Com a Bolsa Vazia
por Charlotte Von Troeltsch e Susanne
Schwartzkopf
Sinopse de Fatos Transcorridos: Vindo das montanhas de neve
eterna, decidido a servir o Altíssimo na
vida, buscava ainda o jovem Miang, que após ser instruído pelo seu primeiro
mestre, encontrou Fong para ampliar seu conhecimento, o qual certo
tempo depois se identificou ser um príncipe, em cuja situação de seu reino desobrigava-se
do ensino, voltando a liderar seu povo, e a dar ordens até para o seu antigo
aluno, que por obediência a seu superior cumpria a súbita missão de viajar a um
local desconhecido...
Os
dois cavaleiros aproximaram-se da cidade de tendas. Mensageiros, que os tinham
avistado de longe, já haviam anunciado a sua chegada.. Assim, já eram esperados
em frente às tendas. Um cavaleiro veio galopando ao seu encontro e parou-os.
“A
quem procurais?” foi a pergunta.
“Eu
procuro o príncipe dos Waringis,” respondeu Miang com dignidade.
“Eu
tenho uma mensagem para ele do príncipe Fong, da tribo amarela.”
“Esperem
aqui!” ordenou o Waringi e voltou para as tendas.
Não
demorou muito, ele retornou e acompanhou os dois emissários até a espaçosa
tenda central. Atentamente Miang olhou ao seu redor. As tendas eram construídas
de modo diferente das da tribo amarela e armadas e dispostas de modo diferente.
Eram maiores e mais ricamente ornamentadas, também a ornamentação das armas dos
homens parecia mais rica.
“O
príncipe Hador pede para entrar,” disse o Waringi que os acompanhara e abriu a
cortina que cobria a entrada da tenda. Miang entrou sozinho, Kapu permaneceu
fora. Uma figura masculina alta, esbelta, não muito jovem estava à sua frente.
Educadamente Miang inclinou-se diante do príncipe Hador e falou:
“Príncipe,
eu sou o emissário de uma mensagem do príncipe Fong. Ele me entregou esta bolsa
para ti.”
A
seguir, Miang tirou do bolso de sua vestimenta uma bolsa de couro, bordada com
filetes de couro colorido. Kapu havia-lhe entregue de manhã com a ordem de
entregá-la somente ao príncipe dos Waringis. Hador recebeu a bolsa e observou-a
minuciosamente. Parecia que o exame resultou satisfatório.
“Sim,
ela é de Fong, sua marca está aqui,” disse ele. “Permita que eu abra a bolsa.”
Sem
esperar o consentimento de Miang soltou a atadura de couro verde e abriu a
bolsa. Uma exclamação de surpresa escapou-lhe: a bolsa estava vazia! O que isso
deveria significar? Olhou para Miang interrogativamente. Este teve um
pressentimento, não, uma certeza, e assim se expressou:
“Escuta,
príncipe Hador,” disse Miang, e olhou-o firmemente ao pronunciar as palavras,
“Fong envia-te esta bolsa vazia como presente, para que ela venha a encher-se
aqui com dádivas da sabedoria.”
“Isso
eu não compreendo,” exclamou Hador um tanto impaciente. “Explica-te mais detalhadamente,
emissário de Fong!”
“Eu
o quero explicar-te,” retrucou Miang, “se quiseres me dar ouvidos com
paciência.”
A
curiosidade de Hador estava despertada. Ele indicou para um assento e sentou-se
ao lado. E Miang começou: “Príncipe, tu sabes que a tribo amarela vive feliz e
satisfeita sob a sábia condução de Fong.”
“Sim,
isso é verdade,” interrompeu Hador, e havia algo de pesaroso na sua voz, o que
não passou despercebido de Miang.
“Também
a tua tribo poderia alegrar-se com a mesma prosperidade,” continuou sondando
cuidadosamente.
Ansioso,
Hador olhou para o interlocutor, e Miang continuou: “Fong está disposto a
comunicar-te o segredo de seus sucessos.” Excitado, Hador saltou do seu
assento.
“O
que dizes emissário de meu amigo Fong? Continue falando! Trazes-me o segredo
bem guardado? Recompensarei ricamente a ti e a Fong. Estamos sofrendo muito com
assaltos de ladrões de tribos selvagens nômades, de modo que nunca podemos
viver em paz. Sabes tu um meio de mantê-los afastados de nós?”
“Sim,”
disse Miang firmemente. “Existe uma proteção, que é mais eficaz do que as
melhores e mais fortes armas, e essa proteção eu posso trazer-vos.”
Novamente levantou-se Hador e percorreu a tenda a passos largos. “Eu tenho que chamar os meus conselheiros,” exclamou ele e queria bater palmas, como sinal para os criados. Miang, porém, levantou a mão, contestando.
“Assim
não, príncipe,” advertiu ele. “Somente para os teus ouvidos é destinada a
mensagem que eu te trago. Somente quando tomares conhecimento da mesma, esta
poderá chegar aos ouvidos de teus conselheiros.”
Hador
deu-se por satisfeito. “Então continua relatando,” pediu ele.
E agora, Miang começou a falar: “Saiba, príncipe, que existe Um
que é maior e mais forte do que todos os seres humanos, nas mãos do Qual se
concentra todo o poder.”
“Onde
está esse poderoso? exclamou Hador com insistência. “Eu quero procurá-lo e
pedir Sua proteção e Seu auxílio.”
“Isto
tu podes fazer,” respondeu Miang alegremente.
E
a partir dai começou a instruir Hador no saber do Altíssimo. Sempre mais queria
saber Hador, aberta estava sua alma, que já há muito, insatisfeita, tinha
procurado o verdadeiro saber. Como um campo arado para semeadura, assim a sua
alma estava diante de Miang e, a ele, ao pequeno servo do Altíssimo, era
permitido espalhar a preciosa semeadura sobre o mesmo! Grande alegria preenchia
Miang e ele deu com mãos cheias. Finalmente calou-se. Hador estava sentado,
perdido em pensamentos profundos. Neste momento, abriu-se a entrada da tenda,
um homem entrou, curvou-se e falou:
“Príncipe,
chegaram emissários que desejam falar-te.”
“Então
temos que terminar por hoje,” disse Hador lastimando.
“Mas
volte amanhã de manhã e continue me explicando.”
Isso
Miang prometeu de bom grado. Então o príncipe mandou o servo conduzi-lo a uma
tenda e tratá-lo da melhor maneira possível como hóspede da tribo.
Muito feliz sobre o início de sua atividade, Miang passou o
resto do dia a observar os Waringis. Eles o agradaram bastante. Estavam
vestidos com mais simplicidade que o povo de Fong, muitas vezes estes pareciam
sujos e maltrapilhos. Demonstravam não dar muito valor à sua aparência,
enquanto que Hador estava ricamente vestido.
Novamente, na manhã seguinte, o príncipe Hador mandou chamar Miang para junto dele. A aparência de Hador estava diferente, notava-se um profundo vivenciar interior. Estava mais calmo e tranqüilo, a agitação, que o inquietara ontem, havia desaparecido. Calmos, sim, comedidos, eram seus movimentos. Novamente pediu a Miang que se sentasse.
“Temos
tempo,” iniciou ele. “Os mensageiros, que ontem nos interromperam, estão
despachados. Uma tribo vizinha, dos Aulas, pede ajuda contra os ladrões e
saqueadores. Um bando de cavaleiros selvagens assaltaram os Aulas de noite e,
como estavam em maioria, conseguiram roubar os seus rebanhos. Agora eles pedem
ajuda. O inverno está para chegar e, com ele, a fome entrará nas tendas dos
Aulas. O que devemos fazer, Miang? Aconselha-me.”
Já
no início da narrativa Miang tinha pedido auxílio. Agora sabia qual o conselho
que deveria dar.
“Acolham os Aulas aqui convosco,” disse Miang pausadamente, como
se pesasse cada uma de suas palavras. “Assim vós aumentais a vossa força. Se
ajudares os Aulas durante o inverno, eles serão gratos a vós e vos ajudarão
quando um dia estiverdes em perigo.”
Hador
refletiu. “Teu conselho é bom, amigo,” disse finalmente.
“Eu
farei o que me aconselhas. Achas que o Altíssimo estará de acordo se assim
agirmos? Pois eu quero fazer o que Ele aprovaria,” acrescentou meio
constrangido. Miang, porém, alegrou-se. A semeadura da verdade já havia brotado
no coração de Hador. Agora ele podia continuar.
E
novamente os dois homens estiveram reunidos por longo tempo. Miang contava e
instruía, Hador absorvia ansiosamente todos os ensinamentos do mais jovem.
Horas
se passaram, os dois não perceberam o decorrer do tempo. Um laço da mais íntima
confiança teceu-se entre ambos nessas ricas horas e ligou-os doravante por fiel
amizade. E a quem Hador chamava de amigo, este podia confiar na sua fidelidade
e solicitude. Por fim, Hador terminou a conversa..
“Temos
que parar,” disse lamentando. “Tenho ainda outros negócios. Mas volte amanhã
sem falta, Miang. Então vamos refletir sobre a maneira de como poderemos
transmitir a nova do Altíssimo para toda a tribo.”
E assim aconteceu. Dia após dia conversavam e deliberavam sobre como poderiam levar a verdade do Altíssimo às pessoas simples. Até agora, a tribo não conhecia um ser superior, ao qual ele adorava e orava. As almas ainda não estavam acordadas, mas não eram más, não estavam corrompidas.
“Que
tal, se primeiramente reuníssemos todos os homens e eu contaria algo sobre os
“entes bons”?” perguntou Miang.
Isso
também parecia o melhor a Hador. Assim, a noite foi destinada para isso.
Agrupados ao redor de uma grande fogueira, Miang falava ao rude povo de
cavaleiros, e descobriu-se que muitos deles podiam ver os servos do Altíssimo
nas montanhas. Aí tornou-se fácil para Miang, de encontrar o início. De bom
grado ouviram-no os homens, pois Miang possuía sobremaneira o dom da narrativa.
Gostariam de ter ficado ainda mais. E Miang prometeu voltar na noite seguinte,
para continuar narrando.
(continua)
Trecho extraído do livro: Miang
Fong, como relato sobre a vida do grande Portador da Verdade, que libertou
o Tibete das trevas.
NARRATIVAS DESDE O INÍCIO PELO ÍNDICE (POR DATA)
No
próprio título encerram em síntese os acontecimentos anteriores:
O Menino e os Gigantes – 04/09/16
Os Gigantes Moram ao Lado – 16/09/16
Adeus
aos Gigantes – 23/09/16
O
Primeiro Mestre – 29/09/16
Pela Nova Busca... –
07/10/16
Servir o Altíssimo Como
Serviçal – 13/10/16
Decisão nas Alturas –
20/10/16
A Graça Vinda do Trabalho
– 26/10/16
No Momento certo se
esclarece – 03/11/16
Surpresa e Renovação
Imediata – 10/11/16
É Só Deixar-se Conduzir –
17/11/16
Quem Procura Encontra –
24/11/16
Graça Vinda do Altíssimo –
01/12/16
Servir Com Sensação de
Alegria – 08/12/2016