quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Lembranças do Graal






Lembranças das minhas vivências do Graal


Prefácio

Sobre a discípula Elisabeth Gecks


Frau Elisabeth Gecks escreveu suas lembranças entre os anos 1956 a 1958, portanto, ainda na época em que Frau Maria estava viva.
Elas se formaram por diversos motivos, que Frau Gecks deixa transparecer em suas lembranças:
– Como expressão da mais profunda gratidão pelas vivências e auxílio pessoal na década sobre a Montanha Sagrada e por alguns anos antes e depois disso;
– Para testemunhar acontecimentos que co-vivenciara na Montanha e em especial pela visão espiritual em algumas oportunidades;
– Para poder relatar muitas coisas de forma minuciosa, apesar de terem sido pessoais, pois elas contêm auxílios para outras pessoas e para seu desenvolvimento. Auxiliar pessoas que procuravam e que estavam se abrindo para a Luz e para servir foi seu dom e sua missão especial. Sua natureza dada ia ao encontro daquelas pessoas de maneira ideal.
Frau Gecks nasceu em 1º de dezembro de 1884 em Würzburg. Frau Gecks viveu até os 88 anos de idade e faleceu em Munique no dia 13 de agosto de 1972.
Apenas aos 41 anos de idade ela encontrou a Mensagem do Graal e a família Bernhardt, bem no início. Ela foi selada em maio de 1927 em Tutzing. Nessa época ela já estava casada há bastante tempo e era mãe de três crianças. No dia 23 de agosto de 1929 ela recebeu a primeira convocação. Em dezembro de 1931 ela tornou-se discípula, sendo convocada ao mesmo tempo como discípula de selamento.
No verão de 1930 ela foi para Munique, para cuidar de pessoas, e assim formou-se aos poucos um Círculo do Graal, que em pouco tempo, abrangeu toda a Baviera.
Logo depois do falecimento de Frau Maria em 1957 o Círculo do Graal passou para mãos mais jovens e masculinas, mas sua presença como discípula pôde ser sempre sentida de forma auxiliadora. —
Eu gostaria agora de falar sobre meu conhecimento pessoal com a Frau Gecks, para reproduzir complementando algumas impressões.
Eu a conheci em 1947 na casa da Frau Marie Agnes von Martius em Bad Reichenhall. Eu logo tive a impressão de uma grande e autônoma personalidade. Eu valorizava sua naturalidade, sua expressão feminina, sua beleza e vivacidade. Ambas as senhoras me acompanharam e me auxiliaram por um bom trecho do meu caminho. A partir de 1950 passei a pertencer ao Círculo do Graal de Munique e aprendi a conhecer profundamente e a amar a atuação da Frau Gecks nas devoções, leituras, horas das crianças e horas solenes. Ela sabia ouvir muito bem, era bondosa e severa também quando era necessário. Ela auxiliou muitas pessoas, que em parte ainda hoje estão vivas, adquirindo sua gratidão. Eu ouvi o testemunho de muitas delas.
Então veio uma época em que Frau Gecks precisou de amparo na velhice. Ela expressou o desejo que eu ficasse ao seu lado auxiliando. Assim aconteceu que durante anos eu tive frequentemente Frau Gecks como hóspede em minha casa, conhecendo-a ainda mais intimamente. Nós também trabalhávamos juntas, gravávamos com ajuda das fitas K-7 as conversas e suas lembranças. Seus filhos ficaram agradecidos e mantiveram contato comigo. Amparada cheia de amor, ela foi mais tarde para um lar de idosos próximo a Munique. Também lá ela continuou a atuar conforme a sua espécie, também lá ela permaneceu inesquecível a muitos, como tomei conhecimento. Eu pude cuidar de Frau Gecks juntamente com sua filha até a hora de sua morte no hospital Altperlach. 
Essas lembranças escritas por Frau Gecks me foram deixadas como herança juntamente com muitas outras coisas. Eu nunca me senti estimulada a torná-las acessíveis a outras pessoas; mas isso agora se modificou. Eu reconheço que chegou a hora, em que muitos, que não conheceram os tempos remotos na Montanha Sagrada, sentem um anseio interior, por saber mais. Assim eu me esforcei em fazer uma cópia resumida e provê-la com valiosas fotos antigas. Agora eu gostaria de tornar acessível o tesouro das lembranças a algumas poucas pessoas, que pediram insistentemente por isso. Que Frau Gecks permita que esse auxílio vos floresça, meus caros leitores, com os relatos sinceros de seu próprio crescimento dentro do grande acontecimento sobre a Terra. Liguemo-nos, pois, no anseio de vivificar o espiritual em nós cada vez mais e mais, a fim de podermos servir melhor à Luz!

Munique, Páscoa de 1993.

Ursula von Bieler


Parte 1: Pré-reflexões


Desde meus 19 anos eu procurava conscientemente pela Verdade, por um esclarecimento das conexões da vida. Vivia em mim a forte e alegre consciência da divindade de Jesus em sua vida terrena e o fato de que ele havia vindo para auxílio da humanidade. Apenas o fato dele ter morrido de forma tão horrível eu não conseguia aceitar, isso era uma dor terrível para mim. Eu tinha a forte intuição de carregar bem em silêncio todas as dores no pensamento em seu exemplo e em seu amor. “O que ele teve de passar para nos trazer auxílio com sua existência humana”. Isso era em tudo a minha estrela guia.

Eu cresci em um ambiente, no qual havia a concepção mundial destrutiva, a qual lançava suas sombras e dúvidas se Jesus havia realmente vivido. Desde criança, porém, entreguei-me a minha própria intuição, agarrando-me firmemente naquilo que eu já sabia, assim como eu já explicava quando pequena. Perguntei uma vez a meu pai como era possível que ele tivesse dúvidas, pois eu sabia de fato que Jesus havia vivido e vindo da divindade. Eu também não mudaria de opinião se o mundo inteiro duvidasse disso e zombasse de mim, pois eu tinha certeza disso! – Eu escrevo isso dos meus dias de infância como préfacio, pois para mim é um paralelo para o reconhecimento posterior de Abdrushin – Parsival – Imanuel como o Filho do Homem. Ao ler sua Mensagem do Graal eu o reconheci e sabia dele, antes de ter vivenciado Abdrushin pessoalmente. Meu reconhecimento era o mesmo “saber” dele, como aquele da existência terrena de Jesus, de modo que o mundo inteiro poderia estar contra mim, eu jamais diria algo diferente do que um “eu sei” oriundo do meu reconhecimento interior! – Nesse saber a respeito de Jesus eu vivenciei minha primeira comunhão interiormente de forma tão profunda, que mesmo agora ela ainda pertence às minhas vivências mais profundas. Eu estava apenas preenchida de gratidão a Deus, de um grande e humilde amor a Jesus, e recebi a comunhão no pensamento de querer viver de acordo com sua Palavra. Eu não acho que eu havia imaginado recebê-lo realmente em mim, pois notei logo que minhas concepções eram diferentes da estreiteza e rigidez de muitos dogmas que a Igreja ensina. Com 14, 15 anos de idade eu me encontrava num forte conflito com meus professores religiosos, cujas respostas, tão logo eles se esforçassem em me dar, jamais me satisfaziam.

A Mensagem do Graal com suas primeiras dissertações de outrora, se tornaram- me uma revelação ao lê-las em uma única noite. Uma facilidade para meu reconhecimento da Verdade foi que já quando criança eu tinha lembranças de minha vida terrena passada, na qual eu estive envolvida com meu pai. Depois de uma conversa retrospectiva com ele, a qual me mostrou que ele também sabia a respeito disso, eu me tranquilizei e não perturbei mais minha mãe, perguntando por que eu me encontrava agora aqui e era filha dela. Quando contei muitas particularidades a meu pai, ele disse: “Sim, nós vivemos juntos naquela época, mas não fale sobre isso, as pessoas não o entendem”. Sim, isso eu também sentia, mesmo sendo pequena. Para mim bastava que meu pai também o soubesse, pois assim algo especial sempre nos ligou; meu saber ou pressentimento religioso tocou-o durante toda sua vida e certamente lhe abriu no Além o caminho para o reconhecimento. Aliás, eu sei que ele também encontrou o caminho.
Assim essas lembranças passadas levaram-me ao reconhecimento da reencarnação e me deram o grande choque devido ao fato da Igreja não saber nada a respeito, recusando isso até indignada, como eu tive que tomar conhecimento mais tarde por meio dos sacerdotes católicos e evangélicos.


(continua)




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