terça-feira, 17 de outubro de 2017

IS-MA-EL III






Leitura do trecho anterior

IS-MA-EL


“Realização te seja dada por toda a eternidade, tu, cujo amor alcança para além dos limites da tua origem!” chamou a voz divina. “Sabendo irás atravessar a peregrinação de teus cumprimentos, como fiel preparador do caminho da Luz. Is-ma-el! A primeira fase de tua preparação já começou! Aprenda na atividade, para que tu saibas a quem tu pertences!”
E nas alturas mais elevadas surgiu a Pomba sagrada. Ela pairava lá, na Luz de Deus, e uma coluna de Luz fluiu dela para o sagrado Templo.
“Olhe mais!” e de lá rolou uma bola de Luz. Sobre a mesma estava, como que flutuando um sagrado, maravilhosamente puro receptáculo feminino; orando Is-ma-el se prostrou, e a coroa de estrelas de Elisabeth enviou a corrente verde clara como cristal, da Luz para baixo, sobre a cabeça do espírito.
“Eu sou a Mãe primordial Elisabeth, de mim nasceu o Rei da Criação, para vossa salvação, olhe para mim! A pura criança divina, que de mim nasceu, eu a confio à tua fidelidade. Ide adiante para colher experiências, aprendendo experiência ele segue, ensinando experiência conduza-o tu, aqui através do vale da Criação, até o vale de seu cumprimento!
O menino, o qual a Mãe primordial trazia nos braços, quem era ele? “Eu a Sou, a Palavra!” falou então a voz do Senhor. “Aguarde com paciência até tua aprendizagem conduzir-me até ti!”
A corrente de fogo de Deus tocou o espírito vivo de Is-ma-el, e em sua força imediata o submergiu em profundo sono de preparação. Era um estado de estar envolvido por invólucros subordinados a leis mais finas e elevadas. Ele sentia exatamente o seu eu consciente e, no entanto, estava em outras vibrações, num estado mais delicado e irradiante de irradiação mais delicada.
O que Is-ma-el aí vivenciou, foi o estado de sua espécie-primordial, que foi derramado sobre ele do mais alto receptáculo. Ele se encontrava parado numa coluna de força. Ele pôde ver e reconhecer o espiritual mais puro em sua mais elevada perfeição, a qual nunca modifica a sua espécie. Além disso, foi-lhe dado a capacidade de compreender o Divino-enteal, assimilar na compreensão. Isto era de fato apenas um pressentir, contudo, uma espécie de sentido, que jamais poderia ser dado a algum outro Criado.

Nesse estado estava Is-ma-el na coluna de força, que provinha do mais sagrado Templo, cuja parte divina ele vivenciou e, com isso, a existência da Palavra em suas sagradas transformações e revelações. Ele vivenciou Parsival! Parsival era para ele o receptáculo da força, que tomou forma como imagem de Deus. A forma exemplar para tudo o que foi criado, o que tudo sabe e através de quem flui a lei.
E para reconhecer isso, ajudaram-no as correntes auxiliadoras dos nomes Is-ma-el e Titurel.
Ele viu em Parsival a perfeição e compreendeu a natureza de seu núcleo inenteal de Imanuel num receptáculo puro espiritual. Ele compreendeu também a espécie e atividade desse receptáculo perfeito, para algum dia constituir as pontes do espírito da Criação posterior até a matéria.
Tudo o que Is-ma-el anuncia está fora do espaço e tempo, é verdade vivenciada, ação viva. Nisso, ele se utiliza de palavras, pois somente elas podem dar aos espíritos humanos o conhecimento disso. Devido a isso as palavras muitas vezes são ásperas demais, duras demais e rudes para aquele misterioso atuar da mais alta atividade.
Is-ma-el teve que aprender primeiro a formar as palavras de acordo com as leis primordiais de Deus, para que algum dia Parsival possa compreendê-lo na Terra, quando ele o guiar. Nisso residiu também o maior mistério da intimidade dessa ligação do divino com o Criado: o saber do núcleo primordial divino da Palavra, seu conhecimento, sua capacidade de utilização. Por isso também sua vivacidade.
“Eu amo a Deus, a Luz!” era a oração mais elevada de Is-ma-el. Nisso repousava tudo. Seu reconhecimento, seu saber, sua vontade, seu cumprimento. Pois ele era plena e integralmente de Deus, do Senhor.
Continuamente afluem os fios de força para baixo, sobre Is-ma-el, que o envolviam como colunas de luz, e o desenvolviam segundo sua capacidade. Ele vivia neles, via-os e encontrou neles contato com o Senhor. Assim era, antes de Parsival ter vindo para Patmos, para o desenvolvimento de sua experiência para a futura missão na materialidade. Patmos incandescia de modo diverso a cada hora de vibração num tom predominantemente luminoso. Irradiando um azul profundo até o mais delicado tom de luz, percorrendo todos os degraus de maravilhosas cores segundo a mais sagrada lei do desenvolvimento. Sempre de novo se fechando em círculo, até a cor primordial, e se repetindo de dia de luz a dia de luz. O início-primordial de um grande conceito espiritual de espaço e tempo. A sabedoria das leis sobre cores, sons e números era aqui recebida de cima como numa salva puríssima. A ela serviam filhos de Is-ma-el, em atividade espiritual sábia, sacerdotal, como primeiros guardiões na Criação posterior.

Seus olhos são especialmente brilhantes e de particular agudeza, com luzir azul, e parecem singularmente redondos e grandes. Os rostos são compridos, ovais, os narizes finos e estreitos. Estreitas são também suas bocas, e finos os lábios. Eles mostram em tudo a expressão da exigência e são severos, mas ricos em amor.
Um murmurar vibra em torno deles: “Com o nosso querer nós construímos o nosso reino, o reino do espiritual perfeito. Nós lançamos as sementes que logo germinaram, pois na Palavra nós somos puros e fiéis. Nós preparamos o Salvador para a Criação, para que ele, julgando, possa espalhar a justiça na sua mais profunda escuridão. Nós temos vivenciado as sagradas revelações da Palavra divina, transformando-as em nós para utilização no respectivo plano. Desde o começo nós preparamos o solo para aquele que viria.
Nós O conhecíamos, nós temos o Seu nome, nós portamos o sinal luminoso em nossas testas! Nós sabemos Dele. Nós vivenciamos o Seu nascimento na Criação posterior, o qual aconteceu como um despertar flamejante. Nós vivenciamos a Palavra de Sua sagrada boca e Sua voz, e nós achamos a ceia que Ele havia nos preparado na hora certa, e nós a acolhemos no servir vivo!”

Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):