Sede,
porém, alguém que aja dentro da Palavra!
por
August Manz
“Sede, porém, pessoas que atuam
dentro da Palavra e não apenas ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
Pois se alguém é um ouvinte da
Palavra e não um atuante, ele é igual a um homem que olha sua imagem refletida
no espelho, pois após tê-la visto, vai se
embora e se esquece de como era.
Quem, porém, penetra com
o olhar na perfeita Lei da liberdade, e permanece nela, e não é um
ouvinte esquecido, mas sim um atuante, será bem-aventurado em seu
atuar.”
Nós lemos estas palavras na Epístola de Jakobus, as quais mostram ao ser
humano o único caminho para a ascensão rumo à Luz, o qual existe para o
desenvolvimento do germe espiritual na materialidade desejado por Deus: a
vivificação da Palavra de Deus pela ação.
O próprio Filho de Deus inseriu essa fundamental exigência no final de
seu Sermão da Montanha, revelando assim que somente a ação, o cumprimento da
Palavra pode tornar o ser humano bem-aventurado.
Essas palavras soam da seguinte forma no Evangelho de Mateus, no capítulo
sete:
“Assim, quem ouvir essas minhas
palavras e praticá-las, eu o compararei com um homem sábio, que constrói
sua casa sobre uma rocha. Assim, quando chega a chuva forte e a tempestade e o
vento sopra, e eles investem contra a casa, ela não cai, pois está erigida
sobre uma rocha.
E quem ouve essas minhas
palavras e não as pratica, é como um tolo, que constrói sua casa sobre a
areia. Assim, quando chega a chuva forte e a tempestade e o vento sopra, e eles
investem contra a casa, ela cai e sua queda é grande” - -
Quem, porém, ouve as palavras e
age de acordo, construiu sua vida sobre a rocha, a qual forma uma base que
jamais oscila e é a pedra fundamental para sua ascensão rumo à Luz. Só ouvir a
Palavra, não a praticando, não oferece ao ser humano nenhuma base para
seu desenvolvimento correto. Quem age dessa forma, tem de sofrer o
desmoronamento da construção de sua vida espiritual, por faltar-lhe a base
firme.
A ação em si decide sobre o “ser ou não ser” do ser humano individual. É
ela que pode conduzir o desenvolvimento do ser humano para o alto, até as
alturas luminosas do Reino Espiritual, até a perfeição da existência
humana – ou para baixo à decomposição da materialidade, à aniquilação da
existência pessoal. Pois só alcançará a vida eterna aquele que age de acordo
com a Palavra de Deus. Quem, porém, age contrário a essa Palavra, quem pratica
a palavra de Lúcifer, seu agir errôneo lhe trará a morte espiritual.
A ação no sentido desejado por Deus! Na Mensagem do Graal o Filho do
Homem nos anunciou mais incisivamente sobre a necessidade da ação para todos
aqueles que querem se esforçar em direção à Luz – mas também mostrou, como o
ser humano pode formar de modo viva a Palavra de Deus, aplicando-a numa ação
correta e do agrado de Deus. Ao mesmo tempo também revelando que o ser humano
recebeu como presente Divino a precondição para tal ação de
consequências tão importantes: o livre-arbítrio.
Só o livre-arbítrio é que dá significado e sentido a todo o fenômeno e ao
desenvolvimento do germe espiritual humano. Só devido ao fato do ser humano
poder atuar e agir da forma como ele queira, é que Jesus pôde falar sobre a
exigência de que não devemos apenas ouvir a Palavra, mas também agir de acordo;
só sob essa pressuposição há a possibilidade de duas metas finais do
desenvolvimento: a perfeição ou a aniquilação.
Sem o livre-arbítrio, qualquer semelhante exigência, sim, a meta de se
alcançar um desenvolvimento mais elevado, seria sem sentido. Na perfeição das
Leis Divinas que residem na Criação está fundamentado, que o ser humano tem que
ter a possibilidade plena de livre resolução, já que também tem de se
responsabilizar pelas consequências de suas ações – como a Mensagem deixa
reconhecer de forma clara. Livre-arbítrio e responsabilidade pertencem
incondicionalmente um ao outro. Pois a responsabilidade, o assumir as
consequências de uma ação, segundo a lei da responsabilidade, só pode ser
exigida ali, onde existe a possibilidade de se agir, segundo o
livre-arbítrio, de uma ou de outra forma. Sem a liberdade de resolução,
toda e qualquer responsabilidade seria excluída. E a exigência de formar a
Palavra de forma viva através da ação, nem poderia ser feita, seria injusta, já
que para tanto faltaria a pressuposição mais necessária: a possibilidade da
escolha da resolução.
Em dissertações anteriores já nos ocupamos com a questão do
livre-arbítrio e da responsabilidade de forma mais pormenorizada e reconhecemos
aí, que exatamente o livre-arbítrio deixa com que se destaque a maravilhosa
atuação das Leis Divinas da Natureza numa clareza digna de admiração. Através
do livre-arbítrio o ser humano é realmente senhor de seu próprio destino, o
qual ele é capaz de moldar da forma como queira. Senhor e não
escravo, vítima ou joguete de um destino incompreensível ou casual como muitos
pensam erroneamente. Ele pode fazer boas ou más ações; ele pode ouvir a palavra
e formá-la de modo vivo; ou ele pode ouvi-la e não fazer nada – como ele
queira. Mas já que ele pode agir sem qualquer coação, também tem de se
responsabilizar necessariamente pelas consequências: pode tornar-se
bem-aventurado ou perder-se – sim, de acordo com o que ele se decide.
A atuação conjunta do
livre-arbítrio e da responsabilidade, da causa e do efeito na maneira
correta e de acordo com a Vontade de Deus tem e irá criar o rochedo,
sobre o qual pode ser edificado o desenvolvimento e o amadurecimento do germe
espiritual humano na Criação.
A Mensagem também nos anunciou, como se realiza esse trabalho
entre vontade, ação e responsabilidade. Nós sabemos dessa forma que o ser
humano, por meio de sua intuição, reúne e concentra a força pura e criadora de
Deus que o transpassa, retransmitindo-a através de seus pensamentos, dirigindo-a
por meio de sua vontade para bons ou maus efeitos.
Segundo a Lei da Reciprocidade, ação e consequência encontram-se numa
lógica e evidente conexão – cumprindo a justiça perfeita das Leis Divinas. E
por isso a ação também tem de criar um inabalável rochedo, se ela
se inserir corretamente nos fenômenos das Leis da Natureza. Pois as Leis
perfeitas só podem criar o que é perfeito, se forem utilizadas de forma
realmente correta. Entretanto, se forem utilizadas erroneamente e desviadas da
sábia direção da Palavra Divina rumo à Luz, tem de surgir como consequência uma
construção imperfeita, erigida sobre a areia, sobre uma base vacilante
que, por fim, tem de levar toda a construção ao desmoronamento.
“Sede, porém,
pessoas que atuam dentro da Palavra e não apenas ouvintes, enganando-vos a vós
mesmos.” - de fato é dever de cada ser
humano ouvir a Palavra da Verdade e ouvi-la sempre de novo, até que a tenha
assimilado totalmente em seu âmago mais profundo.
“Quem não se esforça para compreender direito
a Palavra do
Senhor, torna-se culpado!”
Assim também soam as Palavras que antecedem as dissertações na Mensagem
do Graal. Pois o reconhecimento da Verdade Divina é a primeira pressuposição
para que o ser humano possa direcionar sua vontade em uma direção correta e
deixá-la atuar. O exato conhecimento da Criação, que o Filho do Homem trouxe em sua Mensagem , é que
lhe possibilita a decidir corretamente e a poder direcionar a força Divina na
direção certa para efetuar boas ações. Pois apenas então ele passa a conhecer o
atuar das Leis Divinas e apenas agora ele pode, com base nesse conhecimento,
sintonizar-se corretamente em seu atuar, deixando-as trabalharem para si. E
disso surge para o ser humano individual também o dever e a necessidade, de se
aprofundar cada vez mais na Mensagem, a fim de utilizar as Leis de forma cada
vez melhor e mais correta, guiado por seu reconhecimento crescente.
Mas esse reconhecimento da Palavra não se serve de nada, torna-o até
culpado num grau ainda mais elevado – se ele não o utilizar para a ação.
Quem se dá por satisfeito em só ouvir a Mensagem Divina, quem só é um adepto
exterior da Doutrina do Graal, não poderá se desenvolver, nem amadurecer mais.
Ficará estagnado em seu antigo ponto terreno – e estagnação significa
retrocesso no desenvolvimento e, por fim, morte e o nada, ao invés da vida.
Quem, porém, compreendeu
corretamente a Palavra da Mensagem – da forma como o Filho do Homem quer e
exige – também compreendeu que não deve permanecer parado só ouvindo, mesmo na
forma de aprofundar-se na Mensagem, mas que deve despertar a Palavra em si para
a vida através da ação. “Seu olhar
perpassará a Lei perfeita da liberdade e persistirá aí” – como
expressou Jakobus. Com outras palavras, ele terá reconhecido, que o ser humano
é completamente livre na utilização de sua vontade, em suas resoluções. Ele
saberá, que nada nem ninguém, nenhum dogma ou doutrina, nem mesmo Lúcifer ou
Deus o obriga a qualquer coisa. Mas ele também reconhecerá,
que se lhe desenvolve o dever de agir, da ação e, na verdade, da boa ação no
sentido desejado por Deus, se quiser ascender à Luz. E assim ele se confessará
jubilando para a Luz, com o juramento:
“ Eu só quero o que é bom,
nobre e puro; quero me inserir totalmente nas Leis de Deus e quero venerar
Deus através da ação.”
Para tal pessoa vale o que salmista diz sobre o piedoso, destacando
aquilo que é o contrário do caminho errôneo daquele
que não possui Deus.
“Bem-aventurado aquele que não
anda no conselho do ímpio, nem trilha o caminho dos pecadores, nem se senta,
aonde os zombadores se sentam.
Mas se apraza na Lei do Senhor
e fala de Sua Lei dia e noite.
Ele é como uma árvore plantada
à beira do córrego, frutificando na sua época e suas folhas não murcham; e o que ele faz é bem sucedido.
Mas os ímpios não são assim, ao
contrário, são como o joio que é dispersado pelo vento.
Por isso os ímpios não
persistirão no Juízo, nem os pecadores na colônia dos justos.
Pois o Senhor conhece o caminho
dos justos; o caminho dos ímpios, porém, desaparece.” - - -
O caminho do justo, isto é, do ser humano que se sintoniza
de forma certa e correta na Vontade de Deus, tem de conduzir para o alto, ao
encontro da Luz. Será uma ascensão, edificada sobre a rocha. E, por isso, será bem sucedido o que o justo faz, pois ele
só utilizará sua vontade para a realização de boas ações e de forma correta e
que são do agrado de Deus.
Também a Mensagem do Graal anuncia na dissertação “Adoração
a Deus” sobre as bênçãos, que advém aquele que age corretamente.
“A Mensagem de Deus vos indicava o caminho, o único para a
vossa salvação do pântano que já vos ameaçava asfixiar! O Filho de Deus
procurou guiar-vos por meio de parábolas! Os que queriam acreditar e os
perscrutadores acolheram-nas com os seus ouvidos; mais adiante, contudo, elas
não iam. Nunca procuraram viver de acordo.
A religião e a vida cotidiana também sempre permaneceram
duas coisas distintas para vós. Vós sempre ficastes de lado, ao invés de
dentro! Os efeitos das leis na Criação explicados nas parábolas permaneceram
totalmente incompreendidos por vós, porque nelas não os procurastes!
Agora vem mais uma vez na Mensagem do Graal a mesma
interpretação das leis, na forma mais compreensível a vós para a época atual.
Todo aquele que finalmente se orienta por ela no pensar,
falar e no agir, pratica com isso a mais pura adoração a Deus, pois esta
repousa exclusivamente na ação!
Quem se
submete de bom grado às leis, age sempre com acerto! Com isso prova seu
respeito pela sabedoria de Deus, curva-se alegremente à Sua Vontade que reside
nas leis. Dessa forma vem a ser beneficiado e protegido pelos seus efeitos,
libertado de todo sofrimento e soerguido para o reino do espírito luminoso,
onde se torna visível a cada um, sem turvação, a Onisciência de Deus em
jubiloso vivenciar e onde a adoração a Deus consiste na própria vida! Onde cada
respiração, cada intuição, cada ação provém da mais alegre gratidão
e assim permanece como um constante prazer. Nascido da felicidade, semeando
felicidade e, por isso, colhendo felicidade! A adoração a Deus na vida e no
vivenciar reside unicamente no cumprimento das leis Divinas. Somente com isso
será assegurada a felicidade.” - - -
O atuante será
bem-aventurado em sua ação. Pois a ação correta e boa lhe possibilitará, reciprocamente, a ligação
com a Matéria Fina e com o Espiritual e dessa forma ele será beneficiado em seu
desenvolvimento rumo ao ser humano pleno e nobre. Sua intuição será libertada
sempre mais e mais. E suas resoluções tornar-se-ão assim cada vez mais
corretas, ele utilizará sua vontade de forma cada vez melhor na direção certa.
Assim moldar-se-á sua vida terrena de forma harmônica e feliz. E edificada
sobre um rochedo inabalável de ação agradável a Deus, a existência de um tal
ser humano também continuará se desenvolvendo rumo ao alto no Além, até que
possa retornar ao Reino Espiritual, o Paraíso – tornado bem-aventurado através
da ação.
Mas apenas a ação que surge da pura intuição, da verdadeira adoração a
Deus é que pode fazer com que seja bem-aventurado. Quem não age de acordo com a
Palavra ou age erroneamente, em sentido torcido – só se ilude a si mesmo. Pois
ele não aciona a alavanca da força Divina ou a aciona na direção errada,
devendo, em ambos os casos, ser esmagado pela atuação das Leis Divinas.
Não é no ouvir, nem no tomar conhecimento da Palavra Divina que resida a
base para a ascensão, mas sim, exclusivamente, no cumprimento correto das Leis
Divinas pela ação.
Por isso Jesus ainda disse no final do Sermão da Montanha:
“Nem todos que me dizem:
Senhor, Senhor! É que entrarão no Reino de Deus, mas sim aqueles que realizarem
a Vontade de meu Pai que está no Céu.”
Também aqui a ação, que é realizada dentro das Leis Divinas, é colocada
como exigência principal.
E em outro local está escrito:
“E falando ele ainda para o
povo, aí que estavam lá fora sua mãe e seus irmãos, que queriam conversar com
ele.
Então, um falou para ele: Vede,
tua mãe e teus irmãos estão aqui fora e querem falar contigo.
Ele, contudo, respondeu,
dizendo para aquele que lhe dirigiu a palavra: Quem é minha mãe, quem são meus
irmãos?
E estendeu a mão sobre seus
discípulos e disse: Vede, esta é minha mãe e meus irmãos.
Pois quem faz a Vontade de meu
Pai que está no Céu, é meu irmão, irmã e mãe.” - - -
E, então se vós também quiserdes que o Filho do Homem estenda sua mão
sobre vós e diga: “Vede, esta é minha mãe
e meus irmãos” – então tendes de fazer também o que Ele vos disse:
“Serviço ao Graal deve ser uma verdadeira e viva
adoração a Deus. Contudo a verdadeira adoração a Deus reside unicamente...
na ação!”