A Aliança com Deus
porAugust Manz
No decorrer dos milênios a humanidade se
desviou muito da Luz – por culpa própria. O cultivo excessivo do raciocínio
criou o solo frutífero cheio de veneno, do qual cresceram as inúmeras plantas
da vaidade humana terrena em número cada vez maior, aumentando cada vez mais a
força, em milhares e milhares espécies diferentes, até que por fim um cipoal das
trevas espessamente ramificado tornou impossível a entrada da Luz para a
materialidade.
Os seres humanos criaram, eles mesmos, esse pântano de injustiça e imoralidade, de
enganação e tortuosidade. Mas sozinhos eles não eram mais capazes, por força
própria, de abrir caminho nesse
cipoal e de reencontrar o caminho para a Luz.
Aí Deus-Pai, em Sua infinita bondade,
apiedou-se da humanidade transviada e enviou um Salvador, que veio à Terra
cumprindo a Vontade Divina, da qual ele havia se originado. Vibrações puras da
Luz vieram junto com ele das alturas luminosas para a profundeza da Matéria
Grosseira, rechaçando as forças e as vibrações das trevas por si. Como uma
parte da Justiça Divina Abdrushin, Filho do Espírito Santo, trouxe uma justiça
equilibradora também para os seres humanos desta Terra. E sua existência trouxe
automaticamente o desencadeamento das leis Espirituais.
Assim fora criado o solo para uma nova e
firme ancoragem da Luz sobre a Terra. E os Dez Mandamentos que Deus deu sobre o
Monte Sinai, deveriam possibilitar então às criaturas humanas, que as trevas
fossem totalmente rechaçadas e definitivamente aniquiladas por elas mesmas.
“Se obedecerdes minha voz e mantiverdes minha aliança, deveis ser
minha propriedade à frente de todos os povos; pois toda a Terra é minha.
E deveis ser para mim um reino sacerdotal e um povo
sagrado.”
Deveria
ser uma aliança eterna aquela que
Deus firmou com a humanidade no monte Horeb, a montanha da Lei, aliança essa
que poderia deixar surgir novamente o estado puro que imperava no início da
história de humanidade. Os seres humanos deveriam se tornar “um povo sagrado”
segundo a Vontade de Deus, segundo o que Ele revelou através de Moisés. E para
cumprir corretamente essa Vontade do Senhor – para tanto Ele havia dado aos
seres humanos a possibilidade – havia a Palavra que Ele revelou por meio da
Verdade viva e que colocou como base dessa aliança; pois os Dez Mandamentos
continham tudo o que os seres humanos
precisavam para viver corretamente a Vontade de Deus “em um reino sacerdotal”,
para se encontrarem acertadamente nas leis da Criação e assim poderem ascender
à Luz.
O pensar e agir dos seres humanos podia ter
cumprido a aliança com uma existência ativa – se apenas tivessem agido como o
Senhor e Deus lhes havia ordenado e se não tivessem se desviado, nem para a direita
e nem para a esquerda; mas se tivessem cumprido com a própria vida a palavra dos Mandamentos, estando conscientes na Criação e se inserindo
nas Leis, que lhes foram reveladas.
Como convocado e escolhido, o povo dos judeus
poderia e deveria trilhar por todos os caminhos que o Senhor ordenara e também
poderia viver de acordo com o sentido Divino; e os tempos felizes e
bem-aventurados da pureza e da inocência, onde o ser humano formava o elo de
ligação entre o mundo Espiritual e Material, mantendo os mundos Grosso e Fino
Material unidos como um só, poderiam
voltar novamente.
Mas os judeus não fizeram como lhes fora ordenado; a Palavra Viva que lhes fora
dada, deixaram que se transformasse em letras mortas. A vida interior dos Mandamentos, que teria atuado de forma criadora e
vivificante, apagou-se através da concepção falsa que deram e esses
Mandamentos, arrastando-os completamente ao campo terrenal de sua vaidade e de
seu raciocínio, presos à Terra.
Assim eles destruíram, com seu agir hostil à Luz, a base da aliança, a qual só poderia existir e ser eficaz, se os seres humanos se mantivessem abertos à Luz que lhes afluía. Os seres humanos só mantiveram certa ainda a forma da aliança, festejando anualmente o retorno do dia em que Moisés havia recebido os Mandamentos Divinos. Na realidade a aliança não existia mais, a ligação que a Luz fizera com a Terra fora rompida, pois os seres humanos haviam destruído novamente as pressuposições para essa ligação.
Assim eles destruíram, com seu agir hostil à Luz, a base da aliança, a qual só poderia existir e ser eficaz, se os seres humanos se mantivessem abertos à Luz que lhes afluía. Os seres humanos só mantiveram certa ainda a forma da aliança, festejando anualmente o retorno do dia em que Moisés havia recebido os Mandamentos Divinos. Na realidade a aliança não existia mais, a ligação que a Luz fizera com a Terra fora rompida, pois os seres humanos haviam destruído novamente as pressuposições para essa ligação.
O anel dos acontecimentos fechou-se
plenamente quando os seres humanos assassinaram o Filho de Deus, Jesus, que
havia vindo para restabelecer a ligação entre Deus e as criaturas humanas na
Terra. A cortina no Templo rasgou-se – – nada mais havia restado da antiga
ligação com a ruptura desse símbolo. – – –
Um novo e poderoso acontecimento teve início,
um novo anel começou a vibrar, em cujo princípio encontra-se o grave carma com
que a humanidade se sobrecarregou com o assassínio do Filho de Deus.
Nesse princípio encontra-se, portanto, a Solenidade
de Pentecostes, a respeito da qual nos é relatado pela história dos Apóstolos;
o dia no qual a efusão se realiza, a força do Espírito Santo flui. Os
discípulos receberam então, com isso, força para levarem adiante a missão de Jesus violentamente interrompida, para difundirem Sua
Palavra.
As igrejas cristãs celebram esse dia também
como dia de recordação do início de uma
nova aliança, como dia da fundação das igrejas cristãs. Portanto, o
profundo e verdadeiro sentido do acontecimento de outrora não foi assimilado
pelas igrejas. Por isso a festa de recordação das igrejas também permanece, em
qualquer aspecto, uma forma exterior e terrena, como as próprias igrejas – sem
conexão com o acontecimento espiritual. Na realidade, outrora não se realizou nenhuma nova aliança entre Deus e as
criaturas humanas.
Os
discípulos certamente receberam nesse dia a força viva que fluíra no dia da
Pomba Sagrada sobre a Criação inteira. E essa força podia se tornar
especialmente eficaz neles. Pois estavam reunidos outrora em memória de Seu
Senhor que havia ascendido e que lhes havia prometido enviar o espírito,
portanto, a Força Viva. Através dessa memória intensa suas almas estavam
amplamente abertas e podiam acolher plenamente
a força que fluía sobre o mundo inteiro e
também sobre eles. Nos discípulos, para os quais o caminho fora possibilitado e
aplainado de forma mais fácil pela existência terrena do Filho de Deus, pode chegar,
então, em conseqüência dessa maior prontidão, a força Divina oriunda do Santo
Graal a um efeito quase milagroso, bem mais poderoso do que para a Terra. Assim
os discípulos tornaram-se capazes de ensinar a Palavra de Deus e de divulgá-la,
e através disso mostrar o caminho para a Luz aos seres humanos e trazer a
salvação, assim como Jesus lhes havia trazido.
Mas uma ligação
entre Deus e os seres humanos como os Dez Mandamentos poderiam ter deixado
surgir, não surgirá agora. Isto se tornara
impossível pela culpa dos seres
humanos que interromperam a missão do Filho de Deus, pela morte na cruz.
Enquanto Cristo andava sobre a Terra, existia
uma nova ligação com a Luz, em uma pureza e força que as trevas eram
rechaçadas. Pois Jesus, o Portador da Luz, era, Ele mesmo, Luz da Divina Luz do
Pai. Mas com a morte terrena do Filho de Deus e Seu retorno ao Pai a ligação para a Luz fora de novo
totalmente destruída. Por culpa dos seres humanos a Luz se retraiu da
materialidade. A Palavra Divina, a Verdade Divina que Deus enviou aos seres
humanos por meio de Seu Filho poderia ter deixado surgir uma ligação, a qual
seria preenchida pela mais ativa existência. Um elo de Luz puro e claro poderia
unir as criaturas humanas sobre a Terra com a fonte primordial de toda Luz e de
toda Força, Deus.
Mas essa possibilidade os seres humanos
destruíram novamente, por culpa própria e devido ao seu falhar e ao menosprezo
do auxílio Divino, devido à arrogância própria e ao querer saber melhor
luciferiano.
Agora não podia
mais surgir nenhuma aliança; agora a Terra teria que ser deixada totalmente ao
domínio das trevas, sem auxílio direto da Força Divina, sem ligação com a Luz.
As igrejas
não realizaram essa aliança com Deus e nem podiam realizá-la com sua
sintonização presa à Terra. Quando as igrejas falam de uma nova aliança, até
festejando o dia em que deve ocorrer essa aliança, então fazem isto sem
qualquer justificativa, por concepção unilateral de sua suposta missão de ser a
mediadora entre Deus e os seres humanos, uma missão que na realidade não lhes
cabem, uma vez que não possuem absolutamente nenhuma ligação espiritual e verdadeira
com Deus, devido ao seu atamento terreno.
Assim teve de vir a época em que Deus encobriu
Seu semblante, como João havia revelado.
Mas, com isso, fechou-se também o círculo do
acontecimento que se iniciou com o carma da humanidade pela morte na cruz.
Agora, porém, é chegada a época em que surgem
novamente as pressuposições para uma aliança com Deus: pela terceira vez Deus
estende aos seres humanos Sua mão auxiliadora. Pois ele enviou para a Terra um
raio de Sua Luz Divina, uma fagulha de Sua Força viva em Seu Enviado, o Filho
do Homem. Agora surgiu novamente um facho puro, luminoso e claro como cristal,
que une a Matéria Grosseira com a fonte primordial e luminosa de todo o ser –
através de um mediador, cuja presença preenche, na verdade e de fato, as
pressuposições de acordo com as leis de uma ligação entre Deus e as criaturas
humanas – enquanto que as igrejas arrogam ter esse cargo de mediação.
O Filho do Homem é o eterno Mediador enviado
por Deus, o Filho oriundo de Deus, enviado aos seres humanos. Ser humano
Divino, devido à unificação da fagulha Divina com o Espiritual, porta, Ele
mesmo, a Luz em si e se encontra em eterna ligação com Seu Pai Divino, com a
fonte da Luz.
Sua
essência e sua determinação e missão, de acordo com a Vontade de Deus, como
Mediador eterno, cria a pressuposição natural e de acordo com as leis para uma
aliança eterna com Deus. Pois Ele é e Ele permanece na Criação, determinado a
governar nela. E por meio Dele flui continuamente a Força da Luz do Criador,
movimentando-se e ondulando por cima e por baixo para eterna ligação. Com o
Filho do Homem como Mediador eterno no ápice, o qual ao mesmo tempo é e
permanece o servo mais elevado de Deus, a Criação segue seu percurso na
uniformidade das leis Divinas, cujas atuações não podem ser mais torcidas pelo
pensar e agir errôneos dos seres humanos. Pois agora impera só a Vontade de
Deus.
Assim tem
de surgir por meio do Filho do Homem, um reino principesco, também sobre a
Terra – como Deus já havia desejado com o envio dos Dez Mandamentos. E isso da
forma como existe no Reino Espiritual, sob a regência de Parsival, que abrange
em si todos os exemplos e ideais, à imagem dos quais o espiritual pode se
desenvolver. As criaturas humanas, porém, devem se tornar “um povo sagrado” no
Reino dos Mil Anos do Filho. Pois agora será realizada a aliança eterna entre
Deus e a humanidade, através da Vontade e da Força do Filho. Em Seu reino Ele
obrigará os seres humanos a viverem corretamente nas leis da Criação – ou Ele
os aniquilará no Juízo.
A eterna
aliança com Deus: o Filho do Homem traz essa aliança à humanidade inteira através da
realização de Sua missão, através de Sua existência sobre a Terra – mas Ele
também traz essa eterna aliança à criatura humana individual.
Pois o Filho do Homem nos mostrou também,
através de Sua Mensagem, como cada ser humano individual pode cooperar com sua
parte para o surgimento dessa aliança, como ele mesmo deve contribuir para que
a base de ancoragem para a ligação com a Luz se difunda cada vez mais e mais,
através de uma existência e um atuar que sejam do agrado de Deus.
Cada verdadeiro procurador pela Luz precisa
travar, por si mesmo, a aliança com
Deus, ao viver a Verdade que o
Enviado de Deus nos trouxe. E se o ser humano individual se sintonizar
corretamente nas leis de Deus que nos foram reveladas pela Mensagem do Graal,
então ele também se enquadrará de forma harmônica nas vibrações puras da Luz
Divina, as quais fluem até a materialidade através do Filho do Homem. Então ele
também intuirá a mais elevada felicidade do espírito humano: a proximidade de
seu Deus, a maravilhosa certeza de se estar protegido sob a tutela de Deus e de
Sua Onipotência, sob a Força e a Bondade de Deus. Então cada um individualmente
reconhecerá, num jubiloso agradecimento, a graça indescritível que o Filho do
Homem trouxe agora à humanidade – através
da eterna aliança com Deus!