Leitura do trecho anterior
IS-MA-EL
As
vozes desses guardiões da Palavra são maravilhosas. Como acordes vibrantes de
harpa, cheios de sons vibram através das esferas, nas quais elas são criadas.
Elas irradiam para cima, como eterna oração de agradecimento à Luz.
Como um
murmurante, faiscante mar de cores de luz irradia Patmos através do brilho e do
que é vivo nessa adoração a Deus.
Dela se
erguem as construções aspirantes de adoração, semelhantes ao silencioso vibrar
da neblina, tudo abobadado por uma grandiosa cúpula de luz, que concentra em si
todas as irradiações que de cima se derramam sobre Patmos, através da estrela
azul.
Sob as
diretas correntes de luz dessa estrela encontram-se os guardiões no recinto em
volta da salva da concepção, clara e ondulante como cristal. Ela se assemelha a
um enorme cristal. Dela é possível Is-ma-el haurir o saber que da força viva de
Deus nela foi derramada.
Is-ma-el
envia as estirpes para fora, as quais devem espalhar para adiante a sua força e
semente espiritual, e ele guia e conduz os seus caminhos. A sabedoria e o certo
previsto irradiam dele, de modo inconsciente a ele e, apesar disso, por ele
compreendido, sobre os outros, os quais os distribuem. É atividade de
irradiação que transpassa esses elevados espíritos.
Continuamente
se efetivam espontaneamente fenômenos vivos através desses espíritos, abaixo do
ponto de entroncamento da Luz, que separa o puro espírito-primordial espiritual
do criado e, apesar disso, os liga intermediando. Todos eles, os guardiões da
Luz, têm, por sua vez, (novamente) seus guias mais elevados, que de cima se
aproximam deles.
E eles
podem muito bem utilizar as pontes de irradiação da sua esfera, que lhes
possibilitam descer até o limite onde os criados têm a possibilidade de
recepção. De vez em quando eles também constroem correntes de força, através
das quais o criado soergue mais alto o seu espírito, para poder vivenciar,
percebendo o que a vontade da Luz expressa.
Através
dessas correntes, também Is-ma-el foi soerguido, para ver com seus olhos o que
foi criado pelo divinal para a existência.
A
sagrada vontade de Deus tomou forma e saiu do luminoso receptáculo da Luz
divina para a Sua Criação, que imediatamente se formou ao seu redor.
E a Is-ma-el
foi mostrado um quadro, que como acontecimento antecedeu à origem de Is-ma-el,
e que na eternidade lhe pareceu cheio de vida como o presente, para seu
aprendizado.
Assim
ele aprendeu a conhecer a origem da criança divina, que através da primordialmente
criada Rainha da feminilidade, Elisabeth, pôde desenvolver um invólucro
puro-espiritual, no qual ela implantou a sua Luz inenteal do Pai. Ele se tornou
um cristal maravilhosamente luminoso, o Senhor da Criação que, na força de
irradiação da vontade divina, trouxe a vida como Cruz para a nova esfera.
A voz
falou: “Eu Sou aquele que deu a vida por vós e que eternamente é a Vida. Eu e o
Pai somos um!”
Is-ma-el
guardou a voz dentro de si e nunca mais esqueceu o seu tom.
E Is-ma-el
lançou outra vez um olhar para o interior do Templo de Deus, o sagrado Graal, e
lá ele viu Parsival, o receptáculo puro-espiritual, o Rei dos reis, o filho da
Luz e Senhor da Criação!
Ele
avistou, ao lado do Rei, Maria, a rosa da Luz, e viu as poderosas figuras das
mulheres luminosas primordialmente criadas, viu também o círculo dos primeiros
servos de Parsival.
Ele viu
a eterna transformação dos desenvolvimentos, sua vontade de libertação e os
correspondentes preparativos. Ele viu a dor de Irmingard, o Lírio puro, pelos
decaídos da Criação posterior de Éfeso.
E nesta
hora de Luz brotou no Espírito Santo a vontade para a ação de salvação.
É
prevista a vontade divina, não após uma decisão tomada, como se dá com a
vontade dos posteriormente criados. É a vontade de salvação uma sagrada lei
provinda do Pai, e una com o amor, a justiça e a pureza. Inseparável, assim
como o amor o é do Pai, tão inseparável é também sua justiça e pureza, e da
mesma forma inseparável, e por providência, fundamentado na lei, a vontade de
libertação!
Quando
Is-ma-el intuiu a plenitude, a amplitude e a distância incalculável da vontade
divina, então fundiu-se nele tudo o que era pessoal diante do Senhor e por isso
lhe foi dado, pois ele compreendeu o amor inenteal, sendo-lhe permitido receber
as mais elevadas leis do saber e com isso a chave para a verdade divina. E Is-ma-el
colocou essa chave sobre o altar de Luz em Patmos, chamou todos os guardiões
criados e lhes deu o nome de quem ele falou: “Eu Sou aquele que vos deu a vida
e eternamente é a Vida! Eu e o Pai somos um!”
E outra vez o espírito de Is-ma-el
se soergueu e ele viu Parsival em sua perfeição. Perfeição houve desde o
princípio, assim como Ele é, como receptáculo de Imanuel no Santo Graal, como
Filho de Deus.
Trecho extraído da obra IS-MA-EL (em manuscrito):