Leitura do trecho anterior
IS-MA-EL
Is-ma-el
viu Parsival em sua forma jovem perfeita, ele trazia uma vestimenta curta,
branca, presa por cinto, e sapatos prateados altos, que brilhavam como metal.
Ele ainda não trazia nenhum elmo, mas as asas da Pomba irradiando envolviam a
sua cabeça. Seu semblante tinha uma expressão comovente de pureza e decisão
infantil. Assim a vontade tornada forma de Parsival desceu do Graal por uma
ponte branca até Patmos, ante os olhos do servo escolhido Is-ma-el e falou:
“Is-m-ael,
olhe para mim, Eu Sou! Parsival, o portal puro, através do qual a vontade do
Pai atua libertando. Através de ti eu tenho que vivenciar os planos em sua
espécie, que o querer de minha vontade outrora criou. Por isso somente tu
consegues ser a ponte, pois no servir tu compreendes a minha inentealidade no
atuar, no servir no puro-espiritual. Vede, foi por isso que tu me foste dado
como acompanhante.”
Foi uma
poderosíssima hora de realização para Patmos, quando o Espírito de Deus assim
falou para Is-ma-el, pois deu início ao colossal círculo do querer libertador
do Filho do Homem.
“O que
por primeiro eu reconheci no puro-espiritual foi o amor” assim soou a voz de
Parsival. “Foi o já formado, o em formação pela Luz da Mãe primordial, da qual
é minha origem. Sua pura beleza real foi a primeira irradiação do meu
despertar, as ondas de sua infinita pureza e fidelidade flutuavam ao redor do
Espírito provindo do Pai. Nas irradiações de seu doar cheio de amor eu me
tornei em receptáculo do amor universal e da justiça do Pai. Meu nome se formou
através de suas sagradas leis e através dele eu atuo como a “Palavra de Deus”.
O que eu sou é do Pai! O que eu recebo e formo é sua força na semente
espírito-primordial de Elisabeth.
Para
que o espírito dos criados me reconheça direito eu dei a ele a chave para a
Palavra, que ele guarde na montanha do reconhecimento! Para que o meu convocado
me prepare o caminho eu conduzo as correntes da minha água eterna através dele
para a preparação. “Veja, aqui está a sabedoria que contém em si toda a lei do
Pai”.
Os
fluxos de Luz do Espírito da Verdade fluíram sobre Patmos, e Is-ma-el
prostrou-se diante do sagrado lugar da Verdade e acolheu a Palavra do Senhor.
Irradiando
ele intuiu e viu o despertar de Parsival, da criança, no puro-espiritual. Ele
vivenciou como a Luz de Deus atuou nele enquanto o jovem receptáculo acumulava
experiências no estado de uma imaturidade, que nunca é própria do divinal.
Nessa esfera o amor ligava a criança a um tipo de igual espécie, a qual não
existia em círculos mais elevados da origem de Parsival. Lá tudo era maturidade
perfeita. Aqui rodeavam a criança as delicadas, móveis e luminosas figuras de
uma juventude.
Quando
no luminoso recinto do Templo a luz de cristal ardia igual a uma taça, e os
véus de luz rosados da Mãe primordial desciam das alturas do Graal, para
conduzir o filho até as fiéis mãos do convocado, então soou em torno de Is-ma-el
um vibrar maravilhoso. Is-ma-el, porém, estava totalmente absorto na
profundidade de sua missão, no sagrado reconhecimento de seu Senhor. Ele estava
em local elevado e isolado, acima de todos os sublimes e todo o seu ser era
fidelidade e oração.
Muitas
vezes, quando as correntes de Luz vinda do amor da Mãe primordial soerguiam a
criança Parsival para além de Patmos, então também era permitido ao seu espírito
transpor o limite dos criados, e ele ficava ciente da correnteza, que ali
soergue os luminosos para as eternas ilhas. Ele olhou para estas ilhas em sua
resplandecente beleza e avistou o Rei e Maria, sua rainha, nos sagrados
recintos de suas correntes de Luz. Assim lhe foi mostrado a eterna onipresença
da vontade de Deus na Criação primordial e seu atuar, em especial para sua
futura ação de salvação.
Is-ma-el
ainda não sabia nada dela.
As
correntes de irradiações de Titurel e Is-ma-el traspassavam-no e capacitavam
seu espírito para assimilar o que ele então, apenas em sua espécie, pode
compreender. Então ele avistou toda a beleza da Luz, toda a pureza, toda a
força e amor do Pai para Parsival.
Ele
vivia em sua espécie a singularidade dos espíritos primordiais, e assimilou, na
mais elevada, a espécie totalmente diferente. As distâncias de universos entre
o seu eu e o ser Parsival se lhe tornaram conscientes, e com esse
reconhecimento de sua enorme distância cresceu sua vontade para servi-lo, sua
adoração, sua fidelidade, e a firme ligação do amor em indescritível força.
O eterno transformar-se e apesar disso
eterno ser igual, a mulher tornada forma espírito-primordial, a Rainha
Elisabeth, a Mãe primordial!
Is-ma-el
intuiu seu ser, seu atuar e tecer, o servir efervescente, devocional de sua
força receptiva, que gerou a Luz de Deus para a esfera espírito-primordial, que
dele se originou.
Quando
ele vivenciou isso, ele soube avaliar o que ninguém mais sabe: a impressionante
altura, a infinidade e a eternidade da divindade! Esse saber, que vivia nele e
que não era nenhum eco vazio, deu-lhe a capacidade para amar, não segundo a
natureza humana, porém segundo a vontade de Deus.
Assim
Parsival mostrou a ele a sua outra parte provinda do Pai no receptáculo Maria.
Só então Is-ma-el soube como ele pôde levar o amor ao encontro de Parsival, ao
vivenciá-lo através de Maria. “Eu sou o amor, ele, porém, é a justiça, e no
querer nós somos um!”
Toda a
esfera intuiu como corrente de bênçãos quando Maria se mostrou ao criado.
“Tu, porém,
Is-ma-el, deverás ser a escolta para a justiça quando ela, solitária,
peregrinar através da Criação, pois isso está iminente no tempo!”
Com
essas palavras abriu-se em Is-ma-el um novo portal. Até agora ele havia
assimilado. Ele havia absorvido em si um conceito da inentealidade, que lhe
ensinou a compreender a adoração e a distância em direção ascendente. Agora ele
intuiu que lhe deveria ser confiado esta jóia, Parsival, por Deus.
E como
o seu espírito primeiramente se abriu para participar de toda essa graça, agora
o seu querer se estirou e se estendeu para a ação, como consolidação em si e no
seu solo.
Com o
saber da existência da centelha de Deus na criança Parsival ele tornou-se
consciente também do amor do Pai, e com isso de sua responsabilidade perante
Deus. “Tu sabes agora, o que Is-ma-el é, espírito humano?” Quando a voz do
Senhor algum dia vier a dizê-lo a ti, então reconheça nisso o seu amor pela sua
criatura!