Lembranças das minhas vivências do Graal
por Elisabeth Gecks
(continuação)
Contudo,
vamos agora para o reconhecimento da Mensagem do Graal e do Senhor!
Outrora,
quando eu estive com a Frau Luft em Heilbrunn e a Frau Bernhardt não mais pôde
me aceitar, a Frau Luft trouxe no dia seguinte todos os livretos verdes, que o
senhor Bernhardt havia escrito e impresso com o nome “Folhetos do Graal”. “Como
a senhora é um ser humano que está à procura, eu lhe trago os escritos, que o
senhor Bernhardt escreveu para auxílio dos seres humanos, e estes também podem
auxiliar a senhora. Antigamente eu nem havia acreditado e também nem havia me
interessado, mas através dele tudo isso se tornou totalmente diferente; eu me
tornei feliz e também encontrei Jesus.” Assim disse ela. Eu tomei alegremente
os livretos e prometi lê-los, pois havia observado no último ano uma grande
modificação nela, uma interiorização de suas concepções de vida. – Então
ocorreu algo totalmente incompreensível para ela. Eu não li. Durante seis
semanas os livretos ficaram em cima de minha mesa e eu não os lia. Mais tarde
ela me confessou que havia desejado retirá-los novamente de mim. Eu levei os
livretos junto para Igls. Em Munique eu os tinha sobre a minha mesa e tinha promissoras
vivências. Eu colocava sempre apenas minhas mãos sobre eles e pressentia a
realização de meu anseio; mas eu ainda não me permitia ainda iniciar com a
leitura. Eu aguardava ainda por algo, que me mostrasse que eu deveria agora me
aprofundar nisso. Eu me sentia tão doente e dilacerada por aflições internas e
externas, também não tinha o sossego e a possibilidade de estar sozinha. Eu
esperava pela atmosfera, que teria de formar o quadro para a realização de meu
anseio. Eu intuía que esses “Folhetos do Graal”, os quais traziam o nome
ansiado, continham em si uma realização para mim, o ponto de transição, e que
se tornaria a felicidade de minha vida. Isso era demasiado sério, grande, para
que pudesse ser pega de forma apressada. Eu sentia que eu ainda não estava bem
preparada para essa felicidade, por isso eu sempre colocava apenas minhas mãos,
ansiosamente, sobre eles, para que pudessem penetrar em mim os raios de Luz,
que eu via resplandecer dali como uma estrela. Quantas vezes eu fiquei diante
deles em oração – e aguardando por uma ordem interior. Então por volta do meio
de maio chegou a carta do senhor Bernhardt, dizendo que eu poderia ir a Igls
para o tratamento. Um agradecimento jubiloso me perpassou, agora eu sabia pelo
que eu havia esperado. Não levei nada mais para ler, além dos “Folhetos do
Graal”. Eu pressentia que este seria o local correto e a época correta que me
era presenteada, como concessão ao meu pedido.
Então eu
me encontrava em Igls! E já à noite eu comecei com a leitura e li durante a noite
inteira, sem ir me deitar; de manhã eu havia terminado todos os Folhetos do
Graal. Em sua mensagem eles haviam se tornado para mim uma revelação da Verdade
oriunda da Luz.
Eu intuía
uma felicidade quase inapreensível, por ter finalmente em mãos aquilo pelo que,
desde a mais tenra juventude, eu havia procurado; poder ver o soerguimento da
vinda da nova era do verdadeiro saber a respeito de Deus. Por um instante
perpassou-me uma dor no reconhecimento de que o Filho do Homem já se encontrava
agora realmente entre nós, seres humanos, e que Jesus, que desde outrora se
encontrava em meu pensar e que possuía todo o meu agradecimento e meu amor, não
permanecera mais como nosso mediador. Mas logo me veio a lembrança de que Jesus
mesmo havia dito que ele iria para o pai e enviaria um Consolador, o Espírito
da Verdade, que nos conduziria em toda a Verdade e daria testemunho dele. E
isso não era agora assim? Eu mesma não havia aguardado por esse tempo, que
estava em conexão com o Juízo e que traria o Auxiliador oriundo do Graal? Agora
ele viera e eu tinha de reconhecê-lo imediatamente por sua Palavra, a qual me
penetrava vivificando e despertava em mim uma alegre confirmação. Jesus não
fora posto de lado, apenas a Trindade fora completada na Unidade. Agora eu
também compreendia esta. Ah, essa felicidade quase não podia ser suportada!
Ainda me parecia um sonho, quase inacreditável o fato de ter me sido finalmente
permitido encontrar. Eu nem era capaz de ter outras conclusões. Eu também não
disse nada de forma mais pormenorizada a Frau Maria, quando ela viera de manhã,
apenas que estava muito feliz por ter encontrado nos Folhetos do Graal a
Mensagem de Deus por tanto tempo procurada.
Agora eu
via também outra origem além de uma irradiação humana agraciada para curar em seu
tratamento e me abria agradecida aos maravilhosos raios benfazejos e calorosos,
que saíam de suas mãos e precisava mirá-la sempre de novo, como de seus
maravilhosos grandes olhos azuis irradiava um indescritível amor e bondade.
Assim se passaram quatro dias, nos quais permaneci calada, apesar de quase me
fazer explodir, pois eu não ousava pedir; ela me olhava, sorria, e não dizia
nada. Eu, porém, havia me esgueirado todos os dias ao redor da casa, na
proximidade da floresta, havia me escondido atrás de árvores na proximidade da
cerca, para ficar na proximidade do foco dos raios de Luz, os quais eu
novamente via resplandecer como uma estrela da ou através da casa. O restante
do tempo eu me aprofundava nos escritos, ou ia sozinha para dentro das
florestas e deixava-me levar, mas não por caminhos pelos quais os outros iam,
mas assim como eu sempre havia procurado o tecer e a vida na natureza,
encontrando assim para mim paz e alegria. Agora, porém, eu levava comigo o
anseio de poder falar com ele, pedir e agradecer-lhe. Ao mesmo tempo eu
rechaçava esses desejos como impossíveis. Então Frau Maria havia vindo pela
quarta vez, olhou para mim novamente sorridente e para meu pedido secreto, meu
anseio. Então ela disse, auxiliando:
“A
senhora anseia tanto por poder falar com ele, e pedir e agradecer-lhe e ao
mesmo tempo reprime esses desejos como algo impossível... Devo dizer a ele se a
senhora pode ir até ele?”
“Ah”,
suspirei eu, “isso seria o meu mais profundo anseio, mas como é que conseguirei
ficar perante ele, eu absolutamente não sou capaz de ousar isso, que ele fale
comigo. Eu acho que nem serei capaz de suportar sua proximidade.”
“Ele
tornará isso possível”, sorriu a bondosa senhora.
“Mas
então eu tenho um pedido, dentro da casa eu não consigo, isso eu não ouso. Será que ele viria até mim, na floresta?”
Ela sorriu então de uma forma indescritível
devido ao meu estranho desejo e prometeu executá-lo. E, de fato, no dia
seguinte ela trouxe o consentimento, e no dia seguinte eu poderia esperar por
ele às onze horas na floresta próxima à casa. Ele veio e me sorriu, caminhou adiante floresta
adentro. Eu o segui. Logo
havia um banco à beira do caminho; enquanto ele se sentava no meio, ele
indicava para o lugar ao seu lado e disse encorajando: “Sente-se ao meu lado”.
Tremendo de alegria e respeito eu me sentei no canto mais extremo, sobre o que
ele riu bondosamente. Então eu pude dizer o que se passava no meu coração,
sobre a minha felicidade de poder ter agora encontrado aquilo que havia
procurado por toda minha vida – naquela ocasião eu estava com 40 anos de idade.
(continua)
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