Em Tempo de Edificação
por
Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf
Sinopse de Fatos Transcorridos: Desde criança na decisão de
servir o Altíssimo, o
jovem Miang, após instrução inicial, teve estudos com Fong, que
na condição de príncipe voltou a comandar seu reino, contudo, sem deixar de
direcioná-lo, o qual como mensageiro, sempre encontrava aventuras, em cuja uma
delas, conheceu seu terceiro mestre (Huang), com quem aprendeu a virtude e o
domínio do Silêncio. Em nova fase na vida herdou o reino do povo amarelo
como legado de Fong. Convicto de ser um servo do Altíssimo, já denominado Miang-Fong,
se afastara da Corte para se tornar um discípulo de Zoroaster, que após
concluir sua iniciação espiritual partiu, na missão providencial de libertar o
Tibete das Trevas...
Aquela
região ainda era mais intocada por estar mais afastada. A população não era
numerosa e estava igualmente afastada tanto da riqueza como da pobreza. Esta
média saudável havia favorecido também o seu equilíbrio interior, de modo que
Miang-Fong nunca havia encontrado almas tão abertas como aqui em Lao-tschang.
Mas,
então, sobreveio repentinamente uma grande desgraça a estes seres humanos, como
nunca haviam vivenciado. Irrompeu entre eles uma epidemia, a qual não
conseguiam controlar. Atacava inicialmente as crianças, espalhava-se depois
também entre os adultos e ceifou muitos deles em curto espaço de tempo. Não
havia sacerdotes por perto, que pudessem combater a epidemia com fórmulas e
bebidas mágicas, os conhecimentos das pessoas, porém, não eram suficientes para
combater a doença. Assim, consideravam Miang-Fong como um enviado do céu,
quando veio em seu auxílio e, cheios de confiança, solicitaram sua ajuda.
Miang-Fong
foi ver os doentes e reconheceu o perigo que essa epidemia representava. Caso
não fosse detida logo, em breve toda a região estaria desabitada. Mas ele
também reconheceu a causa: tratava-se de uma doença transmitida pelo leite dos
animais. Quem se abstinha de consumir o leite, restabelecia-se em pouco tempo.
Para os outros não havia salvação. Uma doença do sangue, que se manifestava em
inúmeras úlceras purulentas, tirava todas as forças e deixava o corpo
apodrecer. De onde, porém, vinha essa doença até dos animais? Miang-Fong
investiguou e solicitou esclarecimento ao seu guia. Então, foi-lhe mostrado uma
planta, que neste ano vicejava abundantemente, e cuja seiva provocava essa
doença febril. Mas enquanto não fazia mal aos animais, o ácido venenoso
transmitia-se através de seu leite para os seres humanos e os matava.
Após
Miang-Fong ter chegado a esse reconhecimento, ordenou que os moradores de Lao-tschang
conduzissem seu gado para pastos situados em altitude maior, onde essa planta
não crescia e onde encontrariam alimento melhor. Acontece que houve, naquele
verão, um clima adverso nessa planície, e somente a planta nefasta sobreviveu à
seca e vicejou. Aos moradores, no entanto, ordenou que se abstivessem do leite
por algum tempo, então o sangue iria purificar-se novamente e eles se
restabeleceriam. Nem todos se submeteram à essa ordem, mas quem o fez, logo
mais colhia a recompensa pela sua obediência, enquanto os outros continuavam
sucumbindo à doença.
Abriram-se, então, os olhos dos moradores de Lao-tschang, uma
vez que viam como Miang-Fong e seus alunos eram incansáveis no auxílio aos
doentes, cuidavam deles, lavavam e davam banho a eles, colocavam compressas
aliviando e encorajavam-nos. Abriam-se também os corações, deixando entrar
muitas sementes, que brotavam no solo fértil. Quando a epidemia havia sido
extinta, os moradores de Lao-tschang queriam que Miang-Fong permanecesse com
eles.
“Fique
conosco, ó grande mestre,” os suplicavam, “ensina-nos como devemos adorar o teu
Deus. Tu és mais sábio do que todos nós. Caso nos atingisse novo infortúnio,
estaríamos desamparados sem ti.”
Miang-Fong,
porém, não queria continuar morando entre eles. Já sentia dolorosamente a falta
do silêncio e solidão da natureza intocada, onde se sentia tão mais perto de
Deus. Sabia, também, que seus alunos necessitavam de isolamento e silêncio para
poderem assimilar e desenvolver-se, e isso ele explicou aos moradores de Lao-tschang.
Eles o compreenderam e ofereceram-se para ajudá-lo a construir um local, onde
pudesse morar com os seus alunos, sem serem incomodados por eles.
Miang-Fong
indicou para a montanha em terraços distante e disse:
“Essa
montanha foi escolhida pelo Altíssimo para ser nossa moradia. Situa-se bem
acima das atividades e pensamentos dos seres humanos, no entanto, possivelmente
ainda acessível deles. Se vós estais dispostos a ajudar-me, então queremos
construir lá um mosteiro, no qual poderei morar com os meus alunos.”
Isso
alegrou os moradores de Lao-tschang que, diligentemente, ofereceram sua ajuda.
A partir daquele dia começou um laborioso edificar na montanha do
Altíssimo, Tao-Schan, como foi chamada dali em diante. De noite,
foi mostrado um quadro a Miang-Fong, sobre como deveria ser o mosteiro e ele
deu instruções aos construtores de como deviam construí-lo. Havia, porém,
alguém entre eles que também tinha o dom de ver quadros, que lhe eram mostrados
de noite, e ele sabia como empregar e conduzir as pessoas, para que surgisse
uma cópia fiel daquilo que havia sido mostrado do Alto. Devagar, mas
continuamente aumentava a construção no Tao-schan. O prédio ficou maior do que,
por enquanto, era necessário para Miang-Fong e seu pequeno grupo, mas ele sabia
que em breve mais pessoas viriam até ele. Muito importante era, também, a
criação de jardins, pois tinham que providenciar a produção do próprio
alimento. Foram criados vários deles no lado sul da montanha, em terraços
diferentes, para grãos e hortaliças. Também foram plantadas árvores frutíferas.
Min-fu foi incumbido da supervisão dos jardins. Ele tinha se fortalecido muito
durante os anos de peregrinação. Simples e modestos eram todos eles. Em cima,
na parte plana da montanha, foi instalado um jardim ao redor do mosteiro, para
o qual também foi mostrado um modelo a Miang-Fong. Essa instalação tinha por
base um profundo significado. Este jardim deveria lembrar àqueles, que o frequentassem,
os eternos jardins celestiais. Por isso, deveria ser enfeitado com muitas
flores, e cercas vivas de arbustos verdes deviam dividi-lo em muitas partes,
das quais cada uma seria mantida, predominantemente, numa cor só.
“A
cor azul”, assim explicava Miang-Fong a seus alunos, “deve lembrar-vos da
verdade eterna, que é tão clara e transparente e tão imutável como o céu azul
acima de vós”.
“A
cor vermelha fala-vos do amor do Altíssimo, que nos guia e conduz. Quente é
essa cor e ela brilha até longe. Assim, também deve o nosso amor pelas pessoas
estender-se para longe e fazer bem a elas”.
“As
flores amarelas sejam para vós a imagem da luz celeste. Muito significativa é
essa cor, pois a luz, eterna em seu brilho radiante, deve levantar-se agora
sobre este país e deve expulsar a escuridão do mesmo. Onde a luz chegar, ali
desaparecerá a escuridão, ela é afugentada pela luz. Esta é a nossa missão
daqui por diante – espalhar a luz ao nosso redor e para distâncias longínquas”.
“O
verde, porém, que não faltará em nenhum dos jardins, é como a mão auxiliadora,
que nós queremos estender às pessoas. O verde liga todas as cores entre si.
Silenciosa e modestamente ela está aí, ela mesma não quer ser nada e, no
entanto, nenhuma flor seria verdadeiramente bonita sem suas folhas verdes, sem
o gramado verde, onde ela se encontra. O verde dos campos alimenta o gado.
Verde é aquilo que o solo produz para a nossa alimentação em grande parte, nós
não podemos carecer do verde”.
“Vamos,
portanto, assimilar a verdade eterna do Alto, encher nosso coração com amor
cálido, para que possamos levar a luz para a escuridão e tornar-nos auxiliares
dos seres humanos”.
Afortunados,
os alunos acolheram dentro de si o novo saber. Nunca mais o esqueceram e
tornou-se a base para sua divisão em grupos distintos.
“Primeiramente
deveis procurar pela verdade com toda a ânsia de vosso coração,” ensinou
Miang-Fong. “Esvaziai o vosso íntimo, para que possa encher-se com os tesouros
da verdade. Quanto menos estiverdes preenchidos com saber próprio, tanto mais
podereis assimilar daquilo que o Altíssimo nos doa. Por isso, não deixeis que
vossos pensamentos vaguem procurando por aí – eles ficariam presos à Terra. Não
deveis preencher-vos com pensamentos, mas com a Verdade que essa é saber. O
saber, porém, não pode ser encontrado, ele nos será presenteado do Alto, se
estivermos abertos para isso.”
Assim
e de forma similar ensinava Miang-Fong seus alunos. Todas as noites, quando o
trabalho penoso estava concluído, ele os reunia em sua volta e lhes falava e,
agradecidos, acolhiam cada uma de suas palavras.
Principalmente
Dak sabia escutar e assimilar, melhor que qualquer outro. Seus olhos
tornavam-se cada vez mais brilhantes, somente poucas palavras saíam de sua
boca. Pois Miang-Fong continuou ensinando: “Quando tiverdes recebido da
verdade, não a transmitis logo em seguida. Não a deixais voar que nem os
filhotes de pássaros, que esvoaçam do ninho. Eles ainda não podem voar, quando
recém saíram do ovo. Primeiramente devem crescer e suas asas devem poder
suportá-los, antes que possam arriscar seu primeiro vôo. Portanto, deixai
crescer e fortalecer o saber da verdade dentro de vós, antes que o transmitais
a outrem. Silenciai a respeito, até que o tenhais compreendido completamente.”
Assim
ensinava Miang-Fong seus alunos a reconhecer o poder do silêncio e, logo,
estavam acostumados a permanecer em silêncio após os ensinamentos noturnos. E
Miang-Fong continuou: “Quando o vosso corpo descansa de noite, então aquilo,
que está vivo em vós, vós próprios podeis deixá-lo. Pois o corpo é somente
vosso invólucro, do qual vós necessitais como proteção aqui na Terra, e esse
invólucro necessita de repouso. Vós próprios, porém, deveis pedir de noite o
caminho para os jardins eternos, deveis procurá-lo, pois lá no Alto é a vossa pátria. Tentai, já
agora, aproximar-vos um pouco. Vós o podeis, mesmo que não o compreendêsseis de
dia. Procurai os jardins em silêncio, sem palavras, mas elevai o vosso espírito
ansiosamente ao encontro deles, para que não errais o caminho, quando um dia
deixardes o vosso invólucro terreno.”
“Mestre,”
perguntou Su, “é-nos permitido retornar aos jardins eternos quando ficarmos
velhos e nosso invólucro terreno quebrar? Não precisaremos voltar?”
Trecho extraído do livro: Miang
Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou
o Tibete das trevas.
NARRATIVAS
DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA)
No
próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:
O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus
aos Gigantes – 23/09/16
O
Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... –
07/10/16
Servir o Altíssimo Como
Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas –
20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho
– 26/10/16
No Momento certo se
esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação
Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir –
17/11/16
Quem Procura Encontra –
24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo –
01/12/16
Servir Com Sensação de
Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia –
15/12/16
Outro Caminho a Seguir –
22/12/16
Por Confiança no Senhor –
28/12/16
Do Tirano ao Paciente –
04/01/17
Superar Desafios de Salvamento
– 11/01/17
Um Auxílio Redentor –
18/01/17
O Alcance das Elevações –
25/01/17
Transição Inevitável –
01/02/17
Nome Promulgado de Realeza
– 08/02/17
Grãos Dourados de
Semeadura – 15/02/17
Pelo Poder da Coragem –
22/02/17
Enviado Pelo Altíssimo –
01/03/17
Entre Rivais e Desafios –
08/03/17
Pelo Domínio do Fogo –
15/03/17