Por Confiança no Senhor
por Charlotte Von Troeltsch e Susanne
Schwartzkopf
Sinopse de Fatos Transcorridos: Vindo de origem das altas
montanhas nevadas por decisão de servir o Altíssimo, ainda buscava o jovem Miang, que
após estudo com seu primeiro mestre, se tornou aluno de Fong, o
qual em seguida provou ser um príncipe na difícil situação de defender seu
reino sem mais poder ensiná-lo, ainda ministrava ordens também para o seu
antigo pupilo; obediente, servia-lhe de mensageiro, se encontrando agora numa
súbita missão, enquanto viajava rodeado de assaltantes de percurso...
“Quem
te envia?” foi a próxima pergunta, à qual Miang respondeu com toda a calma:
“Meu Senhor.”
“E
quem é o teu senhor?”
Com
estalo o chicote de couro batia nas altas botas, bem próximo a Miang.
“O
Altíssimo,” foi a breve resposta de Miang.
Ao
ouvirem esta resposta todos caíram em altas gargalhadas.
Miang,
porém, permaneceu bem calmo.
“Tu
até pareces como se tivesses um senhor elevado, rapaz,” riu o líder
ironicamente, tendo bem visto que não havia nada para roubar de Miang, gritou:
“Levem-no conosco.”
Rapidamente
ataram os pulsos de Miang com tiras de couro sem ele se defender. Um cavaleiro
colocou-o na garupa de seu cavalo que, por bem ou por mal, Miang teria de
acompanhá-los. Não tinha a menor ideia do que iria acontecer com ele, contudo
confiava firmemente na proteção do Altíssimo.
Em
galope desenfreado seguia o bando todo, que parecia conhecer cada palmo do
chão. Eles praticamente voavam no chão plano, desviando depois para um
desfiladeiro estreito, que aparentemente levava somente a um amontoado de
rochas para dar, então, uma volta fechada ao redor de uma delas mais saliente.
Admirado,
Miang avistou um amplo vale, onde pastavam grandes rebanhos. Aqui e acolá havia
tendas sujas. Uma delas que, sendo um pouco maior e originalmente mais ornamentada,
parecia ser a do líder. Ao menos ele desapareceu nela e não mais voltou.
Miang
foi levado a uma tenda mais afastada e lá pôde sentar-se. Soltaram-lhe as amarras
e não mais se importaram com ele. Pelo visto, consideravam-no insignificante demais,
para dedicarem-se com isso. Pensativo, Miang observou em seus arredores. Aquilo
estava ainda pior do que na tenda de Hisor. Isso, porém, não o oprimiu muito.
Ele sabia que devia cumprir uma missão, e somente isso importava.
“Toma!”
gritou uma voz rude e grossas mãos de homem aproximaram um pedaço de carne e pedaço
de pão para Miang.
Miang
levantou o olhar. Apesar do embrutecimento exterior, havia algo de bondoso nos
olhos da selvagem figura.
“Eu
te agradeço, amigo,” disse Miang. O outro abanou a cabeça. “Eu não sou teu
amigo, mas deves estar com fome. Permaneça aqui, até que sejas chamado.”
Com
isso deixou a tenda, e Miang ficou entregue a si próprio. Seus pensamentos
peregrinavam para longe, em procurando Fong. O que este diria se pudesse vê-lo naquele
ambiente, como prisioneiro, entre ladrões? Miang teve que rir levemente. Assim Fong
certamente não havia imaginado pelo destino de sua caminhada!
Nesse instante abriu-se rapidamente a entrada da tenda, o
“amigo” involutário de Miang apareceu novamente ordenando que o acompanhasse.
Miang chamou pouca atenção enquanto passavam por entre as fileiras de tendas.
Certamente ocorria frequentemente que presos fossem trazidos para cobrança de
resgate.
Miang
encontrava-se novamente diante do líder, que ainda segurava o chicote de couro
na mão direita. Ele examinou Miang minuciosamente, parecendo, porém, não ter chegado
a uma conclusão sobre a sua pessoa.
“Qual
é a finalidade de tua viagem?” perguntou repentinamente.
Miang
hesitou por um momento. O que deveria dizer a esse homem? Ele não o
compreenderia. Aí pareceu como que a resposta lhe fosse colocada na ponta da
língua e sem precisar refletir, Miang deu
como resposta: “Eu procuro pessoas.”
“Tu
procuras pessoas?” repetiu o líder admirado.
“E
como queres encontrá-las aqui nas montanhas? E por que as procuras?”
“Eu
as procuro para trazer-lhes tesouros.”
Avidamente
brilharam os olhos do ladrão. Miang não tinha a aparência de alguém que
carregasse tesouros consigo, falava, porém, tão firmemente, que o ladrão animado
o intimou: “Entrega-me os teus tesouros!”
“Isso
eu não posso,” foi a resposta de Miang.
“E
por que não?” irritou-se o outro.
“Porque
são visíveis somente a pessoas com mãos limpas.”
Miang
o disse solenemente.
Perplexo,
o ladrão olhou-o fixamente e depois involuntariamente para suas mãos.
“Isto
eu não compreendo,” disse ele.
“Não,
isto tu não podes compreender, pois as tuas mãos não estão limpas. Sujaste-as
com roubo e furto.”
Destemido,
Miang proferiu essas palavras graves, o ladrão parecia não se incomodar com isso.
“Eu
gosto dessa vida,” disse impassível. “Eu estou bem, nós buscamos aquilo que
precisamos.”
“E
tornam outras pessoas pobres e infelizes,” prosseguiu Miang. “E se viesse uma
tribo ainda mais forte e despojasse-os da mesma maneira? Como seria isso?”
“Pah,”
disse o ladrão e cuspiu desdenhosamente no chão,
“Não
existe ninguém que seja mais forte do que eu.”
“Estás
enganado,” disse Miang e ergueu-se. “Sim, existe alguém mais forte do que tu,
diante do qual tu não és mais do que um grão de areia sob seus pés!”
Surpreso,
o ladrão encarou Miang.
“Nunca
encontrei ninguém mais poderoso do que eu,” tentava convencer Miang, mas este
não se deixava calar.
“Tão
verdadeiro como o sol se encontra no céu, tão certo a existência de Um, que é
Senhor sobre nós todos, ao qual devemos obediência! Quem se rebela contra Ele,
a este Ele poderá destruir!”
Havia
algo na postura e nas palavras de Miang, que não deixava de impressionar também
este coração endurecido. Ele abaixou o olhar diante dos olhos brilhantes de
Miang e disse quase tímido: “E tu conheces este grande Senhor?”
“Sim,
eu O conheço e sou Seu servo, assim como, Seu emissário! Ele enviou-me até
aqui, para advertir-te! Afasta-te do teu erro, senão acabarás mal!”
O
ladrão pulou do assento e levantou o chicote. “O que te atreves, forasteiro? Eu
vou te mostrar que ninguém manda em mim!”
O
chicote baixou zunindo, mas Miang desviou habilmente e o braço do ladrão caiu
para o lado. Ele mesmo não sabia o que lhe devia acontecer.
“Tu
não podes me fazer mal, se o meu Senhor não o permitir”, disse Miang
calmamente.
O
ladrão quis avançar sobre ele, mas o seu pé enroscou-se no tapete que estava
estendido no chão, tombando no lance pesadamente. Parecia que estava ferido,
pois não levantou logo. Miang ajudou-o a se erguer. Constatou-se, então, que
não podia firmar o pé direito no chão, devia estar fraturado.
“Reconheces
agora o poder do meu Senhor?” perguntou Miang.
O
ladrão olhou fixamente para ele, coisa igual nunca havia vivenciado.
“O
que queres dizer com isso?” balbuciou ele. Não era capaz de formular um
pensamento claro. Miang logo aproveitou a ocasião.
“Eu
quero dizer que o Senhor poderoso, de quem eu falei e que é o meu Senhor,
mostrou a ti que Ele me protege,” disse.
O
ladrão não sabia o que responder. Miang, porém, prosseguiu:
“Se
tivesse sido a vontade do Altíssimo, então Ele também poderia ter te matado. No
entanto, não é Sua intenção matar pessoas.
Ele
quer melhorá-las, torná-las pessoas melhores, às quais é permitido viver nesta
Terra em alegria e felicidade. Podes entender isso?”
Estupidamente
o ladrão olhou para Miang. Tudo aconteceu muito rapidamente, ele não conseguia
assimilar as palavras de Miang. Miang percebeu que, primeiramente deveria
ajudar de outra forma. Ele chamou por auxílio e alguns homens levantaram o seu
líder e colocam-no sobre um leito de peles macias e cobertores, rapidamente
preparado. Ele gemia de dor.
“Chamem
o médico!” ordenou Miang aos homens perplexos. “O pé está fraturado, algo deve
ser providenciado imediatamente.”
Um dos homens saiu e, após instantes, voltou com um ancião
de barba grisalha, que cuidadosamente examinou o pé e depois, com habilidade,
endireitou o osso fraturado. O enfermo soltou um grito de dor, mas silenciou em
seguida. O pé foi entalado com um sarrafo de madeira e depois enfaixado. Até
então tudo estava em ordem. O que deveria acontecer agora? Por longo tempo
Huda, o líder, não poderia subir num cavalo. Quem deveria liderar a tribo em
seu lugar? Olhares interrogativos dirigiam-se ao enfermo, este, no entanto,
parecia não estar disposto a dar uma resposta.
“Deixem-me
sozinho com este aí!” ordenou e indicou com o dedo indicador preto-marrom para
Miang.
Os
outros obedeceram, mesmo que visivelmente contrariados. O respeito por Huda não
parecia ser demasiado. Miang, porém ficou calado, ele podia esperar. Por longo
tempo houve silêncio na tenda, até que Huda finalmente decidiu quebrá-lo e dar
início à conversa.
“O
que disseste há pouco de um grande Senhor?” indagou.
“Como
O chamaste?”
Miang
alegrou-se sobre esta pergunta, e respondeu solicitamente.
“Seu
nome é “o Altíssimo,” porque Ele é mais elevado e mais sublime do que todos os
príncipes da Terra. A Ele eu sirvo e Ele te mostrou como pode proteger os Seus
servos. Estás, assim deitado aqui sem forças no teu leito, incapaz de
levantar-te e a dar um passo sequer. Sentes agora o Seu poder?”
Huda
silenciou novamente. Longo tempo considerou sobre a pergunta de Miang.
Depois
disse inesperadamente: “Então eu também quero ser Seu servo!”
“Tu
acreditas que então estarias também protegido de todos os perigos, e dessa proteção
também gostarias de assegurar-te?”
Huda
acenou. Isso parecia ser muito simples. Se existia Um mais forte do que ele, o
rude ladrão, então o melhor seria tornar-se servo desse mais forte. Miang leu
os seus pensamentos na testa.
“Acreditas
tu, que ao Altíssimo interessam servos, que Dele somente desejam exigir algo? O
que tu dás a Ele para que Ele te proteja?”
Isso
era algo totalmente novo para Huda, que até agora sempre somente tinha exigido
e tomado, nunca dado alguma coisa.
“Se
devo alguma coisa a Ele, então me diga o que devo pagar,” disse ele, e com isso
novamente tudo parecia esclarecido. Uma proteção tão forte resultaria para ele
também em tesouros maiores, portanto, ele bem que poderia prometer em ceder
algo dos mesmos.
Mas
Miang novamente deu uma resposta bem inesperada.
“O
Altíssimo não quer tesouros de seus servos, exige algo diferente do que um
pagamento em troca!”
“E
o que isso seria?” perguntou Huda ansiosamente.
“Ele
exige deles obediência e fidelidade” disse Miang enfaticamente. Obediência e
fidelidade – estes eram conceitos do quais Huda não havia tomado conhecimento
em toda a sua vida.
“Mas
o que Ele ordena?” perguntou desconfiado.
Certamente
era de ponderar se devia colocar-se sob a proteção desse poderoso. Mas a dor no
seu pé lembrou-o novamente do acontecido.
“Ele
ordena que os homens devam ajudar-se mutuamente e não prejudicar-se
reciprocamente. Ele ordena a paz e não o roubo! Pois todas as
pessoas são Suas criaturas, também tu, Huda! E eles devem viver em paz e
ajudar-se mutuamente.”
Isso não era do agrado de Huda. Onde ficaria então a sua
vantagem? Mas queria continuar ouvindo.
“Conte-me
mais do Altíssimo,” pediu ele e, de muito bom grado, fez Miang o que lhe foi
solicitado. Ele descreveu Deus como o Altíssimo, que tudo criou e a quem tudo
pertencia. Ele falou de seus servos, dos gigantes e dos pequenos na montanha e
no vale, na água e no fogo, e Huda escutou, sem perguntar. Seus olhos sempre
mais se arregalavam e, como numa criança, estavam fixos nos lábios de Miang.
“Por
hoje chega,” disse Miang finalmente. “Deves descansar agora. Amanhã voltarei a
narrar-te.”
Huda
concordou, tinham sido muitas as novidades, e não demorou muito e ele estava
dormindo sossegado no seu leito.
Porém,
no lado de fora havia visível agitação entre os seus súditos. Os homens
discutiam gesticulando muito. Provavelmente brigavam para decidir quem agora
iria liderar no lugar de Huda. Um homem de aparência rude subiu numa pedra alta
e gritou para a multidão:
“Sigam-me,
eu sei um local onde se encontra pastagem gorda e onde poderemos ficar em
segurança, até que tivermos espreitado para onde devemos nos dirigir com a
nossa próxima pilhagem.”
Alguns
gritaram aplaudindo, muitos, porém, distanciaram-se dele, o impaciente
devolveu-lhes a razão. Eles queriam aguardar o que Huda iria determinar.
(continua)
Trecho extraído do livro: Miang
Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou
o Tibete das trevas.
NARRATIVAS
DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA)
No
próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:
O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus
aos Gigantes – 23/09/16
O
Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... –
07/10/16
Servir o Altíssimo Como
Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas –
20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho
– 26/10/16
No Momento certo se
esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação
Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir –
17/11/16
Quem Procura Encontra –
24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo –
01/12/16
Servir Com Sensação de
Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia –
15/12/16
Outro Caminho a Seguir –
22/12/16