Auto-Reconhecimento
por August Manz
Como um
“Eu” consciente de sua própria espécie encontra-se o ser humano atual na
matéria grosseira da Criação Posterior, aonde ele chegou por sua peregrinação
pelas esferas e ainda se encontra para continuar a se desenvolver.
De acordo
com a Vontade de Deus, cada ser humano deve sentir como um ser que, apesar da
mesma origem espiritual dos outros germes espirituais encarnados, é diferente –
diferente devido à desigualdade de seu desenvolvimento e amadurecimento
espiritual.
Ele é um
ser com livre vontade, livre e independente em si na escolha de suas
resoluções.
O caminho
de seu desenvolvimento ele mesmo escolheu até agora – e também pode e tem de
continuar fazendo isso.
Observado
de forma espiritual cada pessoa encarnada é, portanto, uma personalidade individual
por si só, um peregrino solitário pelos diversos reinos da Criação, – solitário
espiritualmente ele é também sobre a Terra.
Em tudo
ele, unicamente, tem toda a responsabilidade pelo seu pensar e agir. Ele pode,
na verdade, fazer ou deixar de fazer tudo o que quer, possui uma destacada
autonomia e plena liberdade para pensar e agir.
Mas por
esse motivo ele tem também, como consequência natural de seu livre-arbítrio e
da responsabilidade que resulta daí, que se responsabilizar totalmente sozinho
diante do trono do Juiz, sem poder lançar a menor partícula de culpa sobre
qualquer outra pessoa.
A Vontade
de Deus estabeleceu como meta mais elevada do germe espiritual desenvolver-se,
a um “Eu” consciente e como personalidade plenamente consciente, totalmente amadurecida
e que se tornou leve e luminosa para reingressar ao Reino Espiritual.
Os seres humanos da atualidade ainda não alcançaram essa
meta.
Por
causa de culpa própria eles permanecem ainda presos à materialidade.
Pois, com
seu desenvolvimento na direção errada eles se sobrecarregaram de carma, que
eles têm primeiramente que resgatar na materialidade, antes que possam ascender
às esferas mais elevadas.
Os seres
humanos não trouxeram as puras, nobres e boas capacidades que repousam no germe
espiritual na mais plena florescência para desenvolvimento – ao contrário,
sucumbiram às tentações de Lúcifer: através da má vontade eles próprios
deixaram surgir trevas, eles mesmos desenvolveram o que é inferior e tudo o que
é ruim e, com isso, envolveram-se com invólucros espessos e sombrios, os quais,
da maneira natural impedem a ascensão espiritual.
Assim, o
ser humano encontra-se preso a Terra, na matéria grosseira, como consequência
natural do pecado original.
E, por
isso, a primeira e mais elevada obrigação de cada ser humano é de libertar-se
totalmente desse atamento à Terra, para poder alcançar a Luz.
Ele tem
de libertar-se também do carma que teceu no decorrer de seu desenvolvimento de
até então, que pende nele como um peso de chumbo, que o puxa para baixo.
❝O ser humano encontra-se
preso a Terra, na matéria grosseira, como consequência natural do pecado
original. ❞
Já
sabemos pela Mensagem que, o ser humano através de todo o seu pensar e agir,
cria em torno de si uma teia de fios do destino que lhe trazem os efeitos
retroativos de seu comportamento, de modo que ele tem de colher o que semeou.
Contudo,
nós também sabemos que o ser humano não está exposto incondicionalmente aos
efeitos do carma criado por ele mesmo, sem possibilidades de escapar deles e
libertar-se novamente da culpa e de suas consequências.
Cada ser
humano tem a ampla possibilidade de, por meio de sua vontade, de seu novo
esforço pelo que é bom, puro, e nobre, para poder atuar de forma contrária aos
efeitos retroativos ruins, enfraquecendo-os ou deixando-os totalmente sem ação,
aos quais do contrário ele estaria exposto.
Na
dissertação “O Resgate do Carma” nós já nos ocupamos com isso de forma mais
pormenorizada e nos tornou claro os fenômenos de matéria fina ligados ao
resgate. Vimos aí que nas vibrações boas, mais delicadas, leves e luminosas que
uma pessoa envia no seu esforço pelas alturas, o efeito recíproco é
enfraquecido cada vez mais, até que finalmente cessa por completo, e o carma é
assim resgatado.
O destino
forma-se através da lei da Reciprocidade, contudo novamente ele também é
resgatado por meio de um fenômeno natural.
Mas essa
vontade para o bem tem de partir dele próprio como ser humano.
Assim
como ele próprio criou o carma, assim também ele mesmo deve resgatá-lo – e
ninguém mais.
Outras
pessoas podem auxiliá-lo nisso com comportamento correspondente – mas decisivo
e determinante é apenas o seu próprio pensar e agir.
Assim a
questão do resgate do carma, da libertação da culpa, torna-se a questão
principal para a existência de cada ser humano sobre a Terra, a qual só pode
ele próprio resolver.
Com isso,
a questão de como uma pessoa pode alcançar nessa meta de resgate do carma, o
que deve fazer para libertar-se, ganha um significado decisivo para toda sua
existência.
Os seres
humanos individualmente desenvolveram-se de maneira bem diferente, e por isso,
cada um precisa se modificar da sua maneira, transformar-se – na necessária
direção dele própria.
E para
poder escolher a direção correta que o conduz novamente para cima ele tem
primeiramente de reconhecer o que nele estava errado. E essa direção errônea só
é encontrada por ele através do auto-reconhecimento.
Isso soa
bem simples e é aparentemente fácil, mas só aparentemente.
Pois o
auto-reconhecimento correto é exatamente o mais difícil para o ser humano, que
durante milênios trilha o caminho errôneo. E também para aquele que soterrou a
medida certa de seu comportamento, correto para sua intuição, nas falsas
concepções em todo seu desenvolvimento de até então preso à Terra.
A
necessidade do auto-reconhecimento na pressuposição para todo desenvolvimento
elevado, como base da ascensão moral, já foi muitas vezes aceito e exigido por
espíritos humanos que se esforçam na elevação pelo que é puro e nobre; mas só
com a Mensagem do Graal, através de suas revelações aos seres
humanos, é que houve a possibilidade de se alcançar realmente essa meta, ao
indicar-lhes também o caminho certo.
“Deixa-me reconhecer o mal, também pelo preço
do sofrimento”, assim nos clamou o Filho do Homem como exigindo-nos. E
assim também deve ser o suplicar de cada pessoa.
Pois somente quando ela reconhece direito o mal
que reside dentro dela, ela então pode trilhar ao lado disso com sucesso e
resgatar seu carma. Ela tem de reconhecer por si mesmo com qual pendor terreno
está mais sobrecarregada e quais as características baixas, ruins e pouco
nobres encontram-se especialmente inseridas nela. Somente então assim poderá
agir contra elas, combatê-las e libertar-se delas.
O mal, errôneo,
incorreto, transviado que nele reside, o ser humano é que deve reconhecer –
para analisar a si mesmo com todos os seus erros. Então descobrirá o fio que
poderá conduzi-lo para fora do labirinto de um interior confuso, chegando à
clareza sobre si mesmo.
Pela
Mensagem nos constam inúmeros indicadores de caminho e pontos de apoio para que
cheguemos a um correto auto-reconhecimento.
Sobretudo,
o Filho do Homem nos indica para o fato que as pessoas devem aprender uma com
as outras.
Contudo,
ninguém deve bater no peito, pela arrogância de dizer: “Oh Senhor, como Te
agradeço por eu não ser como aqueles”, na crença de que ele não possui erros,
que nos outros observa. Ao contrário, exatamente com esses erros é que ele deve
aprender a encontrar os seus próprios.
Séria é a
exortação que nos foi dada a tal respeito:
“Se o ser humano olhar à sua volta com olhos
abertos e se simultaneamente observar ai a si próprio, reconhecerá logo que
exatamente aqueles erros no próximo que mais o incomodam, são os que se acham
de modo pronunciados nele próprio, em escala grandemente acentuada e incômoda
para outrem.”
E a fim
de aprenderdes a observar acertadamente, melhor será primeiro prestardes
cuidadosa atenção aos vossos semelhantes. Dificilmente haverá entre esses tais
um que não tenha a reclamar isso ou aquilo de outrem, pronunciando-se também
aberta ou veladamente a respeito.
Não
tardará muito até descobrirdes, para vosso espanto, que exatamente aqueles
defeitos que a referida pessoa censurar tão acerbamente dos outros,
encontram-se em grau muito maior nela mesma!
Isso é um
fato que no começo vos deixará perplexos, mas que se apresenta sempre, sem
exceção.
Ao julgar
as pessoas, no futuro podereis, serenamente, considerar isso como certo, sem
precisardes temer que, estais errando.
Permanece
o fato de que, uma pessoa que se irrita com estes ou aqueles defeitos de
outrem, com certeza, possui exatamente os mesmos defeitos em escala muito
maior.
Procedei
em um dia com calma a tais exames. Conseguireis e reconhecereis logo a verdade
porque vós próprios aí não estais implicados, portanto, não procurais em ambas
as partes atenuar coisa alguma.
Tomai,
pois, uma pessoa que cultivou em si o mau costume de ser predominantemente
mal-humorada e descortês, a quem, portanto, raras vezes mostrando uma
fisionomia afável, prefere-se evitar.
Exatamente
essas pessoas são as que se outorgam no direito de quererem ser tratadas de
modo especialmente afável e se exasperam, quando alguma vez enfrentam, moças e
senhoras até mesmo a ponto de chorar, justificadamente, apenas por um olhar
repreensivo delas. A um observador sereno isso atua de modo tão indizivelmente
ridículo e triste, que este até deixa de se indignar com isso.
E assim
isso se dá de mil e uma maneiras diferentes. Fácil também se tornará para vós
aprender a reconhecer isso. Mas quando então chegardes a tanto, deveis também
ter a coragem de admitir que vós próprios não formais nenhuma exceção, uma vez
que encontrastes a prova toda junto aos demais. E com isso, finalmente,
ser-vos-ão abertos os olhos para vós próprios. Isso equivale a um grande passo,
talvez até o maior para o vosso desenvolvimento!
Cortais
com isso um nó que hoje mantém a humanidade inteira oprimida!
Libertai-vos e auxiliai então alegremente aos
outros também de igual maneira.
Tendo o
ser humano encontrado primeiramente seus principais erros, então, ele também
criou uma base, sobre a qual ele pode combatê-los. Pois, agora ele conhece o
inimigo que tem de superar, que tem de vencer. Contudo, ele tem que enfrentar
esse reconhecimento com a mais séria vontade e não deve, numa costumeira
vaidade e presunção, procurar encobrir seus erros para desculpá-los.
Senão,
jamais poderá livrar-se deles e de suas consequências destruidoras, pelo
contrário, emaranhar-se-á sempre de novo nas concepções e sintonizações
erradas.
Por causa
disso é tão grande a dificuldade do auto-reconhecimento, pois se trata de
vencer o fundamental do mal no ser humano, sua vaidade terrena, que como em
arrogante consciência vista de cima não quer aceitar, exigindo exceções para
si, as quais não se permitem a outrem, e procura remexer para explicar os
próprios erros e insuficiências até que, por fim, se tornem desculpadas
vantagens, ou igual a viciadas fraquezas.
Quem não faz
isso, nos conformes da Palavra do Senhor pelo significado sobre o argueiro no
olho do próximo (de explicação anterior), jamais chegará realmente a um
verdadeiro auto-reconhecimento, mas ficará sempre preso na plena ilusão que o
conduz erroneamente.
Quem,
porém, investigar seu íntimo com energia irrestrita, com zelo e severidade sem
reter de vergonha covarde por comodidade ao temer as consequências na
descoberta do reconhecimento, também poderá continuar a se desenvolver e a
amadurecer de forma correta, já que também eliminara seus erros, munido de uma
vontade séria, mesmo que lhe possa ser difícil.
E se,
apesar disso, ele recair em coisas habituais, ele se animará novamente e se
recuperará. Pois, ele sabe agora como seu carma foi adquirido, e também como
resgatá-lo.
Um
importante auxílio para o correto auto-reconhecimento nasce também do amor
individual para com o ser humano, quer seja de um homem por uma mulher, dos
pais pelos filhos, ou no inverso dos casos.
A
Mensagem do Filho do Homem nos indica isso expressamente na dissertação sobre a
força sexual:
“Paira sobre todos os seres humanos terrenos,
de modo imenso e forte, um desejo: de poder ser, realmente, por si mesmos,
aquilo que valem diante daqueles pelos quais são amados.”
Quem,
portanto, quer realmente reconhecer a si mesmo com uma vontade séria, só
precisa perguntar, quanto ele vale perante uma pessoa que o ama. E então, ele
deve comparar essa figura ideal com aquela que ele realmente é! Essa comparação
deve ser instrutivamente rica para cada pessoa, se a executar sem embelezamento
da ilusão. Então, ele saberá como tem de se tornar para corresponder a esse
ideal.
“E esse
desejar é o caminho certo! Conduz imediatamente às alturas.”
Reconhecer
corretamente o mal que está enraizado no próprio ser humano e em suas
características, é sem dúvida bem difícil, já que para o necessário
auto-reconhecimento faz-se necessário primeiro vencer a vaidade, o verdadeiro
mal fundamental do ser humano.
Contudo,
não resta nenhum outro caminho para resgatar seu carma. Ele tem de trilhá-lo!
Só assim ele pode ascender à Luz.
O Filho
do Homem nos revelou:
“No
reconhecimento do mal reside também a salvação para aqueles que possuem boa
vontade.”