quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Por Confiança no Senhor





Por Confiança no Senhor   

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Vindo de origem das altas montanhas nevadas por decisão de servir o Altíssimo, ainda buscava o jovem Miang, que após estudo com seu primeiro mestre, se tornou aluno de Fong, o qual em seguida provou ser um príncipe na difícil situação de defender seu reino sem mais poder ensiná-lo, ainda ministrava ordens também para o seu antigo pupilo; obediente, servia-lhe de mensageiro, se encontrando agora numa súbita missão, enquanto viajava rodeado de assaltantes de percurso...

“Quem te envia?” foi a próxima pergunta, à qual Miang respondeu com toda a calma: “Meu Senhor.”
“E quem é o teu senhor?”
Com estalo o chicote de couro batia nas altas botas, bem próximo a Miang.
“O Altíssimo,” foi a breve resposta de Miang.
Ao ouvirem esta resposta todos caíram em altas gargalhadas.
Miang, porém, permaneceu bem calmo.
“Tu até pareces como se tivesses um senhor elevado, rapaz,” riu o líder ironicamente, tendo bem visto que não havia nada para roubar de Miang, gritou: “Levem-no conosco.”
Rapidamente ataram os pulsos de Miang com tiras de couro sem ele se defender. Um cavaleiro colocou-o na garupa de seu cavalo que, por bem ou por mal, Miang teria de acompanhá-los. Não tinha a menor ideia do que iria acontecer com ele, contudo confiava firmemente na proteção do Altíssimo.
Em galope desenfreado seguia o bando todo, que parecia conhecer cada palmo do chão. Eles praticamente voavam no chão plano, desviando depois para um desfiladeiro estreito, que aparentemente levava somente a um amontoado de rochas para dar, então, uma volta fechada ao redor de uma delas mais saliente.
Admirado, Miang avistou um amplo vale, onde pastavam grandes rebanhos. Aqui e acolá havia tendas sujas. Uma delas que, sendo um pouco maior e originalmente mais ornamentada, parecia ser a do líder. Ao menos ele desapareceu nela e não mais voltou.
Miang foi levado a uma tenda mais afastada e lá pôde sentar-se. Soltaram-lhe as amarras e não mais se importaram com ele. Pelo visto, consideravam-no insignificante demais, para dedicarem-se com isso. Pensativo, Miang observou em seus arredores. Aquilo estava ainda pior do que na tenda de Hisor. Isso, porém, não o oprimiu muito. Ele sabia que devia cumprir uma missão, e somente isso importava.
“Toma!” gritou uma voz rude e grossas mãos de homem aproximaram um pedaço de carne e pedaço de pão para Miang.
Miang levantou o olhar. Apesar do embrutecimento exterior, havia algo de bondoso nos olhos da selvagem figura.
“Eu te agradeço, amigo,” disse Miang. O outro abanou a cabeça. “Eu não sou teu amigo, mas deves estar com fome. Permaneça aqui, até que sejas chamado.”

Com isso deixou a tenda, e Miang ficou entregue a si próprio. Seus pensamentos peregrinavam para longe, em procurando Fong. O que este diria se pudesse vê-lo naquele ambiente, como prisioneiro, entre ladrões? Miang teve que rir levemente. Assim Fong certamente não havia imaginado pelo destino de sua caminhada!
Nesse instante abriu-se rapidamente a entrada da tenda, o “amigo” involutário de Miang apareceu novamente ordenando que o acompanhasse. Miang chamou pouca atenção enquanto passavam por entre as fileiras de tendas. Certamente ocorria frequentemente que presos fossem trazidos para cobrança de resgate.
Miang encontrava-se novamente diante do líder, que ainda segurava o chicote de couro na mão direita. Ele examinou Miang minuciosamente, parecendo, porém, não ter chegado a uma conclusão sobre a sua pessoa.
“Qual é a finalidade de tua viagem?” perguntou repentinamente.
Miang hesitou por um momento. O que deveria dizer a esse homem? Ele não o compreenderia. Aí pareceu como que a resposta lhe fosse colocada na ponta da língua e sem  precisar refletir, Miang deu como resposta: “Eu procuro pessoas.”
“Tu procuras pessoas?” repetiu o líder admirado.
 “E como queres encontrá-las aqui nas montanhas? E por que as procuras?”
“Eu as procuro para trazer-lhes tesouros.”
Avidamente brilharam os olhos do ladrão. Miang não tinha a aparência de alguém que carregasse tesouros consigo, falava, porém, tão firmemente, que o ladrão animado o intimou: “Entrega-me os teus tesouros!”
“Isso eu não posso,” foi a resposta de Miang.
“E por que não?” irritou-se o outro.
“Porque são visíveis somente a pessoas com mãos limpas.”
Miang o disse solenemente.
Perplexo, o ladrão olhou-o fixamente e depois involuntariamente para suas mãos.
“Isto eu não compreendo,” disse ele.
“Não, isto tu não podes compreender, pois as tuas mãos não estão limpas. Sujaste-as com roubo e furto.”
Destemido, Miang proferiu essas palavras graves, o ladrão parecia não se incomodar com isso.
“Eu gosto dessa vida,” disse impassível. “Eu estou bem, nós buscamos aquilo que precisamos.”
“E tornam outras pessoas pobres e infelizes,” prosseguiu Miang. “E se viesse uma tribo ainda mais forte e despojasse-os da mesma maneira? Como seria isso?”
“Pah,” disse o ladrão e cuspiu desdenhosamente no chão,
“Não existe ninguém que seja mais forte do que eu.”
“Estás enganado,” disse Miang e ergueu-se. “Sim, existe alguém mais forte do que tu, diante do qual tu não és mais do que um grão de areia sob seus pés!”

Surpreso, o ladrão encarou Miang.
“Nunca encontrei ninguém mais poderoso do que eu,” tentava convencer Miang, mas este não se deixava calar.
“Tão verdadeiro como o sol se encontra no céu, tão certo a existência de Um, que é Senhor sobre nós todos, ao qual devemos obediência! Quem se rebela contra Ele, a este Ele poderá destruir!”
Havia algo na postura e nas palavras de Miang, que não deixava de impressionar também este coração endurecido. Ele abaixou o olhar diante dos olhos brilhantes de Miang e disse quase tímido: “E tu conheces este grande Senhor?”
“Sim, eu O conheço e sou Seu servo, assim como, Seu emissário! Ele enviou-me até aqui, para advertir-te! Afasta-te do teu erro, senão acabarás mal!”
O ladrão pulou do assento e levantou o chicote. “O que te atreves, forasteiro? Eu vou te mostrar que ninguém manda em mim!”
O chicote baixou zunindo, mas Miang desviou habilmente e o braço do ladrão caiu para o lado. Ele mesmo não sabia o que lhe devia acontecer.
“Tu não podes me fazer mal, se o meu Senhor não o permitir”, disse Miang calmamente.
O ladrão quis avançar sobre ele, mas o seu pé enroscou-se no tapete que estava estendido no chão, tombando no lance pesadamente. Parecia que estava ferido, pois não levantou logo. Miang ajudou-o a se erguer. Constatou-se, então, que não podia firmar o pé direito no chão, devia estar fraturado.
“Reconheces agora o poder do meu Senhor?” perguntou Miang.
 O ladrão olhou fixamente para ele, coisa igual nunca havia vivenciado.
“O que queres dizer com isso?” balbuciou ele. Não era capaz de formular um pensamento claro. Miang logo aproveitou a ocasião.
“Eu quero dizer que o Senhor poderoso, de quem eu falei e que é o meu Senhor, mostrou a ti que Ele me protege,” disse.
O ladrão não sabia o que responder. Miang, porém, prosseguiu:
“Se tivesse sido a vontade do Altíssimo, então Ele também poderia ter te matado. No entanto, não é Sua intenção matar pessoas.
Ele quer melhorá-las, torná-las pessoas melhores, às quais é permitido viver nesta Terra em alegria e felicidade. Podes entender isso?”
Estupidamente o ladrão olhou para Miang. Tudo aconteceu muito rapidamente, ele não conseguia assimilar as palavras de Miang. Miang percebeu que, primeiramente deveria ajudar de outra forma. Ele chamou por auxílio e alguns homens levantaram o seu líder e colocam-no sobre um leito de peles macias e cobertores, rapidamente preparado. Ele gemia de dor.
“Chamem o médico!” ordenou Miang aos homens perplexos. “O pé está fraturado, algo deve ser providenciado imediatamente.”
 Um dos homens saiu e, após instantes, voltou com um ancião de barba grisalha, que cuidadosamente examinou o pé e depois, com habilidade, endireitou o osso fraturado. O enfermo soltou um grito de dor, mas silenciou em seguida. O pé foi entalado com um sarrafo de madeira e depois enfaixado. Até então tudo estava em ordem. O que deveria acontecer agora? Por longo tempo Huda, o líder, não poderia subir num cavalo. Quem deveria liderar a tribo em seu lugar? Olhares interrogativos dirigiam-se ao enfermo, este, no entanto, parecia não estar disposto a dar uma resposta.
“Deixem-me sozinho com este aí!” ordenou e indicou com o dedo indicador preto-marrom para Miang.

Os outros obedeceram, mesmo que visivelmente contrariados. O respeito por Huda não parecia ser demasiado. Miang, porém ficou calado, ele podia esperar. Por longo tempo houve silêncio na tenda, até que Huda finalmente decidiu quebrá-lo e dar início à conversa.
“O que disseste há pouco de um grande Senhor?” indagou.
“Como O chamaste?”
Miang alegrou-se sobre esta pergunta, e respondeu solicitamente.
“Seu nome é “o Altíssimo,” porque Ele é mais elevado e mais sublime do que todos os príncipes da Terra. A Ele eu sirvo e Ele te mostrou como pode proteger os Seus servos. Estás, assim deitado aqui sem forças no teu leito, incapaz de levantar-te e a dar um passo sequer. Sentes agora o Seu poder?”
Huda silenciou novamente. Longo tempo considerou sobre a pergunta de Miang.
Depois disse inesperadamente: “Então eu também quero ser Seu servo!”
“Tu acreditas que então estarias também protegido de todos os perigos, e dessa proteção também gostarias de assegurar-te?”
Huda acenou. Isso parecia ser muito simples. Se existia Um mais forte do que ele, o rude ladrão, então o melhor seria tornar-se servo desse mais forte. Miang leu os seus pensamentos na testa.
“Acreditas tu, que ao Altíssimo interessam servos, que Dele somente desejam exigir algo? O que tu dás a Ele para que Ele te proteja?”
Isso era algo totalmente novo para Huda, que até agora sempre somente tinha exigido e tomado, nunca dado alguma coisa.
“Se devo alguma coisa a Ele, então me diga o que devo pagar,” disse ele, e com isso novamente tudo parecia esclarecido. Uma proteção tão forte resultaria para ele também em tesouros maiores, portanto, ele bem que poderia prometer em ceder algo dos mesmos.
Mas Miang novamente deu uma resposta bem inesperada.
“O Altíssimo não quer tesouros de seus servos, exige algo diferente do que um pagamento em troca!”
“E o que isso seria?” perguntou Huda ansiosamente.
“Ele exige deles obediência e fidelidade” disse Miang enfaticamente. Obediência e fidelidade – estes eram conceitos do quais Huda não havia tomado conhecimento em toda a sua vida.
“Mas o que Ele ordena?” perguntou desconfiado.
Certamente era de ponderar se devia colocar-se sob a proteção desse poderoso. Mas a dor no seu pé lembrou-o novamente do acontecido.
“Ele ordena que os homens devam ajudar-se mutuamente e não prejudicar-se reciprocamente. Ele ordena a paz e não o roubo! Pois todas as pessoas são Suas criaturas, também tu, Huda! E eles devem viver em paz e ajudar-se mutuamente.”
Isso não era do agrado de Huda. Onde ficaria então a sua vantagem? Mas queria continuar ouvindo.

“Conte-me mais do Altíssimo,” pediu ele e, de muito bom grado, fez Miang o que lhe foi solicitado. Ele descreveu Deus como o Altíssimo, que tudo criou e a quem tudo pertencia. Ele falou de seus servos, dos gigantes e dos pequenos na montanha e no vale, na água e no fogo, e Huda escutou, sem perguntar. Seus olhos sempre mais se arregalavam e, como numa criança, estavam fixos nos lábios de Miang.
“Por hoje chega,” disse Miang finalmente. “Deves descansar agora. Amanhã voltarei a narrar-te.”
Huda concordou, tinham sido muitas as novidades, e não demorou muito e ele estava dormindo sossegado no seu leito.
Porém, no lado de fora havia visível agitação entre os seus súditos. Os homens discutiam gesticulando muito. Provavelmente brigavam para decidir quem agora iria liderar no lugar de Huda. Um homem de aparência rude subiu numa pedra alta e gritou para a multidão:
“Sigam-me, eu sei um local onde se encontra pastagem gorda e onde poderemos ficar em segurança, até que tivermos espreitado para onde devemos nos dirigir com a nossa próxima pilhagem.”
Alguns gritaram aplaudindo, muitos, porém, distanciaram-se dele, o impaciente devolveu-lhes a razão. Eles queriam aguardar o que Huda iria determinar.

(continua)

Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.

NARRATIVAS DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA) 

No próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:

O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus aos Gigantes – 23/09/16
O Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... – 07/10/16
Servir o Altíssimo Como Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas – 20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho – 26/10/16
No Momento certo se esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir – 17/11/16
Quem Procura Encontra – 24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo – 01/12/16
Servir Com Sensação de Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia – 15/12/16
Outro Caminho a Seguir – 22/12/16



segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Aliança com Deus - Manz






A Aliança com Deus


porAugust Manz


No decorrer dos milênios a humanidade se desviou muito da Luz – por culpa própria. O cultivo excessivo do raciocínio criou o solo frutífero cheio de veneno, do qual cresceram as inúmeras plantas da vaidade humana terrena em número cada vez maior, aumentando cada vez mais a força, em milhares e milhares espécies diferentes, até que por fim um cipoal das trevas espessamente ramificado tornou impossível a entrada da Luz para a materialidade.
Os seres humanos criaram, eles mesmos, esse pântano de injustiça e imoralidade, de enganação e tortuosidade. Mas sozinhos eles não eram mais capazes, por força própria, de abrir caminho nesse cipoal e de reencontrar o caminho para a Luz.
Aí Deus-Pai, em Sua infinita bondade, apiedou-se da humanidade transviada e enviou um Salvador, que veio à Terra cumprindo a Vontade Divina, da qual ele havia se originado. Vibrações puras da Luz vieram junto com ele das alturas luminosas para a profundeza da Matéria Grosseira, rechaçando as forças e as vibrações das trevas por si. Como uma parte da Justiça Divina Abdrushin, Filho do Espírito Santo, trouxe uma justiça equilibradora também para os seres humanos desta Terra. E sua existência trouxe automaticamente o desencadeamento das leis Espirituais.
O povo dos judeus, amadurecido pela penúria sofrida, pôde acolher as vibrações purificadoras da Luz; o fluxo de Luz fluía curando e banindo o que era impuro em suas almas. E o povo egípcio fora golpeado e julgado de forma dura em sua injustiça e imoralidade.





Assim fora criado o solo para uma nova e firme ancoragem da Luz sobre a Terra. E os Dez Mandamentos que Deus deu sobre o Monte Sinai, deveriam possibilitar então às criaturas humanas, que as trevas fossem totalmente rechaçadas e definitivamente aniquiladas por elas mesmas.
“Se obedecerdes minha voz e mantiverdes minha aliança, deveis ser minha propriedade à frente de todos os povos; pois toda a Terra é minha.
E deveis ser para mim um reino sacerdotal e um povo sagrado.”
Deveria ser uma aliança eterna aquela que Deus firmou com a humanidade no monte Horeb, a montanha da Lei, aliança essa que poderia deixar surgir novamente o estado puro que imperava no início da história de humanidade. Os seres humanos deveriam se tornar “um povo sagrado” segundo a Vontade de Deus, segundo o que Ele revelou através de Moisés. E para cumprir corretamente essa Vontade do Senhor – para tanto Ele havia dado aos seres humanos a possibilidade – havia a Palavra que Ele revelou por meio da Verdade viva e que colocou como base dessa aliança; pois os Dez Mandamentos continham tudo o que os seres humanos precisavam para viver corretamente a Vontade de Deus “em um reino sacerdotal”, para se encontrarem acertadamente nas leis da Criação e assim poderem ascender à Luz.









O pensar e agir dos seres humanos podia ter cumprido a aliança com uma existência ativa – se apenas tivessem agido como o Senhor e Deus lhes havia ordenado e se não tivessem se desviado, nem para a direita e nem para a esquerda; mas se tivessem cumprido com a própria vida a palavra dos Mandamentos, estando conscientes na Criação e se inserindo nas Leis, que lhes foram reveladas.
Como convocado e escolhido, o povo dos judeus poderia e deveria trilhar por todos os caminhos que o Senhor ordenara e também poderia viver de acordo com o sentido Divino; e os tempos felizes e bem-aventurados da pureza e da inocência, onde o ser humano formava o elo de ligação entre o mundo Espiritual e Material, mantendo os mundos Grosso e Fino Material unidos como um só, poderiam voltar novamente.
Mas os judeus não fizeram como lhes fora ordenado; a Palavra Viva que lhes fora dada, deixaram que se transformasse em letras mortas. A vida interior dos Mandamentos, que teria atuado de forma criadora e vivificante, apagou-se através da concepção falsa que deram e esses Mandamentos, arrastando-os completamente ao campo terrenal de sua vaidade e de seu raciocínio, presos à Terra. 






Assim eles destruíram, com seu agir hostil à Luz, a base da aliança, a qual só poderia existir e ser eficaz, se os seres humanos se mantivessem abertos à Luz que lhes afluía. Os seres humanos só mantiveram certa ainda a forma da aliança, festejando anualmente o retorno do dia em que Moisés havia recebido os Mandamentos Divinos. Na realidade a aliança não existia mais, a ligação que a Luz fizera com a Terra fora rompida, pois os seres humanos haviam destruído novamente as pressuposições para essa ligação.
O anel dos acontecimentos fechou-se plenamente quando os seres humanos assassinaram o Filho de Deus, Jesus, que havia vindo para restabelecer a ligação entre Deus e as criaturas humanas na Terra. A cortina no Templo rasgou-se – – nada mais havia restado da antiga ligação com a ruptura desse símbolo. – – –
Um novo e poderoso acontecimento teve início, um novo anel começou a vibrar, em cujo princípio encontra-se o grave carma com que a humanidade se sobrecarregou com o assassínio do Filho de Deus.
Nesse princípio encontra-se, portanto, a Solenidade de Pentecostes, a respeito da qual nos é relatado pela história dos Apóstolos; o dia no qual a efusão se realiza, a força do Espírito Santo flui. Os discípulos receberam então, com isso, força para levarem adiante a missão de Jesus violentamente interrompida, para difundirem Sua Palavra.
As igrejas cristãs celebram esse dia também como dia de recordação do início de uma nova aliança, como dia da fundação das igrejas cristãs. Portanto, o profundo e verdadeiro sentido do acontecimento de outrora não foi assimilado pelas igrejas. Por isso a festa de recordação das igrejas também permanece, em qualquer aspecto, uma forma exterior e terrena, como as próprias igrejas – sem conexão com o acontecimento espiritual. Na realidade, outrora não se realizou nenhuma nova aliança entre Deus e as criaturas humanas.
Os discípulos certamente receberam nesse dia a força viva que fluíra no dia da Pomba Sagrada sobre a Criação inteira. E essa força podia se tornar especialmente eficaz neles. Pois estavam reunidos outrora em memória de Seu Senhor que havia ascendido e que lhes havia prometido enviar o espírito, portanto, a Força Viva. Através dessa memória intensa suas almas estavam amplamente abertas e podiam acolher plenamente a força que fluía sobre o mundo inteiro e também sobre eles. Nos discípulos, para os quais o caminho fora possibilitado e aplainado de forma mais fácil pela existência terrena do Filho de Deus, pode chegar, então, em conseqüência dessa maior prontidão, a força Divina oriunda do Santo Graal a um efeito quase milagroso, bem mais poderoso do que para a Terra. Assim os discípulos tornaram-se capazes de ensinar a Palavra de Deus e de divulgá-la, e através disso mostrar o caminho para a Luz aos seres humanos e trazer a salvação, assim como Jesus lhes havia trazido.










Mas uma ligação entre Deus e os seres humanos como os Dez Mandamentos poderiam ter deixado surgir, não surgirá agora. Isto se tornara impossível pela culpa dos seres humanos que interromperam a missão do Filho de Deus, pela morte na cruz.
Enquanto Cristo andava sobre a Terra, existia uma nova ligação com a Luz, em uma pureza e força que as trevas eram rechaçadas. Pois Jesus, o Portador da Luz, era, Ele mesmo, Luz da Divina Luz do Pai. Mas com a morte terrena do Filho de Deus e Seu retorno ao Pai a ligação para a Luz fora de novo totalmente destruída. Por culpa dos seres humanos a Luz se retraiu da materialidade. A Palavra Divina, a Verdade Divina que Deus enviou aos seres humanos por meio de Seu Filho poderia ter deixado surgir uma ligação, a qual seria preenchida pela mais ativa existência. Um elo de Luz puro e claro poderia unir as criaturas humanas sobre a Terra com a fonte primordial de toda Luz e de toda Força, Deus.
Mas essa possibilidade os seres humanos destruíram novamente, por culpa própria e devido ao seu falhar e ao menosprezo do auxílio Divino, devido à arrogância própria e ao querer saber melhor luciferiano.
Agora não podia mais surgir nenhuma aliança; agora a Terra teria que ser deixada totalmente ao domínio das trevas, sem auxílio direto da Força Divina, sem ligação com a Luz.
As igrejas não realizaram essa aliança com Deus e nem podiam realizá-la com sua sintonização presa à Terra. Quando as igrejas falam de uma nova aliança, até festejando o dia em que deve ocorrer essa aliança, então fazem isto sem qualquer justificativa, por concepção unilateral de sua suposta missão de ser a mediadora entre Deus e os seres humanos, uma missão que na realidade não lhes cabem, uma vez que não possuem absolutamente nenhuma ligação espiritual e verdadeira com Deus, devido ao seu atamento terreno.
Assim teve de vir a época em que Deus encobriu Seu semblante, como João havia revelado.
Mas, com isso, fechou-se também o círculo do acontecimento que se iniciou com o carma da humanidade pela morte na cruz.
Agora, porém, é chegada a época em que surgem novamente as pressuposições para uma aliança com Deus: pela terceira vez Deus estende aos seres humanos Sua mão auxiliadora. Pois ele enviou para a Terra um raio de Sua Luz Divina, uma fagulha de Sua Força viva em Seu Enviado, o Filho do Homem. Agora surgiu novamente um facho puro, luminoso e claro como cristal, que une a Matéria Grosseira com a fonte primordial e luminosa de todo o ser – através de um mediador, cuja presença preenche, na verdade e de fato, as pressuposições de acordo com as leis de uma ligação entre Deus e as criaturas humanas – enquanto que as igrejas arrogam ter esse cargo de mediação.
O Filho do Homem é o eterno Mediador enviado por Deus, o Filho oriundo de Deus, enviado aos seres humanos. Ser humano Divino, devido à unificação da fagulha Divina com o Espiritual, porta, Ele mesmo, a Luz em si e se encontra em eterna ligação com Seu Pai Divino, com a fonte da Luz.
Sua essência e sua determinação e missão, de acordo com a Vontade de Deus, como Mediador eterno, cria a pressuposição natural e de acordo com as leis para uma aliança eterna com Deus. Pois Ele é e Ele permanece na Criação, determinado a governar nela. E por meio Dele flui continuamente a Força da Luz do Criador, movimentando-se e ondulando por cima e por baixo para eterna ligação. Com o Filho do Homem como Mediador eterno no ápice, o qual ao mesmo tempo é e permanece o servo mais elevado de Deus, a Criação segue seu percurso na uniformidade das leis Divinas, cujas atuações não podem ser mais torcidas pelo pensar e agir errôneos dos seres humanos. Pois agora impera só a Vontade de Deus.









Assim tem de surgir por meio do Filho do Homem, um reino principesco, também sobre a Terra – como Deus já havia desejado com o envio dos Dez Mandamentos. E isso da forma como existe no Reino Espiritual, sob a regência de Parsival, que abrange em si todos os exemplos e ideais, à imagem dos quais o espiritual pode se desenvolver. As criaturas humanas, porém, devem se tornar “um povo sagrado” no Reino dos Mil Anos do Filho. Pois agora será realizada a aliança eterna entre Deus e a humanidade, através da Vontade e da Força do Filho. Em Seu reino Ele obrigará os seres humanos a viverem corretamente nas leis da Criação – ou Ele os aniquilará no Juízo.
A eterna aliança com Deus: o Filho do Homem traz essa aliança à humanidade inteira através da realização de Sua missão, através de Sua existência sobre a Terra – mas Ele também traz essa eterna aliança à criatura humana individual.
Pois o Filho do Homem nos mostrou também, através de Sua Mensagem, como cada ser humano individual pode cooperar com sua parte para o surgimento dessa aliança, como ele mesmo deve contribuir para que a base de ancoragem para a ligação com a Luz se difunda cada vez mais e mais, através de uma existência e um atuar que sejam do agrado de Deus.

Cada verdadeiro procurador pela Luz precisa travar, por si mesmo, a aliança com Deus, ao viver a Verdade que o Enviado de Deus nos trouxe. E se o ser humano individual se sintonizar corretamente nas leis de Deus que nos foram reveladas pela Mensagem do Graal, então ele também se enquadrará de forma harmônica nas vibrações puras da Luz Divina, as quais fluem até a materialidade através do Filho do Homem. Então ele também intuirá a mais elevada felicidade do espírito humano: a proximidade de seu Deus, a maravilhosa certeza de se estar protegido sob a tutela de Deus e de Sua Onipotência, sob a Força e a Bondade de Deus. Então cada um individualmente reconhecerá, num jubiloso agradecimento, a graça indescritível que o Filho do Homem trouxe agora à humanidade – através da eterna aliança com Deus!






quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Outro Caminho a Seguir







Outro Caminho a Seguir   

por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf

Sinopse de Fatos Transcorridos: Partindo das montanhas nevadas na decisão formada de servir o Altíssimo, assim seguia o jovem Miang, que após aprender com seu primeiro mestre, encontrou Fong para ampliar seu saber, o qual logo se identificou ser um príncipe; na situação de defender seu reino desobrigava-se de ensiná-lo, passando a dar ordens também para o seu antigo aluno, que por obediência serviu-lhe de mensageiro numa súbita missão, indo viajar a um local desconhecido para realizar a entrega, de uma bolsa ao soberano local, cujo seu conteúdo, sem saber, era vazio...

 Assim aconteceu por algum tempo, até que Miang pôde começar a falar aos homens do Altíssimo; de Quem, todos estes “entes bons”, eram servos. Os Waringis desconheciam o medo de entes “maus”, eles acreditavam que, saberiam lidar com tudo, se o enfrentassem sem medo. Miang encontrou muitos corações abertos também entre as pessoas simples e viu brotar a semeadura que lhe foi permitido semear. Agora toda noite era encerrada com um agradecimento ao Altíssimo e cada manhã iniciada com um pedido por auxílio e orientação.
Miang tentava esclarecer aos homens que eles não somente deviam obediência ao príncipe Hador, mas antes de tudo ao Altíssimo, pois todos eram criaturas Dele, que os criou. E isso eles entendiam bem, somente indagaram: “O que Ele nos ordena? Não conhecemos a Sua vontade”.
Agora podia ser dado o segundo passo. Miang explicou, que o príncipe esforçava-se por esclarecer-lhes a vontade do Altíssimo e que ele queria proceder segundo a mesma. Eles somente precisariam seguir às suas instruções. Inicialmente deveriam, durante o inverno, abrigar os Aulas, que estavam em dificuldades.
Aí, no entanto, houve fisionomias insatisfeitas, pois isso representava escassez de alimentos para todos. Miang, porém, esclareceu: “Como seria, se vós estivésseis nessas dificuldades? O que vós diríeis se os Aulas simplesmente vos rejeitassem levianamente?”
Desse ponto de vista o assunto já parecia ser diferente e quando Miang ainda anunciou: “O Altíssimo vos recompensará, se vós auxiliardes os Aulas,” a maioria deles deu-se por satisfeita.
A tribo dos Waringis despertava sempre mais no saber do Altíssimo e com bem outros olhos os homens olhavam para o seu príncipe, que se tornara um servo do Altíssimo. Seus olhos brilhavam e seus passos tornaram-se ainda mais firmes, as palavras que proferia mais determinadas.
Os Aulas foram acolhidos e sustentados pelos Waringis durante o inverno. Não demorou muito e mostrou-se, que bons frutos essa ajuda abnegada trouxera. Pois no final do inverno, quadrilhas de ladrões empreenderam novamente assaltos aos rebanhos da tribo, que pastavam em região mais afastada. Como a tribo dispunha agora de homens suficientes, sempre puderam se defender e não houve prejuízo maior.

Na primavera, depois de celebrarem votos de amizade permanente, os Aulas partiram para pastagens mais afastadas para criar novos rebanhos. Continuaram, porém, em ligação constante com os Waringis, os quais prometeram-lhes sua ajuda, caso a necessitassem.
A missão de Miang junto aos Waringis estava terminada. Certa noite aproximou-se dele o luminoso e ordenou-lhe que retornasse para Fong, pois este necessitava dele. Miang estava de acordo. Mais uma vez estava ele sentado na tenda de Hador, que lamentava a sua partida. Miang, porém, prometeu: “Se necessitares conselho e auxílio, ó principe, envie um mensageiro para o príncipe Fong. Ele o ajudará.”
A despedida foi calorosa, porém curta, como é costume entre homens. Hador deu a Miang um acompanhamento, que o conduziu em segurança de volta sobre as montanhas.
Já apareciam os prenúncios da primavera. Os ventos sopravam mais amenos, um verde tenro cobria as encostas e, aqui e acolá, brotava da terra o cálice colorido de uma flor.
Miang sentia seu coração tão leve, tão feliz! Ele sabia que tinha cumprido sua missão e, mais uma vez, agradeceu ao Altíssimo do fundo de seu coração que lhe foi permitido cumpri-la. O olhar de Fong pairou com agrado sobre Miang, quando este retornava. Estava mais másculo e mais amadurecido, sua postura mais determinada e mesmo assim discreta.
“Vejo que tens aprendido alguma coisa com os Waringis,” com essas palavras cumprimentou Fong seu antigo aluno e protegido. Nenhuma palavra de elogio sobre o trabalho executado passou pelos seus lábios, mas isso Miang também não esperava. Tinha somente o único desejo: ser incumbido de uma nova missão. Também não demorou muito até que Fong o chamasse novamente.
“O Altíssimo está satisfeito com seu servo Miang,” assim iniciou a conversa, para a qual havia mandado chamar Miang. “Porém, isso foi somente o começo de tuas atividades. Grandes missões ainda te aguardam Miang, diante das quais a instrução dos Waringis era somente uma pequena preparação. Mais profundamente deves penetrar agora no saber sobre o Altíssimo, a Sua vontade e os Seus mandamentos. Para isso necessitarás de outro mestre, Miang, eu não posso te ensinar mais nada de novo. Mas o Altíssimo sabe para onde quer te mandar, para poderes continuar a aprender e amadurecer. Depois volte para cá, também aqui ainda tens missões a cumprir junto ao meu povo, onde já começaste a ensinar. O Altíssimo mandará mostrar-te o teu caminho.”

Miang, totalmente realizado com essa notícia, voltou para sua tenda. Ele sabia que não devia preocupar-se, nem pensar sobre o próximo passo de seu caminho. O Altíssimo mandava guiá-lo com mão forte, ele somente devia deixar-se conduzir, então tudo daria certo, tudo aconteceria conforme o desejado de cima, pelo Altíssimo. Novamente Miang teve que aprender a dominar sua impaciência, seu ímpeto juvenil, pois se passaram dias, antes que lhe foram transmitidos detalhes sobre sua nova missão.
Novamente Fong mandou chamá-lo e indagou: “Como é, Miang, como estás? Já sabes, o que o Altíssimo exige de ti?”
Miang não o sabia. Começou a sentir vergonha, mas Fong não deixou chegar a isso.
“O Altíssimo me deu a incumbência de equipar-te para uma longa caminhada,” disse Fong solenemente. “Tua caminhada será longa, pois servirá para que continues amadurecendo no reconhecimento da grandeza do Altíssimo e no reconhecimento daquilo, do que um servo do Altíssimo necessita para tornar-se realmente útil. Deves aprender agora a abrir teu olho interior e teu ouvido interior, Miang, e é isso que o Altíssimo exige de ti antes de tudo. Para isso é necessário que aprendas o silêncio, pois quem quer assimilar mensagens das alturas, não pode expressar suas próprias palavras em voz alta. Do contrário iriam sobrepor-se às finas vozes dos mensageiros luminosos, que querem aproximar-se de ti. “Entendeste o que eu disse, Miang?”
Clara e abertamente Miang olhou nos olhos de Fong. “Sim,” disse ele, “eu compreendo e agradeço ao Altíssimo, que quer honrar-me com Sua bênção.” Fong estava satisfeito.
“Então te apronta para partires amanhã, Miang,” acrescentou ainda. “Deverás caminhar a pé, pois necessitarás de cada hora de tua caminhada para o teu desenvolvimento. Leva tanta provisão quanta puderes carregar, sem te pesar muito, e, depois, confie no auxílio do Altíssimo, que mandará conduzir-te.”
Uma emoção mais branda quis se apoderar de Fong, quando viu Miang diante de si, ainda tão jovem, tão intocado pela vida. Porém, sabia que não poderia amolecer. Assim dispensou Miang com breves palavras.
“Venha me ver mais uma vez amanhã cedo, talvez tenha mais uma mensagem para ti,” foram suas últimas palavras.
Nessa noite Miang não conseguiu dormir muito. Imagens apareciam diante de seus olhos interiores, uma seguia a outra, ele não conseguia retê-las. Seres humanos, montanhas, animais desfilaram diante dele, percebia trajes e sons estranhos. Ele sabia que isso estava ligado à sua missão, isso lhe bastava. No dia seguinte, ao nascer do sol, encontrava-se Miang, pronto para a viagem, diante do príncipe Fong. Abençoando este colocou sua mão direita sobre a cabeça de Miang.
“Siga, Miang, meu filho, para onde o Altíssimo mandar conduzir-te. Teu caminho segue para sudeste. Tornaremos a nos ver novamente. Leve a minha bênção contigo.”

Profundamente comovido despediu-se Miang de seu velho professor. Ainda não sabia para onde o levariam os seus passos, sabia somente que o Altíssimo mandaria mostrar-lhe o caminho, Nele depositou toda sua confiança. E não foi decepcionado. Quando Miang deixou a tenda de Fong, estava diante dele o seu amigo luminoso e indicou com a mão para o caminho estreito que levava através do amplo vale até as colinas distantes, atrás das quais se encontrava o alvo de Miang.
“Dirija os teus passos para lá, Miang,” disse o luminoso. “Terás ajuda assim que a necessitares.”
Alegre e fortificado caminhava Miang, distanciando-se da tribo amarela, de seu protetor, ao encontro de um futuro desconhecido. Mas sentia alegria, nada mais que grande alegria e feliz expectativa. Parecia a Miang, que não estava indo sozinho para o desconhecido. Tinha a impressão de sentir leves passos ao seu lado, que aligeiravam os seus, e caminhava alegremente, ora refletindo profundamente, ora expressando palavras alegres de agradecimento ao Altíssimo.
O caminho estreito serpenteava por entre colinas e paredes rochosas. Sempre de novo parecia ter chegado ao fim e sempre aparecia de novo diante dos olhos de Miang após uma curva. Perto do meio-dia esquentou, e Miang resolveu descansar um pouco. Comeu algo de suas provisões trazidas, depois se deitou numa encosta ensolarada e fechou os olhos. Parecia-lhe então como se ouvisse finas vozes murmurando ao seu redor. Algumas perguntaram: “Como é que esse homem vem até o nosso reino?” E outras responderam: “Quieto, ele foi enviado. Nós devemos ajudá-lo.” Miang não ouviu mais nada, pois tinha adormecido. Quando acordou, sentiu frio, pois havia surgido um vento fresco e já era de tardezinha. Assim, continuou sua caminhada. Tudo era solidão ao seu redor, silencioso e sem vozes humanas até que, ao entardecer, encontrou pastores, que permitiram que ele se esquentasse junto à sua fogueira . Admirados olhavam para o estranho viandante, que era tão diferente deles. Eles acharam que deviam adverti-lo.
“Forasteiro,” iniciou pausadamente um homem de mais idade, “cuida-te dos assaltantes que perambulam por esta região. É um bando especialmente perigoso, pois tem um chefe que não recua diante de nada.”
Miang não mostrou medo. “O Altíssimo irá proteger-me,” disse confiantemente.

Os pastores olharam-no admirados.
“Este deve ser um príncipe muito poderoso, que te protege,” recomeçou o porta-voz. “Onde ele mora? Nós podemos ir até ele?”
Ali estava novamente o feliz sinal para Miang, de que ele podia dar de seu tesouro do saber. E o fez de muito bom grado. Calados escutaram os seus ouvintes e não interromperam sua narrativa com nenhuma palavra. Quando Miang silenciou, continuaram em silêncio. Inacreditável
parecia-lhes essa nova.
“Quando vos encontrardes alguma vez em perigo, então chamem por Ele!” disse Miang.
“Poderão vivenciar o Seu poder.”
Caiu a noite. Os homens enrolaram-se em cobertores quentes indo deitar-se para dormir junto ao fogo que ia se apagando lentamente. Uma lua minguante pálida estava no céu. Miang demorou a adormecer. Olhava para o céu escuro da noite e o seu interior procurava Aquele cujo servo lhe foi permito ser. Invisível era o Altíssimo, isto Miang sabia. Ele era muito elevado para o olho humano, para a razão humana. Mas, não seria possível ver um pouco de Sua magnificência, de Sua luz? Pois, que ao redor Dele devia estar a luz, sim, que Ele mesmo seria a luz, isso Miang sabia em seu íntimo.
Sempre quando escutava assim seu íntimo, começava a surgir um algo dentro dele, que ele não podia segurar, nem podia agarrar. Quando queria examiná-lo melhor, desfazia-se diante de seus olhos.
“Isto não é tua tarefa agora, Miang,” murmurou novamente uma fina voz no seu íntimo, que já escutara uma vez. “Mais tarde também te será concedido aquilo por que anseias. Mas somente quando tiveres cumprido tudo para o que o Altíssimo te necessita. Não continua procurando agora.”
A voz calou-se e profunda paz envolveu a alma de Miang. Sobre asas macias veio o sono e carregou-o junto. Levou-o até a altura para onde a sua alma havia ansiado inconscientemente. Acordou na manhã seguinte fortalecido e alegre. Estava sozinho. Os pastores haviam partido com seus animais. Mas tinham deixado um pão e um queijo ao seu lado. Dessa forma quiseram agradecer a ele. Animado, mordeu o duro pão e comeu o queijo gostoso. Um riacho na proximidade saciou sua sede.
“Assim Tu me deste para comer, Altíssimo, eu Te agradeço!” falou satisfeito e preparava-se para partir. Nesse instante levantou-se à distância uma nuvem de poeira, ouvia-se o tropel de cavalos e gritos agudos. Miang esperou calmamente pelo que estava por vir. Ele sabia que nada iria lhe acontecer, que não fosse da vontade do Altíssimo.
Com grande gritaria veio um bando de cavaleiros selvagens ao seu encontro. Rodearam-no e desceram de seus cavalos. Um dos bandidos, aparentemente seu líder, dirigiu-se a ele aos berros: “Quem és tu e de onde vens?”
Calmamente Miang respondeu:
“Sou um peregrino e venho do noroeste.”
“Para onde vais?” quis saber o ladrão.
“Para lá aonde fui enviado,” foi a resposta, que novamente não satisfez o líder.

(continua)

Trecho extraído do livro: Miang Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou o Tibete das trevas.

NARRATIVAS DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA) 

No próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:

O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus aos Gigantes – 23/09/16
O Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... – 07/10/16
Servir o Altíssimo Como Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas – 20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho – 26/10/16
No Momento certo se esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir – 17/11/16
Quem Procura Encontra – 24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo – 01/12/16
Servir Com Sensação de Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia – 15/12/16