quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Teu Irmão





Teu Irmão

por Susanne Schwartzkopff

1. João 3, 13-18

Meus irmãos, não vos admireis se o mundo vos odeia. Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama o irmão permanece na morte. Todo aquele que odeia seu irmão é um homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem parte na vida eterna.
Reconhecemos o amor nisto: que Ele deu a sua vida por nós, e nós também devemos dar a vida pelos irmãos. Se, porém, alguém possuir bem deste mundo e, vendo o seu irmão necessitado, cerrar o seu coração diante dele, como permanecerá nele o amor de Deus? Filhos, não amemos com palavras, nem com a língua, mas com a ação e com a verdade.


Dar a vida pelos irmãos!
Sobre isso se tratam essas palavras das escrituras.
Sempre são essas palavras dirigidas de forma tão inequívoca.
Aí não é dito: “faça assim ou daquele jeito. Escolha!” Ou: “faça isso com reserva, tente se tu o podes”.
Não, nós não somos deixados na dúvida de que é possível o que foi exigido.
Jamais quer dizer: daí tempo a ti; espere até que se ofereça uma oportunidade, analise primeiro se tu consegues isso.

Consta claramente: Tu podes e assim deve ser.

Sob essa determinada pressuposição de capacidade, também queremos observar a palavra acima, que se destaca na exigência de dar a vida pelos irmãos.
Aqui foi indicado para o exemplo do Filho de Deus. Ele deu sua vida por nós – consequêntemente nós também devemos estar preparados para dar nossa vida pelos irmãos.
Aí está esta grande palavra e nos encara, e nós a encaramos e nos perguntamos:
Dar a vida – por quê? E como?





Também surge a pergunta:

É de proveito se cada um der a sua vida pelos irmãos?
E: Isto é possível a cada um?
Dar sua vida, ou seja, sacrificá-la, considerá-la como nada, entregá-la alegremente?

A isso não pertence um heroísmo, o qual nem todo mundo é capaz?

Nós conhecemos tais exemplos: o alpinista que salva seu companheiro que caiu, sob o perigo da própria vida. O nadador que, com suas últimas forças, traz para a margem alguém que se afoga. O médico, a enfermeira no hospital, expondo-se a si próprios em perigosíssimo contágio, apenas preenchido com o pensamento: o doente não pode morrer.
Ó sim, na presença da morte muitos ganham a coragem para uma rápida resolução e põem sua vida na balança na luta por uma vida estranha. E a fidelidade ao dever persevera em vivificar novamente a fagulha que se apaga, indiferente o que venha a acontecer consigo mesmo. E quem duvida que todos nós não seríamos capazes disso?
Nós também não conseguimos ficar só olhando quando uma criança se afoga ou quando corre para frente de um carro em movimento. Sem hesitar nós a acudiríamos e tentaríamos salvá-la.
Isso é que é então pensado com as palavras “dar a sua vida pelos irmãos?” E se nós jamais chegarmos a ter a oportunidade para agir de tal forma? E se a nossa vida decorrer num curso tão calmo, de forma que não tenhamos como nos sacrificar? E daí? Daí a frase “dar a vida pelos irmãos” não se aplica a nós. Ou – será que ela deve valer para *cada um* de nós? 
Nós queremos procurar saber a respeito disso. Pois de forma tão fácil não escapamos dela. Então acentuemos agora a frase, uma vez, de forma diferente, assim: Dar a vida pelos irmãos. Assim soa agora. Portanto: Eu dou minha vida para os irmãos, por causa dos irmãos. A vida deles vale para mim mais do que a minha própria vida. Eu olho para fora de minha própria e pequena vida e descubro muitos “irmãos” próximos a mim, os quais, todos, vivem uma vida, uma vida que quer ser respeitada.
E com isso encontramos algo.

Observar e respeitar a vida do irmão e deixar em segundo plano a própria vida. Isso é o que essa grande frase quer nos dizer e – dentro dela reside muito!
Grandes ações são realizadas de forma mais fácil.
Elas são únicas, e com isso o coração, a coragem se excitam rapidamente de emoção.

Mas as palavras da escritura tocam nossa vida diária.
E agora soa: deixa a tua vida e dai-a aos irmãos, diariamente e sempre de novo.
Dai-lhes o respeito, ao qual eles têm direito.
Acabe com a indiferença, a frieza, a comodidade, o não querer compreender.
Coloca-te em seu lugar, sinta a sua dor.

Quem deixa a própria vida em segundo plano, não passará sem notar o sofrimento que está na sua proximidade.
Este lhe será maior e mais significativo do que o seu próprio sofrimento.
E com o não deixar mais passar despercebido, serão construídas pontes até o semelhante.
Dar a sua vida significa também entregar seu tempo, sua força, seu prazer e sua alegria, suas dádivas, seu pensar e refletir.
Significa não esquecer a cordial saudação, a resposta, a pergunta pela saúde, o pequeno auxílio como algo evidente.  

Se surgir então em nós a pergunta:

Por que deve ser assim?
Porque é exigido tanto de nós?

Então apenas precisamos olhar ao redor no mundo de hoje, que *não dá* sua vida pelos irmãos, que a qualquer preço, ao preço do roubo e do assassínio, do embuste e do furto, quer firmar a própria vida com todo o poder.




Mas para isso vale a palavra do Senhor:

“Quem quiser manter sua vida, perdê-la-á.”
Pois para essa cobiça, o amor de Deus não flui.
Nós conhecemos o fim dos tiranos, que foi sempre em desespero.
Nós sabemos como a posse roubada nos faz tão infinitamente pobre.

Rico, inesgotavelmente rico é apenas aquele que não quer ter nem possuir nada para si, pois ele vive no amor de Deus, o qual “permanece com ele.”
E dessa forma ele jamais poderá ficar pobre.

Para onde, o “querer ter a vida para si próprio” conduziu, mostra-nos o mundo de hoje, o qual está à beira do último abismo.
Assim não poderá haver nenhuma pergunta, porque deve ser assim, dar a sua vida por causa dos irmãos.

Deve ser assim por causa do amor que nos criou, e unicamente através do qual podemos viver.
Deve ser assim para que o ser humano se encontre novamente com o ser humano e para que cesse o inconsolável abandono interior.

Deve ser assim para que novamente o bem cresça curando e aumente entre nós, seres humanos.


E durante a peregrinação não deveis causar sofrimento a outros, que igual a vós também peregrinam através da Criação, a fim de satisfazer com isso qualquer cobiça!

[...]

Vós todos, que quereis pertencer ao Graal, para viver de acordo com a minha Mensagem, ouvi por isso, mais uma vez o mandamento divino, que se encontra no tecer desta Criação:

“Permitido vos é peregrinar conscientemente, por desejo próprio anterior, através da Criação! Entretanto, não deveis causar nenhum sofrimento a outrem, a fim de satisfazer com isso uma cobiça própria! Isso apenas pode atar os fios que devem deter-vos embaixo. Vivei segundo esta norma e sereis felizes, ascendereis aos jardins luminosos de vosso Deus, para ali colaborar alegremente nos ulteriores e eternos desenvolvimentos desta Criação.”

Abdrushin