Nas
Florestas da África
Episódio
XV
Reparando os Estragos
por
Charlotte von Troeltsch
Sinopse
de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca”, em
seu cargo de chefia da tribo, pela sua responsabilidade com a segurança da
comunidade passara por momentos de grande tensão, em vista de invasores no
local que, felizmente logo foram capturados...
(continuação)
Depois disso, Bu-anan
retraiu-se para a solidão. Ela queria refletir tudo, mais uma vez.
Ela agradeceu aos
pequenos por eles terem guiado tão bem Ur-wu. Com isso veiolhe à mente que ele
deveria estar presente quando ela solicitasse conselho aos pequenos. Ela mandou
chamá-lo e juntos ouviram como estes lhes narravam que os homens pertenciam a
um reino bem grande e poderoso, que se encontrava junto a um largo e frutífero
rio.
De alguma maneira
deveria ter penetrado notícia dos Tuimahs até o soberano de lá, que era ávido
por mulheres bonitas e jeitosas, e ao qual, além disso, eram bem-vindos os
trabalhos forjados pelos homens.
E para ficar sabendo se
essa noticia era verdadeira, ele enviou os espiões. Ser-lhe-ia facílimo, assim
acreditava, se apoderar da inculta tribo negra.
Ur-wu cerrou os punhos.
Bu-anan apenas sorriu.
“Ele verá como se
enganou. Assim como Anu nos auxiliou até agora, da mesma forma Ele continuará a
nos auxiliar se permanecermos em seus caminhos. Enquanto mantivermos firme a
ligação com Ele, nada poderá nos acontecer.”
Depois ela quis saber o
que aconteceu com os U-aus que foram lançados pelos estranhos para dentro da
vala de espinhos. Ur-wu não sabia, também os pequenos não podiam falar nada
sobre isso, contudo, achavam que outros pequenos entes haviam ajudados os
animais.
“Vamos vê-los”, propôs
Bu-anan.
Ela caminhou com Ur-wu
até a vala. Podia-se ver as marcas da assídua luta. Pedaços quebrados das
plantas espinhosas estavam espalhados pelo chão, à direita e à esquerda da
passagem as plantas haviam sido quebradas.
Seis fortes e belos
U-aus estavam deitados, gemendo sobre esteiras estendidas por mãos cuidadosas.
Entre eles esgueirava-se a figura de uma menina de mais ou menos cinco anos.
Era Ur-ana, a neta de Ur-wu.
A pequena esforçava-se
com todas as forças para arrancar os longos e pontudos espinhos, que, sempre de
novo, escorregavam de suas fracas mãos. Ao fazer isso ela consolava os animais
de uma maneira cheia de amor.
“Quem te ajudou a tirar
os U-aus da vala, Ur-ana?” perguntou Bu-anan admirada, enquanto que Ur-wu
interrogava-a ao mesmo tempo, como ela, que do contrário era tão cuidadosamente
cuidada em casa, viera parar ali.
A criança olhou com
grandes e confiantes olhos para ambos interlocutores e respondeu tudo de uma
vez:
“Queridos e pequenos
homenzinhos falaram que Ur-ana deveria ir com eles para ajudar os pobres U-aus.
Esses homenzinhos ajudaram então os U-aus a saírem da vala e eles se deitaram
então sobre as esteiras, que Ur-ana teve que buscar. Apenas um pobre U-au havia
se afundado tanto nos espinhos, que não conseguira mais sair para cima. Este
morreu rapidamente”, relatou a criança, enquanto duas grandes lágrimas rolavam
sobre sua face. “Ele não sentiu mais dor”, acrescentou a pequena, consolando a
si mesma.
Profunda comoção se apossou
dos adultos, estando a olhar esta criança.
Em Bu-anan, porém,
surgiu algo mais. Já a longo tempo ela procurara por uma moça à qual pudesse
deixar seu saber quando Anu a chamasse um dia. Contudo, ela havia dirigido seu
olhar às grandes. Agora ela encontrara nesta pequena o que procurara.
Ela auxiliou-a a
retirar os espinhos e instruiu-a a passar um ungüento refrescante sobre as
feridas dos animais. Totalmente por impulso próprio a pequena auxiliar trouxe
então recipientes com água, enquanto Ur-wu saiu para buscar mais gente.
Essa gente deveria
levar os animais feridos em uma cabana, onde Ur-ana pudesse cuidar deles até
que pudessem novamente pular e correr alegremente.
Nesse meio tempo
passaram-se dias. Os homens empreenderam uma caçada, mais para percorrer a
floresta, a qual não consideravam mais segura desde que os estranhos espiões
aproximaram-se da colônia, do que para trazerem presas. Contudo, não
encontraram nenhuma pessoa, tão longe quer que fossem.
Então os vigias
trouxeram a notícia que os estranhos queriam falar com Bu-anan.
“Como sabeis isso?” disse a Mãe Branca
alegremente. “Eles não sabem falar a nossa língua?”
Agora, também os vigias
sorriram.
“Bu-anan, deu-se um
milagre: quando os homens perceberam que a sua ira não lhes auxiliava, tentaram
nos oferecer dinheiro e pedras para que nós os libertássemos. Contudo, nós
fizemos como nos mandastes e não falamos uma palavra com eles. E nesse
silenciar aprenderam nossa língua.”
“Isso é bom”, decidiu
Bu-anan. “Que eles sejam trazidos amanhã. Mas cobri seus olhos até que estejam
diante de mim e não desatai suas amarras. Não se deve confiar neles.”
No dia seguinte os
presos estavam diante da Mãe Branca. Resmungando, olhavam para Bu-anan, cujo
encanto eles não podiam reconhecer. Eles estavam acostumados a mulheres em
vestimentas abarrotadas de preciosidades. As que se vestiam de forma simples
eles não davam atenção.
Bu-anan permaneceu
calada. Ela podia ver seus pensamentos como se eles os tivessem pronunciado.
Por isso não lhe era necessário perguntar. Os homens também ficavam calados por
pirraça e obstinação.
(continua)
Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz).
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
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África. (Nas Florestas da África)
Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +: