraste o caminho da alma que queria aproximar-se de ti. Ela agora não pode chegar até ti, a tua culpa se interpôs entre vós duas.”
Hu-na irrompeu num choro compulsivo. Parecia que, com isso, dissolvia-se a convulsão, que há tanto tempo a dominava.
“O que devo fazer?” lamentou-se ela.
“Corrija o teu erro,” disse Miang.
“Isso eu não posso,” lamentou Hu-na novamente, e seu choro aumentou.
“Sempre se pode corrigir alguma coisa,” consolou Miang.
“Eu vou ajudar-te para isso, porém, antes de tudo, peça perdão ao Altíssimo, o Qual de ti se zangou com a tua má ação.”
Agora, Hu-na estava disposta a tudo e Miang podia semear os primeiros grãos de um melhor reconhecimento na alma perturbada da pobre mulher. Depois se dirigiu ao homem.
“Trata-a bem, para que ela possa recuperar suas forças,” ordenou ele. “Então eu voltarei e continuarei ajudando.”
O homem queria agradecer efusivamente, mas Miang recusou. Ele tinha que respirar ar puro, nada mais o segurava ali.
Ele saiu da tenda e respirou fundo. Sentiu-se melhor fora ao ar livre e, involuntariamente, dirigiu seus passos para longe do pequeno povoado. Logo havia deixado as choupanas para trás.

Encontrava-se num caminho que o levava através de arbustos floridos de média altura. Respirava fundo o perfume das flores. Como era refrescante depois do ar abafado no quarto da enferma.
De repente, veio ao seu encontro um estranho cortejo. Homens vieram com um tipo de maca. Nela parecia haver um doente. Ele estava coberto, não se podia ver o que estava sendo escondido embaixo. Miang parou e quis deixar passar os carregadores, mas um impulso inexplicável fez com que perguntasse o que estavam carregando. Solícitos, os carregadores colocaram a maca no chão e secaram o suor de suas testas. Um pequeno intervalo pareceu-lhes bem-vindo.
“Estamos levando Hung para o sacerdote, ele está velho e sua alma está disposta a entrar no reino intermediário,” responderam.
“Posso vê-lo?” pediu Miang, e os carregadores levantaram a coberta.
Miang viu um rosto de ancião no qual estavam estampados os vestígios de uma idade avançada. O homem estava deitado tranquilamente e sua respiração era leve. Miang já queria prosseguir, mas teve que fazer mais uma pergunta:
“Para onde o levam, homens?”
“Ao templo, para o sacerdote, para que esse possa rezar suas preces e ajudá-lo a encontrar o caminho,” responderam naturalmente.
“Para o reino intermediário?” perguntou Miang. “E o que ele vai fazer lá?”
“Lá ele aguarda até que haja novamente um corpo, no qual ele possa de novo habitar. O seu corpo atual ficou muito velho.”
“E assim vós sempre voltareis em um corpo novo?” perguntou Miang. “Podeis escolhê-lo?”
“Isto nós não sabemos,” foi a resposta dos carregadores e, com isso, levantaram a maca e queriam seguir caminho. Ao levantar a maca, porém, algo se moveu na extremidade inferior desta, deslocou-se a coberta e Miang viu que ali havia mais uma pessoa, uma criança pequena, que o mirava com seus olhos grandes.
“Quem é essa criança?” perguntou ele e mais uma vez os carregadores deram informação.
“Hung encontrou-a nos arbustos há algumas semanas. Estava chorando e ele atendeu seus lamentos. Então subiu e apanhou-a. Ele quer entregá-la agora ao sacerdote.”

Miang estremeceu. Poderia ser essa a criança que foi atirada por Hu-na, e seria possível um salvamento tão maravilhoso? Pediu que os homens descrevessem o local onde Huang a havia encontrado. Não havia dúvidas, ocorrera um milagre e a alma de Hu-na estava libertada em parte, da culpa mais grave.
“Entreguem a criança a mim,” disse ele aos homens admirados. “Eu sei a quem ela pertence e eu vou levá-la até sua mãe.”
Eles concordaram e assim Miang acolheu a leve carga e levou-a de coração feliz até a choupana de Hu-na.
Lá, ele não era esperado. Tanto maior a surpresa de ele retornar tão depressa que, ao colocar a criança nos braços de Hu-na, suas lágrimas correram abundantemente e afastaram consigo a última teimosia, a última perturbação.
“Agora podes reparar o teu erro, Hu-na,” disse Miang muito feliz. “Devolva a criança à mãe e peça-lhe perdão.”
“Desaparecerá com isso o obstáculo entre mim e a alma que quer vir?” perguntou Hu-na receosa.
Miang confirmou. “Se te arrependeres sinceramente do teu delito e prometeres nunca mais fazer tal coisa, então tudo pode ficar bem. Agora o teu marido deve chamar a mãe da criança, pois tu estás muito fraca para ir até ela.”
E assim aconteceu. Fu-sa apertou seu filho nos braços e, na alegria de tê-lo de volta, esqueceu de sentir raiva de Hu-na. Miang, porém, pôde mostrar às pessoas, agora novamente felizes, que maravilhoso auxílio havia salvado a criança e de Quem, assim tão poderoso partiu essa ajuda. Ele encontrou corações abertos para ouvir, pois o sofrimento, assim como a alegria, os havia amolecido.
Miang teve de prometer que voltaria para contar mais ainda sobre o Altíssimo.

(continua)


Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.

NARRATIVAS DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA) 

No próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:

O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus aos Gigantes – 23/09/16
O Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... – 07/10/16
Servir o Altíssimo Como Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas – 20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho – 26/10/16
No Momento certo se esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir – 17/11/16
Quem Procura Encontra – 24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo – 01/12/16
Servir Com Sensação de Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia – 15/12/16
Outro Caminho a Seguir – 22/12/16
Por Confiança no Senhor – 28/12/16
Do Tirano ao Paciente – 04/01/17
Superar Desafios de Salvamento – 11/01/17