segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Aliança com Deus - Manz






A Aliança com Deus


porAugust Manz


No decorrer dos milênios a humanidade se desviou muito da Luz – por culpa própria. O cultivo excessivo do raciocínio criou o solo frutífero cheio de veneno, do qual cresceram as inúmeras plantas da vaidade humana terrena em número cada vez maior, aumentando cada vez mais a força, em milhares e milhares espécies diferentes, até que por fim um cipoal das trevas espessamente ramificado tornou impossível a entrada da Luz para a materialidade.
Os seres humanos criaram, eles mesmos, esse pântano de injustiça e imoralidade, de enganação e tortuosidade. Mas sozinhos eles não eram mais capazes, por força própria, de abrir caminho nesse cipoal e de reencontrar o caminho para a Luz.
Aí Deus-Pai, em Sua infinita bondade, apiedou-se da humanidade transviada e enviou um Salvador, que veio à Terra cumprindo a Vontade Divina, da qual ele havia se originado. Vibrações puras da Luz vieram junto com ele das alturas luminosas para a profundeza da Matéria Grosseira, rechaçando as forças e as vibrações das trevas por si. Como uma parte da Justiça Divina Abdrushin, Filho do Espírito Santo, trouxe uma justiça equilibradora também para os seres humanos desta Terra. E sua existência trouxe automaticamente o desencadeamento das leis Espirituais.
O povo dos judeus, amadurecido pela penúria sofrida, pôde acolher as vibrações purificadoras da Luz; o fluxo de Luz fluía curando e banindo o que era impuro em suas almas. E o povo egípcio fora golpeado e julgado de forma dura em sua injustiça e imoralidade.





Assim fora criado o solo para uma nova e firme ancoragem da Luz sobre a Terra. E os Dez Mandamentos que Deus deu sobre o Monte Sinai, deveriam possibilitar então às criaturas humanas, que as trevas fossem totalmente rechaçadas e definitivamente aniquiladas por elas mesmas.
“Se obedecerdes minha voz e mantiverdes minha aliança, deveis ser minha propriedade à frente de todos os povos; pois toda a Terra é minha.
E deveis ser para mim um reino sacerdotal e um povo sagrado.”
Deveria ser uma aliança eterna aquela que Deus firmou com a humanidade no monte Horeb, a montanha da Lei, aliança essa que poderia deixar surgir novamente o estado puro que imperava no início da história de humanidade. Os seres humanos deveriam se tornar “um povo sagrado” segundo a Vontade de Deus, segundo o que Ele revelou através de Moisés. E para cumprir corretamente essa Vontade do Senhor – para tanto Ele havia dado aos seres humanos a possibilidade – havia a Palavra que Ele revelou por meio da Verdade viva e que colocou como base dessa aliança; pois os Dez Mandamentos continham tudo o que os seres humanos precisavam para viver corretamente a Vontade de Deus “em um reino sacerdotal”, para se encontrarem acertadamente nas leis da Criação e assim poderem ascender à Luz.









O pensar e agir dos seres humanos podia ter cumprido a aliança com uma existência ativa – se apenas tivessem agido como o Senhor e Deus lhes havia ordenado e se não tivessem se desviado, nem para a direita e nem para a esquerda; mas se tivessem cumprido com a própria vida a palavra dos Mandamentos, estando conscientes na Criação e se inserindo nas Leis, que lhes foram reveladas.
Como convocado e escolhido, o povo dos judeus poderia e deveria trilhar por todos os caminhos que o Senhor ordenara e também poderia viver de acordo com o sentido Divino; e os tempos felizes e bem-aventurados da pureza e da inocência, onde o ser humano formava o elo de ligação entre o mundo Espiritual e Material, mantendo os mundos Grosso e Fino Material unidos como um só, poderiam voltar novamente.
Mas os judeus não fizeram como lhes fora ordenado; a Palavra Viva que lhes fora dada, deixaram que se transformasse em letras mortas. A vida interior dos Mandamentos, que teria atuado de forma criadora e vivificante, apagou-se através da concepção falsa que deram e esses Mandamentos, arrastando-os completamente ao campo terrenal de sua vaidade e de seu raciocínio, presos à Terra. 






Assim eles destruíram, com seu agir hostil à Luz, a base da aliança, a qual só poderia existir e ser eficaz, se os seres humanos se mantivessem abertos à Luz que lhes afluía. Os seres humanos só mantiveram certa ainda a forma da aliança, festejando anualmente o retorno do dia em que Moisés havia recebido os Mandamentos Divinos. Na realidade a aliança não existia mais, a ligação que a Luz fizera com a Terra fora rompida, pois os seres humanos haviam destruído novamente as pressuposições para essa ligação.
O anel dos acontecimentos fechou-se plenamente quando os seres humanos assassinaram o Filho de Deus, Jesus, que havia vindo para restabelecer a ligação entre Deus e as criaturas humanas na Terra. A cortina no Templo rasgou-se – – nada mais havia restado da antiga ligação com a ruptura desse símbolo. – – –
Um novo e poderoso acontecimento teve início, um novo anel começou a vibrar, em cujo princípio encontra-se o grave carma com que a humanidade se sobrecarregou com o assassínio do Filho de Deus.
Nesse princípio encontra-se, portanto, a Solenidade de Pentecostes, a respeito da qual nos é relatado pela história dos Apóstolos; o dia no qual a efusão se realiza, a força do Espírito Santo flui. Os discípulos receberam então, com isso, força para levarem adiante a missão de Jesus violentamente interrompida, para difundirem Sua Palavra.
As igrejas cristãs celebram esse dia também como dia de recordação do início de uma nova aliança, como dia da fundação das igrejas cristãs. Portanto, o profundo e verdadeiro sentido do acontecimento de outrora não foi assimilado pelas igrejas. Por isso a festa de recordação das igrejas também permanece, em qualquer aspecto, uma forma exterior e terrena, como as próprias igrejas – sem conexão com o acontecimento espiritual. Na realidade, outrora não se realizou nenhuma nova aliança entre Deus e as criaturas humanas.
Os discípulos certamente receberam nesse dia a força viva que fluíra no dia da Pomba Sagrada sobre a Criação inteira. E essa força podia se tornar especialmente eficaz neles. Pois estavam reunidos outrora em memória de Seu Senhor que havia ascendido e que lhes havia prometido enviar o espírito, portanto, a Força Viva. Através dessa memória intensa suas almas estavam amplamente abertas e podiam acolher plenamente a força que fluía sobre o mundo inteiro e também sobre eles. Nos discípulos, para os quais o caminho fora possibilitado e aplainado de forma mais fácil pela existência terrena do Filho de Deus, pode chegar, então, em conseqüência dessa maior prontidão, a força Divina oriunda do Santo Graal a um efeito quase milagroso, bem mais poderoso do que para a Terra. Assim os discípulos tornaram-se capazes de ensinar a Palavra de Deus e de divulgá-la, e através disso mostrar o caminho para a Luz aos seres humanos e trazer a salvação, assim como Jesus lhes havia trazido.










Mas uma ligação entre Deus e os seres humanos como os Dez Mandamentos poderiam ter deixado surgir, não surgirá agora. Isto se tornara impossível pela culpa dos seres humanos que interromperam a missão do Filho de Deus, pela morte na cruz.
Enquanto Cristo andava sobre a Terra, existia uma nova ligação com a Luz, em uma pureza e força que as trevas eram rechaçadas. Pois Jesus, o Portador da Luz, era, Ele mesmo, Luz da Divina Luz do Pai. Mas com a morte terrena do Filho de Deus e Seu retorno ao Pai a ligação para a Luz fora de novo totalmente destruída. Por culpa dos seres humanos a Luz se retraiu da materialidade. A Palavra Divina, a Verdade Divina que Deus enviou aos seres humanos por meio de Seu Filho poderia ter deixado surgir uma ligação, a qual seria preenchida pela mais ativa existência. Um elo de Luz puro e claro poderia unir as criaturas humanas sobre a Terra com a fonte primordial de toda Luz e de toda Força, Deus.
Mas essa possibilidade os seres humanos destruíram novamente, por culpa própria e devido ao seu falhar e ao menosprezo do auxílio Divino, devido à arrogância própria e ao querer saber melhor luciferiano.
Agora não podia mais surgir nenhuma aliança; agora a Terra teria que ser deixada totalmente ao domínio das trevas, sem auxílio direto da Força Divina, sem ligação com a Luz.
As igrejas não realizaram essa aliança com Deus e nem podiam realizá-la com sua sintonização presa à Terra. Quando as igrejas falam de uma nova aliança, até festejando o dia em que deve ocorrer essa aliança, então fazem isto sem qualquer justificativa, por concepção unilateral de sua suposta missão de ser a mediadora entre Deus e os seres humanos, uma missão que na realidade não lhes cabem, uma vez que não possuem absolutamente nenhuma ligação espiritual e verdadeira com Deus, devido ao seu atamento terreno.
Assim teve de vir a época em que Deus encobriu Seu semblante, como João havia revelado.
Mas, com isso, fechou-se também o círculo do acontecimento que se iniciou com o carma da humanidade pela morte na cruz.
Agora, porém, é chegada a época em que surgem novamente as pressuposições para uma aliança com Deus: pela terceira vez Deus estende aos seres humanos Sua mão auxiliadora. Pois ele enviou para a Terra um raio de Sua Luz Divina, uma fagulha de Sua Força viva em Seu Enviado, o Filho do Homem. Agora surgiu novamente um facho puro, luminoso e claro como cristal, que une a Matéria Grosseira com a fonte primordial e luminosa de todo o ser – através de um mediador, cuja presença preenche, na verdade e de fato, as pressuposições de acordo com as leis de uma ligação entre Deus e as criaturas humanas – enquanto que as igrejas arrogam ter esse cargo de mediação.
O Filho do Homem é o eterno Mediador enviado por Deus, o Filho oriundo de Deus, enviado aos seres humanos. Ser humano Divino, devido à unificação da fagulha Divina com o Espiritual, porta, Ele mesmo, a Luz em si e se encontra em eterna ligação com Seu Pai Divino, com a fonte da Luz.
Sua essência e sua determinação e missão, de acordo com a Vontade de Deus, como Mediador eterno, cria a pressuposição natural e de acordo com as leis para uma aliança eterna com Deus. Pois Ele é e Ele permanece na Criação, determinado a governar nela. E por meio Dele flui continuamente a Força da Luz do Criador, movimentando-se e ondulando por cima e por baixo para eterna ligação. Com o Filho do Homem como Mediador eterno no ápice, o qual ao mesmo tempo é e permanece o servo mais elevado de Deus, a Criação segue seu percurso na uniformidade das leis Divinas, cujas atuações não podem ser mais torcidas pelo pensar e agir errôneos dos seres humanos. Pois agora impera só a Vontade de Deus.









Assim tem de surgir por meio do Filho do Homem, um reino principesco, também sobre a Terra – como Deus já havia desejado com o envio dos Dez Mandamentos. E isso da forma como existe no Reino Espiritual, sob a regência de Parsival, que abrange em si todos os exemplos e ideais, à imagem dos quais o espiritual pode se desenvolver. As criaturas humanas, porém, devem se tornar “um povo sagrado” no Reino dos Mil Anos do Filho. Pois agora será realizada a aliança eterna entre Deus e a humanidade, através da Vontade e da Força do Filho. Em Seu reino Ele obrigará os seres humanos a viverem corretamente nas leis da Criação – ou Ele os aniquilará no Juízo.
A eterna aliança com Deus: o Filho do Homem traz essa aliança à humanidade inteira através da realização de Sua missão, através de Sua existência sobre a Terra – mas Ele também traz essa eterna aliança à criatura humana individual.
Pois o Filho do Homem nos mostrou também, através de Sua Mensagem, como cada ser humano individual pode cooperar com sua parte para o surgimento dessa aliança, como ele mesmo deve contribuir para que a base de ancoragem para a ligação com a Luz se difunda cada vez mais e mais, através de uma existência e um atuar que sejam do agrado de Deus.

Cada verdadeiro procurador pela Luz precisa travar, por si mesmo, a aliança com Deus, ao viver a Verdade que o Enviado de Deus nos trouxe. E se o ser humano individual se sintonizar corretamente nas leis de Deus que nos foram reveladas pela Mensagem do Graal, então ele também se enquadrará de forma harmônica nas vibrações puras da Luz Divina, as quais fluem até a materialidade através do Filho do Homem. Então ele também intuirá a mais elevada felicidade do espírito humano: a proximidade de seu Deus, a maravilhosa certeza de se estar protegido sob a tutela de Deus e de Sua Onipotência, sob a Força e a Bondade de Deus. Então cada um individualmente reconhecerá, num jubiloso agradecimento, a graça indescritível que o Filho do Homem trouxe agora à humanidade – através da eterna aliança com Deus!