Dos Mistérios da Atuação de Deus:
Auxílio da Luz
por um convocado
E então aconteceu
que na vontade de Deus-Pai foi decidido enviar uma parte de Sua força para
baixo, para a Criação posterior, para colher experiências e para auxílio da
humanidade cambaleante e oscilante, que estava próxima de sucumbir.
E o Espírito
Santo se separou e se tornou visível sobre o Santo Graal, na figura de uma
Pomba de branco-resplandescente. Então Ele desceu
para a Terra.
Contudo,
profunda tristeza e escuridão já pesavam sobre a Terra. Nos longos períodos de
desenvolvimento da Terra, a humanidade havia piorado cada vez mais. Apenas
brilhavam ainda sobre ela poucos pontos luminosos, que poderiam ter se tornado
um solo puro para receber as irradiações divinas.
Nevoeiros se
alastravam sobre a Terra, contudo os raios do Sol abriam caminho para si e iluminavam
muitas pontos maravilhosos. Abismos rochosos íngremes se expandiam em desertos
gigantescos. Eram como um enorme burgo de resistência. A Pomba luminosa ficou
parada por um momento pairando sobre eles, então tomou seu caminho adiante para
a Pérsia.
Em alturas
imensas, outrora mal alcançáveis pelo olho humano, se distendia em seus limites
o reino ensolarado e florescente dos ismanos!
A pureza e a paz
estendiam a sua luz brilhante sobre este lugar, uma luz que não era desta
Terra.
O príncipe dos ismanos
caminhava em seu jardim, que circundava seu magnifico castelo numa abundância
resplandescente e aromática.
Branca
era sua veste longa e completamente simples; o cabelo e a barba caíam cheios e
macios e emolduravam a face estreita e marrom, cujos olhos juvenis brilhavam
como dois sóis irradiantes e bondosos, de forma sábia e doce, mas cheios de
força.
Is-ma-el, o
príncipe dos ismanos, que lhes era ao mesmo tempo guia e preceptor, sacerdote e
regente, levantou seu rosto para o luminoso céu de azul profundo e um raio da
luz transfigurou seu rosto. Ele havia intuído a proximidade da Pomba sagrada e
inclinou seu espírito para ouvir a voz do seu íntimo.
Seu semblante
adquiriu uma expressão extraterrena e seus olhos brilhavam transfigurados.
“Sim, Senhor”,
murmurava ele, “sim!”
E então ele se
dirigiu rapitamente para a sua moradia. Em seus aposentos, que irradiava pela
suntuosa beleza das pedras preciosas e do ouro artisticamente trabalhados, ele
tirou seus calçados e se deitou cheio de esperança sobre uma pele branca.
Com a cabeça
apoiada nas mãos, ele olhava com expectativa para um recipiente de puro jaspe,
sobre cujo fundo repousava uma estrela maravilhosamente lapidada. Não demorou
muito e o recipiente começou a soar baixinho. Aproximou-se um tecer luminoso,
um perfume de rosas e lírios, e um brilho delicado e fino como um véu, superado
pela resplandecência de uma coroa de estrelas de um branco-azulado. Olhos
dourados e luminosos olhavam da torrente de véus, que se formavam diante dos
olhos espirituais ofuscados de Is-ma-el, para que ele pudesse suportar essa
força da Luz e uma voz soou através de seu espírito, fundo em seu coração.
“Ouve, Is-ma-el,
príncipe dos Ismanos! Eu te chamo para um servir fiel!
Vá até o lugar
onde a Pomba branca aparecer para ti. Toma a tua vara e o teu cavalo e segue o
teu guia. Deves encontrar um menino que deverá se chamar Abd-ru-shin, que
significa “Filho do Espírito Santo”. Uma criança de um ano de idade. Ele é
Parsival, meu filho! Proteja-o da sede de morte dos homens e guia-o para que
ele encontre aplainados os caminhos da vida, quando seu tempo tiver chegado.
Ouve e segue
minhas palavras. O Seu Pai te enviará a força!”
Suavemente,
assim como havia surgido, a luminosa figura desapareceu diante dos raios
rígidos do dia terreno ensolarado. Quase imperceptível pairava ainda a última
lembrança do aroma de flores pelo ambiente.
Is-ma-el se levantou.
Sentiu o seu corpo como se tivesse nascido de novo. Ele bateu palmas. Alguns de
seus mais elevados servos e amigos vieram em seguida e ouviram surpresos a sua
ordem. Is-ma-el preparou-se para a viagem e não disse para onde esta se
dirigia, nem contou nada sobre sua finalidade. As expressões silenciosas dos
ismanos não exprimiram nenhuma pergunta. Alegremente eles executaram a sua
ordem. *(Ismael
foi o mesmo espírito elevado, que anunciou mais tarde, como “João Batista”, a
existência terrena do Filho de Deus, Jesus.) —
Editora Der Ruf“ G.m.b.H. Munique – 1934