O Primeiro
Mestre
por Charlotte Von Troeltsch e Susanne
Schwartzkopf
Sinopse de Fatos Transcorridos: Nascido num vale entre imensas
montanhas escarpadas cobertas de neves eternas, cuja região nunca deixara, para
continuar morando junto de um homem mau, que usurpara sua cabana, seus
pertences, e ainda o castigava, assim era o inocente Miang, filho de mãe
desconhecida e espólio único de pai, tendo por relevância na vida, apenas
ocorrido enquanto pastoreava suas cabras em direção ao riacho local, encontrado
em seu caminho seres – nativos gigantescos, os quais se
tornaram seus únicos amigos. Deles ouviu
relatos sobre a existência do Maior entre todos, como Criador do
Universo. Pela ajuda também deles, partira em busca de maior sabedoria
sobre o Altíssimo...
E
ele – o Sol – veio. Dessa forma Miang ainda
não o havia visto, em sua majestade e beleza. Tudo parecia cor-de-rosa,
dourado, até os picos ameaçadores de montanha perderam todo o seu horror. Por
longo tempo permaneceu o menino contemplando, e muitos pensamentos acordaram no
seu íntimo.
Nesse
ínterim, Fu-Fu havia procurado por ervas – escassas e matado sua fome. De maneira provocadora colocou-se ao
lado de seu pequeno senhor, para que este fizesse o mesmo e bebesse. Então, foi
assim que Miang escutou nitidamente uma voz, dizendo:
“Está
na hora de iniciares o caminho. Vá ao encontro da Luz, Miang.” Ao voltar-se não
percebeu ninguém que pudesse ter falado com ele. Mas as palavras ele as tinha
escutado claramente, isso era suficiente.
Dirigiu seus passos sobre neve, gelo e pedregulho em direção ao sol. Ele encontrou um raio de sol, que se estendeu dourado trêmulo sobre o deserto como uma fita estreita, e ele resolveu segui-lo enquanto o poderia avistar.
Tinha que estar cuidadosamente atento aos seus passos.
Não estava acostumado a caminhar nessa altitude.
Várias vezes Fu-Fu, que o rodeava celeremente, o empurrava para longe de algum profundo precipício, no qual seguramente teria caído.
Mais de uma vez escorregou, mas levantou-se rapidamente.
Não deu importância à dor, todos os seus pensamentos caminhavam em direção ao alvo: encontrar o Altíssimo.
Dirigiu seus passos sobre neve, gelo e pedregulho em direção ao sol. Ele encontrou um raio de sol, que se estendeu dourado trêmulo sobre o deserto como uma fita estreita, e ele resolveu segui-lo enquanto o poderia avistar.
Tinha que estar cuidadosamente atento aos seus passos.
Não estava acostumado a caminhar nessa altitude.
Várias vezes Fu-Fu, que o rodeava celeremente, o empurrava para longe de algum profundo precipício, no qual seguramente teria caído.
Mais de uma vez escorregou, mas levantou-se rapidamente.
Não deu importância à dor, todos os seus pensamentos caminhavam em direção ao alvo: encontrar o Altíssimo.
Perto do local, no qual ele agora – encostado à cabra – descansou, encontrava-se um homem de joelhos. Seu cabelo era de um branco prateado, sua figura curvada. Segurava as mãos trêmulas apertadas contra o rosto e em voz alta fluíam as palavras de sua prece:
“Ó Tu, Todo Poderoso! Deixa-me ainda vivenciar poder servir-Te conforme Tu o prometeste. Teu servo ficou velho, e fraco o seu invólucro terreno. Os dias passam, sem que o menino abençoado apareça. Não permita que me chamem desta Terra, antes que eu tenha Te servido verdadeiramente!”
Levantou a cabeça espreitando: Passos aproximaram-se sobre o pedregulho.
“Ó Altíssimo, é esta a resposta ao meu pedido?”
Levantou-se o mais rápido que podia e saiu para fora. Os raios do sol brilhavam claramente, quase claros demais para os seus velhos olhos, acostumados à escuridão.
No
meio desse esplendor caminhava um menino, acompanhado por uma cabra. O sinal
prometido! “Ele virá para ti no brilhar do sol, seu alimento, porém, ele trará
consigo, para que não sofram necessidades. Uma cabra célere será, de agora em
diante, a tua companheira.”
Sem percebê-lo, por quase não se destacar de sua morada encaixada nas rochas, caminhava o menino confiantemente, olhando cuidadosamente para o chão. Levantou uma vez o olhar para o céu, e todo o brilho do sol espalhava-se sobre o seu rosto.
De
repente, a cabra parou e impediu seu companheiro de seguir viagem. Agora,
enfim, ele olhou ao seu redor e percebeu o velho.
Ele
irrompeu numa exclamação de alegria. O eremita, entretanto, dominou-se. Ele não
podia dar expressão à sua alegria.
“Quem és tu, forasteiro, que vens a essa solidão a estorvar o sossego de minha velhice?”
“Sou um menino, chamam-me de Miang. Venho de longe para que tu me fales do Altíssimo, mestre. Eu quero servir-te, até que eu encontre o Todo Poderoso e possa ser Seu servo. Peço aceitar a Fu-Fu e a mim com bondade e ensina-me, pois eu sou muito ignorante.”
Agora estava bem diante do velho e inclinou suplicante sua cabeça. Por um breve instante a mão direita do ancião pousou sobre a cabeça do menino. Como este era jovem e pequeno!
“Então entra, Miang. Apertado e escuro está aqui, moro na pobreza, mas posso te falar do Altíssimo.”
“Fu-Fu também pode se esquentar aqui dentro? Estamos com frio.”
Estremecendo
disse-o o menino, quando entrou na moradia que parecia uma caverna, da qual
emanava calor.
“Ela pode entrar,” concedeu o ancião.
Pouco depois, o mestre e seu hóspede estavam sentados sobre uma cama feita de peles empilhadas, aos seus pés estava deitada a cabra. O ancião buscou um pão duro e um cântaro de água quase vazio. Ofereceu ao menino e preparava-se para comer.
Rapidamente Miang abriu sua sacola e colocou um pedaço de carne seca e um pão mais macio diante do hospedeiro.
“Deixa-me
comer o pão duro e pega este, mestre,” pediu ele, enquanto já ia se servindo.
“Tens ainda algum outro vasilhame, para que possa dar-te leite de Fu-Fu? Ela
quer te agradecer pelo calor.”
Enquanto
ainda perguntava, percebeu uma pequena vasilha, rapidamente a buscou e encheu-a
com o leite morno cheiroso. Avidamente bebia o ancião. Parecia que, com a
bebida não costumeira, uma nova vida corria pelos seus membros.
“Altíssimo, eu Te agradeço!” exclamou radiante. “E também a ti agradeço, menino. Eu estava tão fraco antes que tu vieste. Este leite me reanimou extraordinariamente.”
“Não irá faltar-te, enquanto Fu-Fu viver,” garantiu Miang, acariciando a cabra.
A seguir, ele teve que relatar e grande foi o espanto do ancião, quando ouviu de que maneira o menino tinha chegado até ele.
“Podes realmente enxergar os
gigantes e conversar com eles?” perguntou.
Miang afirmou
entusiasticamente e acrescentou: “Eles me falaram de ti. De que outra forma
poderia ter-te achado?”
“E o que queres fazer, quando tiver-te ensinado tudo o que eu mesmo sei?” O ancião precisava ter a confirmação daquilo que para ele já tinha se tornado certeza.
“Quando tu tiveres me dito tudo o que necessito saber para encontrar o meu caminho para o Altíssimo, então eu irei para junto Dele e servirei a Ele, mestre.”
“Então fique comigo.”
(continua)
Trecho extraído do livro: Miang
Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou
o Tibete das trevas.