quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Outro Caminho a Seguir







Outro Caminho a Seguir   

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Partindo das montanhas nevadas na decisão formada de servir o Altíssimo, assim seguia o jovem Miang, que após aprender com seu primeiro mestre, encontrou Fong para ampliar seu saber, o qual logo se identificou ser um príncipe; na situação de defender seu reino desobrigava-se de ensiná-lo, passando a dar ordens também para o seu antigo aluno, que por obediência serviu-lhe de mensageiro numa súbita missão, indo viajar a um local desconhecido para realizar a entrega, de uma bolsa ao soberano local, cujo seu conteúdo, sem saber, era vazio...

 Assim aconteceu por algum tempo, até que Miang pôde começar a falar aos homens do Altíssimo; de Quem, todos estes “entes bons”, eram servos. Os Waringis desconheciam o medo de entes “maus”, eles acreditavam que, saberiam lidar com tudo, se o enfrentassem sem medo. Miang encontrou muitos corações abertos também entre as pessoas simples e viu brotar a semeadura que lhe foi permitido semear. Agora toda noite era encerrada com um agradecimento ao Altíssimo e cada manhã iniciada com um pedido por auxílio e orientação.
Miang tentava esclarecer aos homens que eles não somente deviam obediência ao príncipe Hador, mas antes de tudo ao Altíssimo, pois todos eram criaturas Dele, que os criou. E isso eles entendiam bem, somente indagaram: “O que Ele nos ordena? Não conhecemos a Sua vontade”.
Agora podia ser dado o segundo passo. Miang explicou, que o príncipe esforçava-se por esclarecer-lhes a vontade do Altíssimo e que ele queria proceder segundo a mesma. Eles somente precisariam seguir às suas instruções. Inicialmente deveriam, durante o inverno, abrigar os Aulas, que estavam em dificuldades.
Aí, no entanto, houve fisionomias insatisfeitas, pois isso representava escassez de alimentos para todos. Miang, porém, esclareceu: “Como seria, se vós estivésseis nessas dificuldades? O que vós diríeis se os Aulas simplesmente vos rejeitassem levianamente?”
Desse ponto de vista o assunto já parecia ser diferente e quando Miang ainda anunciou: “O Altíssimo vos recompensará, se vós auxiliardes os Aulas,” a maioria deles deu-se por satisfeita.
A tribo dos Waringis despertava sempre mais no saber do Altíssimo e com bem outros olhos os homens olhavam para o seu príncipe, que se tornara um servo do Altíssimo. Seus olhos brilhavam e seus passos tornaram-se ainda mais firmes, as palavras que proferia mais determinadas.
Os Aulas foram acolhidos e sustentados pelos Waringis durante o inverno. Não demorou muito e mostrou-se, que bons frutos essa ajuda abnegada trouxera. Pois no final do inverno, quadrilhas de ladrões empreenderam novamente assaltos aos rebanhos da tribo, que pastavam em região mais afastada. Como a tribo dispunha agora de homens suficientes, sempre puderam se defender e não houve prejuízo maior.

Na primavera, depois de celebrarem votos de amizade permanente, os Aulas partiram para pastagens mais afastadas para criar novos rebanhos. Continuaram, porém, em ligação constante com os Waringis, os quais prometeram-lhes sua ajuda, caso a necessitassem.
A missão de Miang junto aos Waringis estava terminada. Certa noite aproximou-se dele o luminoso e ordenou-lhe que retornasse para Fong, pois este necessitava dele. Miang estava de acordo. Mais uma vez estava ele sentado na tenda de Hador, que lamentava a sua partida. Miang, porém, prometeu: “Se necessitares conselho e auxílio, ó principe, envie um mensageiro para o príncipe Fong. Ele o ajudará.”
A despedida foi calorosa, porém curta, como é costume entre homens. Hador deu a Miang um acompanhamento, que o conduziu em segurança de volta sobre as montanhas.
Já apareciam os prenúncios da primavera. Os ventos sopravam mais amenos, um verde tenro cobria as encostas e, aqui e acolá, brotava da terra o cálice colorido de uma flor.
Miang sentia seu coração tão leve, tão feliz! Ele sabia que tinha cumprido sua missão e, mais uma vez, agradeceu ao Altíssimo do fundo de seu coração que lhe foi permitido cumpri-la. O olhar de Fong pairou com agrado sobre Miang, quando este retornava. Estava mais másculo e mais amadurecido, sua postura mais determinada e mesmo assim discreta.
“Vejo que tens aprendido alguma coisa com os Waringis,” com essas palavras cumprimentou Fong seu antigo aluno e protegido. Nenhuma palavra de elogio sobre o trabalho executado passou pelos seus lábios, mas isso Miang também não esperava. Tinha somente o único desejo: ser incumbido de uma nova missão. Também não demorou muito até que Fong o chamasse novamente.
“O Altíssimo está satisfeito com seu servo Miang,” assim iniciou a conversa, para a qual havia mandado chamar Miang. “Porém, isso foi somente o começo de tuas atividades. Grandes missões ainda te aguardam Miang, diante das quais a instrução dos Waringis era somente uma pequena preparação. Mais profundamente deves penetrar agora no saber sobre o Altíssimo, a Sua vontade e os Seus mandamentos. Para isso necessitarás de outro mestre, Miang, eu não posso te ensinar mais nada de novo. Mas o Altíssimo sabe para onde quer te mandar, para poderes continuar a aprender e amadurecer. Depois volte para cá, também aqui ainda tens missões a cumprir junto ao meu povo, onde já começaste a ensinar. O Altíssimo mandará mostrar-te o teu caminho.”

Miang, totalmente realizado com essa notícia, voltou para sua tenda. Ele sabia que não devia preocupar-se, nem pensar sobre o próximo passo de seu caminho. O Altíssimo mandava guiá-lo com mão forte, ele somente devia deixar-se conduzir, então tudo daria certo, tudo aconteceria conforme o desejado de cima, pelo Altíssimo. Novamente Miang teve que aprender a dominar sua impaciência, seu ímpeto juvenil, pois se passaram dias, antes que lhe foram transmitidos detalhes sobre sua nova missão.
Novamente Fong mandou chamá-lo e indagou: “Como é, Miang, como estás? Já sabes, o que o Altíssimo exige de ti?”
Miang não o sabia. Começou a sentir vergonha, mas Fong não deixou chegar a isso.
“O Altíssimo me deu a incumbência de equipar-te para uma longa caminhada,” disse Fong solenemente. “Tua caminhada será longa, pois servirá para que continues amadurecendo no reconhecimento da grandeza do Altíssimo e no reconhecimento daquilo, do que um servo do Altíssimo necessita para tornar-se realmente útil. Deves aprender agora a abrir teu olho interior e teu ouvido interior, Miang, e é isso que o Altíssimo exige de ti antes de tudo. Para isso é necessário que aprendas o silêncio, pois quem quer assimilar mensagens das alturas, não pode expressar suas próprias palavras em voz alta. Do contrário iriam sobrepor-se às finas vozes dos mensageiros luminosos, que querem aproximar-se de ti. “Entendeste o que eu disse, Miang?”
Clara e abertamente Miang olhou nos olhos de Fong. “Sim,” disse ele, “eu compreendo e agradeço ao Altíssimo, que quer honrar-me com Sua bênção.” Fong estava satisfeito.
“Então te apronta para partires amanhã, Miang,” acrescentou ainda. “Deverás caminhar a pé, pois necessitarás de cada hora de tua caminhada para o teu desenvolvimento. Leva tanta provisão quanta puderes carregar, sem te pesar muito, e, depois, confie no auxílio do Altíssimo, que mandará conduzir-te.”
Uma emoção mais branda quis se apoderar de Fong, quando viu Miang diante de si, ainda tão jovem, tão intocado pela vida. Porém, sabia que não poderia amolecer. Assim dispensou Miang com breves palavras.
“Venha me ver mais uma vez amanhã cedo, talvez tenha mais uma mensagem para ti,” foram suas últimas palavras.
Nessa noite Miang não conseguiu dormir muito. Imagens apareciam diante de seus olhos interiores, uma seguia a outra, ele não conseguia retê-las. Seres humanos, montanhas, animais desfilaram diante dele, percebia trajes e sons estranhos. Ele sabia que isso estava ligado à sua missão, isso lhe bastava. No dia seguinte, ao nascer do sol, encontrava-se Miang, pronto para a viagem, diante do príncipe Fong. Abençoando este colocou sua mão direita sobre a cabeça de Miang.
“Siga, Miang, meu filho, para onde o Altíssimo mandar conduzir-te. Teu caminho segue para sudeste. Tornaremos a nos ver novamente. Leve a minha bênção contigo.”

Profundamente comovido despediu-se Miang de seu velho professor. Ainda não sabia para onde o levariam os seus passos, sabia somente que o Altíssimo mandaria mostrar-lhe o caminho, Nele depositou toda sua confiança. E não foi decepcionado. Quando Miang deixou a tenda de Fong, estava diante dele o seu amigo luminoso e indicou com a mão para o caminho estreito que levava através do amplo vale até as colinas distantes, atrás das quais se encontrava o alvo de Miang.
“Dirija os teus passos para lá, Miang,” disse o luminoso. “Terás ajuda assim que a necessitares.”
Alegre e fortificado caminhava Miang, distanciando-se da tribo amarela, de seu protetor, ao encontro de um futuro desconhecido. Mas sentia alegria, nada mais que grande alegria e feliz expectativa. Parecia a Miang, que não estava indo sozinho para o desconhecido. Tinha a impressão de sentir leves passos ao seu lado, que aligeiravam os seus, e caminhava alegremente, ora refletindo profundamente, ora expressando palavras alegres de agradecimento ao Altíssimo.
O caminho estreito serpenteava por entre colinas e paredes rochosas. Sempre de novo parecia ter chegado ao fim e sempre aparecia de novo diante dos olhos de Miang após uma curva. Perto do meio-dia esquentou, e Miang resolveu descansar um pouco. Comeu algo de suas provisões trazidas, depois se deitou numa encosta ensolarada e fechou os olhos. Parecia-lhe então como se ouvisse finas vozes murmurando ao seu redor. Algumas perguntaram: “Como é que esse homem vem até o nosso reino?” E outras responderam: “Quieto, ele foi enviado. Nós devemos ajudá-lo.” Miang não ouviu mais nada, pois tinha adormecido. Quando acordou, sentiu frio, pois havia surgido um vento fresco e já era de tardezinha. Assim, continuou sua caminhada. Tudo era solidão ao seu redor, silencioso e sem vozes humanas até que, ao entardecer, encontrou pastores, que permitiram que ele se esquentasse junto à sua fogueira . Admirados olhavam para o estranho viandante, que era tão diferente deles. Eles acharam que deviam adverti-lo.
“Forasteiro,” iniciou pausadamente um homem de mais idade, “cuida-te dos assaltantes que perambulam por esta região. É um bando especialmente perigoso, pois tem um chefe que não recua diante de nada.”
Miang não mostrou medo. “O Altíssimo irá proteger-me,” disse confiantemente.

Os pastores olharam-no admirados.
“Este deve ser um príncipe muito poderoso, que te protege,” recomeçou o porta-voz. “Onde ele mora? Nós podemos ir até ele?”
Ali estava novamente o feliz sinal para Miang, de que ele podia dar de seu tesouro do saber. E o fez de muito bom grado. Calados escutaram os seus ouvintes e não interromperam sua narrativa com nenhuma palavra. Quando Miang silenciou, continuaram em silêncio. Inacreditável
parecia-lhes essa nova.
“Quando vos encontrardes alguma vez em perigo, então chamem por Ele!” disse Miang.
“Poderão vivenciar o Seu poder.”
Caiu a noite. Os homens enrolaram-se em cobertores quentes indo deitar-se para dormir junto ao fogo que ia se apagando lentamente. Uma lua minguante pálida estava no céu. Miang demorou a adormecer. Olhava para o céu escuro da noite e o seu interior procurava Aquele cujo servo lhe foi permito ser. Invisível era o Altíssimo, isto Miang sabia. Ele era muito elevado para o olho humano, para a razão humana. Mas, não seria possível ver um pouco de Sua magnificência, de Sua luz? Pois, que ao redor Dele devia estar a luz, sim, que Ele mesmo seria a luz, isso Miang sabia em seu íntimo.
Sempre quando escutava assim seu íntimo, começava a surgir um algo dentro dele, que ele não podia segurar, nem podia agarrar. Quando queria examiná-lo melhor, desfazia-se diante de seus olhos.
“Isto não é tua tarefa agora, Miang,” murmurou novamente uma fina voz no seu íntimo, que já escutara uma vez. “Mais tarde também te será concedido aquilo por que anseias. Mas somente quando tiveres cumprido tudo para o que o Altíssimo te necessita. Não continua procurando agora.”
A voz calou-se e profunda paz envolveu a alma de Miang. Sobre asas macias veio o sono e carregou-o junto. Levou-o até a altura para onde a sua alma havia ansiado inconscientemente. Acordou na manhã seguinte fortalecido e alegre. Estava sozinho. Os pastores haviam partido com seus animais. Mas tinham deixado um pão e um queijo ao seu lado. Dessa forma quiseram agradecer a ele. Animado, mordeu o duro pão e comeu o queijo gostoso. Um riacho na proximidade saciou sua sede.
“Assim Tu me deste para comer, Altíssimo, eu Te agradeço!” falou satisfeito e preparava-se para partir. Nesse instante levantou-se à distância uma nuvem de poeira, ouvia-se o tropel de cavalos e gritos agudos. Miang esperou calmamente pelo que estava por vir. Ele sabia que nada iria lhe acontecer, que não fosse da vontade do Altíssimo.
Com grande gritaria veio um bando de cavaleiros selvagens ao seu encontro. Rodearam-no e desceram de seus cavalos. Um dos bandidos, aparentemente seu líder, dirigiu-se a ele aos berros: “Quem és tu e de onde vens?”
Calmamente Miang respondeu:
“Sou um peregrino e venho do noroeste.”
“Para onde vais?” quis saber o ladrão.
“Para lá aonde fui enviado,” foi a resposta, que novamente não satisfez o líder.

(continua)

Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.

NARRATIVAS DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA) 

No próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:

O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus aos Gigantes – 23/09/16
O Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... – 07/10/16
Servir o Altíssimo Como Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas – 20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho – 26/10/16
No Momento certo se esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir – 17/11/16
Quem Procura Encontra – 24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo – 01/12/16
Servir Com Sensação de Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia – 15/12/16