Dos Mistérios da Atuação de Deus:
Atuar em Adoração
por um convocado
No
vibrar da luz, trepida um som reluzente claridade. Ele pode ser comparado, de
forma aproximada, com o soar claro como sino do mais puro copo de cristal,
apenas bem mais alto, claro e luminoso, mas, apesar disso, delicado como o
sopro do vento.
Assim é o som da
luz nos jardins eternos da Pureza, onde o Lírio Puro desenvolve-se a partir do
querer da Rainha primordial. Ela é o conceito tomado forma da maior Pureza, que
não se deixa separar do Amor e da Justiça.
Assim como o
tecido dourado de luz de um maravilhoso botão de flor, ela brota do manto flutuante
da Mãe suprema, e ao redor dela reúnem-se as irradiações que ela própria atrai
e também novamente doa, num pulsar maravilhosamente sonante, criador,
sustentador e modificador, oriundo da Lei.
E essas
irradiações, querendo servi-la, querendo auxiliar, querendo atuar, fluem de
volta para ela e partem novamente dela num maravilhoso circular fechado em si.
Disso surge o maravilhoso som no reino luminoso da virtude divina, da Pureza.
Flui um frescor
nele, que se assemelha ao ar fresco ensolarado sobre picos de neve ofuscantes,
e um hálito de calor sopra suavemente aí, como o delicado aroma das flores nos
quentes meios-dias de maio. A pureza das fontes, que lhe nutrem e que fluem da
Luz, é de um resplendor ofuscante e, como pérolas, elas borbulham saindo do vibrante
solo primordial.
O sentido humano
não pode assimilar a imagem da virtude divina na origem – apenas sua irradiação
torna-se consciente a ele.
Do alto, da
clara luz circulante, inclina-se para baixo uma delicada e bela figura,
semelhante a um anjo. Ela se forma lentamente, de raio em raio e de forma em
forma, a partir da irradiação fluente e em movimento da luz do maravilhoso
Lírio. Ela se encontra de pé, erguendo suas folhas branco-douradas como em
adoração e captação das forças divinas, num bosque dourado, cujas gramíneas
finas, exalando aroma, tremulam e oscilam suavemente aspirando ao alto.
Gotas reluzentes caem como orvalho da Luz e em sua abundância
florescente e irradiante forma-se uma luminosa e tecedora imagem primordial da
graça e da pureza.
Clara como água límpida e cristalina flui das mãos da forma da vontade,
que ganha cada vez mais um encanto feminino, um brilho luminoso
dourado-esverdeado, que se cristaliza.
E este cristal de irradiações leva, tomado forma aí, o pensamento do
mais puro querer até diante do recipiente sagrado, em torno do qual a Criação
se forma. Flui e ondula e pulsa na resplandescente fonte da vida, à qual foi
dado o nome: O Santo Graal.
Muitas destas figuras de luz saem dos Jardins das Virtudes Celestes,
corporificando-as com força irradiante que só possui uma origem: a Luz de Deus.
Uma estrela irradiante liga-se estreitamente a outra, reluzindo
amavelmente em sua diversidade das mais delicadas cores e, apesar disso,
fundindo-se uma com a outra num anel circulante e vibrante, que irradia
ofuscando: o primeiro círculo em torno do recipiente sagrado da vida.
E estes são os
guardiões do Santo Graal que sustentam o Burgo sagrado através de seu servir
vivo, em adoração jubilosa; e atuam para baixo, já que não podem evitar a
irradiação.
Isto é a imagem
primordial da beleza, da força, da coragem, da sabedoria, da misericórdia e de
muitas outras mais. Todas as correntes do querer espiritual que eles
desenvolvem a partir de si, fluem para o alto em adoração, também irradiam para
fora e para baixo e formam-se, correspondendo a sua forma primordial. É assim
que eles nascem para fora e são novamente atraidos pela força da mais nobre
igual espécie, e são sempre de novo renovados pela corrente da água viva
oriunda do Santo Graal.
Assim se formam
e constroem-se os jardins de Deus a partir do alegre atuar na esfera do puro
espiritual e, continuando a irradiar desta, também na esfera espiritual como
Criação posterior e atuam junto no Paraíso! Ali florescem flores nas mais
perfeitas formas, beleza e abundância. E, para alegria dos eternos, crescem os
frutos irradiantes nas árvores luminosas que aspiram ao céu.
Com isso
constroem-se as belezas da natureza exemplar, que
deve circundar, nutrir e sustentar todas as criaturas de Deus, e, a partir
dela, formam-se as forças que atuam na espécie do fogo, da água e do ar como as correntes
primordiais dos
elementos por nós conhecidos.
Apenas então
formam-se as imagens primordiais dos cristais, das estrelas, e formam-se mundos
de perfeita beleza e diversidade e sempre se desenvolve neles espécie após
espécie.
As entealidades ligadoras e
beneficiadoras, porém, que efetuam tais formações, são sempre de um degrau mais
elevado do que a sua criação. É assim que se une o atuar dos guardiões
puro-espirituais, espirituais e enteais, formando um Burgo maravilhosamente
sustentador e construtivo em direção ao alto, que é o Reino de Deus, e para
baixo, formando uma corrente de forças atuantes, prósperas e doadoras de
bênçãos. —
☫
Eterna,
no luminoso pulsar da Luz, movia-se a Criação divina que surgira assim. Deus
havia lhe dado um Senhor, o Guardião e Portador da Luz, do qual a força,
fluindo constantemente, podia se lhe tornar sempre nova e sempre a mesma:
Parsival.
Bem-aventuradas
jubilavam as chamas puras que circundavam o Rei da Luz e o Apoio da Luz. Em
gratidão atuavam, dando o melhor de si, tanto no alegre receber quanto no dar.
Dando continuamente da abundância de suas bem-aventuranças, também lhes era
permitido continuar bebendo da fonte da vida.
Flamejando,
incandescendo e refletindo-se em todas as cores luminosas, o Reino de Deus
desenvolveu-se, formando o Paraíso. E Parsival, o Rei, o Filho da Luz
Primordial, como parte de Imanuel, reinava sobre o Santo Graal e doava para a
Criação a força da vida.
Cada vez mais
desenvolvia-se a Criação posterior. As forças enteais atuavam cada vez mais
para fora, para baixo e condensavam suas espécies. De degrau a degrau elas
davam o seu amor auxiliador umas às outras e serviam todas àquele Um, ao Senhor
e Rei da Criação e assim também a Deus.
Eles traziam notícias das
profundezas e com seu vibrar puro na vontade do Altíssimo, buscavam para si as
instruções para o seu atuar.
(continua)
Editora Der Ruf“ G.m.b.H. Munique – 1934