Lembranças das minhas vivências do Graal
por Elisabeth Gecks
(continuação)
Ah, como
se eu tivesse reconhecido agora que Jesus e o prometido Filho do Homem não eram
a mesma pessoa, mas aquele, que ele nos prometera como o Espírito da Verdade e
eu intuía que nós podíamos reconhecer nele agora o Filho do Homem que atuaria
na época do Juízo sobre a Terra e também traria o auxílio, conduzindo-nos em
toda a Verdade, como Jesus havia dito. Eu já soubera disso quando criança e
havia aguardado por isso!
“Sim, a
senhora já trouxe tudo dentro de si, eu só precisei ainda retirar o véu. Mas
não pense a senhora que isso se dá assim com todos os seres humanos. A maioria
das pessoas terá de lutar duro pelo reconhecimento. Pense sempre nisso e não
espere dos outros que seja assim, como se deu com a senhora. Eu pedi ao Pai
para trazer ainda antes do Juízo a Mensagem oriunda do Graal aos seres humanos,
para lhes dizer e esclarecer aquilo que eles agora devem saber a fim de poder
ascender conscientemente, a fim de sair de sua confusão. Se os seres humanos a
aceitarem e viverem de acordo, então muita coisa lhes poderá ser poupada no
Juízo, pois eles modificar-se-ão. Não haverá então mais caminhos errôneos,
nenhuma vontade de ódio e de aniquilação, nenhuma inveja e nenhum pensamento
errôneo de poder. As criaturas humanas ficarão satisfeitas, pois cada uma sabe
que assim como lhe acontece, ela própria criou para si por meio de desejos e
ações, também em sua vida anterior. Elas serão agradecidas e felizes, pois
sabem que cada um também recebe de presente na vida a possibilidade de resgatar
e de se purificar na modificação para o que é bom e puro e, dessa forma, a
possibilidade... *(N.T. No manuscrito uma ou duas
linhas estão ilegíveis no final da página.). Se as criaturas humanas
tivessem reconhecido corretamente a existência terrena de Jesus e sua Palavra,
e vivido de acordo com ela, esta poderia ter-lhes trazido a salvação. Contudo,
assim elas apenas afundaram ainda mais profundamente e necessitam agora mais
uma vez da ‘Palavra da Verdade’, para que as retire e conduza para fora do
pântano e dos erros.”
Eu
acolhia suas palavras em mim, envolta por raios de Luz e uma paz maravilhosa.
Assim devia ter sido com Jesus, pensei uma vez. Antes de Abdrushin me deixar
novamente, ele ainda disse: “A senhora me reconheceu, mas não fale com ninguém
a respeito disso, do Filho do Homem. Meu tempo ainda não chegou e os seres
humanos ainda não podem compreender isso. Se a senhora for perguntada, então
diga que eu sou o preparador do caminho. Por fim, eu também sou meu preparador
do caminho”, disse ele sorrindo.
Como ele
partiu, se ele me deu a mão, como eu me comportei, eu não sei mais. Eu me
encontrava então sozinha sobre o banco, atordoada de felicidade e gratidão e
com uma tão forte comoção. Eu entrei então fundo na floresta até uma clareira,
longe do caminho, onde me sentei à sua beirada sobre um tronco de árvore. O que vivenciei aí, não sei descrever. O que eu vi?Primeiramente encontrava-se de
novo em mim apenas meio consciente a campina luminosa, que deveria levar a um
Templo, que me havia transmitido quando criança o nome “Graal” e o pressentimento
a respeito do Juízo vindouro e nisso o saber sobre uma missão, que gravara em
mim um anseio inapagável para procurar por esta. Talvez fora essa planície,
onde, após a morte terrena de Jesus, durante a grande tristeza em todas as
esferas, eu pude pedir outrora que me fosse permitido servir ao Filho do Homem,
quando tivesse chegado o seu tempo. (E para poder desfazer em mim o fato de eu
ter reconhecido Jesus apenas em seu trespasse. Isso, porém,
não me estaria totalmente claro outrora.)
Então eu
não tinha mais consciência do que um pairar em paz e felicidade. Depois de
horas eu voltei a mim. Era tarde quando eu me reencontrei de modo consciente
sobre o tronco de árvore. Minha alma, meu espírito, havia podido deixar seu
corpo terreno, para poder receber a confirmação e o chamado em possível outro e
mais elevado plano.
Há
alguns anos, nas horas entre a vida e a morte, eu pude pós vivenciar abalada,
numa visão retrospectiva de meu espírito, o caminho do juramento após a morte
de Jesus e também esse momento. (Com todo o anseio e toda a graça, que, depois
de certos fracassos no anseio veemente, deixaram-me, porém, encontrar o país,
em cujas estradas luminosas e ensolaradas, com minhas três chaves douradas –
justiça, amor e pureza, as chaves do Trígono divino – e com meu livro, o qual
eu devia anunciar, firmemente pressionado contra o peito, eu devia e pude ir ao
encontro do cumprimento).
Logo eu
pude ir então à residência do Senhor, agora eu não tinha mais receio de não
poder aguentar; Abdrushin continha sua irradiação luminosa de forma
correspondente. Então eu contei ao Senhor sobre minha maravilhosa vivência
espiritual. Ele disse de forma bem bondosa, mas séria: “Foi apenas dessa vez
que podia e devia ser-lhe concedido se elevar tão alto para visualizar e
vivenciar, de modo que só pode permanecer consciente ao seu espírito. Contudo,
isso não pode mais se repetir, do contrário a senhora iria embora e, contudo,
ainda tem de permanecer aqui na Terra. – Guarde essa elevada graça vivencial de
seu espírito como uma dádiva especial e fortalecedora para a senhora.” —
Quando eu
pude novamente retornar, aflorou-me a pergunta suplicante, se agora eu também
seria chamada para servi-lo, pois eu sabia que eu era “convocada” para servir a
ele e a sua obra, pois já como criança existia em mim esse pressentimento ansioso.
Então ele me olhou bondoso, mas ao mesmo tempo bem seriamente e disse
exortando: “De fato, a senhora pertence aos convocados pela Luz, mas o chamado
não pode realizar-se imediatamente, pela senhora ter agora me encontrado! A
senhora precisa primeiro preparar-se e também resgatar antes certas coisas!”
Oh, como me veio aí à consciência, o que na verdade significava ser “convocado”
e que apenas com o reconhecimento isso não estava realizado. E eu me
envergonhei muito pelo meu atrevimento. Apesar disso, alguns dias mais tarde,
eu perguntei novamente, – incompreensível essa ousadia e imaturidade – quanto
tempo eu ainda teria de esperar, até que eu pudesse ser convocada. Mas o Senhor
intuiu o grande anseio e não se zangou por isso. Sério, mas com a resplandecente
bondade, que sempre irradiava dele, ele disse que isso dependeria de mim, mas
que antes de dois anos não aconteceria. “Mas”, disse ele bem sério, exortando,
“a senhora deve, nesse tempo do preparo, sempre ansiar, contudo, jamais se
tornar impaciente. Lembre-se sempre disso!”
Foi como
se essas palavras tivessem penetrado de forma ardente em meu coração. Foi no
jardim diante da casa e o sol brilhava, os rochedos das montanhas Karwendel
sobre o vale do rio Inn erguiam-se de forma palpável do profundo céu azul.
Parece-me como se isso tivesse acontecido ontem, tão atemporal é a vivência
interior.
Eu podia agora ir com mais frequência até ele e
ele falou comigo sobre o dia da Pomba Sagrada, da renovação de força no dia 30 de
maio e sobre a Solenidade, que ele também celebrava aqui na Terra. Devido ao
meu grande anseio, ele me consolou, dizendo que agora ainda não seria possível
que eu pudesse participar dela, pois só fazia oito dias que eu havia encontrado
o caminho e eu teria, primeiro, que me preparar conscientemente para tanto,
para poder receber o batismo do Graal (Selamento) e
a Ceia do Graal na Solenidade. Mas na próxima Solenidade isso já seria de fato
possível.
(continua)
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