Pelo Poder da Coragem
por
Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf
Sinopse de Fatos Transcorridos: Desde a infância em busca do Altíssimo estava decidido o jovem Miang,
tendo após ensino inicial, estudos com Fong, o qual na condição de
príncipe retornara ao comando de seu reino, mantendo-o, contudo, objetivamente
direcionado, que pela situação de mensageiro, sempre realizava aventuras, em
cuja uma delas, conheceu seu terceiro mestre (Huang), com quem aprendeu a
virtude e o domínio do Silêncio. Em nova fase de efeito culminante
herdara o reino do povo amarelo pelo legado de Fong. Como sua missão era a de
servo do Altíssimo, já pela denominação Miang-Fong, deixara toda a
gloria da Corte para elevar seu estudo de ordem universal, se tornando um
respeitável discípulo de Zoroaster, que ao término dessa iniciação
partiu, com a missão de libertar o povo das montanhas...
As
pessoas entreolharam-se acanhadas. Uma criança choramingava. As mulheres
olharam assustadas.
“Se
não fizermos o que querem então eles enfeitiçam o nosso gado para que fique
doente e morra, ou eles atraem fortes tempestades, ou maldizem as mulheres para
que não possam ter filhos.”
“Como
um ser humano pode ter tanto poder?” admirou-se Miang-Fong, “e que “deuses” são
esses que os ajudam a praticar tanto mal?”
“Forasteiro,
tu não os conheces, mas nós os conhecemos e temos medo deles,” disse o velho
cauteloso, e Miang-Fong leu concordância em todos os rostos. Então ele se
levantou: “Eu, porém, vos digo que não são deuses que ajudam esses sacerdotes!
Um Deus não prejudica os seres humanos, ele só os ajuda!
“Tu tens o tal Deus?” queriam eles saber e então Miang-Fong confirmou.
“Vós mesmos vistes quão forte Ele é! O sacerdote perdeu seu
poder sobre vós e teve que largar sua vítima!” Isto todos eles tinham
vivenciado, e ainda agora se admiravam da coragem do forasteiro.
“O
teu Deus pode ajudar a nós também?” queriam saber e Ming-Fong afirmava-o novamente.
“Meu
Deus é um Deus bom, e Ele me mandou para junto de vós para que vos auxilie e vos
salve do poder dos sacerdotes, que vos corrompem. Se vós acreditais Nele e pedis
proteção a Ele, Ele vos protegerá, como vos ajudou nesta noite. Então não mais
precisais temer nenhum sacerdote, eles não vos podem fazer mal.”
Os
rostos preocupados iluminaram-se. A força e a confiança de Miang-Fong impulsionaram-lhes
a coragem. Eles mesmos o haviam vivenciado como o sacerdote tinha fugido,
contra o qual eles todos juntos tinham sido impotentes.
“Mas
ele ainda voltará e exigirá novas vítimas,” disse alguém desanimado.
“Eu
permanecerei convosco até aprenderdes a colocar-vos na proteção do bom Deus,”
prometeu Miang-Fong.
Irrompeu
então tão grande celeuma de alegria, que Miang-Fong teve que tapar seus
ouvidos. Um medo que durou anos, um pesadelo, que estava sufocando estes seres
humanos, deles foi afastado. Sozinhos, haviam sido muito fracos e ignorantes,
agora, porém, com a promessa de Miang-Fong, tornaram-se corajosos.
Passaram-se
meses, nos quais Miang-Fong conseguiu tornar novamente alegres estas pessoas intimidadas
e amedrontadas. Mais francos eram seus olhares e escutavam-se risos alegres,
quando se reuniram para serem instruídos.
“É
de se admirar,” disse certo dia Mu-hai, o ancião, para Miang-Fong, “o que de
nós fizeste. Nosso coração tornou-se leve desde que estás conosco. Antes havia
um grande peso nele, que quase nos sufocara.”
E
assim era. A dominação dos sacerdotes não permitiu um desenvolvimento nas almas
das pessoas, somente medo e miséria. Agora podiam tratar de seu trabalho sem
preocupação, pois os sacerdotes não mais apareceram. Assim parecia. Na verdade,
porém, olhos atentos observavam tudo o que acontecia no pequeno vilarejo das
montanhas, pois havia um entre os moradores, que secretamente estava ao lado
dos sacerdotes e que de noite levava mensagens a eles. Ódio vivia na alma desse
homem, ódio contra a luz, que irradiava de Miang-Fong e que ele não podia
suportar. Fu era pobre porque era preguiçoso e esperava receber uma recompensa
dos sacerdotes, se prestasse serviços de espionagem a eles.
Miang-Fong,
no entanto, despreocupado com as atividades trevosas, continuou a ajudar e a
acender a luz nas almas dessas pessoas simples.
Quando
foi informado, aos sacerdotes, de que a influência de Miang-Fong aumentava
diariamente e que ele não tomava nenhuma providência para deixar o vilarejo,
conspiraram sobre como podiam liquidá-lo. Era muito difícil aproximar-se dele,
pois sempre estava rodeado por pessoas, mas talvez surgisse uma oportunidade de
encontrá-lo sozinho.
“Ele
não vai acreditar nisso,” opinou Fu. “Além disso, não acredito que tesouros
possam atraí-lo.”
Assim
tiveram que inventar algo diferente e, no final, chegaram a uma manha
diabólica. Amarraram um animal do pasto à meia altura de uma rocha saliente e
deixaram-no gemendo dolorosamente. Porém, aos homens do povoado Fu teve que
dizer que era um espírito irado com o povo, por terem abandonado os sacerdotes.
Medo
supersticioso queria novamente apoderar-se das pessoas, pois lúgubres entoavam
os gemidos do animal faminto e torturado. Tinham-no amarrado num local íngreme,
onde estava em constante perigo de enforcar-se.
Miang-Fong,
no entanto, resolveu averiguar corajosamente o motivo. Ele escalou o caminho
estreito que o levaria próximo ao local de onde vinham os gemidos. De repente,
seu pé deu um passo em falso numa pedra escorregadia e quase despencou.
Pareceu, porém, como se uma mão invisível o amparasse, até que seus pés
conseguissem pisar em solo firme. Nitidamente reconheceu agora, acima de si, o
animal amarrado e grande compaixão e ira sobre tanta maldade tomou conta dele.
Com grande esforço escalou o último trecho e no pequeno ressalto de rocha lisa,
respirando se encontrava aliviado. Inquieto, o animal sentia a ajuda, ele queria
encostar-se nele, mas era impossível soltá-lo. Ambos iriam despencar no abismo,
pois não podiam movimentar-se simultaneamente.
Enquanto
Miang-Fong ainda refletia o que deveria fazer, um bloco de granito despencou
repentinamente lá do alto e passou próximo dele, ao mesmo tempo ouviu-se um
grito, e Miang-Fong viu o corpo de um homem passando por ele e caindo no
abismo. Ele não conseguiu ver de quem se tratava, no entanto, sabia que o
acidentado alcançou o fim a ele destinado. Dirigiu-se ao animal que tremia em
todo o corpo, encorajando-o.
“Eu
vou buscar ajuda para ti, disse ele, e o animal deve tê-lo entendido, pois se
aquietou.
Miang-Fong,
porém, apressou-se, tão rapidamente quanto o caminho inclinado o permitia, até
o povoado e relatou o que havia vivenciado. Alguns homens colocaram-se à
disposição para voltar com ele e libertar o animal. Levaram cordas para a
segurança mútua e, incutindo ânimo, foi possível soltar o animal e trazê-lo
para baixo.
A
partir desse dia, Fu nunca mais foi visto.
Com
a morte de Fu, desapareceu o único espírito mau do povoado e Miang-Fong pôde
continuar a atuar desimpedido. Aos poucos desapareceu o medo e crescia a
confiança e a força nas almas das pessoas e quando, após algum tempo,
Miang-Fong deles se despediu, ele sabia que eles permaneceriam fiéis à sua nova
fé. Havia, no entanto, ainda muitos seres humanos desanimados e amedrontados
nesse grande país. Pessoas embrutecidas e cruéis subjugavam os fracos, em toda
parte faziam-se sacrifícios humanos, sob a alegação de que os deuses assim o
exigiam. Relativamente fácil havia sido a vida de Miang-Fong naquele pequeno
povoado nas montanhas distantes. Agora, porém, quando avançava para a parte
central do país, reconheceu o sinistro poder que os sacerdotes e os príncipes
de tribos mantinham em suas mãos.
Parecia
que aqui existiam dois tipos de pessoas: os com as feições grosseiras, narizes
largos, olhos bem inclinados e membros nodosos, grosseiros. Elas também eram
mais fortes fisicamente que as outras, cuja cor da pele era mais clara e as
feições dos rostos mais delicadas.
Miang-Fong
investigou a origem disso e foi informado que os homens Tau, como se chamava a
classe dominante, haviam invadido esta terra em época remota, vindos do norte e
desalojada a população local dos Ming, forçando-os sob seu domínio. Agora não
eram mais capazes de se defender, pois os homens Tau também tinham trazido sua
crença de magia, seus sacrifícios humanos e seus sacerdotes magos, que
conseguiram, com muita astúcia e mistificações, mas também com ajuda de
auxiliares trevosos, manter o povo Ming sob medo e em dependência.
Miang-Fong
ainda não havia caminhado longe, quando deparou-se novamente com vestígios
desse culto horrível. Blocos de pedra toscos, cobertos de sangue, testemunhavam
os horrores, que haviam acontecido. O local parecia deserto, onde somente há
pouco tempo devia ter ocorrido uma cena de horror. O coração de Miang-Fong
inflamou-se de ira. Procurando, olhou ao seu redor. No começo não pôde
descobrir um povoado. Algo, porém, atraiu o seu olhar: uma mulher velha, que
estava caída no chão a alguma distância. Ele foi até ela, tocou nela para ver
se ainda estava viva. Ela não deu nenhum sinal de que sentia o que lhe
acontecia. Então virou o seu corpo, para melhor poder enxergar. Mas,
horrorizado, recuou alguns passos. Era um rosto mutilado, com as órbitas dos
olhos vazias. Nunca havia visto algo tão horrível. Debruçou-se sobre o corpo. A
mulher devia estar morta, o último sopro parecia ter escapado do corpo. Mas não
podia deixar a morta abandonada assim! Animais selvagens viriam e atacariam o
cadáver. Procurando, olhou ao seu redor. Nas proximidades havia somente pedras,
nenhum arbusto, do qual poderia ter quebrado alguns galhos, e o chão era duro.
Assim empilhou pedras ao redor do corpo e cobriu-o igualmente com pedras. A
seguir, fez uma silenciosa oração pela pobre alma.
No
entanto, ainda não havia terminado, quando, de diversos lados, aproximaram-se
figuras sinistras com facas apontadas ameaçadoramente, que o cercaram e
investiram contra ele com sons selvagens. Miang-Fong ficou parado calma e
tranquilamente e olhou fixamente nos olhos deles. Isso era descomunal para
eles, que sempre viam as pessoas fugir em pavor mortal.
“Leve
ele convosco!” ordenou o chefe, um gigante com olhos oblíquos, nariz chato e
expressão cruel no rosto.
(continua)
Trecho extraído do livro: Miang
Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou
o Tibete das trevas.
NARRATIVAS
DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA)
No
próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:
O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus
aos Gigantes – 23/09/16
O
Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... –
07/10/16
Servir o Altíssimo Como
Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas –
20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho
– 26/10/16
No Momento certo se esclarece
– 03/11/16
Surpresa e Renovação
Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir –
17/11/16
Quem Procura Encontra –
24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo –
01/12/16
Servir Com Sensação de
Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia –
15/12/16
Outro Caminho a Seguir –
22/12/16
Por Confiança no Senhor –
28/12/16
Do Tirano ao Paciente –
04/01/17
Superar Desafios de
Salvamento – 11/01/17
Um Auxílio Redentor –
18/01/17
O Alcance das Elevações –
25/01/17
Transição Inevitável –
01/02/17
Nome Promulgado de Realeza
– 08/02/17
Grãos Dourados de
Semeadura – 15/02/17