Dos Mistérios da Atuação de Deus:
Os Espíritos Humanos da Criação Posterior Falham
por um convocado
Então
Deus-Pai enviou uma luz para iluminar os espíritos humanos na matéria
grosseira. Era Lúcifer, o arcanjo de um dos degraus de Seu trono. E Deus
deu-lhe a força para que ele iluminasse os seres humanos com a luz do
raciocínio, para que eles pudessem utilizar assim a intuição de seu espírito,
dada por Deus, e moldá-la de forma totalmente eficaz na pesada materialidade.
De forma
reluzente e bramante Lúcifer desceu rumo à materialidade, querendo cumprir
alegremente o desejo do Senhor. E passou-se um
tempo.
Mas então os
guardiões perceberam um movimento que ainda não haviam vivenciado, um bloqueio,
uma estagnação. No atuar deles nada havia se
modificado, e de forma eternamente igual e maravilhosa, o amor de Deus-Pai
fluía para baixo cantando, bramindo e reluzindo através de seu Rei para eles.
De espécie a
espécie a notícia penetrava cada vez mais alto, para cima, e fazia-se
perceptível como um movimento contrário no fluxo do vivo circular das leis.
Eles sabiam que isto só podia vir de Lúcifer e, numa vontade unida com força
aumentada, eles vibravam sempre e constantemente no amor servidor.
Eles não se queixavam, não
temiam, mas a luz não fluía mais de forma tão ininterrupta como antes. Os
enteais nas esferas mais baixas estavam preenchidos com a mesma força de Deus,
pois também eles serviam fiéis e sem distorções, mas eles viam
com preocupação o atuar do ser humano!
Uma
chama estava ajoelhada na dor do amor, diante do trono de Parsival. Era
Irmingard, o Lírio Puro, a imagem primordial da pureza, protegida e guiada pela
própria Rainha celestial Elisabeth, e sua preocupação era com a mulher terrena.
“Lúcifer nunca
mais poderá percorrer os círculos do Graal”, assim soava de forma vibrantemente
metálica, clara como prata, mas mesmo assim suave, da boca de Parsival. “Seu
vibrar luminoso irá definhar e ele cairá cada vez mais fundo. Ele atrairá
vibrações das sementes espirituais e estas unir-se-ão a ele puxando para baixo.
A mulher terrena, porém, falhou por própria culpa; pois ela
guiou o seu livre-arbítrio de forma errada!”
Da imagem
primordial da pureza, duas gotas vermelhas, como sangue do coração, caíram
sobre a pedra branca do Santo Graal. De forma tão terrivelmente pesada,
pesava sobre Irmingard o sofrimento da mulher; pois ela sabia o que tinha de
vir agora: a queda de todo o gênero humano!
Seus olhos
reluzentes aprofundaram-se, maiores e mais azuis eles olhavam para cima, para o
Senhor, cintilando no brilho úmido da dor. As mãos brancas se colocaram em
oração como folhas delicadas, a forma oval do rosto luminoso parecia ainda mais
delicada, os lábios florescentes tremiam suavemente, como se não fossem capazes
de formar a grandeza da intuição.
Mas o pedido
subiu até Parsival e através dele foi para o alto, para Deus-Pai.
“Senhor, não
deixe as criaturas humanas nas garras de Lúcifer. Salve-as, Senhor, eu te
peço!”
E Parsival colocou sua mão
direita reluzente sobre os cabelos dourados do Lírio Puro, concedendo. Ele
ainda não havia pronunciado a palavra, mas a vontade do Pai fluía para baixo,
se cumprindo através dele. —
Editora Der Ruf“ G.m.b.H. Munique – 1934