sábado, 1 de outubro de 2016

A Força da Oração






A Força da Oração


por August Manz


“ Tende fé em Deus. –

Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito.
Por isso vos digo: Tudo o que pedirdes em vossa oração, crede que recebereis e tê-lo-eis.

Assim falou Jesus aos seus discípulos, como está escrito no Evangelho de Marcos 11, 22-24.

Uma outra vez ele lhes falou: “Pedi e dar-se-vos-á, pois quem pede recebe.”
E no Sermão da Montanha Jesus ensinou: “E quando orardes, não deveis falar em demasia como os gentios, que pensam que por muito dialogarem serão ouvidos.
Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário antes de vós Lho pedirdes.”
Todas estas palavras do Filho de Deus anunciam aos seres humanos uma profunda Verdade Divina e lhes mostra, como e sob quais circunstâncias eles devem pedir, se quiserem ser atendidos.

Mas a humanidade não compreendeu direito as palavras de Jesus. Os seres humanos degradaram a oração, a aproximação a Deus, tanto antigamente como agora, num tagarelar impensado de palavras compostas, ou acostumaram-se – numa compreensão errônea da confiança exigida para que sua oração fosse atendida – a exigir de Deus realizações que contradizem as leis da natureza, a perfeição Divina. Pois deixaram de notar a primeira e mais importante pressuposição da oração – a crença verdadeira e correta em Deus. 
Apenas quem realmente encontrou Deus e reconheceu as leis Divinas que perpassam a Criação, é capaz de orar de forma correta. 
Então também compreenderá de maneira acertada as palavras a respeito do monte, que se lança ao mar.

Os reconhecimentos necessários para uma correta oração foram anunciados aos seres humanos de forma clara e inequívoca na Mensagem do Graal. 
E hoje queremos observar, como o ser humano deve orar e o que ele pode orar, se quiser orar no sentido desejado por Deus, com justificada confiança em sua realização, a qual se concretiza então para ele, na confiança da força auxiliadora e abençoada da oração.

Observemos primeiramente, o que o Filho do Homem nos revelou sobre os acontecimentos espirituais de uma oração, seu desenrolar e formar e seu desenvolvimento progressivo, pois então todas as conexões tornar-se-ão mais fáceis de se compreender.

Na dissertação “A Oração” é mencionado o seguinte:

“Nem todas as orações atingem o Altíssimo Dirigente dos Mundos. Pelo contrário, é uma exceção muito rara que uma oração realmente consiga chegar até os degraus do trono. Também aqui a força de atração da igual espécie representa o papel mais importante, como lei básica.
Uma oração sinceramente intencionada e profundamente intuída, atraindo por si mesma e sendo atraída pela igual espécie, entra em contato com um centro de forças daquela espécie da qual o conteúdo principal da oração se acha impregnado. Os centros de forças tanto podem ser denominados seções de esferas ou possuir qualquer outra designação, no fundo resultará sempre no mesmo. A reciprocidade traz então aquilo que foi o desejo essencial da oração. Seja sossego, força, repouso, planos subitamente surgidos no íntimo, solução de difíceis perguntas ou quaisquer outras coisas. Sempre advirá disso algum bem, mesmo que seja apenas o próprio sossego fortalecido e concentração, que por sua vez conduzem a uma saída, a uma salvação.
Também é possível que essas orações emitidas, aumentadas em sua força pelo efeito recíproco de centros de força de igual espécie, encontrem um caminho de matéria fina para pessoas que devido a isso são estimuladas a trazer de alguma forma auxílio e, com isso, a realização da oração. Todos esses fenômenos são facilmente compreensíveis, observando-se a vida de matéria fina. Igualmente aqui reside a justiça de que o fator decisivo numa oração sempre se constituirá na disposição interior da pessoa, a qual, de acordo com a profundidade de sua intuição, determina a força, portanto, a vitalidade e eficiência da oração.”

Estas palavras da Mensagem já nos deixam reconhecer, que a força da oração e, com isso, sua eficácia, depende diretamente da constituição daquele que ora.

Qual é então a correta constituição interior de uma pessoa que ora, a qual, de acordo com sua espécie e aprofundamento, determina a força de uma oração? 

A primeira pressuposição é uma correta sintonização em Deus e com isso um correto enquadrar-se nas Leis Divinas da natureza. 
Pois apenas quem possui a verdadeira crença em Deus e em Sua Onipotência e Perfeição, também pode orar com uma confiança sentida de forma verdadeiramente profunda. 
E apenas essa confiança transmite força à oração. Pois “credes que recebereis” – disse Jesus – “e tê-lo-eis.”

Uma pessoa que crê de forma correta em Deus, sabe que sua confiança no auxílio Divino, na proteção, que a efetivação da Vontade Divina outorga ao ser humano que serve a Deus de maneira correta, é fundamentada e justificada. 
Pois ele também conhece a atuação das Leis Divinas, as quais, entretecidas de maneira férrea na Criação são como uma rede de nervos que perpassam todo o Universo e trazem ao ser humano o destino, que ele mesmo forma para si por meio de seu livre-arbítrio.

Ele conhece automaticamente atuante Lei da Reciprocidade, a qual traz e tem de trazer ao ser humano individualmente, aquilo que ele semeou. 
E ele sabe que foi Deus mesmo que inseriu essas leis na criação e que por isso cada acontecimento que atinge o ser humano, ocorre de acordo com a Vontade de Deus e é um efeito dessa Vontade Divina perfeita.
Contudo, devido ao fato de conhecer o atuar férreo das Leis da Natureza e sua inalterabilidade, que está condicionada pela perfeição de Deus, o ser humano corretamente sintonizado também jamais pedirá por algo, cuja realização só seria possível por um desvio das Leis Divinas, cuja concretização faria necessário um ato arbitrário de Deus. 
Pois ele sabe que isso não pode acontecer e que um pedido a tal respeito já seria um pecado contra o Espírito Santo, já que com isso se exigiria uma torção das Leis Divinas da natureza e um rompimento da perfeição de Deus.

A partir do mesmo reconhecimento aquele que pede também evitará pedir por determinadas coisas ou acontecimentos e então ficar sentado com as mãos em devoção sobre o colo, até que lhe seja realizado o pedido.
Pelo contrário, ele levará em consideração as palavras do Filho do Homem, que ele nos diz na interpretação do “Pai Nosso”:

“Não se esqueça o ser humano de que numa oração, precisamente, apenas deve buscar a força para poder ele próprio realizar aquilo que pedir! Assim deve orar!”---

O ser humano pedirá, portanto, sobretudo, pela seriedade e pureza de sua vontade no que diz respeito ao seu pensar, falar e agir – mesmo em assuntos bem pessoais, e pela força de executá-la de forma correta e segundo a Vontade de Deus. 
E quando uma tal oração em busca de força para a boa vontade se realiza em uma profunda seriedade, então também será atendida. 

A Mensagem anuncia:

Através da calma e da pureza, a força da intuição aumenta e recebe aquela leveza luminosa capaz de elevar a oração até as alturas de tudo quanto é luminoso, de tudo quanto é puro. 
Então advirá também aquela realização que será mais proveitosa ao suplicante e que realmente o levará para frente em toda a sua existência! ---

A oração é tanto mais eficaz, quanto mais profundo for o fervor com que um pedido é intuído e pronunciado.