Nas
Florestas da África
Episódio
XVI
Com Galhardia no
Comando
por
Charlotte von Troeltsch
Sinopse
de Fatos Transcorridos: Bu-anan, também chamada de “mãe branca”, em
seu cargo de chefia da tribo, pela sua responsabilidade com a segurança da
comunidade, também decidia sobre a situação dos presos que foram capturados
como espiões estrangeiros, invasores do local...
(continuação)
Bu-anan já queria dar
novamente a ordem para que levassem os presos embora, então o mais velho deles
resolveu-se finalmente a falar. Mal humorado ele falou:
“Não há homem nessas
miseráveis cabanas? Todos eles ficam escondidos atrás da saia de uma mulher?
Onde está o chefe da tribo?”
Bu-anan ficou calada.
Este não era o jeito de fazê-la falar. Novamente o silêncio perdurou por um
longo tempo, então um outro disse:
“Nós não estamos
acostumados a falar com mulheres!”
Um leve sorriso franziu
os lábios de Bu-anan:
“Isso estou vendo, pois
do contrário teríeis mais respeito. Vós tendes maus costumes, estranhos.”
Então o terceiro
bramiu:
“Com qual direito
julgas nossos costumes, mulher?”
“Com direito dobrado: a
partir do direito do vencedor sobre o derrotado e, mais ainda, a partir do
direito da mulher pura!”
Eles pareciam quase
constrangidos. Assim não chegariam adiante. Dessa mulher irradiava uma elevação
como eles jamais vivenciaram. Se apenas soubessem o que deveriam dizer.
Então Bu-anan lhes
disse:
“É bom que noteis,
estranhos, quão pouco podeis conseguir com a maneira assim começada. Dai
respostas verdadeiras para minhas perguntas, então poderemos ver o que será
feito convosco.”
Novamente eles se
olharam. O olhar significava: cuidado, não trair o motivo por que viemos e de
onde nos originamos.
Essa precaução fora
desnecessária, a esperada pergunta não foi feita.
“Tendes algo a reclamar
de vossa prisão?” perguntou Bu-anan.
Eles estavam tão
surpresos que não encontraram nenhuma resposta. Finalmente, um deles se animou
e assegurou que as cavernas eram grandes e arejadas, e que também tinham tochas
suficientes para iluminá-la.
“Recebeis comida
suficiente?” foi a próxima pergunta. Também isso eles responderam
afirmativamente.
“Então não há nenhum
motivo para que não podeis ficar aqui por mais algum tempo”, fora a resolução
inesperada de Bu-anan.
“Eu enviarei
mensageiros para vosso príncipe para lhe informar que seus espiões estão presos
aqui. Ele deverá dizer como quererá libertar-vos. Até lá tereis de ter
paciência.”
A surpresa dos homens
foi tão grande, que esqueceram que esperavam por outra resolução.
“De onde sabes de nosso
príncipe?”
“Quem te disse que
viemos como espiões e não como comerciantes pacíficos?”
“Como teu mensageiro
encontrará nosso país que fica tão longe?”
As perguntas
precipitavam-se uma atrás da outra. Aos estranhos parecia incompreensível que
Bu-anan falasse com tal tranquilidade sobre aquilo que eles ocultavam dela.
E essa admiração fez
com que perguntassem novamente:
“És uma feiticeira?”
“Não sei o que é isso”,
respondeu Bu-anan.
“Uma mulher que está em
ligação com poderes extra-materiais”, veio a rápida resposta.
“Eu sou a serva do
Senhor dos Mundos”, disse Bu-anan, e uma enorme dignidade vibrava através de suas
palavras.
Então os homens se
calaram e deixaram-se levar, sem resistência, de volta à prisão.
Mal estavam fora de
alcance para ouvirem, os homens Tuimahs que estavam presentes, não conseguiram
se conter. Suas vozes soavam em confusão uma após a outra. Eles sabiam, sim,
que Bu-anan recebia seu saber do alto, eles sabiam que ela era a melhor e mais
pura mulher da Terra, mas tão elevada, tão celestial como a pouco, nem mesmo
eles jamais tinham visto sua Mãe Branca. Alguns deles ajoelhavam-se diante
dela.
Ela se esquivou
amigavelmente, mas com determinação.
“Agradecei a Anu”,
disse ela, “que auxiliou Sua serva. Agora precisamos pensar em enviar
mensageiros para o príncipe desses homens. Como essa gente entende nossa
língua, assim vós também podereis fazer-vos entender por eles. Quem entre vós
quer ousar seguir o distante caminho sob a condução dos pequenos?”
Todos se apresentaram.
Quando Bu-anan achava que algo era certo, não havia o que pensar.
Ela determinou que
Ur-wu ao lado de mais três e alguns negros deveria ir. Ur-wu podia se entender
com os pequenos, ele era o chefe da tribo e era o mais apropriado para isso.
Já no dia seguinte os
homens partiram.
Bu-anan havia instruído
Ur-wu a seguir em tudo o conselho dos pequenos, não apenas no que se referia ao
caminho a ser tomado, mas muito mais no que se referisse ao príncipe estranho.
Anu havia dotado um dos pequenos com especial sabedoria, Urwu poderia
entregar-se à sua condução.
Durante o tempo que
Ur-wu precisaria estar distante, Bu-anan determinou seu filho, Ur-an, para
chefe dos homens. Era muito bom que ele, o qual deveria mais tarde dirigir toda
a tribo, já pudesse se exercitar agora, enquanto Bu-anan ainda estivesse aí
para aconselhá-lo.
Ela própria mantinha
Ur-ana bem próxima de si para formar a alma da criança.
A pequena compensava-a
ricamente o menor esforço e com alegria aprendia tudo o que a Mãe Branca lhe
ensinava. Suas perguntas comprovavam que ela se ocupava interiormente de forma
contínua com tudo o que via e ouvia de Bu-anan.
(continua)
Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz).
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
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África. (Nas Florestas da África)
Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +: