segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Lembranças do Graal IV






Lembranças das minhas vivências do Graal

por Elisabeth Gecks

(continuação)

Contudo, vamos agora para o reconhecimento da Mensagem do Graal e do Senhor!
Outrora, quando eu estive com a Frau Luft em Heilbrunn e a Frau Bernhardt não mais pôde me aceitar, a Frau Luft trouxe no dia seguinte todos os livretos verdes, que o senhor Bernhardt havia escrito e impresso com o nome “Folhetos do Graal”. “Como a senhora é um ser humano que está à procura, eu lhe trago os escritos, que o senhor Bernhardt escreveu para auxílio dos seres humanos, e estes também podem auxiliar a senhora. Antigamente eu nem havia acreditado e também nem havia me interessado, mas através dele tudo isso se tornou totalmente diferente; eu me tornei feliz e também encontrei Jesus.” Assim disse ela. Eu tomei alegremente os livretos e prometi lê-los, pois havia observado no último ano uma grande modificação nela, uma interiorização de suas concepções de vida. – Então ocorreu algo totalmente incompreensível para ela. Eu não li. Durante seis semanas os livretos ficaram em cima de minha mesa e eu não os lia. Mais tarde ela me confessou que havia desejado retirá-los novamente de mim. Eu levei os livretos junto para Igls. Em Munique eu os tinha sobre a minha mesa e tinha promissoras vivências. Eu colocava sempre apenas minhas mãos sobre eles e pressentia a realização de meu anseio; mas eu ainda não me permitia ainda iniciar com a leitura. Eu aguardava ainda por algo, que me mostrasse que eu deveria agora me aprofundar nisso. Eu me sentia tão doente e dilacerada por aflições internas e externas, também não tinha o sossego e a possibilidade de estar sozinha. Eu esperava pela atmosfera, que teria de formar o quadro para a realização de meu anseio. Eu intuía que esses “Folhetos do Graal”, os quais traziam o nome ansiado, continham em si uma realização para mim, o ponto de transição, e que se tornaria a felicidade de minha vida. Isso era demasiado sério, grande, para que pudesse ser pega de forma apressada. Eu sentia que eu ainda não estava bem preparada para essa felicidade, por isso eu sempre colocava apenas minhas mãos, ansiosamente, sobre eles, para que pudessem penetrar em mim os raios de Luz, que eu via resplandecer dali como uma estrela. Quantas vezes eu fiquei diante deles em oração – e aguardando por uma ordem interior. Então por volta do meio de maio chegou a carta do senhor Bernhardt, dizendo que eu poderia ir a Igls para o tratamento. Um agradecimento jubiloso me perpassou, agora eu sabia pelo que eu havia esperado. Não levei nada mais para ler, além dos “Folhetos do Graal”. Eu pressentia que este seria o local correto e a época correta que me era presenteada, como concessão ao meu pedido.

Então eu me encontrava em Igls! E já à noite eu comecei com a leitura e li durante a noite inteira, sem ir me deitar; de manhã eu havia terminado todos os Folhetos do Graal. Em sua mensagem eles haviam se tornado para mim uma revelação da Verdade oriunda da Luz.

Eu intuía uma felicidade quase inapreensível, por ter finalmente em mãos aquilo pelo que, desde a mais tenra juventude, eu havia procurado; poder ver o soerguimento da vinda da nova era do verdadeiro saber a respeito de Deus. Por um instante perpassou-me uma dor no reconhecimento de que o Filho do Homem já se encontrava agora realmente entre nós, seres humanos, e que Jesus, que desde outrora se encontrava em meu pensar e que possuía todo o meu agradecimento e meu amor, não permanecera mais como nosso mediador. Mas logo me veio a lembrança de que Jesus mesmo havia dito que ele iria para o pai e enviaria um Consolador, o Espírito da Verdade, que nos conduziria em toda a Verdade e daria testemunho dele. E isso não era agora assim? Eu mesma não havia aguardado por esse tempo, que estava em conexão com o Juízo e que traria o Auxiliador oriundo do Graal? Agora ele viera e eu tinha de reconhecê-lo imediatamente por sua Palavra, a qual me penetrava vivificando e despertava em mim uma alegre confirmação. Jesus não fora posto de lado, apenas a Trindade fora completada na Unidade. Agora eu também compreendia esta. Ah, essa felicidade quase não podia ser suportada! Ainda me parecia um sonho, quase inacreditável o fato de ter me sido finalmente permitido encontrar. Eu nem era capaz de ter outras conclusões. Eu também não disse nada de forma mais pormenorizada a Frau Maria, quando ela viera de manhã, apenas que estava muito feliz por ter encontrado nos Folhetos do Graal a Mensagem de Deus por tanto tempo procurada.

Agora eu via também outra origem além de uma irradiação humana agraciada para curar em seu tratamento e me abria agradecida aos maravilhosos raios benfazejos e calorosos, que saíam de suas mãos e precisava mirá-la sempre de novo, como de seus maravilhosos grandes olhos azuis irradiava um indescritível amor e bondade. Assim se passaram quatro dias, nos quais permaneci calada, apesar de quase me fazer explodir, pois eu não ousava pedir; ela me olhava, sorria, e não dizia nada. Eu, porém, havia me esgueirado todos os dias ao redor da casa, na proximidade da floresta, havia me escondido atrás de árvores na proximidade da cerca, para ficar na proximidade do foco dos raios de Luz, os quais eu novamente via resplandecer como uma estrela da ou através da casa. O restante do tempo eu me aprofundava nos escritos, ou ia sozinha para dentro das florestas e deixava-me levar, mas não por caminhos pelos quais os outros iam, mas assim como eu sempre havia procurado o tecer e a vida na natureza, encontrando assim para mim paz e alegria. Agora, porém, eu levava comigo o anseio de poder falar com ele, pedir e agradecer-lhe. Ao mesmo tempo eu rechaçava esses desejos como impossíveis. Então Frau Maria havia vindo pela quarta vez, olhou para mim novamente sorridente e para meu pedido secreto, meu anseio. Então ela disse, auxiliando:

“A senhora anseia tanto por poder falar com ele, e pedir e agradecer-lhe e ao mesmo tempo reprime esses desejos como algo impossível... Devo dizer a ele se a senhora pode ir até ele?”

“Ah”, suspirei eu, “isso seria o meu mais profundo anseio, mas como é que conseguirei ficar perante ele, eu absolutamente não sou capaz de ousar isso, que ele fale comigo. Eu acho que nem serei capaz de suportar sua proximidade.”

“Ele tornará isso possível”, sorriu a bondosa senhora.
“Mas então eu tenho um pedido, dentro da casa eu não consigo, isso eu não ouso. Será que ele viria até mim, na floresta?”

Ela sorriu então de uma forma indescritível devido ao meu estranho desejo e prometeu executá-lo. E, de fato, no dia seguinte ela trouxe o consentimento, e no dia seguinte eu poderia esperar por ele às onze horas na floresta próxima à casa. Ele veio e me sorriu, caminhou adiante floresta adentro. Eu o segui. Logo havia um banco à beira do caminho; enquanto ele se sentava no meio, ele indicava para o lugar ao seu lado e disse encorajando: “Sente-se ao meu lado”. Tremendo de alegria e respeito eu me sentei no canto mais extremo, sobre o que ele riu bondosamente. Então eu pude dizer o que se passava no meu coração, sobre a minha felicidade de poder ter agora encontrado aquilo que havia procurado por toda minha vida – naquela ocasião eu estava com 40 anos de idade. 

(continua)





Nenhum comentário:

Postar um comentário