Nas
Florestas da África
Episódio
V
Na Lei da Selva
(continuação)
Depois então ela soltou
um alto e lamentoso som de coruja, o qual repetiu mais duas vezes. Como que um
encanto, pareceu isto ao homem: de todos os lados vieram homens negros seminus,
correndo e transpondo todos os obstáculos. Num instante ele estava cercado tão
estreitamente que não podia se mexer, mesmo sem ninguém tê-lo agarrado. Como
uma trincheira de pedra, em tomo dele ficaram os pequenos, mas robustos e
fortes corpos. Todos eles viraram-lhe as costas e olhavam para para Bu-anan,
que interiormente respirava mais aliviada.
“Levem este homem com
vocês!” ordenou ela num tom que ninguém pôde notar sua hesitação interior de
alívio. “Ele é um estranho, que se imiscuiu entre nós com uma mentira. Ele veio
para nos espionar. Não o deixem escapar!”
Uma exclamação à meia
voz dos negros atendeu-lhe, então o estranho sentiu-se agarrado e sem poder se
defender, foi arrastado embora.
Ele não foi maltratado,
mas o domínio era tão forte que teria sido inútil uma resistência.
Com grande rapidez
saíram da região habitada.
Um bom trajeto da
estrada foi rapidamente percorrido. Aí os homens pararam.
O estranho achava-se
diante da entrada que dava para uma caverna subterrânea. Indicaram-lhe para que
entrasse. Por curiosidade, ele obedeceu. Muitos homens o acompanharam e o
empurraram para frente através de passagens estreitas, que pareciam seguir
adiante sinuosamente por baixo da Terra.
“Que vós fazeis aqui?”
perguntou o homem. Contudo não obteve resposta.
Seu caminho tinha
atingido o alvo. Ele se encontrava em uma câmara bastante grande, na qual de
forma alguma penetrava a luz do dia.
Um grande amontoado de
lascas de madeira se encontrava ali. Uma dessas foi acesa com uma tocha que
eles haviam trazido e enfiada numa fresta na rocha. Então, um homem indicou
para uma pedra que estava coberta com peles gastas. Mal o estranho tinha se
sentado, os outros fecharam a entrada para a câmara com um enorme pedaço de
rocha, que se encaixava exatamente e o deixaram. Aparentemente esta caverna era a prisão da
tribo.
Dois dos negros se
acomodaram ao pé desta entrada e arreganharam os dentes satisfeitos. Eles
precisavam vigiar o estranho, mas com certa alegria maliciosa, pois essa prisão
até tornava a tarefa agradável.
Os outros se apressaram
quase correndo para o trabalho deixado por causa do chamado de emergência. Da
mesma forma, debaixo da terra, encontrava-se uma forja bem instalada, que tinha
sua saída de fumaça para cima. Na verdade havia várias forjas que estavam
juntas em conexão uma com as outras: em uma delas eram feitas facas de bronze e
punhais, nas outras eram confeccionadas coisas mais finas, como por exemplo,
largos aros de bronze trabalhados para os braços e tornozelos e pequenos anéis
que alguns homens colocavam de enfeite no nariz.
No terceiro
compartimento produziam-se recipientes rasos e fundos igualmente de bronze e
uma mistura que brilhava mais que o escuro bronze. A brasa ainda ardia.
Rapidamente os fogos foram novamente acesos e o trabalho iniciou em grande
alegria. As chamas cintilavam fantasmagoricamente sobre os corpos negros e
seminus. Bastante tempo já devia ter passado quando soou um estridente apito
pelos compartimentos, que sobrepujou todo o barulho do trabalho. Vários homens
deixaram suas ferramentas e se puseram com passos rápidos através de um
corredor estreito em direção a um compartimento bem grande e especialmente
ventilado. Ferramentas e adornos acabados e semi-acabados ficaram espalhados
por toda parte, metal e pedras preciosas estavam acumulados em grandes e
pequenos montes.
No meio de todas essas
coisas estava um homem muito velho e pequeno. Uma longa barba branca
alcançava-lhe o joelho, também os cabelos eram grisalhos e apareciam por baixo
de um pontudo gorro de couro de cabra que cobria a cabeça. Igualmente de couro
de cabra era a veste justa que ele usava, a qual consistia de saia e
saia-calça. Até os pés estavam enfiados dentro do couro. Sem aguardar um
chamado, reuniram-se os homens em volta do velho, que em silêncio pegou um
trabalho de metal e mostrou-lhes. Era uma ferramenta bem afiada de metal claro,
presa a um cabo de madeira que se assemelhava ao machado. Eles o admiravam sem,
entretanto, pressentir para que finalidade esta coisa pudesse ser utilizada.
Provavelmente também não lhes era importante. Eles só sabiam: Mostrava o velho
a eles tais objetos e assim eles tentariam fazê-los iguais. Instruções eles
recebiam para isso.
Então o velho pegou
um pedaço de madeira disposto ali, colocou-o de pé e rachou-o com a nova
ferramenta. Um grito de alegria mostrou quão entusiasmados os homens ficaram
com o efeito. Muitas mãos tencionaram pegar ao mesmo tempo o objeto. O velho
puxou-o rapidamente de volta e examinou os homens. Depois disso, ele o entregou
a um deles, que olhava com olhos mais claros que os outros. Como um precioso
tesouro este o recebeu. Depois, os homens saíram calados, assim como vieram.
Também o velho não havia dito nenhuma palavra.
(continua)
Uma obra traduzida diretamente do texto original alemão de 1937, o qual foi publicado nos cadernos 6 a 12 da revista Die Stimme (A Voz).
A história está sendo publicada em episódios da coleção do G +:
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Por esse mesmo esquema já foram publicadas as obras como coleções do G +: