Leitura do trecho anterior
IS-MA-EL
Eternamente
maduros e espiritualmente na mais alta perfeição, formaram-se os primeiros
criados conscientes. Em correntes da mais completa e maravilhosa harmonia veio
para os espíritos o primeiro saber sobre a sua existência, da vida dentro da
força, da Palavra de Deus! E a voz de Deus os despertou.
Sagrado
silêncio perpassou tudo e o hálito do amor de Deus pairou como um sorriso cheio
de bênçãos sobre Patmos, a montanha do reconhecimento.
O
querer dos espíritos resplandeceu e criou, em direção descendente, formas
maravilhosas de igual espécie, e esticam-se colossais fenômenos de irradiação
para diante, até as profundezas das Criações posteriores.
Quando
a partir do ritmo dos acontecimentos naturais tudo nessa esfera já havia
despertado para a existência, esse querer incorporou-se cheio de júbilo no
sagrado vibrar de seu nível.
Com
isso ele começou a atuar, iluminar e brotar; e a beleza paradisíaca da
perfeição preencheu cada forma, e foi impulsionada para a mais alta
florescência. As correntes de cores luminosas dos ritmos espirituais,
periódicos de acordo com a lei, cantaram os coros das esferas do mar, no embate
das ondas luminosas.
Ela é
de incandescência azul, a portadora das sagradas Ilhas, ligada por uma ponte de
feixes de raios luminosos do sagrado Templo.
Infinita
e de múltipla configuração são os diversos estados de maturidade dos espíritos
criados, graduados em incontáveis fases de desenvolvimento, porém, bem
acentuadas, não fundíveis.
A vida
da Luz pulsa igual ao sangue através de todo esse criado. E assim era na hora
em que eu, Is-ma-el, estava sentado numa cadeira dourada, no ponto mais alto da
ancoragem da Luz em Patmos, até onde a voz de Deus me convocou. Ao meu redor o
número de anciãos, que estavam lá, igual a mim e próximos de mim. (Anciãos no
sentido da “vida” na mais pura originalidade e total equilíbrio de perfeita
beleza e maturidade). E foi um grande e sagrado sussurrar, um murmurar e
prometer na esfera.
Tudo
vibrou numa maravilhosa matiz de um azul luminoso e seu correspondente som.
Vozes eram ouvidas de cima, as quais falavam palavras de sabedoria. Elas eram
como certa brilhante luz dourada, e eu vi uma chave dourada que se formou das
palavras. Então uma voz falou: “Pegue”! E eu peguei o que foi oferecido da Luz:
a chave poderosa.
Ela
estava na minha mão e me queimava como fogo abrasador, mas ao mesmo tempo
saciou a minha sede e acalmou a minha saudade, que desde a hora da minha tomada
de consciência impelia para cima, para o inatingível.
“Tudo
te será dado naturalmente, assim que tu tiveres a minha Palavra!” falou outra
vez a voz, a qual anteriormente havia dito “Pegue”!
Através
de mim, porém, fluiu a irradiação. Eu não podia me mover. Contemplando e
estendida estava a minha conformação branca diante do poder da palavra. Foi aí
que o meu espírito vivenciou pela primeira vez o amor para com o Senhor!
Nada
existia afora isso: pertencer a Ele! Sua criatura, a qual se reconhece, para
servir a Ele!
“Eu
fundamento a estirpe das sementes primordiais através de vós! Dai da força
adiante, a qual vós recebestes através de mim!”
E no
mesmo momento a Sua Palavra tornou-se ação através de nós. E eu vi uma
gigantesca árvore estender seus galhos através de mim, ela os esticou para
longe, e dela se desenvolveu uma linhagem de sementes espirituais que,
espalhando-se, propagou-se em direção às profundezas. Os meus olhos viram que
era a Cruz viva, o Amém, o próprio Nome, o qual partiu do Pai, e que tinha
falado para mim.
E
sobre Patmos ergueu-se um movimento. Todo o primordialmente criado, os
puro-espirituais e todas as entealidades da Criação primordial foram tomados
pela força dessa sagrada hora da Luz.
Trecho extraído da obra IS-MA-EL (de um manuscrito):