Grãos Dourados de Semeadura
por
Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf
Sinopse de Fatos Transcorridos: Por influência infantil em busca
do Altíssimo, se
dedicava o jovem Miang, indo após etapa inicial, seguir estudo com Fong,
o qual na responsabilidade de retornar ao comando de seu reino distanciara-se
dele, mantendo, contudo seu ensino objetivamente direcionado, como pela
situação na tarefa de mensageiro, ele sempre realizava viagens de aventuras, em
cuja uma delas, expandiu o seu saber por algum tempo ao lado de seu terceiro mestre (Huang). Nova
fase de efeito culminante despontara em sua vida, ao herdar o reino do povo
amarelo deixado por Fong. Como sua meta ainda era outra, na condição de servo
do Altíssimo, reconhecido assim pela denominação Miang-Fong, deixara toda a
gloria da Corte, em busca de seu mestrado de nível universal, conforme ousava
se tornar ainda: um discípulo de Zoroaster, em cujo estudo no nível de
elite tivera seu pedido como aluno, recusado...
Zoroaster
estava prestes a se voltar novamente aos seus alunos e considerava o assunto
como resolvido, quando o jovem forasteiro disse, em sílabas um pouco quebradas,
no entanto compreensíveis:
“Mestre, deixe também que o pássaro estranho pique dos
grãos dourados!”
Com essas palavras rompeu um véu diante dos olhos de
Zoroaster e ele lembrou-se novamente do quadro que lhe fora mostrado, do
pássaro estranho que tinha se juntado aos nativos e diligentemente picava junto
o alimento espalhado.
Zoroaster
não se arrependeu em nenhum momento de ter aceitado Miang-Fong, pois o jovem
silencioso exercia a mais forte influência sobre os seus companheiros. Uma
força partia dele, que nenhum dos outros possuía, mas os estimulava a imitá-lo.
Sedento, Miang-Fong absorvia cada palavra do Zoroaster em sua alma e
processava-a em seu íntimo, transformando-a em sua propriedade imperdível e
acumulava, dessa forma, tesouros para toda a sua vida.
Ele
não fazia parte daqueles, que imitavam como escravos aquilo que lhes era
ensinado, que só obedeciam com o raciocínio. Sempre era impelido a continuar no
caminho que Zoroaster trilhava com eles. Para ele, todos os ensinamentos eram grãos dourados de semeadura, que deviam
ser cuidados, para crescerem e tornarem-se árvores que ofereciam sombra. Também
o seu saber sobre o Altíssimo, que Zoroaster chamava de Ahuramazda, crescia e
firmava-se como tesouro maior, adquiria convicção.
Demasiadamente
rápido passou o tempo de aprendizado no belo país da Pérsia. Miang-Fong agora
estava pronto, preparado para a verdadeira missão de sua vida: levar a luz da
verdade para um povo, que sem essa ajuda deveria afundar na noite mais escura.
Por força própria não eram mais capazes de ajudar-se a si mesmo, pois as trevas
já tinham cravadas suas garras profundamente em seu corpo. Extenuado até a
morte estava o corpo desse povo, repleto de graves feridas purulentas. Caso podia
sarar novamente, então estava na última hora de auxiliá-lo, senão
extinguir-se-ia o derradeiro brilho da luz de sua alma.
Todos
de lá na Pérsia ainda sentiam dolorosamente a falta do jovem silencioso, que
lhes tinha repassado tanta força com o seu silêncio. As poucas palavras que pronunciava,
sempre traziam clareza onde os outros não conseguiam prosseguir. Sempre, porém,
o que ele dizia era totalmente diferente daquilo que todos de pronto aguardavam.
Eram novos caminhos no pensar e agir, mais inovadores que diante dos demais,
foram trilhados por Miang-Fong.
Assim,
certa vez diante da pergunta de que, qual seria a melhor forma de ajudar às
pessoas respondeu:
“Deixem-nas
passar fome!”
Ninguém
conseguia entender isso, até que esclareceu: “Uma pessoa faminta pede
ardentemente por comida, pois a fome a tortura. Entretanto, se ofereceres
comida ao farto, então ele a despreza. Se uma pessoa acredita ter encontrado a
verdade, então dificilmente ele a aceitará de vós, mesmo se a verdade dele for
uma ilusão. Somente quando reconhecer que estava enganado, ele abrir-se-á para
a vossa verdade.”
Isto
estava claro e era inequívoco, mesmo assim um dos alunos ainda perguntou: O que
queres dizer com deixar passar fome, Miang-Fong?
Outra
vez, igualmente claro veio o novo esclarecimento: “Não faz sentido oferecer a
verdade, se somente a fome por ela abre as almas. Portanto, não doem ao farto a
vossa ajuda, até que por ela ele peça, mesmo quando dela ele afirmar necessitar
urgentemente.”
Também
Jadasa afeiçoou-se ao jovem de os olhos escuros e sérios.
Foi
mostrado a ela um quadro, no qual braços suplicantes se estendiam ao encontro
dele e vozes aflitas chamavam-no. Ela viu-o escalando o planalto do Tibete, com
um claro lume na mão, que iluminava todos os precipícios e abismos escuros. Mas
viu também figuras horríveis, manchadas de sangue, que se interpunham em seu
caminho, e seu coração tremeu de compaixão pela miséria que ele haveria de ter que
vivenciar.
Silencioso
e discreto como havia chegado, Miang-Fong deixou o local de sua última
preparação. Ele sabia que nunca mais voltaria a este lugar, nunca mais voltaria
a ver as pessoas que se tornaram caras para ele. Porém, muito acima de todos os
desejos humanos estava aquilo, para o qual ele foi designado: ser porta-archote
da Luz e conduzir um povo da escuridão novamente para o dia claro. A despedida
foi calorosa e cordial como nunca antes vista. Por longo tempo os olhares
acompanharam o jovem, ao qual, todos tinham dado sua afeição e que, agora,
novamente trilhava seu caminho tão solitário. No coração de Miang-Fong vivia a
alegria! Agora podia dedicar-se completamente àquilo que ele tanto ansiara por
toda sua vida: ao Altíssimo, que o
havia escolhido como Seu servo.
Duraram
vários meses até que Miang-Fong chegou ao pé das altas montanhas, que
circundavam o planalto com seus cumes cobertos de gelo, numa fase de
aprofundamento interior, como último fortalecimento. Certo dia, ao anoitecer,
chegou a um pequeno povoado nas montanhas, onde sopravam ventos frios.
Choupanas baixas, sujas, espremiam-se junto às paredes das encostas das
montanhas, com uma apertada à outra, como se quisessem proteger-se mutuamente.
Telhados planos, cinzentos fechavam-nas em cima. A aldeia parecia deserta,
somente a alguma distância ouvia-se sons estranhos, como estalos, choros e
gritos estridentes intercalados. Não soava nada atraente, mesmo assim,
Miang-Fong dirigiu seus passos para o lugar de onde vinham os barulhos.
Apresentou-se
a ele um quadro horroroso. Um monte de gente tremendo apinhava-se diante de
algumas figuras selvagens que, com ruidosas matracas na mão apresentavam
danças, cujos movimentos lembravam os de animais selvagens, que querem
atirar-se sobre sua presa, mas que sempre são detidos no último momento. De
suas bocas também saíam os sons estridentes, que mudavam novamente para tons de
invocações. Pintadas com cores berrantes, vestidas com peles e plumas, essas
figuras proporcionavam um aspecto repelente. Um deles puxou de lá uma faca de
sua cinta e queria dar um golpe rápido. Agarrou alguém do amontoado de gente e
puxou-o, paralisado de medo, para o seu lado. Miang-Fong via aquilo com pavor.
“Pára!”
exclamou com voz estrondosa e com o braço levantado.
O
que era isto? Admirado, o sacerdote mago deixou cair os braços. Nunca antes
havia acontecido ali algo semelhante. Mas antes que pudesse refletir, lá já
estava Miang-Fong diante dele que lhe tirou a faca. Ameaçadoramente mirava-o de
cima a baixo.
“Como
te atreves?” berrou o sacerdote mago querendo apanhar a faca. Entretanto, uma
chama de ira sagrada tão forte chamejava dos olhos de Miang-Fong, que ele deixou
involuntariamente a mão já levantada, cair e retrocedeu um passo.
Miang-Fong
tomou a mão da vítima, ainda paralisada de medo, e a confortou amavelmente.
“Não
tenhas medo, ele não pode fazer-te nenhum mal!” prometeu-lhe e dele partiu
tamanha força, que todos os moradores da aldeia suspiraram aliviados. Como um
Deus, descido do céu, assim lhes parecia Miang-Fong e eles caíram de joelhos
diante dele e queriam venerá-lo. Ele, porém, proibiu e lhes disse:
“Venham
e mostrem-me onde moram. Eu quero ficar junto de vós e ajudar-vos.”
Eles
ficaram radiantes, os dois sacerdotes, porém, afastaram-se furtivamente. Tinham
ficado com medo. Miang-Fong ia, rodeado pelos moradores, em direção à aldeia. Ninguém
queria deixá-lo, todos estavam presos aos seus olhos, e de sua boca aguardavam
o que ainda diria.
“Onde
podemos conversar?” perguntou Miang-Fong e, procurando, olhou ao redor. Eles
apontaram para uma casa um pouco maior. De boa vontade o proprietário abriu a
porta e todos entravam, empurrando-se. Rapidamente acenderam o fogão, que
lançava luzes avermelhadas sobre os rostos dos presentes, aquecendo-os.
Sentaram-se no chão, outros permaneceram em pé no vão da porta ou ficaram
aglomeradas no lado de fora,.
Agora,
Miang-Fong começou a falar.
“Digam-me,
gente, o que aconteceu há pouco lá fora? O que fostes fazer lá, e porque o
homem vestido com peles queria matar um de vós?” Adiantou-se um homem de mais
idade, inclinou-se levemente diante de Miang-Fong, como se um respeito
desconhecido o obrigasse a fazer esse movimento inusitado, e começou a falar:
“Forasteiro,
tu viste como um sacerdote mago, com seu ajudante, queria novamente roubar uma
pessoa e sacrificá-la. Insaciável é ele em suas exigências. Ele nos havia
chamado, ameaçando, que invocaria a ira dos deuses sobre nós, se não o obedecêssemos.”
“E
o que teria acontecido com a vítima? perguntou Miang-Fong abalado.”
“Teria
sido abandonada e suas posses para o sacerdote,” explicou o homem.
“Vós
realmente acreditais, que deuses exigem tal sacrifício?” perguntou Miang-Fong.
“Nós
não o sabemos. Os sacerdotes assim o dizem e ameaçam-nos maldizendo-nos, quando
não obedecemos.”
“E
aí ficam com medo?” perguntou Miang-Fong novamente.
(continua)
Trecho extraído do livro: Miang
Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou
o Tibete das trevas.
NARRATIVAS
DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA)
No
próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:
O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus
aos Gigantes – 23/09/16
O
Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... –
07/10/16
Servir o Altíssimo Como
Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas –
20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho
– 26/10/16
No Momento certo se
esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação
Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir –
17/11/16
Quem Procura Encontra –
24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo –
01/12/16
Servir Com Sensação de
Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia –
15/12/16
Outro Caminho a Seguir –
22/12/16
Por Confiança no Senhor –
28/12/16
Do Tirano ao Paciente –
04/01/17
Superar Desafios de
Salvamento – 11/01/17
Um Auxílio Redentor –
18/01/17
O Alcance das Elevações –
25/01/17
Transição Inevitável –
01/02/17
Nome Promulgado de Realeza
– 08/02/17