Nas
Florestas da África
Episódio
XIX
Súbito Revés dos Desígnios
por
Charlotte von Troeltsch
Sinopse
de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca”, com
a volta de seus enviados, vindos do reino de origem dos presos na caverna, ouviu
durante alguns dias seguidos, como vivia o príncipe daquele povo estranho, com
muitos costumes esquisitos quando de repente, soube do inesperado ataque ocorrido
pelos encarcerados...
(continuação)
Então cortaram suas
cordas, empurraram com indizível esforço a pedra fechando novamente a entrada e
esperaram o próximo guarda. Três deles esconderam-se fora da caverna e os
outros três aguardavam dentro dela.
Passos se aproximavam
da entrada, os dois outros guardas vieram e chamaram por aquele que fora
assassinado. Fora combinado que, quando os guardas quisessem deslocar a pedra,
o pesado bloco deveria cair sobre eles, de dentro para fora.
Os três na caverna
estavam tensos à espreita. Agora, a pedra fora tocada pelo lado de fora! Os
três puseram toda a força e empurraram o bloco de pedra.
O grito de muitas vozes
foi a resposta. Os dois guardas e vários negros se precipitaram caverna
adentro. Em poucos instantes os três presos estavam mortos.
Contudo, ainda puderam
ver antes que os mortos massacrados pela pedra não eram os guardas, mas os
próprios companheiros, que por algum motivo se colocaram atrás da pedra.
Duas pessoas do povo
Tuimah e um negro foram feridos. Deixaram os corpos dos presos mortos no chão e
resolveram primeiramente relatar a Bu-anan.
Ela assustou-se com
aquilo que os homens tinham para lhe anunciar, mas ao mesmo tempo entrou em sua
alma um sentimento de grande alívio. Os estranhos mesmos causaram sua morte.
Com isso lhe fora retirada qualquer decisão a respeito deles.
“Tínheis que ter matado
os presos?” perguntou ela e obteve a resposta que não teria sido possível
diferentemente, se não devessem ser feridos mais Tuimahs.
Ur-wu ordenou que os
massacrados pela pedra e aqueles que foram mortos fossem sepultados na caverna.
Depois disso ela foi lacrada.
Então houve um longo
período de calma. Cheia de paz e de alegria a tribo desenvolvia-se. Ur-ana
desenvolvia-se cada vez mais, para alegria de seu avô e para grande sossego de
Bu-anan. Então veio um dia em que Ur-wu, o sempre ativo, cerrou os olhos para
essa vida. Suas últimas palavras se referiam ao nascimento do Enviado de Deus,
o qual ele gostaria tanto de ver.
“Lá em cima poderá
ouvir sobre Ele”, prometera Bu-anan consoladoramente.
Ur-wu sorriu feliz,
como se já soubesse mais do que ela. Ur-ana tomou a direção da tribo e estava
agradecido, por Bu-anan ainda estar a seu lado. Mais do que antes os
pensamentos dos Tuimahs giravam em torno do prometido Filho de Deus.
Eles não ousavam mais
pedir que Anu o enviasse a eles. Eles apenas ainda pediam para que Anu lhes
concedesse a graça de poder vê-Lo.
Uma manhã Bu-anan se
retraiu daqueles que a procuravam. Ur-ana deveria auxiliar e conversar com as
pessoas em seu lugar, tão bem quanto lhe fosse possível. Ela não sabia a razão
pela qual Bu-anan se retraíra para o silêncio, mas ela pressentia que algo de
importante lhe seria revelado.
À noite a Mãe Branca
chegou inesperadamente junto ao fogo. Ela parecia tão solene que imediatamente
todos sabiam que ela tinha urna anunciação das alturas luminosas.
Por um momento deixou
que seu olhar passasse sobre as pessoas. Ela conhecia a todos e sabia que
profunda impressão lhes causaria aquilo que ela tinha para dizer. Finalmente
ela começou:
“Adana esteve hoje
junto a mim.”
“Adana!” murmuraram as
pessoas e continuavam a olhar cheios de expectativa para Bu-anan. Já fazia
tempo que Adana havia trazido urna mensagem.
“Ela anunciou que o
Filho de Anu, o Filho de Deus, já se encontra na Terra!”
Um suspiro de decepção,
um júbilo suprimido percorreu as fileiras de pessoas. Que maravilhoso! Que
triste! Todos eles intuíam ambas as coisas e não conseguiam distinguir qual
sentimento era mais forte.
Bu-anan deixou-lhes a
vontade. Ela sabia que primeiramente deveria se esclarecer tudo neles, antes
que fossem capazes de absorver algo mais. Refletindo silenciosamente a Mãe
Branca se encontrava diante deles.
Também nela movia-se
uma tempestade de acontecimentos. Agora tornara-se verdade o que fora
anunciado: Deus, o Soberano invisível, Criador e Sustentador de todos os
Mundos, por causa deste Mundo, separou urna parte de si próprio, para que, por
um espaço de tempo, esta parte pudesse viver entre e com as criaturas humanas,
as quais no fundo nem mereciam mais a misericórdia de Anu.
As criaturas humanas
haviam se tornado más. Bu-anan havia intuído isso já naquela época, quando
Ur-wu e os outros trouxeram a noticia do príncipe estranho e de sua corte.
Adana, agora, havia-lhe confirmado isso.
Quão sinceramente os
Tuimahs se esforçavam para serem servos fiéis de Anu. Aí não havia um que
pensasse diferentemente. Mas as pessoas viviam isoladas dentro de sua vala de
espinhos. Não chegavam a entrar em contato com nenhuma tentação, com nenhuma
crença idólatra. Será que permaneceriam assim tão infantilmente puros, quando
outras influências se aproximassem deles?
Então Bu-anan pensara
em Ur-wu e seus acompanhantes. Eles haviam estado em contato com algo que lhes
era estranho e que não pôde fazer nada a suas almas. Agora ela se alegrava
novamente. Ela levantou o olhar.
Neste meio tempo os
sentimentos conflitantes haviam se acalmado nos outros. Tensos eles olhavam
para sua Mãe Branca, que certamente lhes anunciaria algo mais. E então Bu-anan
começou novamente a falar:
“Sim, Adana me revelou
que o acontecimento que movimenta o céu e a Terra, já se realizou a um bom
tempo. O Filho de Anu, uma parte dele próprio, nascera num corpo humano e fora
instruído por seres humanos totalmente puros. Maravilhosos devem ser esses
seres humanos que podem servir a um Filho de Deus como mestres e auxiliadores!”
Como Bu-anan
silenciara, ousaram perguntar:
“Onde nasceu o Filho de
Anu? Ouvistes em qual povo?”
(continua)
Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz).
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
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África. (Nas Florestas da África)
Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +: