Leitura do trecho anterior
IS-MA-EL
E principiou o tempo em que o choro dos espíritos humanos soou do
distante círculo da Criação, que os próprios planos espirituais mais baixos
foram preenchidos da lamentação dos que ficaram emaranhados.
Em especial as queixas de todo o enteal soaram lamentando através de
todas as esferas para cima, e era como se a incandescente luz flamejante da
vida novamente subisse borbulhando de volta, pelo menos em parte. De cima era
visto como se ocorresse uma interrupção do fluxo vivo, e os mensageiros
espirituais segredaram-se sérias e severas advertências.
Em Patmos, os eternos servos da Palavra, os sagrados guardiões, fecharam
os portais dourados dos divinos mistérios, que até agora também tinham enviado
suas irradiações para fora, até as profundezas da Criação posterior.
Is-ma-el guardava a chave e confiava a mesma apenas a alguns de seus
mais fiéis servos da Verdade.
Assim, com o falhar de Lúcifer, aconteceu o início da queda
do espírito humano. A fonte da sabedoria divina ficou fechada para eles, e não
podia distribuir nenhum novo suprimento de forças. Borbulhantes e bramando
desciam as eternas correntes do sagrado Graal até Patmos e do círculo dos
guardiões novamente para cima, através da Criação primordial, até sua origem.
O poder mais elevado era inatingível para o espírito humano, e aconteceu
que Is-ma-el ouviu a voz do Senhor: “Vá até lá, tu fiel, e prepare para mim o
caminho através das partes da Criação material, para que eu possa dispor de
espíritos que ainda permanecessem fiéis à Palavra, também no perigo!”
E Is-ma-el inclinou sua cabeça e falou:
Ouça, Senhor, o choro dos espíritos humanos e a dor dos enteais devido
ao querer próprio de Lúcifer! Com isso ele se coloca de lado, mas a sua força
ainda é enorme. Assim que o espírito humano se abre à tentação do intelecto, ele
estará submisso às seduções de Lúcifer, pois este coloca armadilhas. De falso
brilho é o seu poder enganador e, vede que já se estende ao seu redor a força
de atração! Quando Michael, com a espada, separou-o do divino-enteal,
ele arrastou consigo, para baixo, parte do grupo de espíritos. A maior parte se
origina de esfera mais baixa e atraem a matéria fina. Assim ele cria para si um
reino que alcança até as proximidades da matéria.
O agitar cheio de horror, o qual Lúcifer suscitou, foi visto por Is-ma-el.
Pois ele deveria saber do atuar no pólo oposto a Deus, e devido a isso foi
ordenada a ele uma peregrinação através do campo de ação de Lúcifer.
E seu espírito mergulhou num sono profundo.
Is-ma-el foi envolto com um manto o qual não permitia que ele se diferenciasse
da tristeza das esferas, através das quais passavam véus cinzentos qual
correntes flutuantes. Como num funil, assim a corrente puxava e arrastava o
espírito envolto, em caminho errado, ao encontro do lugar do desterro do anjo.
Aí seus olhos divisaram amplitudes singulares, distancias de infinita
beleza melancólica. Solidões o aguardavam; que eram de um pesadume tão
horrendo, como ele imediatamente intuiu-o em sendo um abismo da Luz. O
movimento atuava como um redemoinho e turbilhão.
E Is-ma-el, a quem foi dado conhecer os pontos mais elevados do
espiritual, como, até poder olhar para cima os reinos luminosos de Deus e de
Sua Criação primordial, ainda pôde, como único espírito, compreender também
essas profundezas, que foram abertas pelo pólo oposto.
Todas as recordações da Luz estavam apagadas e sozinho ele deveria
perscrutar as profundezas, para advertir o espírito humano, em testar a si
próprio. O mais difícil que o espírito teria que cumprir, agora havia tido o
seu começo.
Lúcifer ainda estava em queda, a sua espécie divino-enteal estava a
extinguir-se, trazendo em si a força de sua origem, a qual ele utilizava em seu
ofuscado querer como sentimento de poder. Poderosa era a força de irradiação, a
qual ele enviou para a Criação material.
Com isso ele amparou o poder do intelecto. Tudo o que se desenvolvia em
seu atuar e querer era formado espiritualmente assim como no reino espiritual,
mas não era incandescido com a força proveniente das alturas, não, apenas
continuamente alimentado com a força do falso querer. Era rígido, duro, sombrio
e solitário, estarrecido como o gelo, de modo frio e horrível formou-se o trono
do poder de Lúcifer. A irradiação de seu querer, porém, aumentou em proporção
igual em força e atravessou a matéria fina que, por sua vez corrompeu a
matéria. Parecia como se uma epidemia de veneno se arrastasse através da
matéria fina da Criação posterior.
Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):