Transição Inevitável
por Charlotte Von Troeltsch e Susanne
Schwartzkopf
Sinopse de Fatos Transcorridos: Disposto desde a infância em
servir o Altíssimo, assim
ainda era o jovem Miang, após ter concluído seu estudo inicial, conseguiu
depois se tornar aluno de Fong, o qual era um príncipe afastado com a
difícil missão de voltar a dirigir seu reino sem mais tê-lo como aluno, continuando,
contudo a dar-lhe ordens com seus direcionamentos; pelas quais na tarefa de
mensageiro, ele empreendia sempre viagens com aventuras, em cuja uma delas,
encontrou – para se especializar por algum tempo – o seu terceiro mestre (Huang), estando na situação atual atendendo
pessoas do povo, se tornara um peregrino, transmitindo seus ensinamentos de
ordem espiritual...
Um
sacerdote fanático, o mesmo que não resistiu à força espiritual de Miang, foi
escolhido para assassinar Miang. O seu paradeiro era conhecido. Devia acontecer
numa noite sem luar. Mas o Altíssimo mandou advertir o seu servo. Quando o assassino
entrou silenciosamente pela janela, o leito estava vazio e, decepcionado, teve
que voltar. Um pensamento surgiu nele: será que o Deus dele era realmente tão
forte que Ele o protegia? Mas logo rejeitou esse pensamento. Isso não podia ser
verdade! Ele deveria repetir sua tentativa num outro dia, então certamente
teria mais sorte.
Aquele,
que ele procurava e pretendia matar, já havia sido retirado e se encontrava
distante de seu poder. Miang caminhava já sobre outros rumos, ao encontro de
novas missões. Antes de partir, procurou alertar Ma-tschi, para que fielmente
continuasse firme na verdade agora encontrada. Auxílio ele receberia para que
pudesse penetrar cada vez mais profundamente, e pudesse reconhecer cada vez
mais. Com pesar no coração, despediram-se, Ma-tschi de Miang. Com ele, via
desaparecer algo que nunca mais encontraria e vivenciaria. Mas conformou-se sem
reclamar, pois sabia que podia dirigir-se, a qualquer momento, para onde estava
o maior poder: ao Altíssimo. Muitos
pensamentos ocupavam Miang, quando novamente caminhava solitário e distraído
pela estrada. O que seria das pessoas em cujos corações possivelmente ele acendera
o raio da verdade? Eram elas fracas e muitas lutas teriam pela frente. Poderiam
elas resistir? Mas Miang também sabia que isso não era mais tarefa dele. Ele
havia feito o que devia. O que disso resultaria, sobre isso ele não tinha que
decidir. Assim, alegremente levantou novamente o olhar e observou mais
atentamente a paisagem que atravessava. Chegou agora a uma terra totalmente
plana. Grandes búfalos da água puxavam baixas carretas, carregadas com a
colheita das lavouras. Os homens trabalhavam ativamente nas lavouras de arroz,
um sol forte brilhava sobre eles. Sua pele era marrom-escura e o suor
corria-lhes pelas faces. Pesado era esse trabalho, mas trazia também alimento
para um longo período.
O
sol queimava agora tão inclemente, que Miang procurou um local onde poderia
encontrar alguma sombra. Viu, então, à beira do caminho uma árvore frutífera
com grande copa e, aliviado, sentou-se embaixo dela. Ela protegia-o dos
ardentes raios do sol. De cansaço, seus olhos iam-se fechando, quando se assustou
com uma voz rouca, que a ele dirigia insultos. Não deveria ter descansado aqui?
Ele levantou o olhar e viu um rosto vermelho de raiva. Não conseguiu entender
as palavras que o agricultor seminu a ele dirigia, mas compreendeu que ele não
lhe permitia ficar ali e, sem proferir nada, cansado, levantou-se novamente
para continuar a caminhada.
Nesse
momento veio correndo uma pequena menina pegando-o pela mão puxou-o para que a
acompanhasse. Cheia de compaixão, ela presenciara o que havia acontecido e
conduziu o forasteiro até uma casa próxima, convidando-o a sentar-se num banco
à sombra da casa. A seguir, correu celeremente para o interior da casa e voltou
com um copo com leite fresco e o ofereceu sorrindo gentilmente. Agradecido,
Miang aceitou pela sua sede. Quando, porém, quis levantar-se novamente e seguir
a caminhada, a pequena não o consentiu. Ela o fez sentar-se novamente no banco
e exclamou: “Não vá embora, forasteiro! Oha vai chamar a mãe.” Com isso
desapareceu novamente na casa. Miang contentou-se, pois o calor o havia cansado
muito. Também não demorou muito e apareceu uma mulher jovem, que tinha o mesmo
sorriso amável da filha e deu a entender a Miang, que poderia permanecer ali.
“Quando
meu marido voltar do trabalho, irá fazer-te muitas perguntas,” disse
alegremente. “Tu pareces ter vindo de longe e, certamente, terás muito a
narrar.”
Miang
agora já estava acostumado que pessoas o retivessem em seu caminho e assim
concordou a permanecer até de noite.
As
horas passaram rapidamente e Oha, a pequena, pulava alegremente de um lado para
outro entre ele e a mãe; depois lhe trouxe flores, mostrou-lhe pedras coloridas
e conversava sem parar. Quando o sol começava a desaparecer, o agricultor
voltou todo empoeirado e suado. Atrás dele veio seu companheiro, o fiel búfalo,
que puxava a sua carreta e já conhecia sozinho o caminho para a estrebaria.
Surpreso,
viu o forasteiro sentado em frente da casa, mas sua mulher esclareceu tudo e
ele se deu por satisfeito. Ele gostava de conversar de tardezinha após o
trabalho e, quando apareceu a lua., todos estavam sentados sossegados no banco
da casa desfrutando da paz ao seu redor. Miang contou que havia sido rudemente
afugentado, quando quis descansar durante o meio-dia embaixo de uma grande
árvore e a pequena o confirmou, exclamando: “Era Mi, o velho mau, que não
queria vê-lo lá!
“Por
que ele não quis que eu descansasse embaixo de sua árvore?” perguntou Miang, que
não conseguia entender.
“Porque
ele não dá nada a ninguém, nem a sombra de suas árvores!” exclamou o
agricultor.
“Mas
ele não perde nada com isso?” perguntou Miang mais uma vez espantado.
“Ele
está de tal modo possesso pela avareza, que até gostaria de ele mesmo não comer
e beber, somente para não gastar nada,” riu o agricultor, pois, para ele, isso
não era novidade.
Miang
, porém, abanou a cabeça: “Então ele é tão pobre?”
“Ao
contrário, ele é rico, mas a riqueza tornou-o duro. Nunca dá uma esmola a um pobre,
espantam-os todos com seus cachorros.”
“Pobre
homem!” deixou escapar Miang e, com isso, deixou os seus ouvintes muito
surpresos.
“Pobre,
o rico Mi?” Como isso faz sentido? Miang, porém, explicou-lhes que eles eram
ricos em amor, mas o outro não e que aquele que não conhece o amor, era muito
pobre...
“Sua
riqueza ele pode perder e o que lhe resta então? Ele não fez amizades com
isso.”
Isso,
a boa gente teve que confirmar. Eles ofereceram um pernoite a Miang, que o
aceitou de bom grado. Parecia-lhe que alguma coisa ainda o prendia ali. Durante
a noite, ele foi acordado por grande gritaria e quando se levantou e olhou pela
janela, viu um clarão vermelho no céu. Involuntariamente, teve que se lembrar
do rosto vermelho de raiva. Por longo tempo Miang ficou olhando para fora, até
que o clarão diminuiu. Depois, deitou novamente e dormiu tranquilamente até de
manhã. Quando levantou, soube dos seus hospedeiros que, durante a noite, houve
um incêndio na casa de Mi, o rico agricultor e que o fogo tinha se espalhado
tão rapidamente, que não foi possível salvar coisa alguma.
“Agora
ele ficou bem pobre,” acrescentaram com pesar. “Não mais pobre do que já era
antes,” disse Miang e eles o compreenderam.
Agora,
porém, Miang devia continuar sua caminhada, pois tinha que aprender e
assimilar. Ele ainda devia conhecer e vivenciar a insensatez humana e sua
correspondente desgraça, para disso tirar sabedoria e abrir ainda mais seus
olhos e ouvidos interiores.
Ainda
por muito tempo Miang percorreu essa terra fértil. Raramente permanecia por
tempo mais longo em uma das localidades. Somente quando encontrava pessoas que
ansiavam pelo saber e pela verdade, então permanecia e ajudava. Havia se
tornado mais forte, mais enrijecido, despretensioso durante este tempo de
caminhada e aprendizado. Cada vez mais se aprofundava nas almas das pessoas,
sempre mais reconhecia sua indolência interior, que os impedia de progredir e a
qual os espíritos trevosos aproveitavam para exercer domínio sobre elas. Muitas
vezes sentia tristeza, quando sempre de novo encontrava os mesmos defeitos, e
às vezes parecia-lhe quase impossível de remediar o mal. Mas então ouvia
novamente a voz suave, que sussurrava: “Não desanime, Miang, o Altíssimo ajuda-o,
confia Nele!”
Então
continuou sua caminhada, fortalecido e encorajado. Certa noite, porém,
alcançou-o o chamado de que deveria retornar e voltar para Fong. Fong havia
ficado velho e necessitava dele. Na mesma hora Miang partiu e dirigiu-se
novamente para o norte, em direção às altas cordilheiras do Karakorum. De boa
vontade deixou as planícies quentes atrás de si. Ele era um filho das montanhas
e sentia falta de sua brisa fresca e áspera. Ansioso, inspirava o ar fresco das
montanhas quando começou a escalá-las. Sem perigo e sem vivências especiais,
alcançou sua pátria terrena, a tribo
amarela.
Encontrou-a
em profundo pesar, pois Fong preparava-se para deixar a Terra. Abatido, com os
olhos fechados, estava deitado em seu leito. Ao seu redor encontravam-se os
mais nobres da tribo em profundo luto. Em suas feições havia paz. Quando Miang
aproximou-se, em silêncio, ele abriu os olhos e um sorriso feliz de
reconhecimento cobriu seu rosto.
“Tu
vieste, Miang, meu filho?” exclamou feliz e levantou-se um pouco. Parecia que,
com a alegria, tinha recobrado novas forças.
“Deixem-me
sozinho com ele,” pediu aos nobres e estes obedeceram.
Perscrutador,
o olhar de Fong dirigia-se para Miang e o que viu devia ser de seu agrado.
“Agora tu amadureceste,” disse ele, “agora tu podes assumir a liderança da
tribo amarela, quando eu não mais estiver aqui. Cuide para que ela permaneça
pura e conserve a sua fé. Tu poderás instruí-la ainda melhor do que eu o
consegui, pois o Altíssimo tem te abençoado ricamente, Miang, meu filho!”
Profundamente
comovido, ajoelhou-se Miang ao lado do leito do amigo paternal e protetor, recebendo
a sua bênção. Na presença de seus conselheiros e pessoas de confiança, Fong
investiu Miang como seu sucessor. A seguir, fechou os olhos para sempre.
Trecho extraído do livro: Miang
Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou
o Tibete das trevas.
NARRATIVAS
DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA)
No
próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:
O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus
aos Gigantes – 23/09/16
O
Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... –
07/10/16
Servir o Altíssimo Como Serviçal
– 13/10/16
Decisão nas Alturas –
20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho
– 26/10/16
No Momento certo se
esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação
Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir –
17/11/16
Quem Procura Encontra –
24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo –
01/12/16
Servir Com Sensação de
Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia –
15/12/16
Outro Caminho a Seguir –
22/12/16
Por Confiança no Senhor –
28/12/16
Do Tirano ao Paciente –
04/01/17
Superar Desafios de
Salvamento – 11/01/17
Um Auxílio Redentor – 18/01/17
O Alcance das Elevações –
25/01/17