Um Auxílio Redentor
por Charlotte Von Troeltsch e Susanne Schwartzkopf
Sinopse de Fatos Transcorridos: Com a decisão formada desde a
infância em servir o Altíssimo,
ainda buscava o jovem Miang, a partir de seus passos iniciais concluídos,
tendo em diante se tornado aluno de Fong, que depois por ser também um
príncipe encontrara a difícil tarefa de dirigir seu reino para não mais poder
ensiná-lo, continuando ainda a ditar-lhe ordens; pelas quais na missão de
mensageiro, permanecia sempre entre aventuras através de viagens, em cuja uma
delas, encontrou – para se instruir durante algum tempo – o seu terceiro mestre (Huang), estando vivendo da situação atual na
missão de auxiliar pessoas comuns dos ambientes públicos...
Para continuar narrando o acontecido com sua mulher o homem
prosseguiu contando em detalhes o caso:
❝Quando, porém, cheguei mais
perto dela, ouvi um leve choro que saia da trouxa em seus braços, e eu me
assustei muito. Tive que parar um momento para respirar fundo e esse momento
foi suficiente para mais distante torná-la novamente inalcançável. Como que se
não sentisse cansaço, nem tontura, subia ela sem parar até a borda saliente de
um alto rochedo e, de lá, jogou a trouxa para baixo. Depois se debruçou para
olhar sua queda.
Deu-me
arrepios. Juntei minhas últimas forças e consegui agarrá-la ainda na manga,
quando ela estava prestes a jogar-se também para baixo. Parecia como se agora
todas as forças a tivessem abandonado, ela caiu em meus braços e eu a puxei
para longe da borda perigosa.❞
“Hu-na,
o que fizeste?” exclamei sacudindo-a.
Então
ela despertou como de um sonho.
“A
criança!” gritou ela. “Eu tinha que sacrificar uma criança, para que os deuses
me dessem outra!”
“De
onde tiraste a criança?” perguntei horrorizado.
E,
olhando-me, ela respondeu:
“Ninguém
me viu, entrei bem silenciosamente e tirei a criança de Fu-sa. Ela ainda tem muitos
filhos, não lhe fará falta.”
Sacudi-a
novamente com força e gritei horrorizado:
“E
tu jogaste a pobre criança no abismo? Não escutaste o seu choro?”
“Escuta!”
disse Hu-na e, no silêncio ao redor, ouvimos claramente um choro lamentoso
vindo lá de baixo. Soava miseravelmente abandonado e Hu-na tremia no corpo
todo, quando ouviu. “Os deuses não aceitaram o sacrifício!” murmurou ela e
depois caiu desmaiada aos meus pés.
Eu
a levantei e a levei para casa. Não podia cuidar da criança, senão Hu-na teria
morrido, e não havia caminho do alto para o abismo, no qual a trouxa havia
caído. Com grande esforço consegui levá-la para casa, mas desde então ela está
deitada aqui como vês, ó sábio. Eu te rogo, agora que sabes da verdade,
ajuda-a, a pobre Hu-na!”
Profundamente
abalado, Miang escutava o relato sobre o extravio dessa alma humana. Como uma
maldição paralisante pesava sobre ela a grave culpa e não a deixava
restabelecer-se. O que podia ser feito aqui? Ele sentiu que a mulher ficava
mais calma quando a tocava com a mão, quando a colocou na sua testa quente. Por
longo tempo a deixou aí e refletia sobre o relatado. Assim os seres humanos se
enredam em culpa e não conseguem livrar-se dessa rede sozinhos. Novamente gemeu
a enferma. Ela abriu os olhos e, pela primeira vez, havia neles algo como um
reconhecimento.
Miang
curvou-se sobre ela.
“Hu-na,”
disse ele, e sua voz soante parecia encher todo o ambiente; “Hu-na,
arrependes-te daquilo que fizeste?”
Assustada,
a mulher levantou o braço em defesa. Miang, porém, não cedeu e obrigou o olhar
dela se dirigir para o seu.
“Tu
roubaste um filho de uma mãe, no delírio de que seu sacrifício pudesse te
ajudar! Não sabes que com isso te sobrecarregaste com uma grave culpa? Veja a
mãe que chora pelo seu filho perdido e isso deveria ajudar-te a obter uma
criança? Com isso barraste o caminho da alma que queria aproximar-se de ti. Ela
agora não pode chegar até ti, a tua culpa se interpôs entre vós duas.”
Hu-na
irrompeu num choro compulsivo. Parecia que, com isso, dissolvia-se a convulsão,
que há tanto tempo a dominava.
“O
que devo fazer?” lamentou-se ela.
“Corrija
o teu erro,” disse Miang.
“Isso
eu não posso,” lamentou Hu-na novamente, e seu choro aumentou.
“Sempre
se pode corrigir alguma coisa,” consolou Miang.
“Eu
vou ajudar-te para isso, porém, antes de tudo, peça perdão ao Altíssimo, o Qual
de ti se zangou com a tua má ação.”
Agora,
Hu-na estava disposta a tudo e Miang podia semear os primeiros grãos de um
melhor reconhecimento na alma perturbada da pobre mulher. Depois se dirigiu ao
homem.
“Trata-a
bem, para que ela possa recuperar suas forças,” ordenou ele. “Então eu voltarei
e continuarei ajudando.”
O
homem queria agradecer efusivamente, mas Miang recusou. Ele tinha que respirar
ar puro, nada mais o segurava ali.
Ele
saiu da tenda e respirou fundo. Sentiu-se melhor fora ao ar livre e,
involuntariamente, dirigiu seus passos para longe do pequeno povoado. Logo
havia deixado as choupanas para trás.
Encontrava-se
num caminho que o levava através de arbustos floridos de média altura.
Respirava fundo o perfume das flores. Como era refrescante depois do ar abafado
no quarto da enferma.
De
repente, veio ao seu encontro um estranho cortejo. Homens vieram com um tipo de
maca. Nela parecia haver um doente. Ele estava coberto, não se podia ver o que
estava sendo escondido embaixo. Miang parou e quis deixar passar os
carregadores, mas um impulso inexplicável fez com que perguntasse o que estavam
carregando. Solícitos, os carregadores colocaram a maca no chão e secaram o
suor de suas testas. Um pequeno intervalo pareceu-lhes bem-vindo.
“Estamos
levando Hung para o sacerdote, ele está velho e sua alma está disposta a entrar
no reino
intermediário,” responderam.
“Posso
vê-lo?” pediu Miang, e os carregadores levantaram a coberta.
Miang
viu um rosto de ancião no qual estavam estampados os vestígios de uma idade
avançada. O homem estava deitado tranquilamente e sua respiração era leve.
Miang já queria prosseguir, mas teve que fazer mais uma pergunta:
“Para
onde o levam, homens?”
“Ao
templo, para o sacerdote, para que esse possa rezar suas preces e ajudá-lo a
encontrar o caminho,” responderam naturalmente.
“Para
o reino
intermediário?” perguntou Miang. “E o que ele vai fazer lá?”
“Lá
ele aguarda até que haja novamente um corpo, no qual ele possa de novo habitar.
O seu corpo atual ficou muito velho.”
“E
assim vós sempre voltareis em um corpo novo?” perguntou Miang. “Podeis
escolhê-lo?”
“Isto
nós não sabemos,” foi a resposta dos carregadores e, com isso, levantaram a
maca e queriam seguir caminho. Ao levantar a maca, porém, algo se moveu na
extremidade inferior desta, deslocou-se a coberta e Miang viu que ali havia
mais uma pessoa, uma criança pequena, que o mirava com seus olhos grandes.
“Quem
é essa criança?” perguntou ele e mais uma vez os carregadores deram informação.
“Hung
encontrou-a nos arbustos há algumas semanas. Estava chorando e ele atendeu seus
lamentos. Então subiu e apanhou-a. Ele quer entregá-la agora ao sacerdote.”
Miang
estremeceu. Poderia ser essa a criança que foi atirada por Hu-na, e seria
possível um salvamento tão maravilhoso? Pediu que os homens descrevessem o
local onde Huang a havia encontrado. Não havia dúvidas, ocorrera um milagre e a
alma de Hu-na estava libertada em parte, da culpa mais grave.
“Entreguem
a criança a mim,” disse ele aos homens admirados. “Eu sei a quem ela pertence e
eu vou levá-la até sua mãe.”
Eles
concordaram e assim Miang acolheu a leve carga e levou-a de coração feliz até a
choupana de Hu-na.
Lá,
ele não era esperado. Tanto maior a surpresa de ele retornar tão depressa que, ao
colocar a criança nos braços de Hu-na, suas lágrimas correram abundantemente e afastaram
consigo a última teimosia, a última perturbação.
“Agora
podes reparar o teu erro, Hu-na,” disse Miang muito feliz. “Devolva a criança à
mãe e peça-lhe perdão.”
“Desaparecerá
com isso o obstáculo entre mim e a alma que quer vir?” perguntou Hu-na receosa.
Miang
confirmou. “Se te arrependeres sinceramente do teu delito e prometeres nunca
mais fazer tal coisa, então tudo pode ficar bem. Agora o teu marido deve chamar
a mãe da criança, pois tu estás muito fraca para ir até ela.”
E
assim aconteceu. Fu-sa apertou seu filho nos braços e, na alegria de tê-lo de
volta, esqueceu de sentir raiva de Hu-na. Miang, porém, pôde mostrar às
pessoas, agora novamente felizes, que maravilhoso auxílio havia salvado a
criança e de Quem, assim tão poderoso
partiu essa ajuda. Ele encontrou corações abertos para ouvir, pois o
sofrimento, assim como a alegria, os havia amolecido.
Miang
teve de prometer que voltaria para contar mais ainda sobre o Altíssimo.
(continua)
Trecho extraído do livro: Miang
Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou
o Tibete das trevas.
NARRATIVAS
DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA)
No
próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:
O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus
aos Gigantes – 23/09/16
O
Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... –
07/10/16
Servir o Altíssimo Como
Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas –
20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho
– 26/10/16
No Momento certo se
esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação
Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir –
17/11/16
Quem Procura Encontra –
24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo –
01/12/16
Servir Com Sensação de
Alegria – 08/12/16
Com a Bolsa Vazia –
15/12/16
Outro Caminho a Seguir –
22/12/16
Por Confiança no Senhor –
28/12/16
Do Tirano ao Paciente –
04/01/17
Superar Desafios de
Salvamento – 11/01/17