Lembrança de Inverno
por Otto Ernst Fritsch
Descrevo aqui as Palavras do Senhor, infelizmente apenas de lembrança e por isso somente de acordo com o sentido, mas, segundo minha convicção, reproduzidas com grande fidelidade:
(continuação)
②② Eu gostaria de contar um outro exemplo da grande modéstia de
Abdrushin: Quando, em 1935, ainda não havia o prédio da administração, de
1932 a 1935 o assim chamado “escritório” era o refeitório e a sala de estar dos
meus pais, na casa I do conjunto de casas, onde mais tarde morou a Sra.
Elsa Wobbe. Por isso, o Senhor vinha duas a três vezes diariamente à residência
para falar com meu pai, que fazia os serviços administrativos (trâmites da
correspondência). Era possível reconhecer o Senhor pela forma de bater
à porta: ninguém batia à porta de modo tão baixinho como Ele (eu mesmo
nunca ouvi alguém bater tão baixinho numa porta como o Senhor). Quando então meu pai dizia “entre”, o Senhor abria apenas uma pequena fresta na porta e perguntava “Posso
entrar?”, ou “Não estou incomodando?”
②③ Como meu pai encontrava-se em um serviço
bastante intenso e grande para o Senhor, minha
mãe tinha complexos de inferioridade e pensava tristemente consigo
mesma ou também dizia para mim: “Ah! Se eu também pudesse servir ao Senhor!” Certa vez, quando o Senhor já tinha se despedido depois de
uma conversação com meu pai, minha mãe, impulsivamente, colocou em palavras os
seus pensamentos: “Ah Senhor, se eu
também pudesse servi-Lo!” Então o Senhor
voltou-se, chegou para minha mãe e disse com infinita bondade e amabilidade:
“Sra. Fritsch, a senhora serve-me mais do que possa imaginar!” (Nota: a atuação
externa de uma pessoa é decisiva apenas em parte para o seu valor na Criação;
determinante na atuação sobre o ambiente mais próximo e mais distante são a
pureza interior e a força das intuições, dos pensamentos e das orações)!
②④ Num passeio a pé em
Vomperberg, eu disse certa vez ao Senhor:
Estranho, a primavera é certamente a mais bela época do ano, e também o outono,
com suas maravilhosas cores, diz muito para mim. Mas do inverno, em
sua pujança, devo quase dizer que muitas vezes me abala”. Então o Senhor disse sério: “O espírito
pressente, no seu inconsciente, algo da maravilha e do esplendor que estão no
Paraíso. E uma pequeníssima parte disso pode ser visto no inverno.” − Minhas
ideias a respeito: “Quem uma vez viu uma paisagem maravilhosamente coberta de
neve na luz do Sol, quando milhões de diamantes faíscam e brilham na neve, de
forma que os olhos ficam realmente ofuscados com eles, e quem deixa esta
impressão agir de forma plena sobre si, este deve sentir que nenhuma outra
época do ano oferece algo que possa ser comparado a isso. Não é como um reflexo
da Luz eterna?
②⑤ Depois do desmoronamento de Vomperberg, conheci
muitas pessoas do Tirol que estiveram juntas com Abdrushin
na prisão de Innsbruck. Todas asseguraram unanimemente que o Sr. Bernhardt
seria um homem admirável. Todas, cada uma de acordo com sua forma de ser e seu
grau de instrução e maturidade, manifestaram-se de modo diferente em suas
formulações, mas no sentido todas foram unânimes: “uma personalidade
extraordinária”, uma “personalidade fascinante”, uma “pessoa maravilhosa”, um
“homem fino”. Não consigo reproduzir todas as diferentes expressões e
descrições, que possuíam em comum a expressão de admiração. Empresários e
comerciantes, com os quais eu cheguei a falar anos mais tarde, expressaram-se
todos de forma unânime, com muitos elogios em relação ao senhor Bernhardt.
(continua)
Extraído (em continuação) da Cópia de um manuscrito de Otto-Ernst Fritsch