As
Revelações de João
Jesus soltou o quarto selo, o chamado
de trovão ecoou novamente por todas as Criações.
Então chegou um sobre um corcel
pálido e desbotado e pálido era ele também. Era a morte e a ela foi dado o
poder para ceifar a quarta parte da humanidade. Atrás dela vinha a matilha de
seus auxiliares em desabalada corrida: peste, guerra, fome e todos os espíritos
infelizes que arruínam as pessoas. Agora ela foi enviada para baixo.
Novamente houve silêncio.
Serenamente, Jesus soltou o quinto selo. Então passaram por ali todos os que
pela fé em Deus e em Jesus Cristo haviam dado alegremente as suas vidas.
Estes foram vestidos com vestes
brancas e foi-lhes pedido que esperassem por aqueles que ainda viriam. No Juízo
Final, a sentença de Deus também seria pronunciada sobre os seus adversários.
Agora Jesus soltou o sexto selo.
E então a Terra começou a estremecer
em suas profundezas, de modo que fora sacudida e as montanhas e os mares
deslocaram-se. O Sol havia escurecido, todo o seu brilho havia desaparecido. A
Lua, porém, brilhava como sangue, de modo que todas as criaturas sentiram
pavor. Estrelas caíam sobre a Terra e o vento zunia de todos os quatro cantos
ao mesmo tempo.
Então os reis da Terra e os grandes e
poderosos começaram a gemer e a tremer. Esconderam-se em fendas e cavernas, mas
isso de nada lhes adiantou. Por demais poderoso era o acontecimento. Então
clamaram:
“Quem poderá subsistir diante dos
olhos Daquele que reina sobre o trono de Juiz? Quem poderá esconder-se da justa
ira de Deus? Que caiam sobre nós as montanhas, cubram-nos as rochas, para que
os Filhos de Deus não possam mais nos ver. O dia do Juízo veio para a Terra e
nós iremos colher o que semeamos. Ai de nós!”
Nesse furor dos poderes da natureza,
ordenado por Deus, soou, de repente, uma voz:
“Não danifiqueis a terra, nem o mar,
até que tenhamos selado os servos de Deus em suas testas!”
E estavam quatro anjos nos quatro
cantos da Terra e estes pararam os ventos para que não ventassem até que Deus
tivesse permitido que se concluísse a sua obra.
Eram cento e quarenta e quatro mil
espíritos humanos que Deus escolheu para serem servos de seu Filho. Eles
deveriam portar o signo do Eterno em suas testas e com isso deveriam ficar
preservados de todos os horrores que zuniam sobre a Terra. Depois disso,
deveriam auxiliar Seu Filho eterno, a Sua Vontade, a construir o novo Reino.
Agora eles se achegavam de todos os
povos, vestidos com vestes brancas e segurando palmas em suas mãos. Louvavam a
Deus por sua grande graça, por terem sido escolhidos para o servir e falavam
com alegria:
“Salve! Aquele que está sentado no
trono e o nosso Deus que reina na eternidade e a Jesus que, por misericórdia,
inclinou-se aos seres humanos! Glória a Trindade eterna de eternidade a
eternidade!”
E os anjos, os anciãos e os animais
falaram “Amém” e inclinaram-se diante da Vontade eterna de Deus. E por longo
tempo só houve louvor e agradecimento, sons de harpas e alegria.
E então um dos anciãos inclinou-se
para mim e perguntou-me dizendo:
“Quem são esses que podem usar vestes
brancas? Quem os trouxe para cá?”
Mas eu não sabia dizer quem eram e
pedi que ele me dissesse. Ele o fez e disse:
“São os espíritos humanos que
passaram por grande aflição e por lutas internas, que procuraram manter puras
as suas almas em sua fé em Deus e em Jesus. São aqueles que reconheceram a
Vontade eterna de Deus, quando agora Ele vier para o Juízo.
Por causa deste reconhecimento, os
seus pecados foram-lhes perdoados. Não ficarão nem sedentos, nem famintos pela
Palavra de Deus, pois esta estará eternamente com eles. Também não desmaiarão
pelo calor, nem enrijecerão pelo frio, pois vibrarão nas eternas leis de Deus.
Deus mandará secar todas as lágrimas
de seus olhos, pois suas almas terão sido soerguidas do sofrimento e das dores
terrenas, pois Deus os escolheu como servos de Seu Filho sagrado. Eles O
servirão de dia e de noite em grande felicidade.
E Ele mesmo que está sentado no
trono, estará no meio deles. Ricos, acima de todos os conceitos humanos, são
aqueles que podem servir aos Filhos eternos de Deus!”
Depois disso, houve longo silêncio,
um silêncio sagrado, mas cheio de expectativa, anunciando desgraça.
E Jesus ergueu um pouco o livro e
soltou o último selo.
Então os sete anjos vieram para
frente e seguravam trombetas em suas mãos. Diante do trono havia sido erigido
um altar, para o qual dirigiu-se um outro anjo, com um incensório dourado.
Colocou muito incenso nele e a fumaça elevou-se e subiu para Deus, como um
reflexo das orações de todos.
Então Aquele que estava sentado no
trono fez um pequeno sinal. E o anjo pegou o incensório, colocou fogo do altar
nele e derramou-o sobre a Terra. Aí caíram relâmpagos, trovões retumbaram e a
Terra estremeceu em todas as suas bases.
Os sete anjos, porém, ergueram suas
trombetas e olhavam para a Vontade eterna de Deus, que estava sentada no trono.
Esta fez novamente um sinal.
Então o primeiro anjo levou a
trombeta aos lábios e um som longo, semelhante a um gemido, vibrou por todas as
Criações. Sobre a Terra, porém, caiu granizo com sangue e fogo e a terça parte
das árvores e das plantas se queimou.
Novamente o Eterno inclinou-se e o
segundo anjo soprou em sua trombeta de forma que o som saiu como um grito em
direção às Criações. E houve fogo no mar e a terça parte de todos os mares
tornou-se como sangue, a terça parte de todas as criaturas vivas do mar pereceu
e a terça parte de todos os navios se queimou.
E então um calor subiu em mim:
“Sete trombetas – sete ais!
Humanidade, o que tu preparaste para ti em tua teimosa obstinação!”
E novamente veio um sinal Daquele que
estava sentado no trono e o terceiro anjo tocou sua trombeta, de um modo que o
som passou por todos os céus. E caiu uma estrela e os rios e as águas da Terra
tornaram-se amargas como fel e os seres humanos morriam quando delas bebiam.
A um aceno do Eterno, o quarto anjo
tocou sua trombeta. Então o Sol se escureceu, a Lua perdeu seu brilho e as
estrelas se apagaram, de modo que tanto de dia quanto de noite estava
igualmente escuro.
Mas a voz de um dos anjos soou
poderosa:
“Ai, ai, ai, daqueles que
se encontram sobre a Terra! Três anjos ainda tocarão suas trombetas e a aflição
será insuportável! Mas não existe parada no Juízo que os próprios espíritos
humanos trouxeram para si. Uma coisa após a outra terá que se cumprir!”Extraído do livro: Chamados da Criação Primordial (Rufe aus der Urschopfung - 1935):