terça-feira, 24 de julho de 2018

Minhas Vivências XIII








Minhas Vivências em Vomperberg

por Helene Westphal


(continuação)


Em fevereiro de 1938 houve então novamente um passeio até Innsbruck e em seguida uma mesa de café no hotel Kreid, onde o Senhor gostava de ir. Antes foram feitas grandes compras para a Colônia. O Senhor falou novamente sobre o futuro, de Suas viagens e que iriam juntos os portadores da Cruz, para os quais havia lá um fechamento de círculo. Nessa ocasião Ele disse para mim: “A senhora também gostaria de ir novamente junto?” Nesse momento eu não percebi nada Nele de todas as decepções. Ele estava bondoso como sempre.
Então veio o dia 12 de março de 1938. Voltei mais tarde do almoço para a Colônia. Não se via nenhum dos moradores da Montanha e quando me aproximei da Casa do Graal, algo me obrigou a olhar para cima. Então eu vi o Senhor de pé na sacada, imóvel, olhando para o vale. Foi abalador ver a figura solitária e o Senhor certamente sabia o que ainda Lhe aguardava naquele dia! À tarde, então, eles vieram, a AS *(NT: nacionais socialistas – tropa política, uniformizada e armada de luta, membro da NSDAP = Partido dos Trabalhadores Alemães Nacional-Socialista), e levaram o Senhor em prisão preventiva. Foi de cortar o coração! Alguns moradores, entre eles o senhor Vollmann, Emil Siffrid, o senhor Fritsch e também o senhor Swarovski foram imediatamente para Innsbruck, para buscar de volta o Senhor. Eles foram mantidos durante a noite lá, contudo, foram libertados novamente no dia seguinte, com exceção do Senhor. Um ou dois dias mais tarde o senhor Siffrid disse-nos que deveríamos ouvir o discurso que Hitler faria em Innsbruck. Contudo, Hitler mal conseguiu falar, seu discurso foi fraco e ele recebeu poucos aplausos. No dia seguinte fora publicado no jornal que ele estaria com uma dor de garganta e mal conseguira falar. O verdadeiro motivo, porém, era que ele se encontrava na irradiação do Senhor e por isso não pôde falar.

Nos dias subsequentes a SA veio então à Montanha e decretou prisão preventiva a todos os moradores da Montanha. Frau Maria e a senhorita Irmingard tiveram de deixar sua casa e foram alojadas nos recintos do Trígono. Os guardas da SA ocuparam o escritório e fizeram barulho lá até tarde da noite. Em cima, no primeiro andar, estavam as Damas. A senhora Illig e a senhora Reckleben ficaram sempre junto delas fazendo companhia. Nós, das casas em série I, também tivemos que deixar nossas residências e alojar-nos nas casas em série II ou onde quer que houvesse lugar. Os homens foram todos colocados num acampamento em massa, erigido no local onde funcionara antes a escola do Graal. A SA buscava junto a nós tudo que eles precisavam para preparar lá embaixo, em Vomp, alojamentos para eles: tapetes, móveis, máquinas de escrever, enfim, tudo o que poderia ser carregado. Ameaçaram Frau Maria com uma pistola, para que ela entregasse suas jóias. Também os carros foram confiscados. Quando íamos tomar as refeições na casa da escola, um homem da SA marchava à nossa frente com uma arma e outro nos seguia. A correspondência não funcionava de jeito nenhum, estávamos isolados de qualquer contato. Como eu era americana, não mexeram em minhas coisas e assim pude conservar e guardar comigo muitas coisas, o que não devia cair nas mãos da SA, pois a SA revirava tudo o mais, principalmente em busca de armas, para ter uma evidência contra nós. Mas não encontraram nada.


(continua)


Trecho do escrito Minhas Vivências em Vomperberg